Arqueologia/antropologia/ADN

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Arqueologia/antropologia/ADN
« em: Fevereiro 24, 2018, 05:52:39 pm »
Cláudio Torres: "D. Afonso Henriques não conquistou Lisboa aos mouros, foi aos cristãos"
por Carlos Torres

O arqueólogo, especialista em cultura islâmica, desfaz vários mitos da História. Defende que não houve invasões muçulmanas em massa na Pensínsula Ibérica.

Cláudio Torres olha para o buraco no tecto, por onde entra a pouca luz do sol de Inverno, e exclama: "Foi aqui que tudo começou". O "aqui" é a cisterna medieval, junto ao castelo de Mértola.

"Quando cá vim pela primeira vez, em 1976, trazido pelo presidente da Câmara, o Serrão Martins, meu aluno de História na Faculdade de Letras de Lisboa, havia uma grande figueira junto a este buraco. Espreitei lá para dentro, aquilo estava cheio de lixo, e logo na altura apanhei vários cacos de cerâmica islâmica".

Sentado no que resta das paredes de uma casa com 900 anos, Cláudio Torres aponta para o terreiro junto ao castelo: "Os miúdos costumavam vir para aqui brincar. Havia hortas, assavam-se galinhas, namorava-se às escondidas. Em 40 anos, mudámos isto: já desenterrámos o bairro almóada do século XII, o baptistério do século VI e o palácio episcopal. Se continuarmos a escavar, vamos encontrar o fórum romano".

Hoje com 78 anos, Cláudio Torres anda a escavar Mértola desde 1976. O arqueólogo instalou-se em definitivo com a mulher e as filhas na vila alentejana em 1985. Fundador e director do Campo Arqueológico de Mértola (trabalho que lhe valeu, em 1991, o Prémio Pessoa), é um dos mais conceituados investigadores da civilização islâmica no Mediterrâneo.

Em entrevista à SÁBADO, a propósito da edição 711 (o ano, segundo a História, que marca o início do domínio islâmico na Península Ibérica), o arqueólogo aproveita para desfazer vários mitos das invasões muçulmanas e da reconquista.

Com tantas e tão interessantes informações, decidimos dividir a entrevista em três partes, a publicar hoje e nos próximos dois dias. Na primeira, o arqueólogo aborda o que aconteceu realmente em batalhas como Covadonga e Poitiers (tidas como decisivas para travar o avanço muçulmano), assim como as conquistas de Coimbra e de Lisboa.

Na segunda parte, Cláudio Torres explica como era o actual território português em 711, fala da corrida ao ouro em Mértola e do grande contraste entre as gigantescas e opulentas cidades do sul e as urbes miseráveis como Paris e Londres, feitas de casas de madeira e ruas de lama.

Por fim, o arqueólogo aborda o seu percurso pessoal, as aventuras políticas no PCP, as prisões pela PIDE, a fuga de Portugal para Marrocos num barco a motor, o exílio na Roménia e em Budapeste e ainda o que Portugal poderá fazer para combater os radicais islâmicos do Daesh.


Cláudio Torres junto à cisterna medieval, debaixo do buraco "onde tudo começou". Foi ali, em 1976, junto às raízes de uma velha figueira, que apanhou os primeiros "cacos islâmicos"

No ano 711, os exércitos muçulmanos que vieram do Norte de África invadiram a Península Ibérica e cinco anos depois já dominavam todo o território pensinsular, antes sob alçada dos visigodos. Como foi possível essa progressão tão rápida?
As coisas não foram bem assim. A arqueologia tem uma linguagem diferente da história escrita. A história escrita é escrita por aqueles senhores que sabem escrever, enquanto a arqueologia vai buscar os restos dos que não sabem escrever. São coisas habitualmente contraditórias. Hoje sabemos, por causa da arqueologia, que não houve nenhuma invasão em 711, não vieram exércitos nenhuns.

Mas isso é o que se aprende nas aulas de História.
Pois, mas a realidade não tem nada a ver com o que é contado nos manuais.

Então, o que aconteceu?
Vejamos… a Península Ibérica, nesse século VIII, tem uma capital que é Toledo. E através dos restos do velho império romano ainda há ligações históricas ao Mediterrâneo, no sul há um conjunto enorme de portos ligados ao Mediterrâneo: Sevilha, Málaga, Almeria, etc, e no sul do que é hoje o território português há Mértola e, numa época mais tardia, Tavira. Pensou-se que Mértola era só uma zona portuária e que a grande cidade era Beja, mas hoje, por razões arqueológicas, estamos convencidos que não. Mértola era uma grande cidade, um grande porto marítimo. Ora, as grandes religiões do Mediterrâneo, o judaísmo, o cristianismo, o islão, que vieram da zona do actual Líbano e Israel, obviamente que não são nunca impostas pelas armas. São religiões de salvação, a sua força tem a ver com o Além. Quer dizer, as pessoas aqui vivem na miséria, são dominadas pelos ricos, mas a sua vingança é depois da morte. Aí, eles é que mandam e os ricos nem entram no Céu. Essas religiões estendem-se rapidamente para os mais pobres, para os dominados. E chegam cá pela dinâmica mercantil dos portos. Não podemos dizer que os cristãos invadiram e conquistaram a Península Ibérica e ela ficou cristã, ou, em relação ao islão, dizer que vieram os muçulmanos a cavalo e de camelo, conquistaram tudo e impuseram o islão, isso é completamente impensável e estúpido.

Mas não houve batalhas, não há nada que prove a vinda desses exércitos muçulmanos do Norte de África?
Houve sempre batalhas, mas isso não tem nada a ver com a expansão de religiões deste tipo. A religião islâmica veio através do comércio, dos portos. O diálogo é a base do comércio, e é através do diálogo que se expandem as ideias, as religiões, as coisas novas. O islão não é imposto à espadeirada. Os militares, quando vêm fazer uma conquista, matam, defendem-se, não há diálogo.

A Península Ibérica não foi ocupada militarmente pelos muçulmanos em 711?
Só mais tarde.

Quando?
No final do século XI, início do século XII. Aí é que há o primeiro império almorávida, e depois almóada, que inclui o Norte de África e a zona da Tunísia, e apanha o sul da Península Ibérica. É um império cujo domínio, tal como aconteceu com o romano e outros, é de uma série de tribos e de militares, não tem nada a ver com religiões.

Portanto, os muçulmanos não conquistaram a Península Ibérica no século VIII?
Não. Em 711 pode ter havido batalhas e escaramuças, mas isso é normal, houve sempre batalhas na zona do estreito de Gibraltar. Ao contrário do que se pensa, o estreito servia para unir, só começou a separar quando aconteceu a primeira invasão séria na Península Ibérica, feita pelos cristãos, pelos cavaleiros da Ordem de Clunny, no século XIII. Aí sim, vieram tropas, hordas militares, e entrou neste espaço o catolicismo, que era uma religião diferente da que estava cá, que era o cristianismo.

E que chegou quando?
Nos séculos V e VI havia na Península Ibérica dois tipos de cristianismo. Na zona de Toledo era um cristianismo ariano, da classe dirigente, dos visigodos. Mais a sul havia outro, ligado à Tunísia, à Alexandria, que era o donatismo, um cristianismo monofisita, de um só Deus, que ia contra a trindade, o Pai, Filho e Espírito Santo. Havia na altura uma guerra entre o sul do Mediterrâneo, donatista e monofisita,  com Bizâncio e Roma, que eram católicos. O sul da Península Ibérica era donatista. Sabemos isso com toda a certeza, até pela arqueologia.

Encontraram vestígios?
Encontrámos em Mértola um cemitério com lápides funerárias desses donatistas, que eram hostis à trindade. Esse cristianismo, que antecede o islão, já é monoteísta, com um só Deus.

E o que aconteceu na Península Ibérica?
Toda essa base cristã do sul, esse cristianismo monofisita converteu-se ao islão devido aos contactos com os portos do Mediterrâneo, com Alexandria, com a Tunísia, o Oriente. Sabemos isso do ponto de vista histórico e arqueológico. Em Mértola, temos os cemitérios dos antigos cristãos monoteístas, temos uma basílica paleo-cristã do século VI e por cima do cemitério cristão temos um cemitério muçulmano já dos séculos VIII e IX. Agora estamos a fazer esse estudo arqueológico, que é a ligação entre um pai que ainda era cristão e um filho que já era muçulmano. O filho quis ser enterrado junto do pai, e sabemos isso porque conhecemos bem os rituais de enterramento muçulmanos, com a cabeça virada para sul. Os resultados vão ser dados pela análise de ADN, mas certamente que vamos constatar que um pai cristão já tem um filho muçulmano. O que vem provar o fenómeno da continuidade.

A entrada do islão na Península Ibérica faz-se pelo comércio?
Precisamente. É através dos comerciantes que vêm nos barcos, até porque é uma religião parecida com a cristã, de salvação, de diálogo.

Há uma convivência sadia entre cristianismo e islão?
O cristianismo monofisita, do Norte de África e do Sul da Península, vem desde o século V. E a maioria vai-se convertendo lenta e pacificamente ao islão. O que resta desses cristãos ainda existe hoje no Egipto, são os coptas, que são monoteístas. Em todo o norte de África, até há bem pouco tempo ainda havia comunidades fortes de donatistas, na Síria, no Líbano, no Iraque – estão agora a liquidá-los na Síria. Ainda conheci, no norte da Síria, várias aldeias em que cada uma ainda tinha a sua comunidade cristã. Viam-se as torres da igreja e o minarete. Só agora é que estão a rebentar aquilo tudo.

