Espião da ex-RDA vai presidir ao maior produtor mundial de alumínio
Um espião da ex-República Democrática Alemã e amigo do Presidente russo, Vladimir Putin, que também fez carreira nos serviços secretos (KGB), foi nomeado hoje para a presidência da Rusal, maior produtor mundial de alumínio, noticia a AFP.A promoção de Matthias Warnig, um ex-agente dos serviços secretos da Alemanha Oriental (Stasi), é o passo mais recente na subida no universo empresarial russo deste antigo integrante do grupo do Dresdner Bank.
Warnig, de 57 anos, já é o director-geral do operador do gasoduto Nord Stream, que leva gás russo para a Alemanha, sob o Mar Báltico, e presidente do monopólio estatal que gere os oleodutos Transneft, além de administrador do conglomerado de energia Rosneft, de dois bancos relevantes e várias pequenas empresas.
Warnig substituiu Barry Chung, que ocupava interinamente a presidência do principal conglomerado do grupo do empresário Oleg Deripaska.
A Rusal está a viver uma crise, devido às disputas intensas sobre a maneira de gerir uma dívida superior a dez mil milhões de dólares (7,8 mil milhões de euros), contraída durante a crise financeira de 2008-2009.
«Warnig tem uma experiência significativa em empresas públicas, tendo estado em vários conselhos de administração de empresas internacionais lideres», nos seus setores, adiantou a Rusal, em comunicado.
«Ele tem um conhecimento excelente dos negócios internacionais e na Rússia e um conhecimento profundo dos sectores financeiro, energético e mercadorias».
O grupo En+, através do qual Deripaska controla a Rusal, considerou a votação por unanimidade na administração como «um exemplo de cooperação construtiva», depois da resignação do anterior presidente da administração, Viktor Vekselberg.
Foi a decisão, surpreendente na altura, de Vekselberg se demitir, tomada em março, que expôs a extensão do desacordo entre os homens mais ricos da Federação Russa quanto à forma de gerir a produção de um metal cuja aplicação é generalizada, dos automóveis aos aviões.
Na ocasião, Vekselberg disse que a Rusal estava em “crise profunda” e Deripaska chegou a alienar unidades produtoras no estrangeiro, como forma de reduzir custos, o que causou ainda mais descontentamento entre os accionistas minoritários.
A nomeação de Warnig deve agora facilitar à Rusal uma relação mais próxima com o Kremlin, quando procura evitar a desintegração.
Há muito que se dá por adquirido a existência de uma relação pessoal privilegiada de Warnig com Putin, apesar da sua recusa de pormenorizar o assunto.
O Presidente russo tem vários dos seus amigos e conhecidos em postos-chave nas empresas e no Governo desde que chegou ao poder, em 1999.
Os críticos condenam esta situação por representar o privilegiar de amigos, mas o próprio Putin, visto como o último decisor nas disputas empresariais na Federação Russa, tem rejeitado as acusações.
Ao longo dos anos, a imprensa russa e ocidental tem ligado repetidamente Warnig a Putin.
Lusa