Os russos afirmaram categoricamente aquando o falhanço da sua pressão sobre Kiev para fazer uma mudança de governo ou de politicas e decidiram retirar da zona e concentrar no Dobass, que a Ucrania tinha perdido a sua oportunidade de continuar um país soberano e independente.
Um país com um governo fantoche, não é um país soberano e independente. Quando se fala assim, é o mesmo que dizerem que na história do nosso país, sempre que houve uma invasão, não devíamos ter combatido para "poupar no sangue derramado". A Ucrânia apenas exerce o seu direito de se defender de um invasor. Já a Rússia, essa sim podia evitar o derramamento de sangue de ambas as partes, ao não ter invadido. Mas isto seria um conceito irrealista, não invadir um país vizinho. E mesmo que se sucedesse uma capitulação do governo da Ucrânia, não seria sinónimo de paz, já que havia o sério risco de uma guerra de guerrilha ou até uma guerra civil.
Quanto à vantagem numérica da Ucrânia face à Rússia, esta é contextual. Contabilizando todo o território ucraniano, sim, eles estão em vantagem. Se contabilizarmos os actuais focos do conflito, existe um equilíbrio, senão mesmo vantagem numérica russa. A Ucrânia não tem todas as suas tropas na linha da frente, tendo ainda muitas forças espalhadas pelo país, e outras até no estrangeiro a receber treino. No entanto, vantagem numérica não diz tudo. Tecnologias modernas permitem contornar a desvantagem numérica em muitos casos.
Dito isto, não é um dado adquirido que o prolongar do conflito beneficie a Rússia. Se a Rússia já está a ir buscar T-62 à lixeira, e o stock de armas mais sofisticadas vai-se reduzindo, como será daqui a mais 2 ou 3 meses de guerra? É que se a qualidade dos meios da Rússia vai começar a reduzir, com a introdução de CCs mais velhos por exemplo, a qualidade de meios ucranianos, à medida que o conflito decorre, pode vir a aumentar em contraste com os russos, com o possível fornecimento de CCs modernos ocidentais por exemplo. Também é estar atento ao que se passa dentro da Rússia. Se o povo começa a protestar em massa, a coisa complica para a Rússia.
Para o Ocidente, a questão não é se continua a fornecer armamento à Ucrânia, mas sim que tipo de armamento. Sistemas mais antiquados apenas servem para reforçar segundas linhas, reforçar capacidade logística (caso dos M-113), para a linha da frente é necessário meios modernos e multiplicadores de força.