Nos livros de História destaca-se a batalha de Covadonga, em 720, em que Pelágio derrota os exércitos muçulmanos. Também é um mito?
O norte da Península Ibérica faz parte de outro território. Há uma espécie de fronteira a meio, que são as montanhas. O sul é Mediterrâneo, o norte é Atlântico, e a fronteira são a serra da Estrela, a serra de Gredos, Guadarrama, serras que vão até ao Ebro. E tudo é diferente do sul para o norte, as rodas dos carros, as técnicas de construção… as casas no sul são de taipa, no norte são de pedra. O norte tem uma ligação forte além-Pirenéus desde Carlos Magno. Ainda hoje existem os caminhos de Santiago, que fazem a ligação de Toulouse, na França, à Galiza. Já o sul, sempre esteve mais ligado ao Mediterrâneo.

O que é que aconteceu realmente em Covadonga? Houve tropas muçulmanas tão a norte?
Iam lá para saquear. Tal como vinham do norte saquear as cidades do sul, roubar mulheres, crianças, gado, riquezas. Toda a Idade Média é feita dos chamados ataques de saqueio, de grupos a cavalo que vão atacar as cidades, e por isso a cidade é defendida com muralhas, com tropas. E então eles atacam os arredores, roubam as casas, levam mulheres e crianças para escravizar.

Mas não eram ataques entre cristãos e muçulmanos? Podia haver cristãos e muçulmanos no mesmo bando de saqueadores?
Claro. Muitos dos bandos que iam atacar Santiago de Compostela, que foi saqueado por exércitos do sul, também tinham membros de tropas das Beiras e de Trás-os-Montes. Eram cavaleiros ligados aos senhores feudais do norte. Eram tudo menos muçulmanos. Iam roubar, só que em vez de irem para sul, iam para norte. Houve sempre cumplicidades nos ataques às cidades, porque mantinham uma certa autonomia, eram quase cidades-Estado, com o seu governo próprio e os seus poderes, as suas riquezas.

Há também registos de uma grande batalha em Poitiers, em 732, em que se refere que é aí que as forças muçulmanas são impedidas de conquistar o Norte da Europa, numa batalha ganha por Charles Martel.
Isso é outro mito. Nessa altura, o atravessamento dos Pirenéus por tropas muçulmanas nunca aconteceu. Houve lutas, mas no sul de França. A França também teve os seus mouros, os albigenses ou cátaros, que foram conquistados pelo reino de França. Eram gente do Mediterrâneo, viviam no sul de França e tinham uma religião diferente dos do Norte. Eram considerados heréticos e foram atacados pelo rei de França, foram massacrados e o seu território foi conquistado e incorporado na França.

Tinham influência do Norte de África?
Eram do Mediterrâneo, estavam ligados ao comércio. As zonas de comércio são diferentes das zonas de camponeses. Havia trocas, tinha-se outra visão do mundo. Nessa altura havia o norte feudal, com os senhores agarrados aos seus castelos a dominar o território e o maralhal eram escravos ligados à terra. O sul era diferente: aí entra o comerciante, há contacto com os portos. E o sul de França também era assim.

Quando é que a religião começa a ser usada na reconquista?
Com a reconquista há um outro cristianismo a entrar na Península Ibérica, o católico, que vem de Roma. Houve tentativas, no século VI, de Bizâncio conquistar o Ocidente. Houve batalhas, Bizâncio conquistou parte do Norte de África, a actual Tunísia, e um pedaço da Península Ibérica, na costa do Mediterrâneo. Mas nunca conseguiu conquistar esta parte do extremo, do actual Algarve, que era hostil a Bizâncio.

Quando é que a fé entra na reconquista? No final do século XI, com as cruzadas?
Antes de irem para o Oriente, as cruzadas começam aqui, na Península Ibérica, com a Ordem de Clunny, que depois vai dar a grande Ordem de Cister, e a reconquista, em Portugal, é comandada pela Ordem de Cister, sediada em Alcobaça, onde está o grande convento. Onde se dá o grande choque é em Coimbra, é aí a fronteira do Mediterrâneo. A reconquista é nos séculos XI e XII, e nessa altura a cidade tinha um cristianismo ligado ao sul, moçárabe, que não tinha nada a ver com Roma. Portanto, em 1111 dá-se o choque, é aí que se dá a grande batalha, perdida pelos cultos cristãos do sul, em que Coimbra é conquistada pelos franceses da Ordem de Cister.

Comandados por D. Henrique?
Coimbra é conquistada pelo D. Henrique, o pai do D. Afonso Henriques, que falava francês. O primeiro a falar alguma coisa de português ou parecido deve ter sido o D. Afonso Henriques. Aquilo era gente de fora. Não tinham muito a ver com isto, nem sequer tinham ideia que havia aqui um cristianismo diferente. A conquista de Coimbra foi uma transformação total. Depois, pouco a pouco foram andando para sul. Por exemplo, D. Afonso Henriques não conquistou Lisboa aos mouros, foi aos cristãos, porque a maioria ainda era cristã. Aliás, há documentos de um cruzado inglês que refere que as pessoas na rua gritavam, antes de serem mortas: "Valha-me Santa Maria!"

Mas aprendemos na escola que D. Afonso Henriques conquistou Lisboa aos mouros. Isso não é verdade?
Claro que não. Lisboa era, na altura, uma cidade mais ao menos autónoma, tinha um território muito importante, que englobava toda a zona do baixo Tejo, que ia até Santarém. Era uma cidade importantíssima, porque permitia o contacto com o Norte, era o grande porto que permitia a navegação do Mediterrâneo para o Báltico: os barcos ficavam em Lisboa à espera que o vento virasse, porque o vento dominante é o noroeste, que é violento, e quando há muito vento nem pensar em seguir viagem, por isso os barcos às vezes ficavam retidos em Lisboa um mês. O mesmo acontecia no cabo de São Vicente, porque para dar a volta ao cabo era preciso que o vento virasse, os barcos ficavam lá, daí ter surgido ali a escola de Sagres.

http://www.sabado.pt/vida/pessoas/detalhe/claudio-torres-d-afonso-henriques-nao-conquistou-lisboa-aos-mouros-foi-aos-cristaos?ref=HP_DestaquesPrincipais
7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.

 

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Re: Arqueologia/antropologia/ADN
« Responder #1 em: Fevereiro 24, 2018, 05:53:17 pm »
Symbolic use of marine shells and mineral pigments by Iberian Neandertals 115,000 years ago

Dirk L. Hoffmann, Diego E. Angelucci, Valentín Villaverde, Josefina Zapata and João Zilhão

Abstract
Cueva de los Aviones (southeast Spain) is a site of the Neandertal-associated Middle Paleolithic of Europe. It has yielded ochred and perforated marine shells, red and yellow colorants, and shell containers that feature residues of complex pigmentatious mixtures. Similar finds from the Middle Stone Age of South Africa have been widely accepted as archaeological proxies for symbolic behavior. U-series dating of the flowstone capping the Cueva de los Aviones deposit shows that the symbolic finds made therein are 115,000 to 120,000 years old and predate the earliest known comparable evidence associated with modern humans by 20,000 to 40,000 years. Given our findings, it is possible that the roots of symbolic material culture may be found among the common ancestor of Neandertals and modern humans, more than half-a-million years ago.

...

http://advances.sciencemag.org/content/4/2/eaar5255.full
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Cabeça de Martelo

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Re: Arqueologia/antropologia/ADN
« Responder #2 em: Fevereiro 24, 2018, 05:53:56 pm »
THE TARTESSOS MYSTERY SLOWLY COMES TO LIGHT

An excavation in Badajoz offers surprising insight into this ancient civilization that thrived in the southwest of the Iberian Peninsula from the 9th to the 5th centuries BCE


Animals sacrificed in a ritual that took place 2,500 years ago in a building unearthed in Guareña, Badajoz. The staircase makes this Tartessian excavation unique in this part of the world.  CARLOS CARCAS

Around 2,500 years ago, close to what is known today as the municipality of Guareña in Spain’s Badajoz province, locals gathered in an enormous two-story building for a banquet and a ritual ceremony in which they sacrificed dozens of valuable animals. Afterwards, they burned the building and buried the remains before abandoning the site.

Frozen in time thanks to the mix of ashes and clay that has protected it down the ages, this building and what happened in it before it was destroyed could provide the key to understanding the late Tartessos period. It may also help to explode some of the myths concerning Hercules and King Arganthonios and this great civilization that flourished in the southwest of the Iberian Peninsula by trading with the Phoenicians from the 9th to the 5th centuries BCE. The people of Tartessos are known to have been both rich and clever, so much so that they impressed Greek historians. Their civilization lasted approximately five centuries but its decadent end has long been shrouded in mystery.



“There is still a lot of analysis to be done and a lot of buildings to unearth,” say Sebastián Celestino and Esther Rodríguez, archaeologists from the Spanish National Research Council (CSIC) in charge of the Turuñuelo dig that began in 2015. “We’ve scarcely excavated 10 percent.” The remains of 22 sacrificed horses, three cows, two pigs, two sheep and one donkey not only amount to an extraordinary discovery– the biggest example of animal carnage in the entire Mediterranean to date– they also offer new insight into what happened there.

This building is not the only one to have been burned and buried between the end of 500BCE and the start of 400BCE in the region of Las Vegas Altas de Guadiana, whose economic importance grew when refugees flooded in from the heart of Tartessos further south between what is now Seville and Huelva. A series of similar though more basic constructions, such as the sanctuary of Cancho Roano in Zalamea de la Serena or La Mata in Campanario, which housed the territory’s administrative buildings, would also wind up being destroyed by their owners.

