Défice Dívida Pública nos Últimos Séculos

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SmokeOn

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Défice Dívida Pública nos Últimos Séculos
« em: Março 04, 2009, 12:26:24 pm »
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Movimentos de população de Portugal para o exterior, devido a quê?



Segundo os cálculos apresentados, com reservas, por António Nóvoa, [a taxa de analfabetismo era de] 82,4% em 1878 e 79,2% em 1890. Também segundo esse investigador, baseado na documentação inédita de uma inspecção realizada em 1867, os alunos das escolas primária, apesar de um proveniência social heterogénea, tinham predominância urbana e pertenciam geralmente às «classes abastadas».


É um facto que antes de 1850 (de 1850 até 1900 o nº de escolas cresce 4 vezes), não havia uma rede coerente de ensino , só em 1835 é estabelecido o ensino primário gratuito.
Também é verdade que o ensino não chegava ao interior, mas esse facto merece uma explicação.

Mas a I Republica não contribuiu, antes piorou, o panorama da iliteracia em Portugal

Se em 1910 a taxa de iliteracia nacional era de 60,6%, nas cidades era de 40% e ainda havia o aspecto de 40% dos letrados exercerem uma profissão...uma profissão a sério e não como as actuais profissões, que não passam de um nome para esconder incapacidades técnicas

Aliás se assim não fosse não haveria tanta gente capaz de fazer bombas e armas a a partir do nada em 1910

A explicação para a iliteracia é simples, se de 1836 parte-se do virtual zero (seria uns meros 10% a ter educação primária) para 60,6% (valor extrapolado com base num decrescimento da iliteracia em 0,4 pp por ano) em 1910 isso é uma queda na iliteracia de 49%
Para além desse esforço houve uma opção estratégica (e única viável, porque apenas o Estado Novo resolveu o problema dos progenitores não considerarem o ensino relevante no futuro da prole...impediam-os de frequentar a escola, e esse cenário ainda é uma realidade) de criar e intensificar a rede de ensino primordialmente nas cidades porque seriam os focos de desenvolvimento e os únicos centros capazes de absorver as capacidades técnicas decorrentes do ensino

A iliteracia contrariamente ao que muita gente pensa cresce durante a I República, pois passa de 60,6% para 66,2% em 1920 e em 1930 continuava acima do nivél do periodo do Rei D. Manuel II...é importante frisar este aspecto

Quanto à emigração, o caro Tiago (agradeço o gráfico, por acaso até gosto porque sintetiza)

Num país que era tão próximo dos países mais desenvolvidos da Europa e, por consequência, do Mundo, a taxa de emigração cresceu a olhos vistos na segunda metade do século XIX. Se calhar o PIB crescia muito, mas nem todos o sentiam. A velha história da igualdade e da falta dela.


A distribuição do rendimento era de facto desigual e decorria das incapacidades técnicas da população que emigrava (maioritarmente do interior e sem qualquer qualificação), a população do interior por e simplesmente não estava capacitada para o novo modelo de desenvolvimento.
Portugal não foi o único, Itália também exportou mão de obra desqualificada nos mesmos moldes.
Contrariamente à Republica que chegou a "proibir" a emigração (difcultou, cancelou documentação...etc), a monarquia facilitou a emigração porque sabia que a mão de obra não qualificada era útil em paises com moldes diferentes de desenvolvimento ,onde havia falta de gente (os então, Estados Unidos do Brasil, principalmente)
Repare-se que não havia quase emigração para Inglaterra ou Alemanha, ou qualquer outro pais desenvolvido

O Estado Novo percebeu esta realidade e foi por isso que se criaram redes de escolas técnicas (que actualmente são 6 e estão na falência!)...graças à 3 republica não há ensino técnico e os "iletrados" actuais são licenciados (a desadequação estratégica na Educação que a 3º republica abraçou)

Mas voltando à emigração...existem partidas e chegadas e se havia emigração também havia o contrário:




Como se pode ver a taxa liquida de migração mais do que triplicou (iam mas não voltavam...quem quer voltar para o caos?) e apenas o Estado Novo inverteu a situação (por pouco tempo)

