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Energia Nuclear

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Energia Nuclear

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Marauder

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« Responder #30 em: Março 24, 2006, 11:59:27 am »
No Japão, eles tem os ABWR (Advance Boiling Water reactor penso eu). Estranho....os japoneses considera estes seguros, mas têm imensos problemas em deixar que os EUA estacionem um porta-aviões nuclear no Japão..

   Alguém tem um melhor insight acerca disto?
 

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TOMKAT

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« Responder #31 em: Março 24, 2006, 03:59:41 pm »
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Tribunal japonês ordena encerramento de central nuclear

O Tribunal de Kanazawa ordenou hoje o encerramento de segunda maior central nuclear do Japão, operada pela empresa Hokuriku Electric Power, devido ao perigo que esta representa para a população.

O Tribunal deu razão a um grupo de cidadãos que protestava contra a localização da central, próximo à falha de Ochigata, depopis de uma comissão governamental japonesa ter advertido para a probabilidade de ali ocorrer um sismo de magnitude 7.6 na escala de Richter.

O reactor avançado de água em ebulição (ABWR, em inglês), o número 55 do Japão e o segundo maior em termos de produção, está a operar desde de 15 de Março.

A empresa Hokuriku Electric Power anunciou que vai recorrer da sentença, alegando que foram adoptadas todas as medidas de segurança necessárias.

Todavia, os queixosos sustentam que a região de Hokuriku pode prescindir dessa central nuclear porque não tem problemas de abastecimento de energia.


Fonte Diário Digital

Mesmo em cima de falhas geológicas são construídas centrais nucleares...

...No dia em que Sócrates voltou a pôr de lado a construção de uma hipotética central nuclear em Portugal, em declarações durante uma reunião da UE sobre o futuro da política energética na União.

A União Europeia no comunicado final das conclusões da reunião, acerca da energia nuclear, considerou que isso era matéria que dizia apenas respeito a cada país individualmente.
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Marauder

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« Responder #32 em: Março 27, 2006, 10:48:46 am »
Entrevista a Monteiro de Barros acerca da Refinaria, que ao fim da 1ª pergunta resumiu-se a falar da opção nuclear..


http://jn.sapo.pt/2006/03/27/primeiro_p ... lhoes.html

 "Não sejamos mais papistas que o papa.."
 

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Spectral

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« Responder #33 em: Março 30, 2006, 05:51:31 pm »
Os defensores do nuclear muitas vezes esquecem-se ( ou querem fazer-nos esquecer) dos elevadíssimos custos de operação e manutenção de uma central nuclear.

Imaginando por exemplo que Portugal aposta em 2 centrais, quando uma desta entrar em obras de grande manutenção ( necessárias e regulares), serão sempre uns 6 meses inactiva, o que siginifica que durante esses 6 meses o programa nuclear português irá contribuir METADE do planeado no plano energético nacional.

Ou por exemplo considerar que as centrais nucleares têm um tempo de vida fixo, e que ao fim dele têm que ser desactivadas num processo extremamente oneroso.


http://news.bbc.co.uk/2/hi/business/4859980.stm
I hope that you accept Nature as It is - absurd.

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Marauder

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« Responder #34 em: Março 30, 2006, 06:42:44 pm »
Citação de: "Spectral"
Os defensores do nuclear muitas vezes esquecem-se ( ou querem fazer-nos esquecer) dos elevadíssimos custos de operação e manutenção de uma central nuclear.

Imaginando por exemplo que Portugal aposta em 2 centrais, quando uma desta entrar em obras de grande manutenção ( necessárias e regulares), serão sempre uns 6 meses inactiva, o que siginifica que durante esses 6 meses o programa nuclear português irá contribuir METADE do planeado no plano energético nacional.

Ou por exemplo considerar que as centrais nucleares têm um tempo de vida fixo, e que ao fim dele têm que ser desactivadas num processo extremamente oneroso.


http://news.bbc.co.uk/2/hi/business/4859980.stm


Pois.. :oops:
 

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TOMKAT

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« Responder #35 em: Março 31, 2006, 05:35:27 pm »
Citação de: "Spectral"
Os defensores do nuclear muitas vezes esquecem-se ( ou querem fazer-nos esquecer) dos elevadíssimos custos de operação e manutenção de uma central nuclear.

Argumento pouco credível.
Se assim fosse refletir-se-ia no preço final da energia produzida.
Quando todos os estudos apontam para um preço Kw/h mais baixo que o produzido por centrais térmicas esse argumento cai pela base se lhe acrescentarmos as taxas sobre as emissões de CO2,... um factor a ter em conta.

Se o argumento fosse o preço então nunca seria produzida electricidade por sistemas eólicos, que no imediato, apresentam o preço kw/h mais caro.

