Sector Energético Nacional

  • 43 Respostas
  • 6001 Visualizações
*

P44

  • Investigador
  • *****
  • 20673
  • Recebeu: 6926 vez(es)
  • Enviou: 7953 vez(es)
  • +8095/-12738
Re: Sector Energético
« Responder #30 em: Abril 29, 2025, 09:04:22 am »
"[Os portugueses são]um povo tão dócil e tão bem amestrado que até merecia estar no Jardim Zoológico"
-Dom Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas
 

*

Ghidra

  • Membro
  • *
  • 207
  • Recebeu: 76 vez(es)
  • Enviou: 59 vez(es)
  • +194/-92
  • 🙈🙉🙊
Re: Sector Energético
« Responder #31 em: Abril 29, 2025, 10:40:52 am »

Só para relembrar de como chegámos a este ponto.
Eheh Portugal compra energia a Espanha pk é mais barata que produzir cá... Com as centrais a carvão cá era igual porque é mais caro comprar carvão e produzir energia que comprar essa mesma energia que está em excesso na Espanha... Portugal e Espanha são uma ilha energética e não tem com vender a sua produção pk não estão ligados na rede Europeia porque a França não quer logo isso faz com que os preços nalgumas horas sejam muito baixos... Claro que isso não é falado pk estraga a narrativa...
« Última modificação: Abril 29, 2025, 11:13:33 am por Ghidra »
 

*

P44

  • Investigador
  • *****
  • 20673
  • Recebeu: 6926 vez(es)
  • Enviou: 7953 vez(es)
  • +8095/-12738
Re: Sector Energético Nacional
« Responder #32 em: Abril 29, 2025, 11:37:04 am »

Apagão Ibérico: Repsol avisou para “falha elétrica grave” há cinco dias

Cinco dias antes do apagão que paralisou parte das infraestruturas de Portugal e Espanha, a petrolífera espanhola Repsol já tinha reportado uma “falha elétrica grave” ocorrida na sua refinaria de Cartagena, no sudeste de Espanha. A revelação, feita pelo jornal El Mundo, indica que a empresa suspendeu entregas de combustível a partir daquela unidade industrial no dia 24 de abril, invocando “um corte inesperado devido a problemas técnicos com o fornecimento de energia”.

Na comunicação enviada a vários dos seus principais clientes — a que o El Mundo teve acesso — a Repsol descreve o incidente como “alheio à central” e acionou, com base nesse evento, uma cláusula de “força maior”, que permite suspender obrigações contratuais por motivos externos e imprevistos. Esta ocorrência levanta novas questões sobre a robustez da rede elétrica espanhola, especialmente perante a crescente interdependência com sistemas de geração renovável.

A carta da Repsol também faz referência a outro incidente detetado dois dias antes, a 22 de abril. Nessa data, registou-se um “excesso de tensão” que levou ao acionamento automático das proteções elétricas em duas estações da linha ferroviária de alta velocidade espanhola — concretamente entre Madrid (Chamartín) e as Astúrias (Pajares). Esse disparo automático dos sistemas de segurança interrompeu temporariamente a circulação ferroviária.

O episódio foi confirmado pelo ministro dos Transportes espanhol, Óscar Puente, que, através da rede social X (ex-Twitter), explicou que “a sinalização deve ser restaurada” e que “esperamos que o trânsito volte ao normal em breve”. A interrupção deu-se num momento em que Espanha exportava energia para os países vizinhos, incluindo Portugal, França e Marrocos.

Um gráfico divulgado pelo El Mundo, com base em dados de monitorização da rede elétrica, mostra que o pico de tensão registado coincidiu com o período de maior transferência de energia para os países interligados com a Península Ibérica. O caso reaviva o debate sobre a capacidade da rede ibérica em lidar com picos de produção e de exportação, especialmente em dias com elevado aproveitamento da energia solar.

Ainda segundo o jornal, a semana anterior ao apagão foi marcada por um “excesso de geração fotovoltaica”, sempre em faixas horárias semelhantes, com a produção a ultrapassar de forma reiterada a procura interna. A capacidade de resposta da infraestrutura elétrica ibérica — particularmente os sistemas de proteção e regulação — pode estar a ser colocada à prova pelo crescimento acelerado da geração renovável.