Curiosamente estamos a niveis superiores do que no tempo de D. Carlos e D. Manuel II
...se como o caro Tiago disse a emigração aumentou a olhos vistos na Monarquia (é verdade),então, os olhos saltam das órbitas na República porque 1/3 da pop. sai do Pais nesse periodo

Como o gráfico mostra a Monarquia era para os contemporâneos mais atractiva do que a tempo actual

O caro Tiago disse:
Em resumo, durante a Regeneração e o Fontismo, assistimos a um desenvolvimento da indústria, mas com fortes limitações. O peso da indústria cresce, mas virada principalmente para o mercado interno. Desenvolvem-se as industrias ligeiras e tradicionais - com excepção da cortiça e conservas -, com fraca competitividade internacional. O peso do artesanato e da manufactura continua a ser muito grande e verifica-se uma situação curiosa: os sectores mais modernos e tecnicamente aperfeiçoados trabalham para o mercado interno, enquanto os sectores onde predominam as formas e técnicas artesanais ligadas *a matéria-prima nacional são os que mais facilmente exportam.


concordo, mas era inevitável .Querer competir logo à partida é impossivel, em 1936 nem havia uma ligação viável entre o Norte e o Sul no Inverno, quanto mais comboios e portos capazes de exportar
Aliás este cenário da produção para mercado interno ainda é uma realidade

Claro que comparar o tempo de D. Maria II, com a época actual é um critério fraco e não explica o porquê de , se naquela epoca ainda poderiamos ter alguma capacidade cometitiva com a Europa desenvolvida, hoje estarmos muito afastados e com quase as mesmos problemas estruturais.

É preciso ter em mente que ,contráriamente ao resto de Europa, tivemos uma séria guerra cívil entre 1828-1834 e uma politica de Liberalismo extremo até 1842.Neste periodo houve nada mais nada menos que 18 governos

Porquê 1842?

Convém ter em mente que actualmente (16 de Janeiro de 2009) o nosso Primeiro ministro espera um défice público de 3% (o que é excelente)...pois em 1842 o governo cai porque o défice publico atinge a exorbitância de 2,3% (o défice Público médio entre 1833 e 1844 seria de 0,9%).É isto que costuma aparecer nos livros, mas de facto nesse ano até houve uma expansão do PIB de 6% (convém lembrar que actualmente esperamos crescimento negativo para 2009)
Claro que o crescimento médio (neste periodo) do PIB foi de apenas 1%, devido a severas recessões e instabilidade politica, mas curiosamente houve em média uma queda no preços (deflação) de 0,7%

Convém lembrar que em todo o periodo da Monarquia Constitucional o défice público nunca altrapassou a actual marca (que advém do actual Pacto de Estabilidade e Crescimento, acordado entre os membros da UE)dos 3%



défice Público


Observando o gráfico acima , pode-se observar que a divida pública criada (no gráfico em baixo) não advinha do excesso de gastos (défice publico) , mas sim do peso das taxas de juro.
A instabilidade provocada, ora por radicais de esquerda (D. Maria II) ora por republicanos (D. Carlos e D. Manuel II) aumentou o risco junto dos principais financiadores externos do Estado português que por sua vez nos exigiam garantias cada vez mais pesadas e taxas de juro cada vez maiores.Aliás o mesmo problema acontece agora (2009) com o "rating" da empresa de consultoria S&P (standard & Poor´s) que colocou Portugal na lista de "clientes a quem não se deve emprestar dinheiro"...como é óbvio a taxa de juro irá aumentar , já que existe sempre quem empreste


Em 1842 a Rainha D. Maria II empossa um governo dictatorial (governar por decreto e não com o exercito atrás das costas como é práctica republicana) em Costa Cabral e os problemas da Divida Pública começam...ainda hoje permanecem

Embora o PIB continue a crescer por mais 2 anos o governo de Costa Cabral propõe-se a instaurar um Plano de Fomento que capacite o País das infraestruturas necessárias ao novo modelo de crescimento económico chamou-se a "regeneração"
Um plano de financiamento mal feito (junto de privados e com altas taxas de juro)que incapacitou o Estado financeiramente durante largas decadas

A usual instabilidade social (que incluiu um movimento a favor de enterros dentro das igrejas-o que era insustentável e contrário ás novas regras de higiene pública...mas quando se trata de politiquice a razão não interessa) provocou a queda politica de Costa cabral




Como a imagem demonstra, não havia um problema de excessivo endividamento antes de 1910 e a I República não o resolveu.Muito pelo contrário inverteu a tendência de redução da Divida Pública que vinha desde D. Carlos.
A II República resolveu de facto o problema do peso dessa divida e foi um dos grandes feitos do Estado Novo

.....