Citação de: "Spectral"
Imaginando por exemplo que Portugal aposta em 2 centrais, quando uma desta entrar em obras de grande manutenção ( necessárias e regulares), serão sempre uns 6 meses inactiva, o que siginifica que durante esses 6 meses o programa nuclear português irá contribuir METADE do planeado no plano energético nacional.

O hipotético investimento a ser feito na energia nuclear em Portugal será privado, e coisa que os privados sabem fazer bem é contas à rentabilidade do investimento, e nessas contas obrigatóriamente estarão os períodos de manutenção.

Quanto à inactividade se ela tiver impacto, só o terá se a produção for vital para o país, aí seria mais um argumento a favor do nuclear, ao tornar-se tão vital que qualquer paragem de produção seja um drama.

Além disso continuará a haver energia disponível no mercado para suprir necessidades pontuais.

Citação de: "Spectral"
Ou por exemplo considerar que as centrais nucleares têm um tempo de vida fixo, e que ao fim dele têm que ser desactivadas num processo extremamente oneroso.

Única questão problemática, o que fazer com uma instalação nuclear desactivada...apesar de voltarmos ao ponto inicial.
No projecto tudo deve ser ponderado, até esse custo final que será a desactivação de uma central.
Não esquecer que este tipo de instalações passa por vários tipos de inspecções bastante rigorosos, mesmo em fase de desactivação esse rigor deve-se manter,... julgo eu de que...

Citação de: "Spectral"
http://news.bbc.co.uk/2/hi/business/4859980.stm



Nesse mesmo link há um artigo em que se fala da construção de mais uma central nuclear na Finlândia....e explica o porquê da necessidade de mais uma central.
Se a Finlândia serve de bom exemplo para tanta coisa.....
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Spectral

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« Responder #36 em: Março 31, 2006, 06:06:43 pm »
Citar
Argumento pouco credível.
Se assim fosse refletir-se-ia no preço final da energia produzida.
Quando todos os estudos apontam para um preço Kw/h mais baixo que o produzido por centrais térmicas esse argumento cai pela base se lhe acrescentarmos as taxas sobre as emissões de CO2,... um factor a ter em conta.

Por exemplo argumentos de escala. Por exemplo na formação de pessoal,se apenas tivermos 2 centrais a formação per capita fica muito mais cara se tivermos uma pool de 20 centrais. Além que existem muitos gastos que são contabilizados à parte através de organismos e institutos diversos.


Citar
O hipotético investimento a ser feito na energia nuclear em Portugal será privado, e coisa que os privados sabem fazer bem é contas à rentabilidade do investimento, e nessas contas obrigatóriamente estarão os períodos de manutenção.

Quanto à inactividade se ela tiver impacto, só o terá se a produção for vital para o país, aí seria mais um argumento a favor do nuclear, ao tornar-se tão vital que qualquer paragem de produção seja um drama.

Além disso continuará a haver energia disponível no mercado para suprir necessidades pontuais.

Não está a perceber. É uma questão de prioridades, ou investir em energia nuclear ou noutros meios de modo a compensar as nossas deficências energéticas. O país vai investir uma grande soma de dinheiro num projecto que durante períodos de tempo razoavelmente grandes vai render METADE da energia.  O país vai planear a sua indústria com o output de energia vindo do nuclear, e quando houver esses períodos de falha essa energia terá de ser adquirida lá fora, de alguma maneira ( certamente a preços inflacionados ao real, afinal estamos num economia de mercado, e energia é um bem sem o qual não podemos passar). Mais uma vez é uma questão de escala. se tivéssemos 20 centrais, mesmo com 1 ou 2 em ciclo de manutenção teríamos sempre 18/20 ou 19/20 da nossa capacidade operacional, enquanto com 2 centrais teríamos períodos a METADE.

Este argumento da energia disponível é muito importante. Há coisa de um ano atrás assisti a uma conferência dada por um gestor da EDP, em que explicava a razão porque esta eram muitas vezes reticente à instalação de parques eólicos era porque muitos não tinham estudos sobre a energia média que podiam fornecer à rede, já que quando  estas fontes "falham"  ( e pr exemplo tb as barragens) a EDP tem que ligar as termoeléctricas para mnter o nível de E fornecida ao consumidor constante, reultando numa conta muito maior para o país. Claro que no caso do nuclear este estudo estará feito, mas este exemplo mostra como é essencial manter um nível de E na rede constante, e como custa (e muito) períodos em que componentes do sistema não estão disponíveis.