O apagão desta segunda-feira (28 de abril), cujas causas técnicas estão ainda a ser investigadas pelas entidades gestoras das redes elétrica e ferroviária, provocou falhas em serviços críticos, incluindo transportes, telecomunicações e fornecimento energético. Esta nova informação vinda da Repsol aponta para sinais prévios de instabilidade no sistema, ainda que não seja possível, para já, estabelecer uma relação direta entre os incidentes relatados nos dias anteriores e o colapso de energia verificado esta semana.


https://executivedigest.sapo.pt/noticias/apagao-iberico-repsol-avisou-para-falha-eletrica-grave-ha-cinco-dias/
"[Os portugueses são]um povo tão dócil e tão bem amestrado que até merecia estar no Jardim Zoológico"
-Dom Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas
 

*

Viajante

  • Investigador
  • *****
  • 4511
  • Recebeu: 2813 vez(es)
  • Enviou: 1561 vez(es)
  • +7925/-5573
Re: Sector Energético Nacional
« Responder #33 em: Abril 29, 2025, 03:21:33 pm »
Quanto à avaria que aconteceu na rede eléctrica espanhola, ainda não se sabe exactamente o que se passou. Diz-se que durante 5 segundos a rede espanhola teve excedentes enormes de energia, já que estava a vender para Portugal, Marrocos e França, mas em poucos segundos vários geradores pararam de fornecer energia e a produção caíu a pique!......

Até aqui não se coloca o problema de termos mais ou menos energias renováveis em Portugal, até porque ontem toda a rede nacional foi levantada só com a produção de Portugal, que costuma ser sempre excedentário nesta altura!!!!
Mas o problema grave veio depois para a REN (que é privada), que foi fazer o Black Start! Ou arranque do zero!!!!!
Aí é que salta à vista os disparates feitos principalmente no reinado do Costa quando fecharam as centrais a carvão (à altura eram das mais avançadas da Europa! E também a gás). Aliás só sobreviveu a Tapada do Outeiro (a gás), era para encerrar em 2024 e afinal já disse hoje o Montenegro que vai funcionar até 2030!!!!!!
Porque estas alminhas já devem ter percebido ontem pela primeira vez na vida, que centrais disponíveis para fazer Black Start, só há a carvão, a gás, nucleares e as hídricas se tiverem albufeira para turbinar (felizmente não estamos em tempo de seca). Havendo falta de energia, não há nenhuma energia renovável que funcione sem rede, excepto as que enumerei!!!!

Os painéis solares, sem baterias ou alternativa ou a energia eólica, não consegue produzir 1 watt sem rede/energia da rede!!!!! Esta é a realidade!!!!!

Foi necessário ligar a Tapada do Outeiro até à potência máxima e todas as centrais hídricas disponíveis para arrancar com toda a rede nacional!!!!!!! Para além das centenas ou milhares de geradores eléctricos a diesel que ontem passearam pelo país, para levantarem e aguentarem toda a rede. Muitos dos geradores foram emprestados por empressas privadas, assim como aconteceu no meu concelho, em que as empresas industriais e de construção civil (principalmente), emprestaram os seus geradores para manterem a funcionar os lares, Bombeiros, e outros serviços críticos!

Também por esse motivo é que a vinda de energia foi mais rápida no norte e centro, porque é aí que se concentram as centrais produtoras que podem fazer o black start (arranque do zero sem necessidade de energia da rede)!!!!!!

Espero que se venha a aprender alguma coisa!
Para já parece que vão adicionar mais centrais hídricas ao black start, uma delas a do Alqueva!!!!!!! Como tem sempre uma enorme albufeira, vai ser usada para arrancar com a rede eléctrica mais depressa no próximo apagão!!!!
« Última modificação: Abril 29, 2025, 03:31:21 pm por Viajante »
 
Os seguintes utilizadores agradeceram esta mensagem: LM, P44, Lightning, PTWolf

*

P44

  • Investigador
  • *****
  • 20673
  • Recebeu: 6926 vez(es)
  • Enviou: 7953 vez(es)
  • +8095/-12738
Re: Sector Energético Nacional
« Responder #34 em: Abril 30, 2025, 10:57:44 am »




"[Os portugueses são]um povo tão dócil e tão bem amestrado que até merecia estar no Jardim Zoológico"
-Dom Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas
 

*

Cabeça de Martelo

  • Investigador
  • *****
  • 23034
  • Recebeu: 4152 vez(es)
  • Enviou: 2921 vez(es)
  • +2808/-4515
Re: Sector Energético Nacional
« Responder #35 em: Abril 30, 2025, 02:30:00 pm »
O tipo de central nuclear mais indicado para Portugal é um Pequeno Reator Modular (SMR) já que o tamanho é ideal para um país pequeno como Portugal, com espaço limitado e alta densidade populacional em algumas áreas.

