Este tipo de aliança, se bem feita, pode ganhar bastante interesse na região. Dá-nos peso diplomático que pode ser importante para aproximar África do Ocidente, e afastar da China, e permite reforçar a segurança do Atlântico. Mas isto claro, depende muito da nossa credibilidade.
O peso diplomático de um país, decorre do peso que têm tanto a sua economia quanto as suas forças armadas (que são condicionadas pela economia)
A verdade é que nós não temos dinheiro para a maioria das coisas que achamos bem, e o problema das contas é sempre devastador.
Portugal não tem qualquer capacidade para evitar que a China tome posições em países africanos, como não teve no passado para evitar que a União Soviética o fizesse.
Creio que às vezes perdemos a noção dos custos e do dinheiro envolvido.
Na década de 1970 e 1980 foram enviados para a URSS para estudar, milhares de africanos dos PALOP, que hoje de uma forma ou de outra controlam a estrutura produtiva e também (direta e indiretamente) a estrutura militar.
Não entendo sinceramente o espanto de muitos comentadores sobre as posições dos dirigentes de Angola ou de Moçambique sobre a guerra na Ucrânia.
Há já mais de uma década tive a oportunidade por interposta pessoa de falar com alguns desses quadros durante uma simples viagem de turismo.
E devo dizer que, Portugal conta praticamente nada. Existe uma relação afetiva, mantida porque já no tempo colonial havia elites negras em Angola e Moçambique.
Há gente que tem uma relação com Portugal desde o colégio, a escola primaria e até o Liceu.
Mas depois disso, o mundo deles mudou, e até hoje continua na mesma (vejam o atual presidente de Moçambique).
Quanto à China, o processo passa por primeiro apoiar um partido politico em eleições ...
Quando esse partido politico ganha as eleições, convence-$e o governo a fazer grandes empréstimos para grandes investimentos em portos e aeroportos intercontinentais que a China convenientemente apoia com o aval do estado chinês aos bancos que organizam o negócio.
Depois, o país africano, passados uns anos, percebe que nem sequer tem dinheiro para pagar os juros das dívidas que contraiu...
A China, naturalmente sendo um potência benigna cheia de boas intenções, avança com um apoio do estado chinês, normalmente um aluguer a preços muito bons, e por um pequeno periodo de 100 (cem) anos das estruturas portuarias e aeroportuárias que os chineses convenceram os africanos a comprar com todas as facilidades ...
E a partir daí, com o controle das estruturas portuárias e aeroportuárias, os chineses mandam nos portos e nos aeroportos e estão apenas a defender os interesses de um estado independente...
O resto é conhecido ... aconteceu em várias ilhas do Pacífico e a cartilha é sempre a mesma.
Se alguém fizer alguma coisa, é imperialismo e neo colonialismo e um ataque imoral à pobre e bem intencionada nação chinesa que não quer mais nada que a paz no mundo...
E Portugal, vai atentar contra a Paz Celestial, com os recursos que tem ?
Pareço identificar neste fórum (e não só) a criação de um riacho, depois um ribeiro, e já vai num rio de separação entre a realidade do que é Portugal, e os sonhos Sebastianistas sem qualquer base na economia nem na realidade...
Talvez a primeira coisa a fazer, seja uma lista de preços honesta, mas que conte com os custos que normalmente ficam escondidos, com os custos reais de manutenção e que levam a que tantas forças armadas europeias estejam na situação em que estão...