Isto é, claro, assumindo que os planos são para 2 centrais, porque senão ainda pior é  :roll: ... Antes era com a Irlanda, temos que ter sempre um exemplo lá fora a seguir em tudo...
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TOMKAT

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« Responder #37 em: Março 31, 2006, 08:02:59 pm »
Citação de: "Spectral"
...
 É uma questão de prioridades, ou investir em energia nuclear ou noutros meios de modo a compensar as nossas deficências energéticas.

É por essas mesmas deficiências que algo tem que ser feito...
E há poucas ou nenhumas alternativas ao nuclear em termos de meios de produção a instalar.

A alternativa Hidrográfica está esgotada, a não ser que se queiram acabar com todos os leitos de rios que ainda sobram, e mesmo a acontecer apenas se aumentaria um pouco a produção, e continuariamos com o mesmo problema.

A Eólica tem exactamente o problema da inconstância na produção pelo que nunca será uma solução definitiva.

A energia das ondas... tecnologia demasiado recente para se retirarem ilações, deverá padecer do mesmo problema da eólica, não que as ondas parem mas na capacidade de produção.

Fotovoltaica..., não conheço em profundidade as capacidades das tecnologias disponíveis para opinar com substância, mas parece-me que padece do mal de todos os métodos de energias renováveis.... a limitada capacidade de produção instantânea de energia.

Juntando todas as renováveis talvez se encontrassem valores razoáveis de produção, mas seriam suficientes para as necessidades, em especial as necessidades da indústria?

Talvez se se construíssem mais parques de energias renováveis chegassemos a valores significativos, mas como ficaria o país em termos de paisagem?

O Alentejo coberto de painéis solares.
As montanhas "infestadas" de centrais eólicas.
As praias... entubadas.

Passe o exagero das comparações acima referidas, teriamos que chegar próximos desses exageros para as renováveis suprirem as nossas necessidades.

Onde está a alternativa ao nuclear para alterar a nossa depemdência energética do exterior?

Citar
Mais uma vez é uma questão de escala. se tivéssemos 20 centrais, mesmo com 1 ou 2 em ciclo de manutenção teríamos sempre 18/20 ou 19/20 de nossa capacidade operacional, enquanto com 2 centrais teríamos apenas METADE.

Correcto e incontornável o argumento, mas METADE é melhor que NADA.

Imagino o rebuliço por que passaria este país se algém se atrevesse a dizer que pretendia construír 10 centrais nucleares.
Se 1 mete medo 10.....

Citar
E que obsessão "nacional" é esta agora com a Finlândia  :roll: ... Antes era com a Irlanda, temos que ter sempre um exemplo lá fora a seguir em tudo...


Qualquer mau aluno deve olhar para os bons alunos para aprender o que de bom eles fazem.
Não devemos olhar para baixo, devemos olhar para cima e aprender com quem trabalha bem.

A Finlândia, com menos população que Portugal, mas com outras necessidades energéticas devido ao clima, apostou no nuclear.
E nós porque não?

Os custos energéticos nas nossas empresas são um factor penalizador quando comparado com empresas concorrentes de outros países com preços de energia mais barata, .... graças ao nuclear.

Mas quando uma empresa fecha a reação é ..."Olha que mau empresário, mais um que não soube comandar a empresa".

Ás vezes (muitas) até é verdade, mas quantas empresas neste país passam dificuldades por não conseguirem ser competitivas nos mercados externos graças aos custos energéticos que enfrentam.

E nós precisamos exportar mais, muito mais.... e em mercados em que a luta é feroz, qualquer factor penalizador é por vezes fatal.

Não sou um acérrimo defensor do nuclear, embora pareça, mas não vejo alternativas credíveis.
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Marauder

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« Responder #38 em: Março 31, 2006, 08:11:21 pm »
Tal como o Tomkat já falou, o olhar perante o exemplo da Finlândia ou da Irlanda é natural. Na economia de mercado as empresas praticam o chamado benchmarking, normalmente à empresa líder do sector.

   Em termos de Estados e institutos públicos já o mesmo não acontece, coisa que me deixa zangado....só de pensar que existem muitos problemas que secalhar bastaria olhar por cima do ombro para nossos colegas espanhois, franceses, whatever...bastaria isso para dar "um cheirinho" da resolução. É claro que cada caso é um caso, e os países são diferentes, mas mal não pode fazer ora bolas!!!

   Deviamos era chamar tecnicos dos governos dos 3 países da Europa com melhor crescimento...

http://www.guiarh.com.br/z59.htm
 

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Spectral

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« Responder #39 em: Abril 05, 2006, 04:07:18 pm »
Quanto a alternativas, alguns dados interessantes, nomeadamente sobre a fotovoltaica:



Fonte: Renewable Energy: Power for a Sustainable Future, Godfrey Boyle  

90000 TW ->  3x1024 joules/ano

Esta energia é 104 vezes o consumo actual de toda a população mundial.