Os designs modernos com sistemas passivos de segurança são apropriados para uma região sísmica.

Podem usar menos água ou sistemas de refrigeração alternativos, adaptando-se às condições climáticas de Portugal.

Os custos mais baixos e a possibilidade de expansão modular reduzem o risco financeiro e político.

Os SMR podem fornecer energia de base estável (50-300 MWe por unidade), complementando as renováveis e ajudando a atingir as metas de descarbonização da UE.

Um projeto menor, com ênfase em segurança e benefícios ambientais, pode ser mais facilmente aceito pela população, desde que acompanhado de uma campanha de comunicação transparente.

O NuScale SMR é um dos SMRs mais avançados em desenvolvimento, com capacidade de 77 MWe por módulo (e até 12 módulos por planta, totalizando 924 MWe). Foi aprovado pela Comissão Reguladora Nuclear dos EUA em 2020 e é projetado para alta segurança, com sistemas passivos e resistência a desastres naturais.

Para além da NuScale também há o Rolls-Royce SMR e o GE-Hitachi BWRX-300. Todos estes projetos são preparados para suportar qualquer desastre natural sem haver perigo de segurança para a população local. Desconheço se há algum projeto europeu semelhante.

A localização poderia passar pelo Norte, mais concretamente no Concelho de Viana do Castelo, no Centro, Figueira da Foz e no Sul, Sines talvez fossem boas opções, dado a terem as infraestruturas industriais e portuárias necessárias para o apoio aos SMR.

Video - https://x.com/NuScale_Power/status/1798519767122186373?ref_src=twsrc%5Etfw%7Ctwcamp%5Etweetembed%7Ctwterm%5E1798519767122186373%7Ctwgr%5E%7Ctwcon%5Es1_&ref_url=


« Última modificação: Abril 30, 2025, 02:31:27 pm por Cabeça de Martelo »
7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.

 
Os seguintes utilizadores agradeceram esta mensagem: Viajante, PTWolf

*

Viajante

  • Investigador
  • *****
  • 4511
  • Recebeu: 2813 vez(es)
  • Enviou: 1561 vez(es)
  • +7925/-5573
Re: Sector Energético Nacional
« Responder #36 em: Abril 30, 2025, 03:00:51 pm »
O tipo de central nuclear mais indicado para Portugal é um Pequeno Reator Modular (SMR) já que o tamanho é ideal para um país pequeno como Portugal, com espaço limitado e alta densidade populacional em algumas áreas.

.........

Para além da NuScale também há o Rolls-Royce SMR e o GE-Hitachi BWRX-300. Todos estes projetos são preparados para suportar qualquer desastre natural sem haver perigo de segurança para a população local. Desconheço se há algum projeto europeu semelhante.

A localização poderia passar pelo Norte, mais concretamente no Concelho de Viana do Castelo, no Centro, Figueira da Foz e no Sul, Sines talvez fossem boas opções, dado a terem as infraestruturas industriais e portuárias necessárias para o apoio aos SMR.



Sei que há vários projectos europeus, mas operacional acho que só o da Rolls-Royce está activo.

Era uma excelente aposta para Portugal, mas tenho dúvidas que veja a luz ao fundo do túnel!

https://en.wikipedia.org/wiki/List_of_small_modular_reactor_designs
« Última modificação: Abril 30, 2025, 03:01:58 pm por Viajante »
 

*

Lightning

  • Moderador Global
  • *****
  • 11444
  • Recebeu: 2563 vez(es)
  • Enviou: 3665 vez(es)
  • +945/-1085
Re: Sector Energético Nacional
« Responder #37 em: Maio 03, 2025, 01:22:49 am »
Artigo interessante sobre o assunto do apagão. Ao utilizar muitas energias renováveis o controlo da produção/consumo nao se pode manter igual ao como era feito com as energias tradicionais cujo controlo era mais fácil.

https://www.publico.pt/2025/04/30/azul/noticia/culpa-apagao-renovaveis-portugal-espanha-nao-tecnologia-certa-2131545?fbclid=IwQ0xDSwKCQIxleHRuA2FlbQIxMQABHlh04H8LBX5b8nFjHaRzG5Bjqj584afSXiOVZ2k7mdm2ARrUFi022_7KOUCt_aem_lbyokdv-yR-aOu8dtxjfdQ
 

