Risco do NRP Mondego era baixo, mas navio tinha avarias, afirma o Ministério Público
O Ministério Público considera que o risco da missão falhada do Navio da República Portuguesa (NRP) Mondego, em 2023, era baixo, ainda que tenha reconhecido que o navio apresentava fissuras e um motor inoperacional.
A descrição das condições do NRP Mondego, no dia em que estava prevista uma missão de acompanhamento de uma embarcação russa, consta na acusação do Ministério Público a que a Lusa teve acesso nesta sexta-feira. No despacho, a procuradora Carolina Lopes defende que os 13 militares acusados a 12 de fevereiro do crime de insubordinação por desobediência, "sem qualquer motivo justificativo, quiseram sair de bordo, formar no cais e desobedecer diretamente à ordem emanada".
Nas 12 páginas da acusação, o Ministério Público admite que o NRP Mondego "possuía capacidade de largar para o mar, ainda que com algumas condições degradadas", incluindo fissuras no convés, um motor inoperacional e uma avaria na bomba de refrigeração do motor. E caso se verificassem "condições impossíveis para cumprir missão, o comandante podia decidir regressar ao porto".
Em alguns dos pontos da acusação, o Ministério Público dá várias hipóteses para eventuais avarias ou situações de agravamento, dando nota de que existia sempre uma alternativa.
Se existisse uma avaria na propulsão e o navio ficasse à deriva, o comandante "poderia solicitar reboque, que atuaria imediatamente", admite a procuradora. No entanto, se não fosse possível chamar um reboque e os militares fossem obrigados a abandonar o navio, então, nesse caso, "este tinha disponíveis o bote e semirrigida que, mesmo sem meios de colocação na água, flutuariam se libertos". Além disso, cada elemento tinha um colete individual.
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