Seria necessário cobrir apenas 0.1% da superficie da terra com paineis fotovoltaicos de 10% de eficiência ( a geração actual, baseada em Si) para suprir as necessidades energéticas do mundo actual.

E tendo em conta que a próxima geração de células solares prestes a chegar ao mercado promete taxas de eficência de cerca de 30-40% (filmes finos em substratos), e a seguinte põe a fasquia ( exequível) nos 80% (células em tandem, de várias bandas, etc), há muitas e boas razões para apostar nesta área.

A questão do armazenamento desta energia (devido ao problema impossivel de contornar de apenas fornecer energia durante o dia) pode ser resolvida  com o recurso ao armazenamento descentralizado em "baterias" de hidrogénio através da formação de hidretos metálicos.


Também não me oponho à energia nuclear por princípio, apenas me parece que não faz muito sentido para um mercado da dimensão do nosso. Sempre em minha opinião, é claro  :wink:
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« Responder #40 em: Abril 05, 2006, 05:26:24 pm »
Citação de: "Spectral"
Quanto a alternativas, alguns dados interessantes, nomeadamente sobre a fotovoltaica:



Fonte: Renewable Energy: Power for a Sustainable Future, Godfrey Boyle  

90000 TW ->  3x1024 joules/ano

Esta energia é 104 vezes o consumo actual de toda a população mundial.

Seria necessário cobrir apenas 0.1% da superficie da terra com paineis fotovoltaicos de 10% de eficiência ( a geração actual, baseada em Si) para suprir as necessidades energéticas do mundo actual.

E tendo em conta que a próxima geração de células solares prestes a chegar ao mercado promete taxas de eficência de cerca de 30-40% (filmes finos em substratos), e a seguinte põe a fasquia ( exequível) nos 80% (células em tandem, de várias bandas, etc), há muitas e boas razões para apostar nesta área.

A questão do armazenamento desta energia (devido ao problema impossivel de contornar de apenas fornecer energia durante o dia) pode ser resolvida  com o recurso ao armazenamento descentralizado em "baterias" de hidrogénio através da formação de hidretos metálicos.


Também não me oponho à energia nuclear por princípio, apenas me parece que não faz muito sentido para um mercado da dimensão do nosso. Sempre em minha opinião, é claro  :wink:


Spectral,
             pode-me explicar melhor as diferentes colunas....estimadas como recuperáveis e recursos base ? Não percebo....isso não quer dizer que de 90 mil TW só conseguimos captar 1000 TW ? Devo ter faltado a alguma aula..lol...
 

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TOMKAT

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« Responder #41 em: Abril 05, 2006, 06:49:06 pm »
Citação de: "Spectral"
Quanto a alternativas, alguns dados interessantes, nomeadamente sobre a fotovoltaica:

...

Esta energia é 104 vezes o consumo actual de toda a população mundial.

Seria necessário cobrir apenas 0.1% da superficie da terra com paineis fotovoltaicos de 10% de eficiência ( a geração actual, baseada em Si) para suprir as necessidades energéticas do mundo actual.



Dados interessantes.
Tão interessantes, que tornam incompreensível a não aprovação de um projecto de uma empresa alemã de uma central fotovoltaica para o Alentejo, há cerca de 2 meses creio, se não me falha a memória dizia-se que iria ser das maiores da Europa, incompreensível pela imagem puritana que o Governo quer passar como defensor acérrimo das energias renováveis.

Haverá interesses ocultos na aposta declarada nas eólicas?
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Spectral

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« Responder #42 em: Abril 07, 2006, 04:44:48 pm »
Bem, também não sei exactamente como o autor chegou a estes números ( no caso por exemplo da eólica a "resource base" provavelmente representa a energia eólica disponível em toda a atmosfera, a colectável a que é possível recolher a altitudes dos mastros eólicos), provavelmente também não estava com muita atenção nessa aula   c34x

É verdade Tomkat, é preciso ter em conta que se podem realizar negócios imobiliários muito *interessantes* com os parques eólicos. Estes exigem locais muito específicos, e sabendo como funcionam as nossas autarquias não punha as mãos no fogo em muitos dos negócios...
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TOMKAT

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« Responder #43 em: Abril 07, 2006, 07:35:18 pm »
Citação de: "Spectral"

..., é preciso ter em conta que se podem realizar negócios imobiliários muito *interessantes* com os parques eólicos. Estes exigem locais muito específicos, e sabendo como funcionam as nossas autarquias não punha as mãos no fogo em muitos dos negócios...