*

Viajante

  • Investigador
  • *****
  • 4511
  • Recebeu: 2813 vez(es)
  • Enviou: 1561 vez(es)
  • +7925/-5573
Re: Sector Energético Nacional
« Responder #38 em: Maio 03, 2025, 10:51:59 am »
Artigo interessante sobre o assunto do apagão. Ao utilizar muitas energias renováveis o controlo da produção/consumo nao se pode manter igual ao como era feito com as energias tradicionais cujo controlo era mais fácil.

https://www.publico.pt/2025/04/30/azul/noticia/culpa-apagao-renovaveis-portugal-espanha-nao-tecnologia-certa-2131545?fbclid=IwQ0xDSwKCQIxleHRuA2FlbQIxMQABHlh04H8LBX5b8nFjHaRzG5Bjqj584afSXiOVZ2k7mdm2ARrUFi022_7KOUCt_aem_lbyokdv-yR-aOu8dtxjfdQ

Um vídeo com o Eng Mira Amaral a explicar os enormes riscos de aposta nas irregulares energias renováveis:


Ele também dá essa explicação.
O problema das energias renováveis é a imprevisibilidade da produção. Basta o céu nublado sobre vários parques solares, para a produção caír a pique ou a falta de vento!

Outro problema que aborda, é que ao deixarmos de termos centrais mecânicas, com enormes geradores/alternadores mecânicos, passou a ser muito mais difícil de controlar a frequência da energia fornecida (no nosso caso são 50 hertz ou exactamente 50 ciclos por minuto). As centrais hídricas, a gás, a carvão ou nucleares, têem enormes geradores ou alternadores que conseguem definir a frequência, a solar e eólica precisam que seja a rede a ter a frequência equilibrada ou podem desligar em cascata!
 
Os seguintes utilizadores agradeceram esta mensagem: LM, PTWolf

*

Cabeça de Martelo

  • Investigador
  • *****
  • 23034
  • Recebeu: 4152 vez(es)
  • Enviou: 2921 vez(es)
  • +2808/-4515
Re: Sector Energético Nacional
« Responder #39 em: Maio 07, 2025, 03:52:58 pm »
Comunicação do Governo contribuiu para desinformação sobre o apagão
Tek / Lusa  7 mai 2025

Investigadores do MediaLab do ISCTE consideram que a “ausência de comunicação institucional eficaz” por parte do Governo contribuiu para a especulação e para a difusão de desinformação relativamente às causas do apagão.

Num relatório desenvolvido pelo Medialab e pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), consta que a informação divulgada pelo Governo criou um “vácuo informativo explorado por conteúdos virais” cujo impacto foi “ampliado por erros mediáticos”.

O documento aponta também a contradição entre declarações de membros do Governo, designadamente, o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, e o ministro da Coesão Territorial, Castro Almeida, que refletiram “respostas iniciais distintas no âmbito da comunicação do Governo e num muito curto espaço de tempo”.

O ministro da Presidência foi o primeiro membro do Governo a pronunciar-se ao ter anunciado a criação de um grupo de trabalho para a resolver a situação, para além de ter garantido que a origem do problema se encontrava fora ddesinformaçãoe Portugal.

Pouco tempo depois, o ministro Adjunto e da Coesão Territorial disse na RTP3 que existia a possibilidade de um ciberataque estar na origem do apagão e mencionou também que o fenómeno estaria a afetar outros países.

Os investigadores consideraram que a declaração de Leitão Amaro refletiu “uma postura de contenção e prudência comunicacional”, numa tentativa de evitar “especulações quanto à origem do incidente”.

Por outro lado, a declaração de Castro Almeida introduziu “uma hipótese não confirmada de um ciberataque com alcance europeu”, o que contribuiu para “a amplificação das incertezas e do alimentar de interpretações especulativas no espaço público e mediático”.

No dia 28 de abril foram publicadas 25 notícias em órgãos de comunicação social sobre as declarações do ministro da Coesão e 18 artigos com as declarações do ministro da Presidência.

Segundo o relatório, ao nível do Facebook, a notícia que coloca a hipótese do ciberataque obteve três vezes mais interações do que a notícia que de que o Governo estava a acompanhar o caso e que sobre a origem apenas dizia que a mesma estaria fora de Portugal.