Ainda a questão da Monarquia Vs [pseudo] Republica, que entretanto esmoreceu e eu entendo o porquê...primeiro debita-se a cartilha (3 ou 4 frases chave) e depois fingimo-nos mortos para fazer da ausência uma reflexão profunda do passo seguinte e principalmente, não deixar ninguém perceber que afinal...desconhecemos o assunto

Li por aqui ou noutro blogue a afirmação:


à data do fim da Monarquia, éramos um dos países com maiores taxas de analfabetismo da Europa - actualmente não -, éramos industrialmente atrasados e atente-se que foi no tempo da Dinastia Bragantina (1640-1910) que perdemos o combóio europeu, depois de termos sido uma super-potência mundial.

Eu cá ando à espera que o caro Tiago desencante as ditas estatisticas ou números para sustentar a afirmação... certamente já percebeu que não existem.

Mas eu passo a explicar detalhadamente a aberração da afirmação: comecemos pelo "comboio", que como sabemos não foi inventado em 1640 mas teve um nascimento industrial nos primeiros 20 anos do sec XIX, portanto aí têm 2 gráficos que identificam a tendência (filtro Hodrick Prescott) do PIB per capita médio (dos paises do gráfico superior) em relação a Portugal:





A ideia é simples...quanto mais próximo do valor 1 ,mais próximo estamos do nível de vida médio dos paises considerados.É um gráfico que lida com uma realidade dinâmica que compara a evolução do PIB/capita português com o PIB /capita das economias mais dinâmicas.

Houve três periodos de aproximação ao Nível das economias desenvolvidas entre 1860 e 1890 (30 anos,com uma taxa muito elevada de crescimento no principio da decada de 80 do sec XIX, ainda não repetida até hoje), 1925 e 1938 (13 anos do ínicio do Estado Novo)e novamente de 1950 até hoje,mas nenhuma dessas evoluções nos aproximou do nivel de 1820 e só em 1970 atingimos o nível de 1890.

Se notarem estavamos mais próximos da riqueza dos paises desenvolvidos em 1820 do que actualmente... quase 200 anos !!!!!!!!!!, e não arrisco muito com uma extrapoloação de mais 1 anos porque entramos em recessão com uma 3º República mais gasta do que um pneu velho.

Estivemos entre 1820 e 1890 2 vezes a um nivél de quase paridade e apenas há meia duzia de anos é que voltamos a ter o mesmo nivél de vida (relativo) que havia no tempo de D. Maria II.

Acho que nem vale a pena falar do contributo da 1º república porque acho que o gráfico evidência isso muito bem. Mas há mais... ainda falta de 1820 para trás!


Se houver algum Economista que possa refutar agradeciamos :)
 

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nelson38899

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« Responder #1 em: Março 04, 2009, 12:35:28 pm »
so gostei de ver que foi com a republica que tivemos os melhores resultados da divida publica
"Que todo o mundo seja «Portugal», isto é, que no mundo toda a gente se comporte como têm comportado os portugueses na história"
Agostinho da Silva
 

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SmokeOn

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« Responder #2 em: Março 04, 2009, 04:21:20 pm »
Em ditadura LOL

Obrigado por ter uma frase de um grande monárquico, Agostinho da Silva :) http://www.realistas.org
 

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legionario

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« Responder #3 em: Março 04, 2009, 08:29:30 pm »
Excelente post ;)
 

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HSMW

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« Responder #4 em: Março 04, 2009, 09:06:54 pm »
Bom post e com excelente informação.
MAS...
Estamos a comparar o Portugal de hoje com o de à 100 anos a trás ?
 :?
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SmokeOn

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« Responder #5 em: Março 04, 2009, 10:29:42 pm »
Claro meu caro c34x
 

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teXou

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« Responder #6 em: Março 05, 2009, 12:32:18 am »
Driiiiiing Driiiiiiiiiing ... é tempo de accordar !
Hoje: 5 de março de 2009 ... 2009 !