This destruction appeared to have taken place almost simultaneously and in some cases after a big celebration such as the one that took place in Turuñuelo. What sets Turuñuelo apart is the scale of the animal sacrifice, and the fact that the horses, which symbolized abundance and distinction, were arranged theatrically in pairs and, in some instances, with their heads entwined.


A wine cup and other artifacts unearthed during the dig. CARLOS CARCAS
Together with sacks of grain, goblets, scales and precious bronze fragments, this suggests that the people here believed they had incurred the wrath of the gods and were trying to remedy the situation by sacrificing their most valuable possessions, according to Sebastián Celestino.

Previously it was held that the Tartessos civilization floundered when its people fled from an imminent invasion by Celts from the north. However, the almost complete absence of weapons and the enormous amount of time and effort required to bury such a building, estimated to cover almost a hectare of land, undermines this theory. Experts now believe that rather than an invasion, the people of Tartessos felt they were being punished by the gods by an abrupt change of climate, a natural catastrophe or an epidemic.

The archaeologists involved in the excavation insist, however, that all theories are provisional for now. More will be deduced once they know how the animals were sacrificed, how old they were when they met their death and if they were gutted after execution.


Sebastián Celestino, one of the excavation’s leading archaeologists. CARLOS CARCAS

So far, archaeologists have unearthed a room filled with jewels, pottery, seeds, bronze grates and a huge and exquisitely preserved cauldron. Another vast room has been discovered, furnished with a typically Tartessian adobe altar representing a bull hide and a strange bathtub-cum- coffin. There is also the three-meter high staircase made from a kind of cement that predated the Romans’ use of concrete by a century, and which leads into the courtyard where the animals were found. The fact that the two floors are so well preserved makes the building unique in the Western Mediterranean.

Not surprisingly, the excavation has sparked a great deal of interest within the scientific community, and experts have been keen to collaborate. Rodríguez and Celestino, who is also director of the Mérida Archaeological Institute, have welcomed the collaboration as the project is under-funded, like so many in Spain, and relies on just one grant from the Provincial Council of Badajoz. Now, however, Madrid’s Autonomous University is helping put together some of the animal remains while Cambridge University is analyzing fragments of fabric, some of which could prove to be the oldest wool ever found on the Peninsula.

There is also a team of engineers from the University of Extremadura who have used a scanner with a view to reproducing the site in real size and in 3D. This will help the development of specific algorithms that will enable the fragments to be reassembled into complete objects such as the bathtub or the patio door, explains researcher Pilar Merchán. An exact replica of the patio where the animals were sacrificed will be particularly useful if the site is ever opened to the public.


Esther Rodríguez, co-director of the excavation. CARLOS CARCAS

Before the skeletons deteriorate, six zooarchaeologists from different research centers are transferring them to their respective laboratories for analysis and, in some cases, to prepare them for conservation– after which they will be returned to the Archeological Museum of Badajoz. “When it was just a case of two horses, I could manage,” says Rafael Martínez Sánchez, an archaeological expert in animal remains from the University of Granada. “But when more and more emerged, I could see I would need help.” An impromptu team was subsequently cobbled together on the back of a dinner in Mérida following a talk on horse sacrifice in the Iberian Peninsula during the Bronze Age.

Extracting the remains of 30-odd animals from the ground after 2,500 years with a pick and shovel is delicate work that requires a certain amount of consideration. While this is being decided, the experts go over their first impressions– a donkey with an enormous head; a pig lacking a rib, which could have been eaten indeed during the banquet; a horse whose hooves may have been removed before it was sacrificed, and so on.

The experts are clearly overwhelmed but also excited; it’s rare to come across such artifacts and biofacts offering data that will reveal what they ate and what illnesses they were subject to. Through DNA analysis, it may also be possible to find out more about the domestication process of the horse on the Peninsula, according to Jaime Lira from Complutense University in Madrid and Carlos III Health Institute.

The people of Tartessos felt they were being punished by the gods by an abrupt change of climate, a natural catastrophe or an epidemic

There is also great potential here for discovering not only how the people of Tartessos lived but what relationship they had with the distant kingdoms on the other side of the Mediterranean. In Turuñuelo, Greek objects have been unearthed and in the architecture of the stairway, building blocks such as those used in Greece can be seen.

Celestino and Rodríguez started the dig with the help of Melchor Rodríguez Fernández, a laborer specializing in archaeological sites, and since then a proliferation of unique objects, buildings and the oldest, best preserved biofacts in the Mediterranean’s protohistory have been providing an excellent opportunity to study this semi-mythical civilization. And what has emerged so far is just the tip of the iceberg: an estimated 90% still remains underground.

English version by Heather Galloway.

https://elpais.com/elpais/2018/02/23/inenglish/1519380491_087016.html
7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.

 

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Re: Arqueologia/antropologia/ADN
« Responder #3 em: Fevereiro 24, 2018, 08:30:21 pm »
Egyptian archaeologists discover an ancient cemetery south of Cairo


 

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Re: Arqueologia/antropologia/ADN
« Responder #4 em: Fevereiro 24, 2018, 09:20:32 pm »

Extracting the remains of 30-odd animals from the ground after 2,500 years with a pick and shovel is delicate work that requires a certain amount of consideration. While this is being decided, the experts go over their first impressions– a donkey with an enormous head; a pig lacking a rib, which could have been eaten indeed during the banquet; a horse whose hooves may have been removed before it was sacrificed, and so on.

Removeram os cascos ao cavalo antes de o sacrificar?! 
Que cena do mal... :o :o
https://www.youtube.com/user/HSMW/videos

"Tudo pela Nação, nada contra a Nação."
 
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Re: Arqueologia/antropologia/ADN
« Responder #5 em: Março 02, 2018, 12:09:00 pm »
"Linhas de Torres": Fortes construídos há 200 anos para travar tropas francesas são monumento nacional




Os fortes e estradas militares construídos há 200 anos para defender Lisboa das invasões francesas foram classificados como monumento nacional, informou hoje à Lusa a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC).

Fonte oficial da DGPC confirmou hoje à agência Lusa que a proposta de classificação foi aprovada na reunião de 21 de fevereiro do conselho diretivo da DGPC para assegurar a salvaguarda deste património associado às chamadas ‘Linhas de Torres Vedras’, no distrito de Lisboa.

A candidatura integrou 128 estruturas militares, como fortes e estradas militares, da primeira e segunda linhas defensivas, mas só 114 foram classificados, tendo 15 ficado de fora por se encontrarem degradados ou destruídos.

Além da classificação como património nacional, vai ser criada uma zona especial de proteção em volta de cada uma das estruturas.

Há sete anos que Associação para o Desenvolvimento Turístico e Patrimonial das Linhas de Torres, que integra as câmaras de Arruda dos Vinhos, Loures, Mafra, Sobral de Monte Agraço, Torres Vedras e Vila Franca de Xira, no distrito de Lisboa, pedia a inclusão do património no inventário do património nacional.

“As Linhas de Torres são um sistema defensivo – muito bem-sucedido – de dimensão e impacto histórico invulgar, nacional e internacionalmente” refere o parecer da Secção do património Arquitetónico e Arqueológico da DGPC, a que a agência Lusa teve acesso.

Segundo os especialistas, “sintetizam a capacidade estratégica de Wellington e os saberes militares de origem inglesa, portuguesa, mas, também, francesa do fim do século XVIII e do início do século XIX”.

As Linhas de Torres foram construídas sob a orientação do general inglês Wellington, comandante das tropas luso-britânicas no período das invasões francesas, para defender Lisboa das forças napoleónicas entre 1807 e 1814.

Em 2010, ano em que se comemoraram os 200 anos da construção das linhas defensivas, foram inauguradas obras de recuperação a que foram sujeitas e Centros de Interpretação, um investimento estimado em cerca de seis milhões de euros.

Em 2014, a empreitada de desmatação, recuperação e reabilitação dos fortes venceu o prémio Europa Nostra, na categoria “Conservação”.

Nesse ano, a Assembleia da República instituiu o dia 20 de outubro como o Dia Nacional das Linhas de Torres.

As Linhas de Torres recebem por ano cerca de 10 mil visitantes.


>>>>>>>>>>>  https://24.sapo.pt/atualidade/artigos/linhas-de-torres-fortes-construidos-ha-200-anos-para-travar-tropas-francesas-sao-monumento-nacional
« Última modificação: Março 02, 2018, 12:22:49 pm por Lusitano89 »
 
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Re: Arqueologia/antropologia/ADN
« Responder #6 em: Março 06, 2018, 11:23:39 pm »
Destroços do USS Lexington encontrados






A carcaça do porta-aviões americano USS Lexington, afundado em 1942 no Mar de Coral, acaba de ser localizada a cerca de 3000 metros de profundidade e a 800 km da costa leste da Austrália.

Dos 35 aviões de combate que estavam no navio quando foi afundado após uma feroz batalha contra as forças japonesas, durante a II Guerra Mundial, foram ainda identificados 11.
« Última modificação: Março 08, 2018, 04:35:20 pm por Lusitano89 »
 

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Re: Arqueologia/antropologia/ADN
« Responder #7 em: Março 08, 2018, 03:56:44 pm »
Arte rupestre descoberta no Guadiana "não traz" novidades aos especialistas




As cinco gravuras de arte rupestre descobertas nas margens do rio Guadiana, em Elvas (Portalegre), já identificadas pelos arqueólogos, remontam ao período calcolítico, mas não representam uma novidade para os especialistas.