O mini relatório MediaLab/CNE “Desinformação sobre o apagão nas redes sociais e impacto na campanha” analisa o período entre 28 de abril e 04 de maio e foi elaborado pelos investigadores Gustavo Cardoso, José Moreno, Inês Narciso e Paulo Couraceiro.

https://tek.sapo.pt/noticias/internet/artigos/comunicacao-do-governo-contribuiu-para-desinformacao-sobre-o-apagao
7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.

 

*

Viajante

  • Investigador
  • *****
  • 4511
  • Recebeu: 2813 vez(es)
  • Enviou: 1561 vez(es)
  • +7925/-5573
Re: Sector Energético Nacional
« Responder #40 em: Maio 12, 2025, 05:20:13 pm »
Apagão. Tapada do Outeiro recebe 8.200 euros por cada "arranque" da rede com gás natural

A investigação sobre as causas do apagão será conduzida por um painel de peritos de vários países. O relatório final terá de ser divulgado, no máximo, até 30 de setembro de 2026, com as razões do incidente e as recomendações baseadas nas conclusões do inquérito.



Já classificado pela Rede Europeia de Operadores de Redes de Transporte de Eletricidade (ENTSO-E) como um incidente de nível 3 - o mais grave da escala de classificação internacional - o apagão registado no dia 28 de abril em Portugal e Espanha será alvo de uma investigação a nível nacional e a nível europeu. Segundo a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE), tratou-se de uma "interrupção generalizada no fornecimento de eletricidade na Península Ibérica", sendo que algumas áreas em França próximas da fronteira também foram afetadas, embora por um período muito curto.

Por se tratar de um "incidente de grande impacto e que envolveu diversos sistemas elétricos europeus", as regras de Bruxelas sobre operação de sistemas de transporte de eletricidade prevêem a formação de um painel de peritos de vários países para investigar o que realmente aconteceu.

Para já sabe-se que, na sequência do apagão, a REN fez a reposição integral da Rede Nacional de Transporte de eletricidade cerca das 23h20 a partir das centrais com capacidade de arranque autónomo ("blackstart") de Castelo de Bode (central hidroelétrica) e da Tapada do Outeiro (central de ciclo combinado a gás).

"Os contratos de prestação do serviço de "blackstart" com estas centrais foram celebrados, assumindo um custo pelo serviço de arranque autónomo de cerca de 240 mil euros por ano, no caso de Castelo de Bode e 8.200 euros por arranque, a que acresce o gás consumido a preço de custo, no caso da Tapada do Outeiro", refere a ERSE num documento publicado esta segunda-feira.

Depois do país ter estado 12 horas sem luz, o Governo anunciou que quer atribuir às centrais hidroelétricas do Baixo Sabor e do Alqueva a mesma função de "arranque autónomo" da rede elétrica nacional. Ao Negócios, fonte do ministério do Ambiente e da Energia revelou que esta decisão do Governo representará um custo extra de perto de 1,7 mil milhões de euros por ano (8,5 milhões em cinco anos de contrato, a partir de 2026): 1,1 milhões para a central do Alqueva (5,5 milhões, no total) e 578 mil euros para o Baixo Sabor (2,89 milhões).

Quanto às duas centrais que neste momento já fornecem à rede este serviço de "black start" - a central a gás natural da Tapada do Outeiro, em Gondomar (distrito do Porto), e a hidroelétrica de Castelo de Bode, nos concelhos de Tomar e Abrantes (distrito de Santarém) - estas custam anualmente 20,4 milhões de euros e 240 mil euros, respetivamente.

No caso da Tapada do Outeiro, o custo é substancialmente mais elevado (1,7 milhões de euros por mês), sendo que a esmagadora maioria deste valor não é para pagar a capacidade de "arranque autónomo", mas sim porque se trata de uma central térmica com garantia de potência, ou seja, que tem de estar sempre em prontidão para entrar em funcionamento e garantir o fornecimento de energia à rede.

A Central da Tapada do Outeiro concluiu o seu Contrato de Aquisição de Energia (CAE) em março de 2024 e desde essa data apenas opera se for necessário, mas sempre fora de mercado. Ou seja, a central é mantida operacional através de um contrato específico e só pode operar como último recurso, apenas em condições de necessidade absoluta de gestão da rede, sendo que nos ativos que devem ser mantidos operacionais incluem-se então os equipamentos para cumprir a função de "blackstart".

