Contestada eventual adesão da Guiné Equatorial à CPLP
Um grupo de organizações da sociedade civil publicou ontem uma carta aberta aos líderes dos Estados que integram a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) onde se critica a possibilidade de adesão da Guiné Equatorial à CPLP. O candidato presidencial Manuel Alegre também fez uma declaração em que repudia essa eventualidade.
A Guiné Equatorial, país de língua castelhana com um milhão de habitantes, é também um importante produtor de petróleo. O seu líder, Teodoro Obiang, de 68 anos, no poder desde 1979, é considerado um dos mais cruéis ditadores africanos.
Obiang tem feito intensos esforços para se tornar membro da CPLP, onde o seu país tem estatuto de observador. O líder guineense, reeleito Presidente em Novembro, com 95% dos votos, prometeu realizar reformas internas. O jornal Público adianta que a eventual adesão da Guiné Equatorial será discutida na próxima cimeira da organização de Estados de língua oficial portuguesa, que se realiza em Luanda, dia 23.
O Presidente brasileiro, Lula da Silva, esteve na Guiné Equatorial no início desta semana, no âmbito de uma viagem por vários países de África, a última da sua presidência. Curiosamente, Lula afirmou ontem em Luanda que não estará na cimeira da CPLP, justificando a ausência com a severidade das cheias no Brasil.
A carta aberta é subscrita pela Plataforma Portuguesa das ONG, Transparência e Integridade, Centro de Integridade Pública (Moçambique) e Liga Guineense de Direitos Humanos. O documento contesta o estatuto de observador da Guiné Equatorial e sublinha que a adesão deste país será um "desprestígio" para a CPLP.
Numa reacção separada, o candidato presidencial Manuel Alegre disse à Lusa que a adesão da Guiné Equatorial "não tem sentido". Na opinião de Alegre, "a Guiné Equatorial não é um país de língua portuguesa". Por outro lado, é uma "petroditadura". Em conclusão, o candidato explicou que "os princípios e os valores da democracia e da CPLP têm de estar acima dos negócios e do cheiro a petróleo".
Independente da Espanha em 1968, a Guiné Equatorial fez parte do Império Português até 1778, tendo sido trocada por outros territórios espanhóis na América. A ilha de Bioko, onde está a capital, Malabo, chamava-se Fernando Pó, nome do navegador português que a descobriu. No século XVI, a ilha foi colonizada por portugueses, que ali produziram cana-de-açúcar.
DN