 :rir:
"Obviamente, demito-o".

H. Delgado 10/05/1958
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" Não Apaguem a Memória! "

http://maismemoria.org
 

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TOMSK

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« Responder #7 em: Março 05, 2009, 12:47:08 am »
E este?



Os números falam por si e são fatais. Não se gosta, mas eles estão lá.

Destaco o atraso económico em que alguns dizem que esse "f***** d* p***" do Salazar deixou o nosso país...
Ou secalhar não....
 :jaja:  :lol:
 

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HSMW

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« Responder #8 em: Março 05, 2009, 10:08:03 am »
Esse crescimento de 80% é de um Portugal de quantos continentes?
Já foi aqui falado, não culpo Salazar, mas sim o bando ladrões que lhe sucederam, vendendo a liberdade, esses sim.
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SmokeOn

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« Responder #9 em: Março 05, 2009, 12:11:49 pm »
Nem digo nada ...  :lol:
 

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PedroM

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« Responder #10 em: Março 05, 2009, 10:43:47 pm »
E pensava eu que o carnaval já tinha passado, afinal não.
Esta de hoje dia 5 de Março de 2009 ainda haver quem pretenda que o CRIMINOSO Salazar deixou o país numa boa situação ou de que fez obra que mereça ser lembrada, só pode ser piada.

Salazar não foi apenas um criminoso pela opressão política e policial que instigou e de que beneficiou durante dezenas de anos, ou pelos crimes que explicita ou implicitamente promoveu.
Salazar podia ter sido isso mas podia também ter deixado obra, no âmbito da economia, no capitulo do social, na vertente educativa.
Houve ditadores que, apesar de o serem, deixaram alguma obra feita nalgum ou alguns dos aspectos mencionados. Para não ir mais longe lembro o caso de Franco que quando morreu Espanha era já uma potência industrial.
Mas nós tugas neste capítulo tivemos muito azar. Saiu-nos o ditador mais retrógado e menos esclarecido que nos podia ter calhado em rifa. Acho que pior era difícil. (Só se fosse algum Ceausescu).

No que à economia diz respeito no final da década de sessenta o PIB português representava muito menos da metade da média da CEE.
A industria era praticamente inexistente devido às políticas incompetentes. O condicionamento industrial diz-vos alguma coisa?
A agricultura era de subsistência, campos abandonados pela emigração massiva.
Em meados da década 60 do séc. passado era frequente às portas de Lisboa deparar com crianças seminuas ou descalças, no resto do país nem é bom falar.
Em contrapartida o regime vivia na fábula das reservas de ouro. Ter reservas de ouro é bom, mas como é fácil de perceber não é isso que desenvolve um país.

Na esfera social o país era um desastre.
A emigração era massiva, às centenas de milhar, a assistência médica não chegava à maior parte da população. Fora dos grandes centros então, era quase inexistente. A maioria da população não activa não usufruia de qualquer apoio social. A mortalidade infantil estava praticamente ao nível de um país africano.
Nos centros urbanos o regime INVENTA um problema (sim aqui creio que conseguiu ser original) que até aí não tinha ocorrido. Trata-se do problema do arrendamento urbano. Com a ideia brilhante do congelamento das rendas, o regime liquidou o mercado de arrendamento nos centros urbanos. Como resultado a partir dessa data não se construiram mais imoveis para arrendar. Deixou de haver pura e simplesmente casas para arrendar e aquelas que apareciam eram a preços proibitivos. Morar em partes de casa, casa dos pais ou dos sogros foi a soluçao de recurso. Como solução última os portugueses foram compelidos a comprar casa, situação que se mantém ainda hoje, lançando-os para níveis de endividamento de que hoje vemos a gravidade. Com essa "simples" ideia de congelar as rendas Salazar lixou a vida não de uma mas de várias gerações de portugueses, durante um século portugueses sofreram e vão sofrer por causa da incompetência daquele génio. É bom não esquecer que o problema já tem mais de 40 anos e penso que levará pelo menos outros tantos a ficar resolvido.