Pois, ... eu próprio atesto isso.
Possuo uma propriedade no cimo duma pequena montanha, mais monte que montanha, e fui sondado pelo responsável autárquico da freguesia onde a propriedade se situa, para saber da minha disponibilidade para ser aí instalado um parque eólico.

Fiquei inpressionado com os números que me apresentaram, tendo como é obvio, aceitado a hipotética instalação do dito parque, pois a rentabilidade da propriedade era (é) pouco mais que nula, além da bela paisagem que daí se disfruta.

Fiquei a saber também que 5% do rendimento do parque reverte para a autarquia, sendo esse rendimento dividido (50/50) pela Câmara e pela Freguesia, sendo verbas já significativas, para os parcos orçamentos autárquicos.

ps. Infelizmente, para as minhas finanças  :( , devido a motivos ambientais (?) o parque não foi instalado. Alegaram que nesse local, a sombra projectada pelas élices incidia sobre uma povoação e isso podia provocar problemas de stress na população pela constante rotação da sombra.
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antoninho

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REPORTAGEM DO CM ONLINE
« Responder #44 em: Abril 10, 2006, 07:07:34 pm »
O empresário Patrick Monteiro de Barros pode ficar conhecido na História de Portugal como 'o homem do nuclear'. Pegou na ideia há 22 meses, apresentou-a à sociedade civil e levou-a a todos os partidos políticos.

Quer construir uma ou duas centrais, sem pedir um tostão de subsídio. Em breve, entregará ao Governo um dossier completo do projecto. Garante que é a fonte de energia mais barata, limpa e segura que existe e diz-se disposto a lutar até ao fim. Mas não diz se vai lançar uma OPA sobre a PT.

- Acredita mesmo que Portugal vai produzir energia nuclear?

- Não tenho a mínima dúvida.

- Há muito que se fala nisso...

- É um tema que foi abordado há trinta anos, mas acabou por ser enterrado. Nessa altura, o petróleo era barato e não havia as preocupações que há hoje. O que se passa é que nos últimos anos houve uma evolução muito importante nos preços, tanto do petróleo como do gás natural, que subiram e vão continuar a subir. E, depois, há a questão do protocolo de Quioto.

Uma vitória muito grande dos ambientalistas, que apoio totalmente, embora tenha uma gravíssima lacuna: os Estados Unidos ainda não o assinaram, tal como a China e a Índia, que têm grande responsabilidade nas emissões. Quioto só será realmente válido quando esses três países assinarem.

- Com essas alterações, a questão do nuclear voltou à ordem do dia.

- E pela minha mão! Reivindico ter sido, indiscutivelmente, o primeiro em Portugal a colocar o tema na agenda, quando, há 22 meses, dei uma conferência em que disse: Portugal está numa encruzilhada energética e a única solução é o nuclear.

Chamaram-me todos os nomes, mas quando olho para as sondagens recentemente publicadas verifico que a maioria dos portugueses estão de acordo com as minhas ideias.

- E propõe logo a construção de duas centrais nucleares...

- Não. Proponho uma. Os estudos que temos é que demonstram que ficaríamos melhor servidos com duas. Porquê? Porque somos o único país da Europa que tem urânio. Temos a matéria-prima. Hoje está provado que a energia nuclear é a mais barata de todas. De longe.

Sem contar com as penalidades de Quioto. E estamos a falar de diferenças substanciais. Um megawatt nuclear sai, mais ou menos, a 25 euros; o gás natural anda acima dos 45 e nas eólicas estão a pedir 85/90 euros. Não sou contra as eólicas. Nem contra as energias renováveis. Só que são caríssimas.

Se baseamos toda a nossa política energética nas renováveis, vamos ter a energia mais cara da Europa. E se temos a energia mais cara da Europa, seremos os menos competitivos.

- Já pensou onde é que essas centrais ficariam instaladas?

- Fez-se do nuclear um papão e há uma certa apreensão por parte das populações. É preciso informar as pessoas. Veja o que se passa em França: no vale do Loire, que recebe milhões de turistas, estão lá seis reactores. Aliás, temos dois reactores em cima da nossa fronteira.

Temos referenciados vários locais onde poderiam ser construídas, mas não temos o direito de começar a lançar nomes para a praça pública, porque a decisão final terá de ser acordada e discutida com o Governo.

- Que desvantagem vê na energia nuclear?

- Eu não vejo nenhuma. Só vantagens. É mais barata, completamente limpa e totalmente segura.

- A questão da segurança é a que causa maiores receios.