“O inventário é reforçado com mais este núcleo, mas não traz novidades em relação aos núcleos que já são conhecidos e publicados [desde 2001]”, disse hoje à agência Lusa o arqueólogo Rafael Alfenim, da Direção Regional de Cultura do Alentejo.

Recordando que existem cerca de 300 rochas com gravuras de arte rupestre na área de enchimento da albufeira de Alqueva, Rafael Alfenim disse que este novo núcleo, com cerca de cinco mil anos, não foi estudado no período que antecedeu o encerramento das comportas da barragem alentejana.

Numa conferência de imprensa, hoje realizada nos Paços do Concelho de Elvas, o especialista em arte rupestre António Martinho Batista explicou que as gravuras de arte rupestre, encontradas no início de fevereiro por um antigo militar espanhol, Joaquin Larios Cuello, na zona da ponte da Ajuda, ostentam “motivos não figurativos”.

“É um tipo de arte muito esquematizada, muito abstrata mesmo, aquilo a que nós chamamos arte esquemática peninsular, com motivos de caráter abstrato simbólico”, relatou.

Segundo o especialista, as figuras espelham “linhas meândricas”, sendo imagens “extremamente elaboradas”.

António Martinho Batista, que foi responsável pelo projeto de investigação de arte rupestre na zona do Alqueva, admitiu que podem vir a ser descobertas mais gravuras no Guadiana, na zona raiana de Elvas.

“Vamos completando o inventário que já tinha sido feito em 2001 e, felizmente, a seca não trás só desgraças, neste caso permitiu-nos recuperar arqueologicamente estas cinco rochas”, afirmou.

Estando situadas abaixo da cota máxima da barragem de Alqueva (152 metros), segundo António Martinho Batista, quando subir o nível da água na albufeira, as gravuras, “evidentemente, ficarão submersas”.

No encontro com os jornalistas, a responsável da Direção Regional de Cultura do Alentejo (DRCA), Ana Paula Amendoeira, explicou que o objetivo da tutela passa por “fazer o estudo, o conhecimento, o levantamento e o inventário” das gravuras, descobertas perto da Ermida de Nossa Senhora da Ajuda, no concelho de Elvas.

A mesma responsável considerou “prematuro” apontar para uma eventual classificação das gravuras, uma vez que o trabalho de investigação “ainda não está concluído”.

Trata-se, segundo a DRCA, que cita os especialistas no terreno, de arte produzida no decurso do período da pré-história recente, denominado como calcolítico (Idade do Cobre), no terceiro milénio a.C., ou seja, há cerca de 5.000 anos.

As primeiras gravuras de arte rupestre no Guadiana foram descobertas na década de 70 do século XX, na zona do Pulo do Lobo, no concelho de Mértola, distrito de Beja, tendo, depois, em 2001 e 2002, sido registados mais achados aquando da construção da Barragem do Alqueva.

Nessa altura, foram identificadas gravuras representando animais e figuras geométricas, ao longo de uma faixa que se estende por mais de dez quilómetros, no concelho de Alandroal, distrito de Évora.

“Descobrimos centenas de figuras, ao longo de muitos quilómetros, na zona de influência da Barragem do Alqueva. A estação principal, aquela que tinha mais gravuras, chama-se Mulenhola”, recordou à Lusa o responsável pelo projeto de investigação de arte rupestre do Alqueva.

“Algumas das gravuras que foram descobertas na parte espanhola, nessa altura, eram paleolíticas. Na parte portuguesa, a maior parte eram gravuras pós-glaciares”, acrescentou António Martinho Batista.


>>>>>>>>>>  https://24.sapo.pt/atualidade/artigos/arte-rupestre-descoberta-no-guadiana-nao-traz-novidades-aos-especialistas
 

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Re: Arqueologia/antropologia/ADN
« Responder #8 em: Março 08, 2018, 09:53:01 pm »
Identificados os restos mortais de Amelia Earhart


Foi a primeira mulher a atravessar o Atlântico por via aérea e uma importante defensora da luta pela igualdade de género. Amelia Earhart morreu em 1937, quando o avião que pilotava se despenhou sobre o Pacífico. O seu desaparecimento constitui um mistério que dura há décadas.

No Dia Internacional da Mulher, um novo estudo científico concluiu que as ossadas encontradas, em 1940, em Nikumaroro, uma ilha do Pacífico, poderão pertencer à histórica aviadora Amelia Earhart, divulgou esta quinta-feira a Universidade do Tennessee, nos EUA. A aviadora, que quebrou barreiras ao nível da igualdade de género, morreu em 1937 enquanto tentava bater o recorde de primeira mulher a dar a volta ao mundo. O avião que pilotava desapareceu sobre o oceano Pacífico.

Durante anos, os ossos encontrados em Nikumaroro permaneceram um enigma. No entanto, de acordo com o recente estudo Amelia Earhart e os ossos de Nikumaroro, realizado pelo professor emérito da Universidade do Tennessee Richard Jantz, os ossos podem ser, de facto, os restos mortais de Earhart.

Após ter sido encontrado um crânio humano durante uma expedição britânica na ilha em 1940, uma busca mais aprofundada à area resultou na descoberta de vários ossos e parte do que parecia ser um sapato de mulher. Os 13 ossos encontrados foram enviados para análise no ano seguinte, para uma escola de medicina nas Ilhas Fiji, onde foram examinados pelo médico D. W. Hoodless. No entanto, a análise forense concluiu que os ossos pertenciam a um homem de baixa estatura, provavelmente europeu, descartando as ligações a Earhart.

Os ossos de Nikumaroro

Muitas continuaram a ser, contudo, as especulações sobre a morte de Amelia Earhart, com investigadores a acreditarem que a piloto tinha naufragado na ilha de Nikumaroro após o seu avião se ter despenhado, acabando por morrer. Richard Jantz, um dos defensores desta hipótese, argumenta que é provável que a osteologia forense – o estudo dos ossos – ainda estivesse numa fase inicial em 1940, o que poderá ter afectado a avaliação dos restos mortais.

Richard Jantz desenvolveu um programa de computador para analisar os ossos encontrados na ilha, comparando-os com os ossos de Earhart. O programa, chamado Fordisc, estima o sexo e ascendência através de estudos métricos do esqueleto e é usado por antropólogos forenses em todo o mundo. O comprimento dos ossos encontrados foi comparado com as medições de Amelia Earhart, utilizando dados da sua altura, peso, estrutura corporal, comprimento dos membros e proporções com base em fotografias e informações retiradas das licenças de piloto e carta de condução.

As descobertas de Richard Jantz revelaram que os ossos de Earhart eram “mais parecidos com os ossos encontrados em Nikumaroro do que os de 99% dos indivíduos de uma grande amostra de referência”. “No caso dos ossos de Nikumaroro, a única pessoa documentada a quem eles podem pertencer é Amelia Earhart”, conclui o citado estudo, publicado na revista Forensic Anthropology.

O desaparecimento de Amelia Earhart fez surgir imensas teorias sobre o que aconteceu. Mike Campbell, autor do livro Amelia Earhart: The Truth at Last afirma, por sua vez, que a piloto e o navegador Fred Noonan, que a acompanhava na viagem, foram capturados nas ilhas Marshall pelos japoneses. Campbell acredita que Earhart foi torturada e morreu durante a sua detenção, de acordo com o jornal Washington Post.

Uma mulher mais alta do que a média europeia

Em 1998, uma equipa de investigação liderada por Ric Gillespie, director do Grupo Internacional para a Recuperação de Aeronaves Históricas, examinou as medições dos ossos que o médico D. W. Hoodless tinha feito em 1941, comparando-as através de uma base de dados antropológicos. A investigação concluiu que os ossos pertenciam a uma mulher mais alta do que a média europeia, sendo que Earhart era vários centímetros mais alta do que a média.

Já em 2016, Gillespie afirmou ao Washington Post que acreditava que os ossos encontrados em Nikumaroro pertencem a Earhart e que a aviadora passou os seus últimos dias de vida naquela ilha do Pacífico. No mesmo ano, o caso foi entregue a Jeff Glickman, investigador forense, que comparou uma foto da empresa aeroespacial Lockheed onde Earhart figurava de braços expostos com as medições dos ossos encontrados. Não tendo, apesar de tudo, provas científicas concretas, o investigador acreditava que o osso do braço de Earhart correspondia a um dos ossos de Nikumaroro.

Em declarações ao Washington Post, Ric Glickman disse entender o cepticismo de alguns investigadores sobre as suas descobertas, uma vez que são baseadas em notas médicas de há 76 anos. No entanto, acrescentou que a sua investigação deixou claro que Earhart morreu em Nikumaroro.

Em 2017, o Canal Hstória divulgou uma foto que sugeria que Earhart teria morrido no Japão. A foto, retirada dos Arquivos Nacionais dos Estados Unidos, levava a crer que a piloto tinha sido capturada pelos japoneses, uma vez que mostrava Earhart e o navegador Noonan nas ilhas Marshall. No entanto, após o programa do Canal História ter ido para o ar, um blogger japonês de história militar mostrou que a respectiva fotografia tinha sido publicada num livro japonês em 1935, dois anos antes do desaparecimento em causa. O canal televisivo divulgou, então, um comunicado onde afirmava que seria transparente nas descobertas que fossem feitas sobre Amelia Earhart. “Em última análise, o rigor histórico é o mais importante para nós e para os nossos espectadores”, lê-se no comunicado de acordo com o Washington Post.

