Se acha que o atrito ao ST se deve ao fabricante, é porque não se deu ao trabalho de ler o que foi dito. Claramente não entendeu desde logo que temos três "frentes", Atlântico, Europa e África (com esta ordem de prioridade), portanto os meios armados a adquirir, têm que responder, sempre que possível, aos 3 cenários. O P-3 responde, o F-16 também, um UH-60 armado também, um hipotético helicóptero de ataque idem, etc. O ST não. Logo aqui temos (ou deveríamos ter) um factor eliminatório.
Depois temos a missão COIN, que não é uma missão primária, nem recorrente. Por outras palavras, não é prioritário, nem lógico, adquirir um meio dedicado a uma missão secundária, numas FA tão precárias. Mais vale ter meios sub-óptimos para COIN, mas mais versáteis para o resto, do que o meio óptimo para COIN, e praticamente inútil para o resto.
As únicas situações em que este tipo de aeronave passaria a ser necessária, era se tivéssemos que fazer COIN em território nacional, ou houvesse uma re-absorção de alguma das ex-colónias como parte de Portugal, e fosse necessário ter capacidade permanente de defesa deste território, ou houvesse um acordo com um desses países para uma permanência de forças portuguesas, inclusive aeronaves com alguma capacidade de combate. No entanto são cenários improváveis, logo as prioridades são outras.
Depois temos o Treino, que dependendo do dia e da conveniência, tanto é a missão primária para que se adquire o ST, como a secundária. E aqui, também eu preferia que tivéssemos o M-346 ou equivalente, inclusive armado, para servir de caça complementar aos F-16. Mas também tenho perfeita noção de onde estamos, e dos riscos que isso representa para a continuidade do actual nº de F-16. Enquanto a política da manta, tapa de um lado destapa do outro, se mantiver, prefiro ser pragmático, e optar pelo PC-21 que, sabe-se desde logo, ninguém terá tendências para substituir parte dos F-16, e que substitui tanto o TB-30 como o Alpha Jet.
O ST, já deu para ver que não é adequado nem para substituir os TB-30, e nem a própria FAB considera adequado para aeronave de treino avançado.
Por fim, temos os riscos da compra de ST, que vão desde o estado real dos 12 em segunda-mão, à possível necessidade de mais 6 (com custo de mais 100+ milhões), ao risco de os helicópteros virem desarmados e sub-equipados porque "o ST já tem armamento e FLIR", o risco do número de helicópteros ser apenas os 6 da LPM em vez do tão necessário reforço deste número, o risco de para poder comprar e armar o ST, ser necessário cortar de outro lado, o risco dos F-16 perderem a prioridade no que toca a novo armamento e reforço dos stocks, o risco de se canalizar pilotos para uma aeronave e missão específica, roubando a outras unidades, o risco de, com a falta de pessoal de terra, virmos uma canalização de algum pessoal para o ST quando faziam falta noutras esquadras*, o fim das chances de um futuro UCAV, e o risco (necessidade) de continuar a adquirir mais modelos de aeronaves de treino acima e abaixo do ST porque este não chega.
*o pessoal que vais meter no ST para manuseamento de armas e mecânicos extra para destacar nos TOs, fazia falta nos F-16 para conseguires, em simultâneo, ter destacamento no Báltico, mais pessoal de Monte Real e ainda num possível destacamento nos arquipélagos. Em vez disso, a escassez de pessoal mantém-se nas principais esquadras, que provavelmente vai ser agravado com a compra do ST e das suas necessidades especiais.
E agora pergunto, na quase certa compra do ST, algum destes factores foi tido em conta?