- Mas não tenha dúvidas: é a fonte de energia mais segura que há. Não houve, até hoje, no Ocidente, uma vítima mortal que fosse por causa de um acidente nuclear. Os opositores dizem: e se houver um ataque terrorista? E se o Osama bin Laden 'atirar' um avião para cima da central, o que é que acontece? Para já, a carapaça daquilo é enorme. Depois, fizeram-se grandes progressos. Os reactores da nova geração são muito mais seguros.

- Não teme entrar no tipo de discussão a que assistimos noutras áreas (regionalização, aborto, etc) em que se grita muito, debate-se pouco e nada se informa?

- Obviamente que é fundamental informar as pessoas e a Comunicação Social aqui tem um papel relevante. É importante mostrar que existe energia nuclear, que existe em todo o Mundo, que é perfeitamente segura, que está perfeitamente dominada e controlada, e que até os resíduos são perfeitamente tratados, sem o mínimo risco.

Quando se vê um país como a Finlândia, que já tinha reactores, a lançar-se numa nova construção de reactores, isto quer dizer alguma coisa. É dos Estados mais avançados e produtivos do mundo. Estamos a falar de um país com uma tradição ecológica comprovada. Não vamos ser mais papistas que o papa. Temos que ser coerentes.

Há certas pessoas que, ou por interesse ou por ‘lobbie’, são contra e utilizam todo e qualquer argumento, mas que não são válidos. Como este, por exemplo: o reactor que o senhor Monteiro de Barros quer trazer é um protótipo. Não há protótipos em nuclear.

Há uma evolução constante. Quem diz isso é complemente estúpido. Se há um protótipo, ele está na Finlândia. E, a seguir à Finlândia, a França vai construir um igual. No caso de Portugal seguir essa tecnologia, já seríamos o terceiro país. Quando as pessoas querem ser contra, vão buscar qualquer tipo de argumento.

- Com duas centrais, em que percentagem diminuia a nossa dependência do petróleo?

- Hoje, uma coisa não substitui a outra. Mas é hoje. E é aqui que há uma grande falta de visão. As pessoas que apontam esse argumento dizem assim: a energia nuclear só resolve uma pequena parte do problema.

Esse raciocínio, a meu ver, não está correcto. O problema é o seguinte: o novo plano energético prevê a construção de oito centrais de ciclo combinado a gás. Mais ou menos 400 megawatts cada. Uma nuclear são 1600.

Não seria mais lógico construir uma nuclear em vez de quatro a gás? Não teríamos as emissões, o custo era inferior e a balança de pagamentos não é afectada. Porque o gás natural é preciso importá-lo. E não é barato. Vai acompanhando os preços do petróleo.

Poderíamos dar ao nuclear uma participação na produção de electricidade maior. Mas não só: um dos problemas das emissões são, obviamente, os transportes públicos. Temos aí uma grande dependência. O uso da viatura própria é muito grande, porque os transportes públicos são péssimos.

O que é que acontece: vai haver uma evolução tecnológica do transporte e, vá por onde a gente for, com os carros eléctricos precisamos de electricidade. Vamos assistir a uma substituição e, em termos energéticos, a chave será o hidrogénio.

Ora, para fazer hidrogénio é preciso energia. Não podemos ficar fixados sobre a situação de hoje, temos que avaliar o que se vai passar nos próximos 10 a 15 anos. Nós, sistematicamente, temos andado atrás da moda em termos de energia.

Há trinta e tal anos, fomos para o carvão, quando já se estava a evoluir para o gás natural. Agora é o gás natural, numa altura em que a Europa reabre o dossier nuclear. Não temos alternativa. Eu não sou contra as renováveis, mas não resolvem o problema e o nuclear, por ser mais barato, pode contribuir para baixar a média do custo das renováveis.

- Podem constituir, contudo, um complemento.

- Podem e devem. Repare no seguinte: se formos, como é intenção do Governo, desenvolver fortemente a eólica, é preciso não esquecer uma coisa. A eólica só consegue utilizar 30 a 40 por cento da capacidade instalada. Ou seja, instala não sei quantos megawatts, mas só um terço é aproveitado. E quando, às vezes, têm a mais, outras não têm nada.

Precisa de 'back up', senão não há electricidade em casa. Se o nuclear for muito mais barato que a eólica, baixa o custo. De um lado tem 30 do outro tem noventa, faz a média. Aí são complementares. Dizer: eu só vou apostar nas renováveis... bom, para quem quiser construir fábricas e geradores acho muito bem. Mas não me parece ser a solução.

- Que receptividade acha que vai encontrar junto deste Governo para avançar com o projecto? É um governo de esquerda, são mais sensíveis às questões ambientais...