No que se refere à educação salta à vista os 40% de analfabetos e dos que o não são só uma pequena minoria chega a frequentar o ensino secundário (já nem falo em terminá-lo!).

Este é o país maravilhoso de Salazar. Haja decência!
 

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HSMW

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« Responder #11 em: Março 05, 2009, 11:32:48 pm »
Atenção que sou tão apoiante se Salazar como do bandos de Comunas que  tentaram apoderar-se de Portugal. Sou bastante neutro a nível de politica, como a profissão nos manda, mas não somos cegos.

Apenas queria dizer que se o regime foi mau a bandalheira que se seguiu foi pior, bem me lembro do atraso da minha terra na década de 80.
E como era? “Deus, Pátria, Família: a Trilogia da Educação Nacional”?


:shock:

Educação era saber ler e escrever...

Mas destaco duas coisas: A maneira como lidou com a 2ª Guerra Mundial
e a cultura de valores nacionais que havia!


 Isso agora existe em Portugal?
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TOMSK

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« Responder #12 em: Março 05, 2009, 11:55:37 pm »
:G-Ok:
 

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TOMSK

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« Responder #13 em: Março 08, 2009, 01:39:18 am »
Citação de: "PedroM"
E pensava eu que o carnaval já tinha passado, afinal não.
Esta de hoje dia 5 de Março de 2009 ainda haver quem pretenda que o CRIMINOSO Salazar deixou o país numa boa situação ou de que fez obra que mereça ser lembrada, só pode ser piada.

Salazar não foi apenas um criminoso pela opressão política e policial que instigou e de que beneficiou durante dezenas de anos, ou pelos crimes que explicita ou implicitamente promoveu.
Salazar podia ter sido isso mas podia também ter deixado obra, no âmbito da economia, no capitulo do social, na vertente educativa.
Houve ditadores que, apesar de o serem, deixaram alguma obra feita nalgum ou alguns dos aspectos mencionados. Para não ir mais longe lembro o caso de Franco que quando morreu Espanha era já uma potência industrial.
Mas nós tugas neste capítulo tivemos muito azar. Saiu-nos o ditador mais retrógado e menos esclarecido que nos podia ter calhado em rifa. Acho que pior era difícil. (Só se fosse algum Ceausescu).

No que à economia diz respeito no final da década de sessenta o PIB português representava muito menos da metade da média da CEE.
A industria era praticamente inexistente devido às políticas incompetentes. O condicionamento industrial diz-vos alguma coisa?
A agricultura era de subsistência, campos abandonados pela emigração massiva.
Em meados da década 60 do séc. passado era frequente às portas de Lisboa deparar com crianças seminuas ou descalças, no resto do país nem é bom falar.
Em contrapartida o regime vivia na fábula das reservas de ouro. Ter reservas de ouro é bom, mas como é fácil de perceber não é isso que desenvolve um país.

Na esfera social o país era um desastre.
A emigração era massiva, às centenas de milhar, a assistência médica não chegava à maior parte da população. Fora dos grandes centros então, era quase inexistente. A maioria da população não activa não usufruia de qualquer apoio social. A mortalidade infantil estava praticamente ao nível de um país africano.
Nos centros urbanos o regime INVENTA um problema (sim aqui creio que conseguiu ser original) que até aí não tinha ocorrido. Trata-se do problema do arrendamento urbano. Com a ideia brilhante do congelamento das rendas, o regime liquidou o mercado de arrendamento nos centros urbanos. Como resultado a partir dessa data não se construiram mais imoveis para arrendar. Deixou de haver pura e simplesmente casas para arrendar e aquelas que apareciam eram a preços proibitivos. Morar em partes de casa, casa dos pais ou dos sogros foi a soluçao de recurso. Como solução última os portugueses foram compelidos a comprar casa, situação que se mantém ainda hoje, lançando-os para níveis de endividamento de que hoje vemos a gravidade. Com essa "simples" ideia de congelar as rendas Salazar lixou a vida não de uma mas de várias gerações de portugueses, durante um século portugueses sofreram e vão sofrer por causa da incompetência daquele génio. É bom não esquecer que o problema já tem mais de 40 anos e penso que levará pelo menos outros tantos a ficar resolvido.