O Governo anunciou também que quer vai prolongar o serviço "blackstart" da central da Tapada do Outeiro até 2030. Em fevereiro a ministra já tinha decidido que a central a gás teria esta função por, pelo menos, mais um ano, até março de 2026, já que o contrato iria terminar no final de março de 2025. "Se há ilação que já podemos tirar é que a central da Tapada do Outeiro e a de Castelo de Bode são insuficientes para habilitar o sistema a um reinício numa situação de crise como vivemos. Insuficientes do ponto de vista da rapidez", disse Luís Montenegro.

Relatório final do apagão terá de ser entregue até 30 de setembro de 2026

Quanto às origens do apagão, ainda vai demorar um pouco até serem conhecidas, diz a ERSE. A partir de agora a investigação será conduzida por um grupo de peritos de acordo com a "Metodologia da Escala de Classificação de Incidentes" da ENTSO-E, que entretanto já contactou a Agência de Cooperação dos Reguladores de Energia (ACER) e os reguladores nacionais para nomearem os seus representantes no painel de peritos relativo ao incidente.

O painel de peritos integrará: um líder (a ENTSO-E nomeará um representante de um Operador da Rede de Transporte (ORT) não afetado pelo incidente como líder do painel de peritos, para garantir a neutralidade da investigação); representantes dos operadores afetados pelo incidente - REN e Red Eléctrica (REE) - e, se necessário, do CORESO - Centro de Coordenação Regional para o Sudoeste Europeu; alguém do Steering Group ICS (outros operadores não envolvidos diretamente); e ainda pessoas da ACER e das entidades reguladoras nacionais.

"O painel de peritos investigará as causas do incidente, elaborará uma análise exaustiva do ocorrido e formulará recomendações num relatório final que será publicado pela ENTSO-E. Antes disso, publicará um relatório com todos os detalhes técnicos sobre o incidente", explica a ERSE.

Quanto ao cronograma da investigação, após a recolha de dados, até 28 de outubro (seis meses após o apagão) o painel de peritos elaborará o referido relatório factual, sendo que o documento final terá de ser divulgado, no máximo, até 30 de setembro de 2026, explicando: as conclusões e as explicações das razões do incidente e as recomendações baseadas nas conclusões do inquérito.

Em Portugal, a entidade que define as regras, metodologias e responsabilidades na elaboração de planos de preparação para riscos no setor da eletricidade, face a cenários de crise de eletricidade regionais, incluindo a adequação e a segurança do sistema elétrico nacional, é a DGEG.

A ERSE, por seu lado, é responsável por aprovar o Regulamento da Qualidade de Serviço, que permite aferir o cumprimento das obrigações de continuidade de serviço por parte dos operadores das redes de transporte e de distribuição de eletricidade. Se estas não forem cumpridas há consequências ao nível da remuneração.

No âmbito deste regulamento, os operadores das redes elétricas estão obrigados a comunicar à ERSE (preliminarmente em três dias e de forma final em 20 dias) todos os incidentes que resultem na interrupção do fornecimento de energia elétrica com impacto superior a 50 MWh de energia não fornecida ou não distribuída, por se tratarem de "incidentes de grande impacto".

"O apagão de 28 de abril de 2025 é, indiscutivelmente, um incidente de grande impacto", garante o regulador.

Quem paga a energia que ficou por produzir e consumir a 28 de abril?

O regulador português alerta ainda para outras consequências do apagão, que ainda estão a ser resolvidas. Nomeadamente no que diz respeito à descontinuidade do funcionamento do mercado grossista ibérico, "nomeadamente a forma como se efetua a liquidação (pagamentos e recebimentos) da energia que foi transacionada para dia 28 de abril e não foi produzida e consumida".

Para isso, a ERSE - com a entidade reguladora espanhola (CNMC), a Agência Europeia para a Cooperação dos Reguladores de Energia (ACER), o operador de mercado diário (OMIE), a REN e a Red Eléctrica de Espanha - está já a atuar para definir os procedimentos a adotar para a liquidação dos mercados de energia e os respetivos acertos.

"É necessário articular as regras a aplicar nas transações entre países, por exemplo, entre Portugal e Espanha, assim como entre Espanha e França", diz o regulador. Por seu lado, o OMIE  já informou os agentes de mercado da natureza provisória
das liquidações, até que se estabeleça uma metodologia admissível nas regras europeias para efetuar a liquidação final de valores.

