Encouraçado Minas Gerais

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Encouraçado Minas Gerais
« em: Julho 25, 2008, 08:35:47 pm »
A Era do Dreadnought
 
Fonte: http://www.geocities.com/Pentagon/Base/6284

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Em 1903, o General e engenheiro naval Italiano Vittorio Cuniberti escreveu uma série de artigos para a revista Jane´s Fighting Ships que iria revolucionar a concepção a respeito de belonaves. Segundo aquele engenheiro, os vasos de guerra deveriam ser equipados apenas com grandes canhões, desenvolver altas velocidades (20 nós) e dispor de blindagens maciças (12 polegadas ou 30,48cm).

De início, as idéias de Cuniberti foram rotuladas de inviáveis, por constituírem "ficção científica"; porém, não muitos anos depois acabaram por ser adotadas pelas marinhas de diversos países.

Assim, em 1905 a Marinha Imperial Japonesa batia a quilha do "Aki", enquanto que coube à Marinha Britânica lançar ao mar em 1906 o "HMS Dreadnought".

Ambos incorporavam as prescrições de Cuniberti, embora o vaso japonês, em virtude de problemas técnicos, veio a ser concluído apenas depois de cinco anos (1911) como um "dreadnought híbrido" (ou semi-dreadnought).

Portanto, o "HMS Dreadnought" deu início a uma nova geração de vasos de guerra, a qual se tornou conhecida pelo seu nome.

A construção dessa classe de belonaves verificou-se durante a corrida armamentista da primeira e segunda décadas do século XX ("A corrida naval" de 1906 a 1914), na qual as marinhas de diversas nações, principalmente da Alemanha, Estados Unidos, Grã-Bretanha e Japão, equiparam-se com vasos construídos em grande parte segundo as recomendações de Cuniberti.

No Brasil, o Barão do Rio Branco foi o grande propagandista da modernização e do aumento do poderio naval brasileiro no princípio do século, recebendo do Congresso Nacional a apóstrofe "Dinheiro haja, Senhor Barão!".

Como parte do programa de ampliação e modernização da esquadra brasileira, iniciado em 1906, encomendou-se a construção aos estaleiros ingleses dos "encouraçados-dreadnought" "Minas Gerais", "São Paulo" e "Rio de Janeiro".

Os dois primeiros foram concluídos e incorporados à esquadra brasileira em 1910, ao passo que o último acabou por ser vendido à Turquia, e, posteriormente, foi desapropriado pela Inglaterra, que o engajou à Royal Navy durante a Primeira Guerra Mundial com o nome de "HMS Agincourt".

Oh! Minas Gerais
 
O "Minas Gerais" foi encomendado aos estaleiros da Armstrong Whitworth, Grã-Bretanha. Teve a quilha batida em 17.04.1907 e foi lançado em 10.09.1908. A construção findou-se em 06.01.1910.

Quando entrou em serviço constituía, juntamente com o seu irmão gêmeo "São Paulo", uma das belonaves mais poderosas do mundo: montava doze canhões de 12 polegadas em seis torres, bem como artilharia secundária composta por vinte e dois canhões de 4.7 polegadas, além de oito outras peças de 3 libras.

Tornou-se motivo de orgulho nacional, tanto que a valsa "Oh! Minas Gerais", com a melodia italiana Vieni sul mar, foi composta em sua homenagem, e não ao Estado da Federação brasileira.

A nova belonave exigia grande equipagem, principalmente de foguistas, de maneira que para suprir a carência de pessoal foram contratados até mesmo marinheiros estrangeiros (ingleses, portugueses, gregos, americanos e barbadenses).

A Revolta dos Marinheiros
 
Na noite de 22.11.1910 eclodiu a bordo do "Minas Gerais", quando este se encontrava fundeado na Baía da Guanabara, o motim que passou à história como a "Revolta dos Marinheiros" ou a "Revolta da Chibata".

