Avião do futuro com mão nacional
Como será o avião do futuro? Mais leve, rápido, ecológico e confortável! O tecto, por exemplo, poderá ser transparente, permitindo aos passageiros contemplar o espaço enquanto voam. É o novo paradigma da indústria aeronáutica e já captou o interesse dos quatro maiores fabricantes de aviões – Airbus (França), Boeing (EUA), Embraer (Brasil) e Bombardier (Canadá).
Atentas a esta necessidade do mercado, cinco empresas portuguesas – Almadesign, Amorim Cork Composites, Couro Azul, SET e Inegi – decidiram construir, no ano passado, um interior revolucionário para o avião do futuro, em parceria com a brasileira Embraer.
O projecto, baptizado de LIFE - Lighter, Integrated, Friendly and Eco-efficient, envolveu um investimento global de 1,85 milhões de euros. E no dia 27 de Março viram o seu trabalho reconhecido: o quinteto nacional venceu o Crystal Cabin Award, a maior competição mundial para interiores aeronáuticos, _na categoria Visionary Concepts.
«Apesar de existir excelência em inúmeros sectores nacionais da indústria e transportes, a aplicação deste know how ao sector aeronáutico é incipiente ou desconhecida. Com esta distinção, as competências destas empresas passaram a estar debaixo dos holofotes, a nível mundial», explica ao SOL José Rui Marcelino, CEO da Almadesign e responsável pela candidatura do Life ao prémio internacional. O grupo português integrou a shortlist de nomeações de concorrentes ao troféu que contemplou gigantes da aeronáutica como a Airbus, Lufthansa Technik e Zodiac Aerospace.
Um novo design, materiais mais leves, eficientes e confortáveis como a cortiça, as fibras e o couro, fazem do projecto Life a evolução dos aviões. «A aviação executiva é extremamente competitiva, com vários fabricantes mundiais a tentar soluções inovadoras. E este projecto trouxe ideias muito boas, fora do padrão. É a razão principal porque nos interessa, para um dia aplicar nos nossos aviões», explica Luiz Fuchs, presidente da Embraer Europa.
A companhia brasileira, terceira maior do Mundo, prestou consultoria e forneceu a fuselagem, isto é, a carcaça da aeronave, que serviu de molde ao interior construído pelo consórcio português. A Almadesign concebeu a arquitectura interior, criando um novo tipo de janelas, mais ergonómicas, e o Instituto de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial da Universidade do Porto (Inegi) estudou os materiais compósitos e desenvolveu novas tecnologias para reduzir o peso do avião. Mas tudo isto só foi possível com os novos painéis de cortiça da Amorim Cork Composites, que permitem um triplo isolamento (térmico, acústico e vibrático), e com a pele ecológica da Couro Azul. A SET do grupo Iberomoldes integrou os elementos num protótipo à escala real, uma mockup.
SOL