Ric Gillespie afirmou ainda a este jornal norte-americano que, apesar de todas as teorias contraditórias, tendo em conta “o peso esmagador das provas”, continua a acreditar que os ossos encontrados em Nikumororo pertencem de facto à primeira mulher que voou sozinha sobre o oceano Atlântico, Amelia Earhart.


>>>>>>>>   https://www.publico.pt/2018/03/08/ciencia/noticia/restos-mortais-descobertos-numa-ilha-do-pacifico-podem-pertencer-a-amelia-earhart-1805855
« Última modificação: Março 09, 2018, 02:27:17 pm por Lusitano89 »
 

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Re: Arqueologia/antropologia/ADN
« Responder #9 em: Março 10, 2018, 06:32:34 pm »
Requalificação da muralha do castelo de Óbidos adjudicada



A obra de reabilitação da muralha do castelo de Óbidos, um investimento superior a 836 mil euros para resolver problemas estruturais daquele património nacional, foi este sábado adjudicada pela autarquia e deverá estar concluída dentro de um ano.

A adjudicação marca o arranque da empreitada de “Reabilitação para colmatação de deficiências e patologias no conjunto urbano vila de Óbidos”, uma obra “de importância fundamental” para a estratégia da autarquia, que pretende “fixar as populações”, evidenciando “património e identidade”, como afirmou o presidente da autarquia, Humberto Marques.

A obra prevê a reabilitação de cerca de um quilómetro do adarve (área circulável) da muralha do castelo de Óbidos, onde será feita “a regularização do topo dos muros, dos paramentos verticais” em zonas onde se identificarem “deficiências construtivas e lacunas de materiais pétreos e argamassas, e tratamento de fissuras em escadas de acesso”, refere o projeto a que a Lusa teve acesso.

A Porta da Vila é outro dos locais onde será feito o tratamento de fissuras e infiltrações e a recuperação da azulejaria, pintura mural, pedra, ferros e talha.

Na Igreja de Santa Maria, o projeto prevê a conservação preventiva e curativa e o restauro do portal, que se encontra em avançado estado de degradação.

Na Porta da Senhora da Graça, além do tratamento de fissuras e infiltrações, será feito o restauro da cobertura da capela.

No Postigo de Baixo será feita uma avaliação da origem “das patologias e deformações da muralha” e a respetiva estabilização, pode ler-se na memória descritiva do projeto, que prevê igualmente a regularização do muro de suporte no Miradouro da Pousada e dos parâmetros verticais da muralha na Torre do Facho.

A empreitada inclui ainda a limpeza de vegetação e infestantes na muralha e castelo a reparação dos candeeiros e um reforço da sinalética alusiva aos perigos de circular no adarve de onde já se registaram algumas quedas de turistas.

“Será colocada sinalética mais agressiva para chamar a atenção das pessoas, mas não haverá nem interdição de passagem, nem cancelas nem falsas guardas, porque esse não foi o entendimento da Direção-Geral do Património Cultural”, explicou o autarca durante a cerimónia de adjudicação.

A obra foi adjudicada por 790.056,53 euros acrescidos de IVA, totalizando mais de 836 mil euros.

A recuperação do espaço foi autorizada pela Direção Geral do Tesouro (proprietária daquele património), e obteve o parecer positivo da Direção Geral do Património Cultural, no âmbito de uma candidatura ao Portugal 2020 – intervenções territoriais integradas, que assegura uma comparticipação de 85% de fundos comunitários.

A reabilitação da muralha tem um prazo de execução de 365 dias, mas a empresa assegurou hoje que será feita de forma a não prejudicar o movimento de turistas e os eventos que se realizam na vila onde decorre, até ao próximo dia 18, o Festival Internacional de Chocolate.


>>>>>>>  http://24.sapo.pt/atualidade/artigos/requalificacao-da-muralha-do-castelo-de-obidos-adjudicada
 

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Cabeça de Martelo

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Re: Arqueologia/antropologia/ADN
« Responder #10 em: Março 13, 2018, 02:21:34 pm »
Mistério de Cabeças Humanas Empaladas Com 8000 Anos Deixa Investigadores Perplexos

Os arqueólogos nunca antes tinham encontrado este nefasto fenómeno na Escandinávia Mesolítica e têm muitas dificuldades em explicá-lo.


Crânio mesolítico empalado encontrado no fundo de um pequeno lago em Kanaljorden, na Suécia.
7,000 anos de idade - Ticia Verveer no Twitter


Em 2009, estava prevista a construção de uma nova ponte ferroviária sobre o rio Motala Ström, na Suécia. Eis senão quando, os arqueólogos começaram a encontrar no local artefactos que tinham milhares de anos. Ao longo dos anos seguintes, foram encontrados no sedimento calcário do pântano ossos de animais, ferramentas feitas de chifres, estacas de madeira e pedaços de caveiras humanas.

Estes restos pertenciam a caçadores-recoletores do Mesolítico, um grupo que existiu há cerca de 8000 anos entre o Idade da Pedra Lascada e a Idade da Pedra Polida. Estas sociedades eram conhecidas pelo respeito que mostravam pela integridade corporal dos seus mortos — pelo menos até agora.

Em 2011, Fredrik Hallgren da Fundação para o Património Cultural liderou um projeto arqueológico no local de escavação de Kanaljorden perto do rio Motala Ström. Quando a equipa começou a escavar o local, descobriu o primeiro exemplo conhecido de caçadores-recoletores do Mesolítico a dispor caveiras humanas em estacas.

"Tínhamos a esperança de encontrar ossos de animais, mas não um acervo tão rico", diz Hallgreen. "É algo notável."

As descobertas foram publicadas esta semana num estudo na revista Antiquity,  com o espirituoso título "Mantenha a cabeça levantada."

Cabeça Levantada
No local de escavação de Kanaljorden, as caveiras com 8000 anos de nove adultos e uma criança foram encontradas deliberadamente colocadas numa camada densamente coberta de pedras de grandes dimensões. As caveiras não tinham os maxilares e duas tinham estacas de madeira bem conservadas deslocadas no interior. As estacas tinham sido inseridas através das grandes aberturas na parte de baixo das caveiras, o que indica que tinham sido colocadas antes de serem depositadas no lago. Num caso, uma estaca ainda estava a sair do crânio.

Os ossos de animais também estavam dispostos em redor das caveiras, distribuídos de acordo com o tipo de criatura a que pertenciam.

"De alguma forma parecem distinguir humanos de animais, mas também animais de diferentes categorias", afirma Hallgreen.

Duas das caveiras humanas eram femininas, quatro masculinas e duas pertenciam a pessoas com idades compreendidas entre os 20 e os 35 anos. Os investigadores encontraram ainda um esqueleto de criança quase completo, cujos pequenos ossos indicam tratar-se de um nado-morto ou de uma criança que morreu pouco depois de ter nascido.

Os crânios das vítimas apresentam lesões óbvias. Existem lesões causadas por força bruta na parte de cima das cabeças e aparentemente têm também outras lesões que mostram sinais de cicatrização. As caveiras femininas apresentam lesões na parte de trás e no lado direito das cabeças e cada uma das caveiras masculinas apresentava um único golpe na cabeça e na cara.

"Não se trata de pessoas que tinham sido atingidas havia pouco tempo e depois colocadas em exposição. "Mais de metade tinha uma lesão cicatrizada na cabeça."

Os investigadores ainda não sabem que armas foram usadas para infligir os ferimentos e não foi possível estabelecer que os golpes foram a causa de morte. Estão ainda a ser realizadas análises de ADN, mas já foi descoberto um grau de parentesco entre dois dos homens.

"Provavelmente não são irmãos, mas poderiam ser primos ou parentes mais distantes", aponta Hallgreen.

Sabemos que a equipa descobriu 400 pedaços de estacas de madeira, algumas das quais tinham sido usadas para dispor objetos que há muito que se desprenderam e caíram. Não sabemos, porém, as razões para este fenómeno.

Em Exposição
A equipa avança com um par de ideias para explicar por que razão as caveiras estavam dispostas nas caveiras. Aparentemente foram colocadas deliberadamente em exposição e é provável que, previamente, tenham sido enterradas num outro local.  Este local funerário é pequeno e, uma vez que se trata do primeiro caso do género numa sociedade de caçadores-recoletores do Mesolítico, não pode ser comparado com outros.

"Não existem casos suficientemente semelhantes", indica Hallgreen. "Também estamos a trabalhar no sentido de saber como é que este local se enquadra no contexto arqueológico da zona e da região."



Outras escavações já demonstraram que os caçadores-recoletores do Mesolítico costumavam respeitar os seus mortos e só mais tarde é que houve grupos conhecidos por começarem a decapitar os inimigos.

"Não temos nenhuma evidência direta de decapitação", escreve a coautora Sara Gummesson da Universidade de Estocolmo num e-mail enviado à National Geographic. "É mais provável que os crânios tenham sido retirados dos corpos durante a decomposição."

As lesões causadas por força bruta nas caveiras podem ter sido infligidas em atos violentos entre pessoas, em raptos ou em qualquer outra situação. Também é possível — embora pouco provável — que as lesões tenham sido causadas por acidente.

Uma vez que as caveiras masculinas e femininas mostram sinais diferentes de lesões, a violência poderia estar deliberadamente relacionada com o género. Também poderão ter sido infligidas num caso de abuso marital, durante ataques ou lutas ou no âmbito de algum tipo de prática cultural. A exposição das cabeças poderá também ser um ato fúnebre, destinado a prestar tributo a membros da comunidade local. Hallgreen diz que as caveiras também poderão ser troféus, embora considere que se trata de uma possibilidade remota.