- O primeiro-ministro é uma pessoa que já vem do Ambiente. Tem conhecimentos sobre a matéria. Desde que, há 22 meses, lancei a ideia, pelo menos tenho uma certa satisfação de ver o que se passou ao longo deste tempo. Vejo, em Inglaterra, a reabertura do dossier nuclear; vejo, ao nível da União Europeia, uma recomendação para que se abra o dossier.

A recomendação é ténue, porque a presidência é austríaca e a Áustria é anti-nuclear. Mas todos os chefes de Estado europeus concordam que é preciso abrir o dossier. Na reunião de Julho do G8, vai haver um papel sobre a necessidade de repensar o nuclear. E, em Portugal, também houve uma evolução: primeiro, o Governo diz “isto não está no programa.”

Não está, mas pode vir a estar. Acho que dei um grande contributo ao ter lançado esta ideia e obviamente que quero fazer o projecto. A conferência que houve, o mês passado, na FIL, é um exemplo desse avanço. Foi um debate aceso, onde houve lugar para defensores e opositores e em que participaram centenas e centenas de pessoas com responsabilidades na vida económica, social e política do país.

É evidente que o Governo tem de ponderar muito bem. A opção tem uma conotação política. Tomei a iniciativa de apresentar o projecto a todos os partidos políticos. Todos. Até o Bloco de Esquerda e o Partido Comunista: "Meus senhores, está aqui isto." Não sei se os convenci, mas todos ouviram com muita atenção.

- Estas questões, normalmente, dividem a sociedade e não seria de estranhar o recurso ao referendo...

- Não gostaria de me pronunciar sobre isso. Essa decisão compete ao Governo. Estamos numa democracia, temos um Governo que foi eleito e é ele que deverá decidir da bondade ou não da construção de uma ou várias centrais.

- Já foi a todos os partidos, qual é o passo seguinte?

- Continuamos a trabalhar o dossier e pensamos, dentro de uns meses, levar o assunto formalmente ao Governo. Não vamos desistir até que nos digam: "Meus amigos, esqueçam. Não há." Até agora nunca nos disseram isso.

Tivemos o cuidado de não acelerar a acção nos períodos eleitorais, quer das autárquicas quer das presidenciais, para evitar que um assunto macroeconómico se tornasse um assunto politiqueiro. Mas chamo a atenção para o facto de todos os candidatos, de uma maneira ou de outra, terem abordado o tema.

O próprio Presidente falou, dizendo qualquer coisa como isto: "Eu há 20 anos seria contra, hoje temos de estudar."

- Enfim, vão-se abrindo as portas.

Há aqui uma coisa que me parece importante. O que me faz pena, em relação ao país, é que vivemos um pouco num complexo de inferioridade económica. Pecamos pela falta de dizer: 'Eu vou para a frente. Vou avançar. Vou ser o melhor.' Este país precisa de exportar.

Não podemos continuar a viver da maneira que vivemos. A nossa balança comercial é um desastre. E quando a balança comercial se deteriora e a das contas correntes está a começar a ter problemas, tudo se deteriora. O ranking do país deteriora-se. Hoje devemos dinheiro a toda a gente. O euro camufla um bocado esta realidade, mas a verdade é esta. Ora, se temos a matéria prima, por que não construir duas centrais, em que passemos a ser exportadores de energia para Espanha?

A Europa volta a falar na necessidade de tornar a rede europeia integrada. Repare: não quer dizer que todos os megawatts produzidos venham para Lisboa. Até podem ir para Madrid. Uma espanhola vende para Lisboa e nós vendemos para lá. Se quisermos cumprir com Quioto, sem pagar penalidades astronómicas, o nuclear é a única solução. É inevitável.

- Está pronto para avançar já amanhã?

- Absolutamente. Não temos qualquer problema. Li uma entrevista dada pelo engenheiro Mira Amaral, ao ‘Independente’, e deu-me vontade de rir. Dá a entender que sou apenas um intermediário dos franceses da Areva (fabricante do reactor) para fazer um negócio quase de comissão. Sugere que estou a fazer um interface. Nada mais falso.

Quando lançámos a ideia, verificámos que havia duas tecnologias. A americana e a francesa. Achamos que a francesa é melhor, embora a americana seja mais barata. Simples. Se for preciso, amanhã este projecto está feito. Sem pedir um tostão ao Estado e sem pedir um tostão de subsídio. Um tostão que seja.

Isto é que incomoda. Perguntam: quanto é que vão vender? Na hora em que estiver pronta vendemos os quilowatts para o mercado. Isto é que é economia. Sejamos pragmáticos. O País precisa de ser competitivo.

Se construirmos duas centrais, por exemplo, podemo-nos tornar um grande exportador para o mercado ibérico e até mais.

- É a tal visão pequena que os portugueses ainda têm...