No que se refere à educação salta à vista os 40% de analfabetos e dos que o não são só uma pequena minoria chega a frequentar o ensino secundário (já nem falo em terminá-lo!).

Este é o país maravilhoso de Salazar. Haja decência!


Graças à acção de Salazar, o País entrou em franca recuperação, em todos os sectores. Assim:

1) pronta reabilitação do escudo, que veio a ser das moedas mais valorizadas do mundo, a par do dólar americano e do franco suíço; orçamentos não equilibrados; não mais vencimentos em atraso; substituição e sucessivo aumento de reservas de ouro, que no fim do regime eram perto de 900 toneladas; insignificante dívida pública, externa e interna, sempre limitadas a níveis tidos por convenientes;

2) obras públicas: grande rede de edifícios escolares, a todos os níveis de ensino; aeroportos e remodelação de portos; novos hospitais, e tribunais, e quartéis para o Exército, Marinha e Aviação; remodelação das estradas e construção de pontes; reparação de edifícios e monumentos nacionais, etc. etc., e a Ponte Salazar;

3) grandes barragens, quer de energia eléctrica, quer de irrigação agrícola e abastecimento público; florestação de várias serras, sem árvores; planos de fomento; arranque do desenvolvimento quer industrial, quer do turismo (de início, com as Pousadas; depois, com médios e grandes hóteis), etc. etc.;

4) no campo social: deixou de haver quer grupos de pobres a pedir pelas portas, quer filas de mendigos, em dias de romaria; e início de salários mínimos, horário de trabalho, abono de família e assistência médica e medicamentosa; construção de esplêndidos bairros sociais, com casas adquiridas por encargo mensal compatível com os salários de então; e criação das Casas do Povo e Casas dos Pescadores; e férias na FNAT, a preço acessível aos trabalhadores; e cursos de Formação Profissional Acelerada, etc. etc.;

5) fomento do ensino a todos os níveis - e criação do ensino técnico-profissional, nas escolas comerciais e industriais e agrícolas; grande campanha contra o analfabetismo, em grande parte vindo do regime anterior;

6) celebração da Concordata com a Santa Sé, a pôr termo a injustiças sofridas pela Igreja Católica - e assegurando-Ihe liberdade de culto;

7) a grandiosa Exposição do Mundo Português, em frente ao Mosteiro dos Jerónimos;

8) construção de grandes paquetes: Santa Maria, Vera Cruz e Infante D. Henrique;

9) e, principalmente, o espectacular sucesso no campo da cultura: Artes, Letras e Ciências.
Com efeito: o sentido quer de dignidade, quer de grandeza que o Estado Novo imprimiu à vida nacional, em breves anos fez com que surgisse uma vasta plêiade de grandes valores, tanto na Situação, como na Oposição, com nomes que o povo ainda bem recorda e que agora não têm par. Apenas uma breve resenha: Medicina: Egas Moniz (prémio Nobel, em 1943) e Francisco Gentil (fundador do Instituto Português de Oncologia); Matemática: Bento Caraça, Vicente Gonçalves, Esparteiro, Mira Fernandes; Engenharia: Duarte Pacheco, Edgar Cardoso, etc.; Escultura: Francisco Franco, Leopoldo de Almeida, Barata Feyo, etc.; Arquitectura: Raul Lino, Cotinelli Telmo, Januário Godinho, etc.; Pintura: Vieira da Silva, Almada Negreiros, João Reis, Henrique Medina, Cargaleiro, Carlos Botelho, etc.; Direito: em Coimbra, Alberto dos Reis e Antunes Varela; em Lisboa, Marcello Caetano, Cavaleiro Ferreira, etc.; Advocacia: Bostorf Silva, J. G. Sa' Carneiro, Azeredo Perdigão, etc.; Teatro e cinema: actrizes: Rey Collaço, Maria Mattos, Palmira Bastos e Laura Alves; actores: Vasco Santana, António Silva, Vilarett, Ribeirinho, etc.; Escritores: Júlio Dantas, Aquilino Ribeiro, Vitorino Nemésio, Miguel Torga, Fernando Namora, etc. etc.; Poetas: José' Régio, Correia de Oliveira, Moreira das Neves, etc.; jornalistas: António Ferro, Norberto Lopes, Ferreira da Costa; Historiadores: Alfredo Pimenta, Damião Peres, Jaime Cortesão, António José Saraiva, Franco Nogueira; Realizadores de cinema: Lopes Ribeiro, Leitão de Barros, Artur Duarte, com filmes que ainda hoje se recordam e são vistos com muito agrado na televisão; Música: piano: Viana da Motta, Varela Cid, Maria João Pires; violoncelo: Guilhermina Suggia; maestros e compositores: Freitas Branco, Frederico de Freitas, Tavares Belo, Ruy Coelho, Jolli Braga Santos; canções populares: Alberto Ribeiro; fado: Alfredo Marceneiro, Hermínia Silva, Amália Rodrigues; Cultura popular: renasce o artesanato, em peças de barro e cerâmica, e de ferro forjado e de cobre; e surgem grupos folclóricos, por todo o País, e que de tudo foi grande impulsionador António Ferro.
 