Está a ser desenvolvida mais investigação para deslindar alguns dos mistérios relacionados com este local funerário. Os investigadores estão também a fazer escavações em locais pantanosos próximos para verificarem se existem semelhanças.

"Há muitos aspetos que poderiam ser discutidos a respeito destas descobertas," escreve Gummesson, "e eu acredito realmente que devemos manter-nos abertos a quaisquer novas descobertas que venham a surgir à medida que o trabalho prossegue."

 :arrow: http://www.natgeo.pt/historia/2018/03/misterio-de-cabecas-humanas-empaladas-com-8000-anos-deixa-investigadores-perplexos
7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.

 

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Re: Arqueologia/antropologia/ADN
« Responder #11 em: Março 16, 2018, 05:18:51 pm »
"Homo sapiens". Uma revolução tecnológica há 320 mil anos


Descoberta no Quénia faz recuar no tempo, em dezenas de milhares de anos, a produção de ferramentas sofisticadas e, provavelmente, as trocas entre grupos distantes

À primeira vista seria apenas mais um punhado de lâminas laboriosamente talhadas em obsidiana (um tipo de rocha vulcânica), e de rochas negras e vermelhas próprias para a extração de pigmentos coloridos, mas o achado é muito mais do que isso. Recolhidos por um grupo internacional de arqueólogos e antropólogos em Olorgesailie, no Quénia, estes materiais contam uma história surpreendente: a sua datação faz recuar no tempo, em algumas dezenas de milhares de anos, o momento em que o Homo sapiens começou a usar tecnologias inovadoras em relação aos seus antepassados, e talvez a pintar, e a fazer trocas entre grupos a maiores distâncias.

Em três estudos publicados hoje na revista Science, outros tantos grupos de arqueólogos e antropólogos mostram que as lâminas em obsidiana e as rochas coloridas, bem como a camada de solo onde foram encontradas, em Olorgesailie, têm entre 300 mil e 320 mil anos. Ou seja, têm a mesma idade dos mais antigos fósseis de Homo sapiens que se conhecem, e que foram recentemente descobertos noutra zona de África, em Marrocos.

Por outro lado, o estudo do clima da época anterior ao uso de novas tecnologias que as lâminas de obsidiana indiciam, parece concorrer para a ideia de que há cerca de 300 mil a 320 mil anos houve uma oportunidade ambiental naquela região do Quénia para a inovação tecnológica e cultural.

Sabe-se que o sítio arqueológico de Olorgesailie, que já é estudado e escavado há décadas, foi habitado pelos antepassados dos humanos modernos desde há pelo menos 1,2 milhões de anos. Mas o novo achado e os estudos agora publicados parecem remeter para algo como um primeiro capítulo da história evolutiva do Homo sapiens. Embora não se tenham descoberto fósseis humanos dessa época no local, sabe-se que os humanos modernos já andavam por África pelo menos desde essa altura, como mostra a tal descoberta dos mais antigos fósseis de Homo sapiens, em Marrocos, anunciada em junho do ano passado.

No artigo publicado hoje pela equipa de Rick Potts, diretor do Museu Smithsonian de História Natural , em Washington, nos Estados Unidos, e desde há 30 anos um estudioso do sítio de Olorgesailie, os cientistas propõem que aquelas inovações tecnológicas, bem como novos comportamentos sociais que lhe estão associados, como trocas culturais e de bens com outros grupos humanos mais distantes, e a utilização de pigmentos, terão sido precedidas por grandes alterações ambientais, que terão propiciado aqueles novos comportamentos. Essas alterações passaram pela transformação daquele local árido em zona de pasto, com mais variabilidade de precipitação, pela extinção de animais de grande porte e a chegada de um tipo de fauna de menor dimensão.

"A mudança para um conjunto mais sofisticado de comportamentos, envolvendo maiores capacidades mentais e interações sociais mais complexas pode ter sido o que distinguiu a nossa linhagem de outras espécies humanas da época", diz Rick Potts, citado num comunicado do Museu Smithonian.

Foi a análise das lâminas em obsidiana que mostrou como elas foram uma inovação tecnológica. Até então, as ferramentas de pedra encontradas em Olorgesailie eram uma espécie de massas mal talhadas que, tudo indica, serviam para bater, e que eram feitas no tipo de rocha local.

As lâminas com cerca de 320 mil anos têm duas grandes diferenças: são talhadas de forma muito mais sofisticada e o material, a tal obsidiana, não é dali, mas de zonas que distam entre 25 a 65 quilómetros de Olorgesailie. A juntar a tudo isto, foram também encontradas no local inúmeras obsidianas não trabalhadas, o que indica, segundo os cientistas, que elas teriam sido transportadas para ali para serem depois talhadas, sugerindo uma rede de trocas com outros grupos na região.

Quanto aos pigmentos e às rochas de onde terão sido extraídos - elas apresentam sinais disso - os cientistas desconhecem em que foram utilizados. Mas, como nota Rick Pott, "o uso de pigmentos é em geral considerado como um sinal de uma comunicação simbólica complexa".


>>>>>>> https://www.dn.pt/sociedade/interior/homo-sapiens-uma-revolucao--tecnologica-ha-320-mil-anos-9190786.html
 

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Re: Arqueologia/antropologia/ADN
« Responder #12 em: Março 17, 2018, 07:45:15 pm »
A epidemia que veio de Espanha e matou mais de 60 mil portugueses




De um dia para o outro, em 1918, as pessoas começaram a morrer em Vila Viçosa e o número de mortes não mais parou até atingir muitos milhares em pouco meses. Em três ondas, a pneumónica - também conhecida por gripe espanhola - matou principalmente jovens e não poupou nenhuma classe social em Portugal

Nossa Senhora de Fátima pode ter escolhido Jacinta e Francisco para testemunharem as suas aparições na Cova da Iria, mas a pneumónica não os poupou poucos meses depois. Nem a uma mão-cheia de artistas que poderiam ter sido famosos em todo o mundo, como o pintor Amadeo de Souza-Cardoso ou o pianista António Fragoso, ambos jovens mas com uma carreira bastante promissora e já com obra feita, que estavam na idade "preferida" para as vítimas do vírus da também chamada gripe espanhola.

Em Portugal o número oficial de vítimas é superior a 60 mil. A doença varreu o país a uma grande velocidade, tanto assim que a falta de caixões para os funerais foi um dos resultados imediatos, o que fazia que muitas famílias os comprassem por antecipação e guardassem debaixo das camas onde os seus membros agonizavam.

A pneumónica apanha o mundo e as autoridades sanitárias desprevenidas, até porque ainda se desconhecia a existência do vírus, e Portugal não escapa ao surto quando no final de maio de 1918 surge o primeiro caso em Vila Viçosa, e rapidamente o contágio se propaga pelo país de sul para norte. Os mortos portugueses são uma ínfima parte dos mais de 20 milhões de vítimas em todo o mundo - embora existam estimativas que apontam para números bem mais altos -, mas é uma quantidade tão impressionante que pode ser considerada a mais alta para uma doença do género em Portugal.

As origens da pneumónica a nível mundial nunca foram exatamente localizadas, havendo várias teorias (ver peça secundária), entre as quais a de ter nascido na Ásia ou ou em cidades europeias como Brest ou Bordéus. Os últimos estudos apontam os Estados Unidos como o local onde surgiram os primeiros casos.

A sua entrada em Portugal deu-se através dos trabalhadores sazonais portugueses que iam para Badajoz e Olivença e que trouxeram a doença para a localidade alentejana de Vila Viçosa, onde no fim de maio ocorre a primeira morte. No dia 4 do mês seguinte é registado outro caso em Leiria, confirmando a fácil propagação em todo o território, pois vai da zona perto da fronteira com Espanha - seguir-se-á Guarda, Castelo Branco, Beja e Évora - para o litoral e chega rapidamente aos grandes centros urbanos de Lisboa e do Porto. Segundo cálculos oficiais, os índices de maior mortalidade verificaram-se em Benavente, onde sete em cada cem pessoas morreram da gripe.

O desconhecimento do vírus que estava na origem da epidemia dificultou o seu combate e o caos político e social que Portugal vivia tornou ainda mais complexa a sua contenção. As notícias que iam surgindo nos jornais eram poucas, até porque se estava em plena Guerra Mundial. No Diário de Notícias de 29 de maio de 1918, o primeiro título era "A Guerra" - que se manteria por muito tempo a abrir a edição - e só na oitava de dez colunas de noticiário é que surgiam ecos da pneumónica: "A epidemia em Espanha", e avisava-se o seguinte: "É provável que em Portugal também venha a sentir-se." Os sintomas das vítimas eram incompreensíveis para a época e questionava-se se seria cólera.

Vila Viçosa sem memória

Apesar da violência da epidemia em Vila Viçosa, quando se percorre esta terra em busca de memórias o que se verifica é a total ausência de lembranças de uma tragédia que está a fazer cem anos. Talvez por uma questão de feitio da população, foi o que garantiu um morador à reportagem do DN, ninguém quer recordar essa época. Na Associação de Apoio ao Idoso ninguém se lembra da pneumónica, nem sequer de ouvir tal palavra... Diga-se que a associação conta com cerca de 300 sócios e na tarde em causa estavam naquele espaço mais de três dezenas das pessoas com mais idade da região. No entanto, vários evocam o ditado "De Espanha nem bom vento nem bom casamento", que nada tem que ver com a doença - refere-se ao vento Suão e aos maus casamentos reais ibéricos - mas que ficou ligado à pneumónica no século passado.