- Pecamos por isso. Se amanhã nos derem a licença assinamos contrato daqui a um mês. Já temos as fontes de financiamento. Não garantidas, obviamente porque não tenho o dossier concluído com o Governo, mas só apalavradas.

- A dependência do mundo ocidental do petróleo continua a ser imensa. Isto é algo que, também a nível internacional, terá de ser repensado.

- E é um problema que se vai agravar. Não acredito que o petróleo esteja a acabar, mas uma coisa é certa: no panorama actual, dois terços das reservas estão no Golfo. Há umas perspectivas muito boas nas antigas repúblicas soviéticas, como o Cazaquistão. Mas é no Golfo que se encontram as grandes reservas.

É uma zona que está a atravessar um período muito difícil e, infelizmente, as perspectivas não são muito boas. Mas, mesmo partindo do princípio que não há dramas sérios – guerras, confusões – vamos depender dessa área em termos de petróleo. E o gás natural, por coincidência, também vem de países algo instáveis, como a Nigéria.

Isso só mostra a necessidade de diversificar as nossas fontes. Agora, estamos num beco sem saída. Se quisermos cumprir com Quioto, o carvão está fora, o gás natural é caríssimo, porque tem as penalidades de Quioto... o que é que nos resta? As renováveis podem aliviar, mas não chega. Só resta o nuclear.

Por alguma razão os chineses estão a negociar a construção de trinta reactores.

- Há alguma perspectiva do número de empregos que uma central nuclear geraria?

- Três a quatro centenas de técnicos. São empregos de grande qualidade.

- E há essa qualidade ou teríamos de importar recursos humanos?

- Temos, ao nível das universidades, candidatos potenciais muito bons e um óptimo ensino em termos de engenharia química. A nossa ideia era fazer um acordo com os finlandeses, talvez uma participação, em duas vertentes: primeiro, construir exactamente igual ao que eles estão a fazer agora.

Segundo, estabelecer um acordo de formação de quadros que nos permitisse irem para a Finlândia, começarem a trabalhar, a aprender, de modo a que quando a central arrancasse já teríamos quadros portugueses com experiência.

- Enquanto o nuclear não avança, tem outros projectos em mãos. A instalação de uma refinaria em Sines é o mais importante. Como está o processo?

- Temos boas respostas de sociedades de capitais de risco e de investidores institucionais. Neste momento, estamos a abrir aos investidores portugueses. Não queremos que o projecto seja 100 por cento estrangeiro.

Queremos dar oportunidade a institucionais portugueses de investirem nisto. Acho que é um bom investimento, vai ser o maior investimento em Portugal nos últimos anos. No aspecto económico e financeiro não temos grandes problemas. Estamos na parte final do licenciamento.

O plano que propusémos ao Governo está a ser cumprido à risca. Há uma pequena alteração de procedimentos, mas pensamos que vai correr tudo bem. Há uma data limite (30 de Maio), porque temos de assumir compromissos noutro lado. Falta iniciar o acerto das condições, o acesso aos fundos estruturais, mas estamos com grandes esperanças.

- Energia nuclear, petróleo... também não há muito mais onde fazer grandes investimentos.

- O turismo tem um grande potencial. Veja o Alqueva. É o maior lago artificial da Europa. Há mais no turismo do que praia e sol. Temos de jogar no potencial turístico de qualidade média-superior.

- E além do turismo...

- As possibilidades de investimento em grandes projectos são limitadas pela nossa escala, pelo nosso mercado e, às vezes, pela nossa localização. Não temos matérias-primas e a nossa mão-de-obra já é relativamente cara. Nos têxteis e no calçado estamos condenados pela concorrência chinesa. E não vai ficar pelo calçado e pelo têxtil.

A notícia mais interessante nestes últimos tempos é a de que a Airbus vai começar a construir aviões na China. E na imprensa chinesa vem escrito um dado relevante: uma parte importante dos componentes serão chineses. Nós temos vindo a perder certas coisas.

Tínhamos uma frota mercante, desapareceu. Tínhamos estaleiros de reparação naval, desapareceram. Pouco a pouco estamos a perder a nossa indústria. É preciso urgentemente encontrar algo mais.

- Em que está a pensar?

- Temos de apostar em duas coisas: o ensino e a tecnologia. Este Governo tem feito um grande esforço nesse aspecto, nomeadamente o chamado plano tecnológico. Temos que produzir gente com qualidade. Fico satisfeito ao ver que este Governo pôs o dedo na ferida.

O País pode ter nada, mas se tiver gente de qualidade 'safa-se'. As ideias surgem, os projectos aparecem. A produzirmos pessoas que não estão preparadas, que têm diplomas que não servem de nada, é que não vamos lá!