"Espera-se que a metodologia a aplicar às liquidações finais se possa estabelecer a muito breve prazo, salvaguardando a reposição dos equilíbrios financeiros que o apagão de 28 de abril afetou", remata.

https://www.jornaldenegocios.pt/empresas/energia/detalhe/apagao-tapada-do-outeiro-recebe-8200-euros-por-cada-arranque-da-rede-com-gas-natural?ref=DET_Recomendadas
 

*

Cabeça de Martelo

  • Investigador
  • *****
  • 23034
  • Recebeu: 4152 vez(es)
  • Enviou: 2921 vez(es)
  • +2808/-4515
Re: Sector Energético Nacional
« Responder #41 em: Maio 13, 2025, 10:50:54 am »
Going on the grid: the future of energy storage in the EU
Blackouts in Spain & Portugal sound the alarm: the widespread outage that crippled the Iberian peninsula’s hospitals, transit, and even nuclear plants is more than a fluke. It’s a warning. Europe’s grid can’t handle the demands of a decarbonized future without serious upgrades.

Our latest analysis report dives into how grid infrastructure and storage capacity are setting the bloc back to reach its climate ambitions. Read the full 10-page report by submitting the form below.

 :arrow: https://www.politico.eu/going-on-the-grid-the-future-of-energy-storage-in-the-eu/?utm_source=paidmedia&utm_medium=twitter&utm_term=ad1&twclid=249s5ol971u2ux1olup1d2cps6
7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.

 

*

Viajante

  • Investigador
  • *****
  • 4511
  • Recebeu: 2813 vez(es)
  • Enviou: 1561 vez(es)
  • +7925/-5573
Re: Sector Energético Nacional
« Responder #42 em: Maio 13, 2025, 11:58:07 am »
Going on the grid: the future of energy storage in the EU
Blackouts in Spain & Portugal sound the alarm: the widespread outage that crippled the Iberian peninsula’s hospitals, transit, and even nuclear plants is more than a fluke. It’s a warning. Europe’s grid can’t handle the demands of a decarbonized future without serious upgrades.

Our latest analysis report dives into how grid infrastructure and storage capacity are setting the bloc back to reach its climate ambitions. Read the full 10-page report by submitting the form below.

 :arrow: https://www.politico.eu/going-on-the-grid-the-future-of-energy-storage-in-the-eu/?utm_source=paidmedia&utm_medium=twitter&utm_term=ad1&twclid=249s5ol971u2ux1olup1d2cps6

Se queremos ser de alguma forma independentes em termos energéticos e já que não queremos poluír, então também acho que devíamos de apostar e mini reactores nucleares. Portugal até tem Urãnio e outros elementos radioactivos!!!!!

https://www.mineralex.net/minerios-de-uranio/
« Última modificação: Maio 13, 2025, 12:09:28 pm por Viajante »
 
Os seguintes utilizadores agradeceram esta mensagem: Cabeça de Martelo, PTWolf

*

Viajante

  • Investigador
  • *****
  • 4511
  • Recebeu: 2813 vez(es)
  • Enviou: 1561 vez(es)
  • +7925/-5573
Re: Sector Energético Nacional Novo
« Responder #43 em: Maio 13, 2025, 03:35:21 pm »
Era apenas uma tese de mestrado sobre redes elétricas. Até que se deu o apagão

A micro-rede elétrica desenvolvida por um estudante da Universidade de Coimbra brilhou durante o apagão e mostrou caminho para o futuro.



No dia do apagão elétrico que deixou Portugal às escuras, um laboratório da Universidade de Coimbra manteve-se aceso — e não foi por acaso.

Alexandre Matias Correia, estudante do mestrado em Engenharia Eletrotécnica, desenvolveu uma “micro-rede elétrica resiliente”, capaz de operar de forma autónoma e garantir energia em situações extremas.

“Foi glorioso para mim”, recorda o investigador, entre risos.

Estava em casa no momento do apagão e lembrou-se de ir verificar se a rede que tem vindo a desenvolver funcionava.

“Foi um timing incrível, porque já estamos na fase final — ou seja, a micro-rede já está toda implementada. Infelizmente, nesse dia, devido a um erro humano, a rede não se ligou automaticamente como era suposto, e tive de ir lá corrigir tudo à pressa.”

O momento foi de máxima pressão: a micro-rede estava instalada na garagem do edifício, onde várias pessoas tentavam sair para regressar a casa. Como o portão é elétrico, estavam todas dependentes do sistema criado por Alexandre para conseguir abrir a garagem.