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Chicken_Bone

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« Responder #14 em: Março 08, 2009, 03:33:27 am »
Concordo que Salazar foi muito importante no princípio, para estabilizar o país, já que antes dele tivemos para aí 16 governos em 20 anos. Mas o velhote esteve 15-20 anos a mais no poder.
Arrecadou muito, mas não o investiu. Não admira que não tivéssemos dívidas... De que adianta teres tanto dinheiro, se não o usas?

Se tivesse investido, não me parece que as nossas colónias tivessem um nível de vida muitas vezes superior a Portugal. Não é à toa que muitos Retornados ficaram deprimidos quando tiveram que voltar para um país cinzento.

Muitas das coisas que mencionaste não são representativas da qualidade dele como governante. Se pusesses qualquer gajo no poder durante 30 e tal anos, de certeza que dirias que houve muita coisa feita durante o seu governo...

Lá por não haver grupos de pobres a pedirem pelas portas, não quer dizer que não havia pobreza. Se uma pessoa não te tocasse na testa, provavelmente não saberia se terias febre.
Vai às aldeias e pergunta às pessoas o que comiam e vestiam durante o Regime. Vai aos centros das cidades, onde haviam as tais fábricas e descobre como moravam as pessoas. Procura sobre esses bairros aos quais chamas "esplêndidos"...

Mesmo antes dele, tivemos grandes personalidades. E, o mesmo se aplica ao que mencionei atrás, deixas um gajo durante muito tempo no poder e conseguirás nomear muitas coisas feitas. Mas a rapidez com que elas foram feitas, a qualidade, o efeito na sociedade, coisas más durante esse período, etc?
E já agora, muitos desses tipos da cultura que mencionaste, existiram no tempo de Salazar, mas foram "criados" antes desse tempo.

Não vejo o que construir grandes paquetes tenha de valor para um governo. Já parece essa grandiosa Exposição do Mundo Português.
Acho bem que tenham existido, mas como é que estes amendoins valem algo num regime de 30 e tal anos?

Que raio de relevância tem isso de assinar a Concordata com a Santa Sé para pôr termos às injustiças sofridas pela Igreja Católica? Pá, vives em que mundo?
Num país em que para aí 98 % das pessoas eram católicas (incluindo ele próprio) como é que raio ele não iria agradar à Igreja para consolidar a sua posição?
E quando a Igreja foi assim tão oprimida em Portugal?! E se foi, teve a ver com uma questão de política e autoridade. Afinal, era suposto sermos laicos e não haver favoritismos.

De resto, peço-te que releias o "post" do PedroM.

Se o Regime foi tão fixe, por que é Portugal no final deste estava cerca de 25-50 anos atrasado comparado com outros países da Europa e África?

Se a maioria do Povo não quisesse a Revolução, de certeza que esta não teria o nome de Revolução dos Cravos. Ou seja, não teria sido pacífica como foi.

Tomsk: Já agora, quanto custa a tua liberdade? O pessoal (mesmo o que viveu antes da revolução) parece esquecer-se que a liberdade não tem preço...
"Ask DNA"