Um dos que recordam o ditado é o senhor Pompílio, de 84 anos, que ao fim de muita insistência lá se recorda de ter ouvido falar da pneumónica: "Pois, morreu muita gente na altura mas não me lembro de mais nada." Após mais alguma insistência, acrescenta: "Foi uma epidemia em que morreu muita gente." E fica-se por aí, tendo o interrogatório cerrado aos restantes resultado pouco, preferem jogar às cartas. Quando se pergunta se a jogatana está boa, um deles responde: "Para o que é está sempre bom." Abel, o responsável da associação, explica que não é só aquilo que os idosos de Vila Viçosa ali fazem, pois há excursões e sardinhadas, tudo à conta dos 50 cêntimos mensais de quota, o mesmo preço de um café nas instalações. Trabalhou nas Finanças locais durante 35 anos e conhece toda a gente, mesmo não sendo nascido em Vila Viçosa. Sugere que se fale com o sócio mais velho, Clemente, de 94 anos. Alguém refere que é um indivíduo com uma "memória fora do normal" e que "sabe dessas histórias todas".

Antes de se chegar à sua porta, passa-se pelo estabelecimento de José Mariano, 93 anos, que vende jornais. A resposta sobre os efeitos da pneumónica na localidade repete-se. De nada se lembra. Fica-se a conversar e a insistir na pergunta até que se rompe a barreira e recorda que ouviu contar coisas sobre muitas mortes. Há sempre a palavra família envolvida porque a pneumónica não escolhia um mas vários membros do agregado familiar. Talvez essas memórias estejam apagadas porque a sua própria mãe morreu cedo. Com muita insistência, lá interrompe a leitura do Diário de Notícias e relata um pouco da história da sua vida: "Lembro-me de quando a minha mãe morreu, quanto à gripe, não." Depois diz: "Lembro-me da pneumónica, mas lembro-me de outras gripes, como a que matou a minha mãe quando eu tinha 3 anos. Eram dezenas e dezenas a morrer por aí com tuberculoses como ela." E a sua avó nunca lhe contou nada? "Aquilo não se curava, as pessoas morriam todos os dias às duas e às três. Nem havia caixões para tanta gente, as pessoas eram jogadas para a terra", recorda. Continua: "Havia muita pobreza... Eu, antes de ir para a escola, andava com o pé descalço. Fui abandonado muito em pequenino e andei sempre aos tombos, às abas das minhas tias e da minha avó." Indo à questão que a reportagem pretende, volta a insistir--se: e as pessoas tinham medo da pneumónica? "Eram muito atrasadas e a assistência não era como agora, na altura não havia nada. A pessoa estando com uma febre, agasalhava-se e tomava coisas quentes a ver se aquilo passava. Mas não passava."

Está na hora de ir procurar o mais velho de Vila Viçosa, o senhor Clemente. "Pode ser que ele se lembre", remata José Mariano. Também aqui a disponibilidade é pouca e quando entreabre a porta é sempre com vontade de voltar a fechá-la e dar a conversa por terminada: "Não me lembro de nada." Insiste-se e lá vem a mesma lengalenga: "Ouvi pessoas mais velhas contar que morreram muitas pessoas..." Continua sem convicção: "Era o que se ouvia dizer destes tempos. Ó meu amigo, estou muito esquecido."

Pobres responsáveis por epidemia



Já a norte existe mais memória sobre a pneumónica. A investigadora Alexandra Esteves lembra-se de testemunhos da própria avó, que contava como fora grande o flagelo no Alto Minho: "Falava muito da gripe porque ela teve tifo e ligava-a à outra epidemia, muito maior." A investigadora tem em curso um trabalho sobre epidemias nesta região do país por ter encontrado semelhanças entre as de cólera do século XIX e depois a pneumónica no início do século XX: "Os comportamentos dos doentes foram os mesmos e as medidas das autoridades praticamente iguais. O grande problema era o de a população não aceitar a restrição de movimentações, não se respeitarem boas práticas de higiene e existir a ideia de que eram os pobres os responsáveis pela propagação da doença. Aliás, foram sempre eles o bode expiatório na cólera, no tifo, na varíola e na pneumónica, apesar de em qualquer caso a doença entrar tanto no casebre como no palácio."

Na região mais próxima à fronteira espanhola viveu-se o pânico porque, diz, "foi uma gripe que levou muita gente em Melgaço, Monção, Valença e Cerveira, bem como nos concelhos de Paredes de Coura e de Viana do Castelo". Entre as razões que agravavam o alastramento da epidemia estava a assistência hospitalar: "Os hospitais eram para pobres e havia uma grande resistência das outras classes sociais em ingressarem nesse espaço. Queriam ser tratados em casa e ficar junto dos seus familiares, o que ajudava à propagação da doença. Foi mesmo um dos principais motivos para que nesta região a doença se descontrolasse." Acrescenta outra condicionante: "Em 1918, vivia-se um cenário marcado por uma crise política, a falta de bens essenciais e a nível sanitário eram condições terríveis. Faltavam médicos e muitos foram vítimas da doença; faltavam produtos para tratamento e as populações preferiam as mezinhas; havia uma grande desconfiança das populações relativamente ao saber médico; as casas do Minho não eram lugares de grande conforto, na maior parte das vezes um espaço dividido com os animais, sem casas de banho e uma relação preconceituosa com a água. Tudo isso limitava o controlo da doença."

Para tornar a situação mais complexa, a propagação era rápida devido a haver nesses meses de verão muita circulação de pessoas por causa do trabalho agrícola em diferentes locais, além da proliferação de festas e romarias: "Eram deslocações que aconteciam muitas vezes para o outro lado da fronteira, onde a doença grassava de forma intensa. Controlar as populações era coisa impossível, pois reagiam mal às determinações das autoridades sanitárias, tendo mesmo existido violência."

Alexandra Esteves escolheu este tema para investigar devido ao seu interesse no estudo do sistema penal em finais do século XVIII e XIX nesta região: "Ao estudar as cadeias estamos a falar em espaços também de morte por serem insalubres e deparei-me com a posição das autoridades face a surtos epidémicos." No caso da cólera não faltam fontes, mas para a pneumónica o que prima é a sua ausência: "Até as notícias nos jornais são poucas porque acontece um silenciamento em torno da doença." Esse silêncio foi uma das razões que a levaram a querer saber o porquê de a maior epidemia da história da humanidade ser tão pouco estudada, tanto em Portugal como no resto da Europa: "Os testemunhos orais são difíceis de encontrar e, por norma, referem uma doença que rapidamente levou muitos jovens. Uma explicação para o silêncio é a colagem à Primeira Guerra Mundial, com mortes mais difíceis de aceitar. Só que esta explicação não convence totalmente porque as principais vítimas são jovens e o falecimento causaria grande comoção social." Por isso tudo, conclui, "falta um grande estudo a nível do território nacional para se perceber o que aconteceu".

Um presidente junto do povo

Quando se questiona se se poderia ter combatido a pneumónica de forma diferente do que aconteceu em Portugal em 1918, a investigadora Helena Rebelo de Andrade, do Instituto Ricardo Jorge, considera que não: "Tendo em conta os conhecimentos da época, fez-se tudo o que era possível. Não se conhecia o vírus e existia uma grande discussão na literatura médica da época sobre a causa da doença. Como a primeira onda teve um carácter mais benigno do que a segunda, que se caracterizou por casos mais graves, com relatos de síndrome de dificuldade respiratória aguda, de pneumonia fulminante com mortes súbitas, muitos duvidaram de que se tratasse apenas de gripe". Dessa forma, eram várias as "opiniões divergentes" quanto às causas e às formas mais eficazes de tratar a doença. "Apesar de todo o arsenal de conhecimento decorrente das descobertas da bacteriologia do final do século XIX, os conhecimentos sobre a gripe eram incipientes. As medidas tomadas para combater a pandemia foram semelhantes às aplicadas para o tifo exantemático e para a peste bubónica, com banhos obrigatórios e a desinfeção de roupas e casas, o isolamento de doentes e dos seus contactos, as vistas domiciliárias e a notificação obrigatória dos epidemiados, com a cidade dividida em áreas sanitárias e a obrigatoriedade de guias sanitárias para os viajantes. Perante a gravidade da segunda onda, tomaram-se muitas medidas para combater a pandemia num curto espaço de tempo, mas no entanto insuficiente perante a rapidez e a violência da epidemia e a enorme carência de recursos."

Quanto ao papel de Ricardo Jorge, Helena Rebelo de Andrade refere-o como importante: "Na qualidade de diretor do Conselho Superior de Higiene e de diretor-geral de Saúde, a Ricardo Jorge deve-se a coordenação do combate à epidemia de gripe em 1918 e 1919, tendo promovido medidas sanitárias que passaram, entre outras, pela informação da população, a organização de serviços sanitários de emergência, a imposição de medidas preventivas. Perante a gravidade da segunda vaga da epidemia, foi--lhe atribuído ainda as funções de comissário-geral extraordinário do governo. Severo crítico do fecho das fronteiras de Espanha, Ricardo Jorge empenhou--se, sob o pseudónimo de Doutor Mirandela, na denúncia, em artigos de opinião, do Muro da China erguido pelos espanhóis, defendendo a ineficácia do cordão sanitário."