Diversas são as causas apontadas para o motim: recrutamento forçado que importava em 10 ou 15 anos de serviço militar obrigatório, punições corporais (açoites), excesso de trabalho, péssima alimentação e salários irrisórios; porém, nas palavras do historiador Pedro Calmon, "o pretexto era o inumano regime de castigos de bordo, vergonhoso, mas subsistente, nessa armada que se renovava."

No dia 16 de novembro, o marinheiro Marcelino Rodrigues Menezes fora chicoteado, recebendo duzentos e cinquenta golpes do próprio comandante do "Minas".

Apontam os historiadores, também, que um dos motivos de irritação dos marinheiros era o tratamento dispensado aos ingleses que foram contratados para suprir as deficiências de pessoal e que se encontravam a bordo do "Minas Gerais": enquanto a ração dos marujos brasileiros era péssima e escassa, os ingleses recebiam alimentos em abundância e de melhor qualidade.

Na indigitada noite, quando o Comandante Batista das Neves retornava de um jantar oferecido a bordo do navio francês "Duguay-Trouin", os marinheiros cercaram-no e, depois de breve luta, o mataram a tiros e coronhadas. Na seqüência, os demais oficiais foram mortos, conforme acordavam e saíam dos camarotes para verificar o que ocorria.

No entanto, o 2º Tenente Álvaro Alberto, embora gravemente ferido, pois fora atingido por golpes de baioneta ao defender o Comandante Batista das Neves, alcançou o "São Paulo" com um escaler e conseguiu notificar os demais oficiais da frota, que escaparam para a terra.

Os vasos "São Paulo", "Deodoro" e "Bahia", privados de seus oficiais, aderiram ao motim no decorrer da noite.

Na manhã seguinte, comandados pelos marinheiros de primeira classe João Cândido Felisberto e Francisco Dias Martins, os amotinados bombardearam a Cidade do Rio de Janeiro, atingindo a Ilha de Villegaignon e adjacências. Alguns disparos, efetuados sem muita precisão, foram direcionados contra o Palácio do Catete, sede do Governo Federal.

Declarações da equipagem do "Duguay-Trouin" dão conta que os revoltosos manobraram os navios com perícia.

Também no dia 23 de novembro, pela manhã, o deputado e capitão-de-mar-e-guerra José Carlos de Carvalho esteve a bordo do "Minas Gerais" e do "São Paulo", para dar início às negociações com os marinheiros.

Nos dias subseqüentes, os navios que não aderiram à revolta, na maioria contratorpedeiros, entraram em prontidão para torpedear as belonaves amotinadas.

Em 25 de novembro, o Ministro e Almirante Batista Leão emitiu a ordem de afundar a "Esquadra Branca": "hostilize com a máxima energia, metendo-os a pique sem medir sacrifícios."

Entretanto, depois da anistia votada pelo Congresso Nacional em 25 de novembro, as negociações obtiveram êxito, de modo que os revoltosos se entregaram no dia 26 de dezembro.

A Primeira Guerra
 
Com a entrada do Brasil na guerra, em 26 de outubro de 1917, planejou-se enviar o "Minas Gerais" e o "São Paulo" à Europa, para que se juntassem à Royal Navy em Scapa Flow.

Contudo, as belenonaves que em 1910 eram os encouraçados mais modernos do mundo, em 1917 já necessitavam de séria atualização dos equipamentos para fazer frente às exigências da guerra naval que se desenvolvia na Europa.

Desse modo, a inadequação tecnológica e a impossibilidade de atualizá-lo em tempo hábil impediu que o "Minas Gerais" integrasse a Divisão Naval enviada para participar da I Guerra.

A Modernização de 1935/1939
 
A exemplo do que já ocorrera com os "dreadnoughts" ingleses, americanos, italianos e japoneses, o "Minas Gerais" foi submetido a uma reforma no quadriênio 1935/1939: as caldeiras a carvão foram substituídas por máquinas a óleo que passaram a lhe proporcionar a potência de 30.000 Hp, enquanto que a superestrutura foi completamente reformulada.