“Tinha ali uma trupe de 15 professores de engenharia eletrotécnica, doutorados, precisamente a avaliar a aplicabilidade da minha tese. Quando aquilo finalmente ligou, estava a suar — parecia que estava a fazer uma cirurgia a coração aberto. Disse logo aos professores: a minha defesa de tese foi hoje”, relata o estudante.

O que é uma micro-rede?

Uma micro-rede elétrica é um sistema capaz de gerar, armazenar e distribuir eletricidade de forma autónoma, sem depender da rede pública.

É constituída por diferentes componentes, como painéis fotovoltaicos, baterias e, em alguns casos, geradores a diesel. O segredo está na capacidade de gerir estes recursos de forma inteligente, mantendo uma frequência de 50 Hz — a mesma da rede pública — e garantindo estabilidade.

“Uma micro-rede é uma aglutinação de vários sistemas que permite funcionar autonomamente”, explica o investigador.

O que distingue a micro-rede desenvolvida em Coimbra de outras soluções no mercado é a resiliência.

“Mesmo perdendo alguns sistemas ou cabos de distribuição, ela mantém-se a funcionar. Só um desastre muito catastrófico, que destruísse fisicamente todos os componentes, a pararia”, garante Alexandre Matias Correia.

Para que serve uma micro-rede?

Para além de garantir eletricidade em situações de emergência, as micro-redes oferecem vantagens no dia a dia:

    Economicamente vantajosas: permite carregar baterias em horas de eletricidade mais baratas e até vender energia excedente durante o dia. “Traz um benefício económico à instalação e dá-nos flexibilidade na forma como usamos a eletricidade”, resume o investigador.

    Assegura a energia nos equipamentos mais críticos: os data centers, sistemas de refrigeração ou as comunicações de emergência continuam a funcionar. “Desenvolvemos um algoritmo que reage à gravidade da falha, ajustando o fornecimento e privilegiando as cargas críticas”, explica.

Uma tecnologia que ganhou palco

Se o grande apagão nacional trouxe transtornos para várias pessoas, para o jovem engenheiro foi também um momento de confirmação.

“A minha tese foi testada em direto, e funcionou.”

A micro-rede da Universidade de Coimbra não só iluminou o departamento como lançou luz sobre o futuro da energia: mais local, mais inteligente e mais resiliente.

Apesar de já existirem no mercado, sobretudo em indústrias e infraestruturas críticas como hospitais e aeroportos, as micro-redes ainda não estão ao alcance do cidadão comum.

“Neste momento, ainda é mais barato comprar um gerador para casa do que instalar uma micro-rede”, admite o investigador.

No entanto, acredita que a tendência vai mudar nas próximas décadas.

“Espero que daqui a 10 ou 20 anos as casas já venham com baterias e capacidade para micro-redes, tal como hoje já têm a opção de painéis fotovoltaicos.”

O potencial vai além das habitações individuais: bairros, aldeias ou até distritos inteiros poderão beneficiar de redes descentralizadas, tornando as comunidades mais resilientes a catástrofes naturais ou falhas na rede.

O estudante da Universidade de Coimbra vê também oportunidades no setor comercial e industrial.

“Estamos a estudar a possibilidade de patentear o algoritmo que desenvolvemos e criar uma spin-off para instalar micro-redes em empresas e instituições”, revela.

https://24.sapo.pt/atualidade/artigos/era-apenas-uma-tese-de-mestrado-sobre-redes-eletricas-ate-que-se-deu-o-apagao?utm_source=SAPO_HP&utm_medium=web&utm_campaign=destaques

Uma dissertação de Mestrado muito interessante, sobre como tornar uma micro-rede eléctrica (ao nível de uma Empresa/Instituição) mais resiliente e praticamente imune a um possível apagão, mantendo sempre a frequência de 50Hz na rede, fundamental para todos os sistemas funcionarem, incluindo backups!

E o que a Universidade de Coimbra já tem implementado e que garante autonomia de 72 horas:
https://24.sapo.pt/atualidade/artigos/universidade-de-coimbra-garante-fornecimento-de-energia-por-72-horas-mesmo-em-situacoes-de-apagao
« Última modificação: Maio 13, 2025, 03:50:03 pm por Viajante »
 
Os seguintes utilizadores agradeceram esta mensagem: Lightning, Malagueta, PTWolf