A resposta política em 1918 teve ainda uma grande ajuda do presidente Sidónio Pais, atuação que a investigadora confirma: "Ele fez da pneumónica uma bandeira política, viajou pelo país inteiro numa campanha de proximidade com a população numa altura muito conturbada. Éramos um país maioritariamente rural, com sucessivas epidemias e as consequentes crises sanitárias, a viver uma crise política e com a Primeira Guerra Mundial como pano de fundo."

Quanto ao facto de a população jovem ser das mais afetadas, aponta várias razões: "A movimentação das tropas poderá ser uma, pois é uma população jovem ativa e que está junta nos aquartelamentos militares, favorecendo uma taxa de ataque maior, além de que os mais velhos já tinham tido contactos anteriores com gripe que deixaram alguma proteção. Também a má nutrição decorrente da extrema pobreza deixava a população mais vulnerável, contribuindo para propagar a doença e aumentando o número de casos mais graves."

Amadeo e António Fragoso

Se no povo de Vila Viçosa falta memória, já os descendentes de portugueses cuja carreira ficou pelo caminho não se esquecem. É o caso do pianista António Fragoso, que vivia na Pocariça, local onde a pneumónica foi devastadora e atingiu dezenas de famílias. Para o descendente Eduardo Fragoso foi um dos casos mais dramáticos na povoação: "Os meus avós viram partir quatro filhos em cinco dias e o pianista foi o primeiro a morrer." A mãe de Eduardo Fragoso foi a única que se salvou e quis homenagear o irmão divulgando ao máximo a sua obra, tendo conseguido um contrato com a Valentim de Carvalho para editar a obra completa, mesmo que o incêndio do Chiado tivesse provocado a destruição de parte do espólio. Grande parte da obra foi gravada, como a Integral para Canto, Piano e Câmara e várias peças emitidas pela Emissora Nacional. Neste centenário da morte será editada uma biografia atualizada à luz de todas as descobertas mais recentes, como a de ter composto a primeira obra aos 12 anos.
É também o caso do pintor Amadeo de Souza-Cardoso, que há poucos anos teve uma mostra quase integral da sua obra exposta na Fundação Calouste Gulbenkian e mais recentemente no Grand Palais em Paris. O historiador Luís Damásio, casado com uma familiar do pintor, tem estudado a sua vida e vai publicar uma biografia em dois volumes com novos e importantes aspetos, designadamente sobre as condições da própria morte do pintor nascido em Manhufe.

É o caso de uma última carta do pintor dirigida ao irmão António, em que "já descrevia alguns sintomas de mal-estar. Vai ter o cuidado de se prevenir pois Amadeo revelava um pressentimento trágico para o futuro da família". A 25 de outubro, "depois de uma noite de grande aflição, morre em Espinho", conclui o historiador.

A pneumónica não abandonou Portugal antes de ter feito mais de 60 mil vítimas mortais. Após a primeira onda que vai de maio a final de julho, a segunda irá até janeiro do ano seguinte. A terceira onda, que nem todos os países registaram, irá durar até ao verão de 1919. Enquanto isso, a 4 de outubro de 1918, o jornal A Luta publicava a seguinte notícia: "Pode dizer-se que já alastrou por todo o país, e em Lisboa grassa com intensidade. Mandou o governo que não prosseguissem os exames nos liceus e que todos os estabelecimentos de ensino não funcionem até nova ordem. É certo que os teatros e os animatógrafos continuam abertos, e aí a multidão, para efeitos de contágio, é mais perigosa do que nas escolas. Divergem as opiniões quanto à natureza da doença..."




>>>>>>>>>> https://www.dn.pt/portugal/interior/a-epidemia-que-veio-de-espanha-e-matou-mais-de-60-mil-portugueses-9195035.html
 

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Re: Arqueologia/antropologia/ADN
« Responder #13 em: Março 19, 2018, 03:08:05 pm »
Humanos cruzaram-se pelo menos duas vezes com o homem de Denisova



O ADN do misterioso homem de Denisova foi sequenciado completamente pela primeira vez em 2010

Os nossos genes carregam as marcas dos nossos encontros com os Neandertais mas também com diferentes populações do homem de Denisova, indica um estudo publicado na revista científica Cell. O artigo salienta que os nossos antepassados se cruzaram não com uma, mas com duas populações diferentes do homem de Denisova.

A descoberta de que os Homens de Neandertal e modernos não estavam sós é relativamente recente: os restos que permitiram identificar o ADN destes hominídeos foram encontrados na caverna de Denisova, no Sul da Sibéria, em 2008.

Agora, um estudo utilizou um novo método de análise genética para comparar um genoma inteiro do homem de Denisova. "É surpreendente que possamos analisar a história humana através dos dados genéticos de humanos atuais e determinar alguns dos eventos que aconteceram no passado", disse a autora do estudo, Sharon Browning, num e-mail enviado à CNN, que publica as conclusões do estudo.

A professora de investigação do Departamento de Bioestatística da Universidade de Washington refere ainda que neste estudo, encontraram "dois episódios distintos da mistura do homem de Denisova", que vêm acrescentar dados ao que já era conhecido sobre o contributo dos Neandertais no ADN dos humanos modernos.

O ADN de Denisovanos foi sequenciado completamente pela primeira vez em 2010, o que levou à descoberta de que esta espécie se tinha cruzado com os nossos antepassados. Estudos posteriores revelaram, por exemplo, que populações da Oceânia herdaram mais ADN do homem de Denisova - cerca de 5%.

Havia populações distintas de denisovanos

Agora, os cientistas foram capazes de estabelecer que houve um segundo contacto. Ao comparar o genoma do homem de Denisova das Montanhas Altai com o de mais de 5600 de habitantes da Eurásia e da Oceânia, os cientistas perceberam que os humanos do este da Ásia estão mais "próximos" deste, enquanto com as populações da Oceânia passa-se o contrário.

"Fica também claro que havia populações distintas de Denisovanos, em vez de uma única população", refere Browning. "O facto de que as duas populações terem divergido sugere que estas não se misturavam muitas vezes entre si, talvez devido à separação geográfica".

Uma possível explicação é a de os nossos antepassados da Oceânia terem encontrado um grupo de Denisovanos do sul, enquanto os asiáticos orientais encontraram um grupo do norte.

Browning e os colegas planeiam estudar outras populações para encontrar indícios da mistura de outras espécies humanas arcaicas no ADN do homem moderno, além de Neandertais e Denisovanos.


>>>>>>>>>>  https://www.dn.pt/sociedade/interior/chineses-e-japoneses-foramos-mais-influenciados-pelo-homem-de-denisovan-9197979.html
 

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Re: Arqueologia/antropologia/ADN
« Responder #14 em: Março 22, 2018, 11:47:03 pm »
Desvendado o mistério da "Múmia Alienígena"





Ata foi descoberta no Chile. Seria humano? Alienígena? A investigação aos ossos revelou-se surpreendente e útil para o futuro da medicina

Ata foi encontrada no Chile, em 2003, na cidade fantasma de La Noria, no deserto de Atacama. Um esqueleto mumificado de 13 centímetros que parecia ser, à primeira vista, o de um recém-nascido com múltiplas mutações genéticas. Mas também podia ser um alienígena.

Foi o empresário espanhol, Ramón Navia-Osorio, quem primeiro comprou a múmia e em 2012 permitiu que um médico chamado Steven Greer usasse imagens de raios X e tomografia computadorizada (TC) para analisar o esqueleto. O debate começava.

Apesar de ter o tamanho de um feto, os testes iniciais sugeriram que os ossos encontrados dentro de uma bolsa, abandonados, eram os de uma criança de seis a oito anos. Nada mais falso.

Além da altura excecionalmente pequena, o esqueleto tinha várias características físicas incomuns. Tinha menos costelas do que é normal - 10 pares de costelas, em vez de 11 e uma cabeça em forma de cone.

Essas características particulares levantaram a suspeita de que os restos mumificados poderiam ser de um primata não-humano. Tavez um alienígena, conforme sugere o documentário Sirius.

Porém, a investigação científica do ADN dos ossos revelou que o indivíduo era humano. O estudo apresentou várias evidências de que Ata era uma recém-nascida do sexo feminino com múltiplas mutações em genes associados a nanismo, escoliose e anormalidades nos músculos e no esqueleto. E que os restos mortais poderiam ter sido abandonados há pelo menos 40 anos.

"Uma vez que entendemos que era humano, o próximo passo foi entender como algo poderia vir a ficar assim", disse Garry Nolan, professor de microbiologia e imunologia da Escola de Medicina da Universidade de Stanford, à National Geographic.

"O que foi impressionante e nos levou a especular que havia algo estranho nos ossos era a aparente maturidade dos mesmos (densidade e forma). Houve uma maturação proporcional dos ossos, fazendo com que o corpo parecesse mais velho apesar de o espécime ser pequeno. Essa discrepância levou à maioria das pesquisas. Acreditamos que um ou mais genes mutantes foram responsável por isso", disse o mesmo investigador à BBC News.

Para cientistas como Nolan, os estudos de Ata têm o potencial de melhorar a compreensão dos distúrbios genéticos do esqueleto. Logo, têm o potencial de ajudar os outros e de melhorar a medicina.

"Analisar uma amostra intrigante como o genoma de Ata pode ensinar-nos a lidar com amostras médicas atuais, que podem ser originadas por múltiplas mutações", disse Atul Butte, diretor do Instituto de Ciências da Saúde Computacional da Universidade da Califórnia, em San Francisco, à CNN.


>>>>>>>  https://www.dn.pt/sociedade/interior/esqueleto-mumia-surpreende-investigadores-9208186.html