Por sua vez, as duas chaminés de descarga, em virtude da substituição dos propulsores, foram extraídas e trocadas por uma única nova.

O armamento sofreu modificações também, pois parte da artilharia secundária foi removida para dar espaço às novas peças de defesa antiaérea: quatro de três polegadas e quatro de 40mm (Bofors) montadas em torres gêmeas.

O "novo perfil" do "Minas Gerais" lhe deu sobrevida de dezesseis anos.

A Segunda Guerra
 
No decorrer do ano de 1942, o Brasil foi levado à guerra em razão dos ataques de submarinos alemães e italianos aos seus navios mercantes.

Havia necessidade premente de defesa da marinha mercante contra a ameaça do Eixo, sendo certo que muitas das operações de torpedeamento ocorreram próximas à costa.

No entanto, o velho encouraçado não se mostrava apropriado para as missões de escolta dos comboios de navios mercantes e, por outro lado, mesmo depois da reforma da década de 30, não tinha condições de participar de operações de superfície, porque não fora suficientemente modernizado.

Coube-lhe, porém, durante a II Guerra, a designação para servir de bateria flutuante em defesa do porto de Salvador.

O Fim
 
No princípio da década de cinqüenta e depois de mais de 40 anos de serviço, o velho "Minas" foi descomissionado e vendido

A "Era do Dreadnought" passara, uma vez que os encouraçados foram superados pela aviação, notadamente por aquela embarcada em porta-aviões, como demonstraram no decorrer da Segunda Guerra, sem sombras de dúvidas, os ataques às bases de Taranto e Pearl Harbour, bem como os afundamentos dos encouraçados "Bismarck", "Prince of Wales", "Repulse", "Yamato" e "Musashi".

No final da Segunda Guerra, os encouraçados aliados foram relegados a missões de escolta de porta-aviões ou de bombardeamento da costa durante operações de desembarque, ao passo que os poucos remanescentes alemães, italianos e japoneses eram massacrados pela aviação nos portos em que estavam retidos por falta de óleo combustível ou de apoio aéreo.

O velho "Minas Gerais" não pôde resistir ao tempo e ao avanço tecnológico da guerra naval e foi sucateado em 1954, três anos depois do afundamento do "seu irmão" "São Paulo" ao largo dos Açores.
As pessoas te pesam? Não as carregue nos ombros. Leva-as no coração. (Dom Hélder Câmara)
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« Responder #1 em: Julho 25, 2008, 08:37:29 pm »
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« Responder #2 em: Julho 25, 2008, 08:58:15 pm »
Arte do "Minas Gerais":


Encouraçado "Minas Gerais" em 1910:


Desenho de como era o "Minas Gerais" em 1910:


Desenho de como era o "Minas Gerais" em 1937:


Desenho de como era o "Minas Gerais" em 1939:


Fontes:
http://www.naval.com.br/NGB/NGB-new.htm
http://www.geocities.com/Pentagon/Base/6284/
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« Responder #3 em: Julho 25, 2008, 09:01:20 pm »
As pessoas te pesam? Não as carregue nos ombros. Leva-as no coração. (Dom Hélder Câmara)
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Cabeça de Martelo

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« Responder #4 em: Julho 26, 2008, 11:17:29 am »
Estes couraçados eram fantásticos, agora temos que nos contentar com as bestas dos navios Russos (que são feios como a cara do Pzito). :twisted:
7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.

 

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« Responder #5 em: Julho 26, 2008, 09:20:36 pm »
Citação de: "Cabeça de Martelo"
Estes couraçados eram fantásticos, agora temos que nos contentar com as bestas dos navios Russos (que são feios como a cara do Pzito). :twisted:


@_@



vai lavar a loiça e sharapi!
"[Os portugueses são]um povo tão dócil e tão bem amestrado que até merecia estar no Jardim Zoológico"
-Dom Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas