Projecto NPO 2000 da Marinha Portuguesa

  • 5928 Respostas
  • 1360644 Visualizações
*

Pescador

  • Investigador
  • *****
  • 4070
  • Recebeu: 2641 vez(es)
  • Enviou: 2194 vez(es)
  • +5704/-2812
Re: Projecto NPO 2000 da Marinha Portuguesa
« Responder #5175 em: Maio 02, 2022, 07:44:14 am »
"Esse problema não é do navio, é das pessoas que o mandam, ou dos militares que perante uma obrigação de cumprir ordens, mandam o que dá para mandar."

Se os NPO não são para uma série de coisas que estão a fazer,  coisas de que as fragatas também não devem ser por serem dispendiosas ou exagero, então isso quer dizer que será para outra classe de navios? Qual?
Mas então para que servem os NPO?
Se vão a GDG, mais ou menos a sul e discutir isso é inverossímil, como se houvesse ali uma barreira. Ou ao Mediterrâneo, não precisam de arma e instrumentos de vigilância e detenção adequados, ou são de "apoio logístico civil"?
E por cá supostamente na Soberania e vigilância do território, o que são mesmo? 
Indo às raiz do projecto e da conversa feita dos navios, a arma principal, o EO e até um radar adequado fazem sentido. Mas, parece ter-se descoberto que não faz falta, pois são outra coisas e servem muito bem essas coisas.
Não pode uma plataforma dessas chamada de Patrulha, ter funções, entre outras, o combate a pirataria e trafico, é preciso outra especifica, que esteja entre essa e as fragatas?
É para outros efectivos , não se vá misturar marinheiros do apoio civil e protocolos políticos, como uma qualquer associação cultural entre países, com outros de combate a situações que se fala ou a presença de Soberania.
É algum navio hidrográfico, ou na linha desse com funções bem definidas? Não é um Patrulha, para patrulhar e, tudo que isso envolve ou pode decorrer dessa missão?
É melhor arranjarem outra designação para esses navios porque Navios Patrulha não são, nem querem que sejam.

Uma vez há muitos anos contou-me um amigo que um policia que conhecia, dos antigos, andava com a arma lubrificada e dentro de um pequeno saco de plástico e metida no coldre que era chamada "lancheira" pelo tamanho e, dizia que era para não enferrujar, pois não fazia intenção de a usar, que só daria problemas.
Decerto se precisasse a intensão seria chamar outros ou sair rapidamente do local.

Será que um NPO armado e com meios de detecção só dá problemas?
Sempre pode acompanhar com outros OVP armados e equipados em exercício de navios patrulhas, que fica bem em fotos de noticias no Face das FA com o leme de beijinhos e mar chão, como já aconteceu e para vergonha de Portugal. Se calhar tínhamos de mandar uma VG para exercício de patrulhas se tivéssemos disponível.

Nem me vou repetir. Está a vista.

Então, mar chão e bons ventos nas viagens




« Última modificação: Maio 02, 2022, 08:34:00 am por Pescador »
 

*

papatango

  • Investigador
  • *****
  • 7493
  • Recebeu: 973 vez(es)
  • +4596/-871
Re: Projecto NPO 2000 da Marinha Portuguesa
« Responder #5176 em: Maio 02, 2022, 08:32:28 am »
Citar
Se os NPO não são para uma série de coisas que estão a fazer,  coisas de que as fragatas também não devem ser por serem dispendiosas ou exagero, então isso quer dizer que será para outra classe de navios? Qual?

Normalmente, o tipo de navio para essa operação seria uma corveta.

O problema, é que nós, por falta de outra coisa, começámos a utilizar as corvetas para patrulha...
Fez-me lembrar aqueles protestos contra o navio holandês do aborto, em que o governo mandou uma corveta, armada com uma peça de 100mm para impedir abortos em águas territoriais.

É ridiculo, mas foi o que a Republica Portuguesa fez.

Não podemos olhar para a realidade de agora e esquecer a realidade do periodo em que apenas começou a despontar o novo fenómeno da pirataria marítima motorizada.
No Atlantico Norte, não há piratas e os NPO são pensados para operar nas condições do Atlantico Norte.
Para uma ação de patrulha, em águas da ZEE, longe da costa o NPO precisa ser grande por causa das missões longas, estável e minimamente confortável. Deve ter capacidade para dissuadir. Em alguns casos a dissuasão pode até ser feita com uma metralhadora pesada, quando os piratas têm apenas AK-47 e pistolas.

Citar
Se vão a GDG, mais ou menos a sul e discutir isso é inverossímil, como se houvesse ali uma barreira.
Não é que haja barreiras, tem a ver com a capacidade reconhecida a alguns grupos que operam na Nigeria e a partir da Nigeria, que em principio possuem muito mais meios para adquirir (roubar) embarcações que os grupos baseados em pontos nas costas de outros países como os Camarões mais a sul e a Libéria e o Togo mais a oeste. Depende também da atividade das autoridades locais a operar nas zonas costeiras  e de quais são reconhecidamente mais ou menos "permi$$ivas".
Admito que a linha é dificil de definir. Esperaria eu que quem envia os navios tivesse algum tipo de informação no terreno (disso não faço a mínima ideia)
Citar
Indo às raiz do projecto e da conversa feita dos navios, a arma principal, o EO e até um radar adequado fazem sentido. Mas, parece ter-se descoberto que não faz falta, pois são outra coisas e servem muito bem essas coisas.
Não pode uma plataforma dessas ter funções, entre outras, o combate a pirataria e trafico, é preciso outra especifica, que esteja entre essa e as fragatas?

Claro, seriam as corvetas... ainda que baseadas na ideia base do NPO.

Há 18 anos atrás, eu mesmo fiz uns esboços de como ficaria um NPO se fosse adaptado para utilizações mais musculadas.
Já nessa altura, ainda nenhum navio estava na água, e nós aqui já diziamos que os "patrulhões" eram uma boa ideia, mas que era preciso algo com dentes, para utilizar onde não fosse necessário enviar uma fragata com mísseis anti-navio.

O atual projeto, com as dimensões que tem não serve, caso seja necessário um navio mais rápido, Ele está no limite da velocidade de deslocamento e não adianta colocar motores mais potentes porque a velocidade vai aumentar apenas de forma residual... são as leis da física.
Para desenvolver uma corveta, não chega colocar armamento mais potente e radares XPTO, também é necessário mais velocidade, e um NPO da classe Viana do Castelo não vai andar mais depressa por muito que a gente tente.

Ou seja, mesmo o NPO-2000 precisava ser alterado de forma radical e redesenhado para ter capacidades militares mais adequadas (quando digo radical, digo alongado).
Quando compraram aqueles navios (os atuais Tejo) ainda pensei que estivessem a pensar nisso, mas que os navios recebessem armamento mais sofisticado, mas mesmo aí há sempre os detratores e há sempre boas razões. Os Tejo são navios pensados para as águas rasas do Báltico, com autonomia reduzida (o que para a realidade da Dinamarca faz todo o sentido) e por isso acabamos por ficar com "coisas" que flutuam.

Eu não discordo de forma alguma de que se tem andado a "brincar com a tropa" e que todos sabíamos que isto iria chegar aqui mais tarde ou mais cedo.
Como há quase duas décadas atrás, continuamos a necessitar um navio mais barato que uma fragata, mas que possa ser enviado para missões a longa distância...

Fico com a impressão que de um lado ninguém quer gastar dinheiro, por outro não se sabe o que fazer, por outro, não há gente que queira assumir o risco politico de tomar decisões, porque de uma forma ou de outra serão sempre criticados.

E quando atrasamos tudo, chegamos a um ponto em que a unica coisa que se pode enviar, que flutua, tem tamanho e pode navegar em alto mar nas costas africanas, é um navio desarmado, pensado para ser policia.


As conversas são como as cerejas e isto leva-nos à questão da não existência de uma Guarda Costeira, da Policia maritima e da capacidade naval da GNR.
Enfim... a trapalhada lusitana do costume...
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
 
Os seguintes utilizadores agradeceram esta mensagem: Vicente de Lisboa

*

Pescador

  • Investigador
  • *****
  • 4070
  • Recebeu: 2641 vez(es)
  • Enviou: 2194 vez(es)
  • +5704/-2812
Re: Projecto NPO 2000 da Marinha Portuguesa
« Responder #5177 em: Maio 02, 2022, 08:38:31 am »
Citar
Se os NPO não são para uma série de coisas que estão a fazer,  coisas de que as fragatas também não devem ser por serem dispendiosas ou exagero, então isso quer dizer que será para outra classe de navios? Qual?

Normalmente, o tipo de navio para essa operação seria uma corveta.

O problema, é que nós, por falta de outra coisa, começámos a utilizar as corvetas para patrulha...
Fez-me lembrar aqueles protestos contra o navio holandês do aborto, em que o governo mandou uma corveta, armada com uma peça de 100mm para impedir abortos em águas territoriais.

É ridiculo, mas foi o que a Republica Portuguesa fez.

Não podemos olhar para a realidade de agora e esquecer a realidade do periodo em que apenas começou a despontar o novo fenómeno da pirataria marítima motorizada.
No Atlantico Norte, não há piratas e os NPO são pensados para operar nas condições do Atlantico Norte.
Para uma ação de patrulha, em águas da ZEE, longe da costa o NPO precisa ser grande por causa das missões longas, estável e minimamente confortável. Deve ter capacidade para dissuadir. Em alguns casos a dissuasão pode até ser feita com uma metralhadora pesada, quando os piratas têm apenas AK-47 e pistolas.

Citar
Se vão a GDG, mais ou menos a sul e discutir isso é inverossímil, como se houvesse ali uma barreira.
Não é que haja barreiras, tem a ver com a capacidade reconhecida a alguns grupos que operam na Nigeria e a partir da Nigeria, que em principio possuem muito mais meios para adquirir (roubar) embarcações que os grupos baseados em pontos nas costas de outros países como os Camarões mais a sul e a Libéria e o Togo mais a oeste. Depende também da atividade das autoridades locais a operar nas zonas costeiras  e de quais são reconhecidamente mais ou menos "permi$$ivas".
Admito que a linha é dificil de definir. Esperaria eu que quem envia os navios tivesse algum tipo de informação no terreno (disso não faço a mínima ideia)
Citar
Indo às raiz do projecto e da conversa feita dos navios, a arma principal, o EO e até um radar adequado fazem sentido. Mas, parece ter-se descoberto que não faz falta, pois são outra coisas e servem muito bem essas coisas.
Não pode uma plataforma dessas ter funções, entre outras, o combate a pirataria e trafico, é preciso outra especifica, que esteja entre essa e as fragatas?

Claro, seriam as corvetas... ainda que baseadas na ideia base do NPO.

Há 18 anos atrás, eu mesmo fiz uns esboços de como ficaria um NPO se fosse adaptado para utilizações mais musculadas.
Já nessa altura, ainda nenhum navio estava na água, e nós aqui já diziamos que os "patrulhões" eram uma boa ideia, mas que era preciso algo com dentes, para utilizar onde não fosse necessário enviar uma fragata com mísseis anti-navio.

O atual projeto, com as dimensões que tem não serve, caso seja necessário um navio mais rápido, Ele está no limite da velocidade de deslocamento e não adianta colocar motores mais potentes porque a velocidade vai aumentar apenas de forma residual... são as leis da física.
Para desenvolver uma corveta, não chega colocar armamento mais potente e radares XPTO, também é necessário mais velocidade, e um NPO da classe Viana do Castelo não vai andar mais depressa por muito que a gente tente.

Ou seja, mesmo o NPO-2000 precisava ser alterado de forma radical e redesenhado para ter capacidades militares mais adequadas (quando digo radical, digo alongado).
Quando compraram aqueles navios (os atuais Tejo) ainda pensei que estivessem a pensar nisso, mas que os navios recebessem armamento mais sofisticado, mas mesmo aí há sempre os detratores e há sempre boas razões. Os Tejo são navios pensados para as águas rasas do Báltico, com autonomia reduzida (o que para a realidade da Dinamarca faz todo o sentido) e por isso acabamos por ficar com "coisas" que flutuam.

Eu não discordo de forma alguma de que se tem andado a "brincar com a tropa" e que todos sabíamos que isto iria chegar aqui mais tarde ou mais cedo.
Como há quase duas décadas atrás, continuamos a necessitar um navio mais barato que uma fragata, mas que possa ser enviado para missões a longa distância...

Fico com a impressão que de um lado ninguém quer gastar dinheiro, por outro não se sabe o que fazer, por outro, não há gente que queira assumir o risco politico de tomar decisões, porque de uma forma ou de outra serão sempre criticados.

E quando atrasamos tudo, chegamos a um ponto em que a unica coisa que se pode enviar, que flutua, tem tamanho e pode navegar em alto mar nas costas africanas, é um navio desarmado, pensado para ser policia.


As conversas são como as cerejas e isto leva-nos à questão da não existência de uma Guarda Costeira, da Policia maritima e da capacidade naval da GNR.
Enfim... a trapalhada lusitana do costume...

Não, não temos de ter corvetas e mais encargos numa Marinha caótica, com falta do essencial, se temos navios Patrulha Oceânica de 1800 toneladas, para fazer o trabalho que fazem OVP ou NPO, por todo o mundo.
E se tivéssemos corvetas era com que armamento minimalista? Uma peça de 76 e um par de 12,7mm? Ou era melhor a 30mm e umas 7,62mm não fosse ser muito bélico.
E as guardas costeiras apresentam melhores armas e equipamentos que os NPO nacionais.

E o NPO era usado em quê?
Novamente a pergunta complicada
Passeios de convívio
 

Num País onde se canta o Hino assim, não admira

Somos recorrentemente uma vergonha em tanto que se faz, por causa de certas mentes 
« Última modificação: Maio 02, 2022, 09:18:13 am por Pescador »
 

*

papatango

  • Investigador
  • *****
  • 7493
  • Recebeu: 973 vez(es)
  • +4596/-871
Re: Projecto NPO 2000 da Marinha Portuguesa
« Responder #5178 em: Maio 02, 2022, 09:34:44 am »
Citar
Não, não temos de ter corvetas e mais encargos numa Marinha caótica, com falta do essencial, se temos navios Patrulha Oceânica de 1800 toneladas, para fazer o trabalho que fazem OVP ou NPO, por todo o mundo.

O NPO-2000 foi pensado para ser um navio a utilizar no Atlântico, em alto-mar, investigar o tráfego marítimo, identificar navios, apoiar navios com problemas, efectuar operações de Busca e Salvamento, mostrar bandeira e assim influenciar favoravelmente a pretensão portuguesa de extensão da Zona Económica Exclusiva. Isto tudo no contexto pós-guerra fria, em que não haveria ameaças a este tipo de navio.

E aqui não há grande volta a dar. Este é o objetivo politico que em última análise está por detrás do projeto, e acredito que todos estamos de acordo quanto a estes factos.

Na brincadeira, chamamos os NPO de traineiras. Na verdade, a traineira é um tipo de embarcação com características, de entre as quais as que mais se destacam são a estabilidade e a capacidade de enfrentar mares muito agitados.
Um patrulha oceânico tem que ter capacidade para continuar a sua missão, independentemente da condição de mar.
Para isto, a sua dimensão precisa ser grande (para um patrulha) e porque as missões são longas, precisa ser espaçoso, possuindo ainda espaço para acomodar pessoas, no caso de salvamentos em alto-mar.

Estas são apenas algumas das características e na maioria dos casos o projeto NPO-2000 responde aos quesitos.

Para esta função, a  peça inicialmente prevista de 40mm serve perfeitamente como armamento principal ...

Seria até interessante perguntar, quantas vezes um navio de patrulha ou guarda costeira da NATO abriu fogo no Atlantico nos últimos 70 anos ...
Durante a guerra do bacalhau, a Islandia acabou derrotando a Royal Navy, com patrulhas de 900t e sempre que há problemas, os navios de guerra são chamados, como no caso da guerra da Palmeta em que os espanhóis enviaram uma fragata OHP para as águas do Canadá.

Um NPO é um carro da policia. Deveremos achar que colocar uma peça de 105mm num FIAT faz do FIAT um carro de combate ?

As marinhas são feitas para servir o país e as suas necessidades estratégicas. O Atlantico, é a nossa mais imperiosa necessidade. O NPO-2000 existe porque o Atlantico Norte o exige.

Se achamos o golfo da Guiné importante (e é, por causa da Nigéria) então temos que ter capacidade para ter navios que cumpram a missão.
Se a missão é uma missão de Policia... então mandemos o carro da polícia.

Se o carro da policia não serve, então tem que se dizer ao ministro da defesa que o carro não serve para a missão.
Quando o ministro da defesa pertence a um governo de ignorantes ...
Não sei realmente o que se deveria fazer  :mrgreen:
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
 
Os seguintes utilizadores agradeceram esta mensagem: Vicente de Lisboa

*

papatango

  • Investigador
  • *****
  • 7493
  • Recebeu: 973 vez(es)
  • +4596/-871
Re: Projecto NPO 2000 da Marinha Portuguesa
« Responder #5179 em: Maio 02, 2022, 09:51:27 am »
Só mais um detalhe sobre o envio de navios como o NPO para lugares como o golfo da Guiné...

Há situações, em que os países recusam a presença de navios de marinhas estrangeiras, ou se recusam a colaborar, quando os navios enviados em missões como as de patrulha, possuem capacidades superiores às das embarcações das suas próprias marinhas.

Portanto, há aqui que considerar a questão política, da relação entre Portugal e os países africanos, alguns dos quais, só de pensar em tropas de uma ex potência colonial de volta a África, quase que começam a pensar em convocar uma reunião do Conselho de Segurança da ONU...




Estas coisas não têm nada a ver com um pobre desafinado a tentar cantar o hino...  :mrgreen:
O problema nem é eles desafinarem, é terem tentado um arranjo diferente do oficial e retirado a música... às vezes querer fazer diferente, dá m####...
Não é um momento feliz, faz-me lembrar aquela demonstração de um UAV da marinha com a presença do ministro Aguiar Branco ...
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
 
Os seguintes utilizadores agradeceram esta mensagem: Vicente de Lisboa

*

NVF

  • Investigador
  • *****
  • 5385
  • Recebeu: 4029 vez(es)
  • Enviou: 10039 vez(es)
  • +8453/-245
Re: Projecto NPO 2000 da Marinha Portuguesa
« Responder #5180 em: Maio 02, 2022, 10:18:15 am »
Outras nações desenham os seus OPV para mares tão ou mais agitados que o Atlântico Norte. Curiosamente, com armamento principal entre os 30 mm e os 76 mm, com radares de vigilância e EO militares, com vel. máxima na casa das 20 nós, com deslocamentos entre as 1.500 ton e as 4.500 ton. Os NPO “checkam” quase todos itens, excepto na inércia em equipá-los devidamente para desempenhar missões de duplo-uso — conceito holístico tão em voga —, porque o que tu descreves é um perfil de missão completamente civil, que contradiz o que estava inicialmente planeado.

Basta uma comparação, ao de leve, com os Meteoro — que foram transformados em corvetas para a Arábia Saudita — para ver o quão pobre é o desenho da classe Viana do Castelo.
Talent de ne rien faire
 
Os seguintes utilizadores agradeceram esta mensagem: P44, Charlie Jaguar, tenente, Stalker79, Pescador

*

papatango

  • Investigador
  • *****
  • 7493
  • Recebeu: 973 vez(es)
  • +4596/-871
Re: Projecto NPO 2000 da Marinha Portuguesa
« Responder #5181 em: Maio 02, 2022, 10:48:47 am »
Ahhh ...
pois

Aí temos que ir para o tema do "juntar os pontos" e do que realmente está por detrás dos objetivos apresentados.

Nós fomos todos levados a pensar uma coisa, mas a realidade acaba por ser outra.
Os navios da classe Meteoro deslocam quase 3000t e não são comparáveis em nada ao NPO.
E sim, por alguma razão na brincadeira às vezes chamamos traineiras aos Viana do Castelo.

Eu atraí sobre mim algumas iras no passado, exatamente quando disse que os navios eram eminentemente civis.  :mrgreen:
Os NPO, tiveram várias inspirações e uma delas foi a classe Castle, que era flexível e até tinha capacidade para uma plataforma para um helicóptero não orgânico.

Depois começámos todos a acrescentar coisas e a achar que o navio ficava mais guerreiro com os acrescentos.
E estamos todos - bom, falo por mim - frustrados com o estado de coisas a que isto chegou.

Eu não ponho em causa as verdades aqui expostas, apenas tento colocar-me na pele de quem teve que tomar decisões, sem dinheiro, sem apoio político e com a necessidade de tentar um equilíbrio quase impossível entre o que é possível fazer, o que é impossível fazer, o que é necessário fazer.

É muito fácil para nós, atrás de um computador...



Adicional:
Estamos também a esquecer as consequenciais da absoluta trapalhada que foi desde antes do inicio do processo, a confusão nos ENVC, e a incompetência, o fim dos ENVC e agora a West Sea, que está mais interessada em produzir navios de cruzeiro.
Isto de proteger a industria nacional tem muito que se lhe diga... O custo real de cada navio da classe ...
É melhor nem pensar.

Ainda que... diga-se, o problema é generalizado (embora a gente se governe bem com os males dos outros)
« Última modificação: Maio 02, 2022, 11:00:41 am por papatango »
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
 

*

Pescador

  • Investigador
  • *****
  • 4070
  • Recebeu: 2641 vez(es)
  • Enviou: 2194 vez(es)
  • +5704/-2812
Re: Projecto NPO 2000 da Marinha Portuguesa
« Responder #5182 em: Maio 02, 2022, 11:36:02 am »
Como já estive muitas vezes com as botas no pó, outras outro calçado a condizer, o computador para mim é até como me dizem, um paradoxo.

Mas também um paradoxo, é uma Marinha de Guerra, mesmo usando alguns meios de duplo uso, que nada tenho contra se tiverem essa capacidade de duplo uso, onde não se consegue conceber um navio Patrulha desarmado e sem meios de detecção e vigilância adequados. Tudo o mais é escamotear a coisa.
Usados para os fins que se sabe, ou sabem alguns, que não andam distraídos com o "mar chão e bons ventos" e outros coloridos .
Estar armado com meios que os outros não têm?
Então vão de traineira, porque é uma ofensa ir com um navio tão "complexo".
Nunca ouvi essa, mas convém então equacionar o envio de veículos modernos para acompanhar as tropas por exemplo na RCA, não vá ofender alguém por lá.
Já o facto de a 2ª serie de NPO não ter arma principal e EO, ao contrário da primeira nada tem a ver com melindrar outros. Pois quando vão os navios da primeira série não melindram. Ou melhor é desarmar esses também? vendam isso em segunda mão e invista-se em golf.
Quanto ao principio de não irem mais armados que os outros,  é naif e, ao contrário devem ir de forma equilibrada, mas a ser algo superior as ameaças possíveis de enfrentar. Mais ainda capacitados de as detectar eficazmente e com antecipação, tal como a capacidade de vigiar uma área substancial.
Quando a armas e ameaças. O principio é, ou devera ser, para um certo grau de ameaça, usar o nível de força logo acima e proporcionalmente capaz de eliminar ou obstar a que essa ameaça produza resultados e, não igual como num mano a mano a ver quem leva a melhor.

Eu, correndo o risco, que me é indiferente, de ser ácido ou achado pior que isso, continuo com a "tecla". Os NPO assim servem só alguns interesses. Nada, mesmo nada justifica andarem sem arma principal e sem o EO, que ainda mais estava previsto e existe na primeira série.
Os Navios em questão, são aquilo que são, tendo em conta que foram projetados há varias décadas, onde o laxismo e comodismo permitiu que ainda hoje nem metade dos previstos estejam construídos, sem que grande ruído tivesse sido feito.
Mas já que estão construídos alguns e pretendem continuar a construir, que os equipem de meios capazes de tarefas diversas de modo a aproveitar a plataforma e a colmatar deficiências de capacidades necessárias numa Marinha que nem fragatas de jeito tem, mas precisa de ter com real capacidade não para "fragataspatrulha" de segunda linha. E uma Marinha que na camada dirigente tem dados exemplos de comentários tristes conhecidos, senão não tinha chegado a este ponto vergonhoso, não só para a Marinha, mas para toda a Nação pela imagem daquilo que projecta lá fora, no que diz respeito aos meios e, a falta de capacidades cá dentro.
A Marinha não pertence a uns quantos que dela se servem, mas sim ao País e tem responsabilidades perante aqueles que contribuem para a sua existência.  Não para turismo, para protocolos de conveniência, para orientar vidas.


Existe uma função inerente à Instituição e ao seu efectivo, que está acima de seus interesses, comodismos, jeitos, mas sim de representar uma Nação.
Gastar numa Marinha para cargos e vidinhas, não vale a pena, se não  cumprir a função. E para isso tem de se equipar de forma equilibrada e conveniente e, de entender o seu papel.
Não isto, num País com tamanha responsabilidade marítima nacional e compromissos internacionais. Virado para o mar, como dizem patéticos em discurso de ocasião. Onde a face do País, tanto historicamente como geograficamente no contexto actual, deve estar mais que espelhada na Marinha.

 
« Última modificação: Maio 02, 2022, 12:01:01 pm por Pescador »
 
Os seguintes utilizadores agradeceram esta mensagem: P44

*

dc

  • Investigador
  • *****
  • 8559
  • Recebeu: 3912 vez(es)
  • Enviou: 722 vez(es)
  • +4988/-790
Re: Projecto NPO 2000 da Marinha Portuguesa
« Responder #5183 em: Maio 02, 2022, 01:35:35 pm »
Hoje em dia a operação de um OPV, não se resume à patrulha/fiscalização em alto mar. As Marinhas de uma forma generalizada têm encolhido, sobretudo em termos de navios de combate (fragatas, corvetas), e com esta redução, as que restam, não conseguem fazer todas as missões sozinhas. E é aí que entram os OPVs, para missões de baixa/muito baixa intensidade e civis, que não exijam a operação de uma fragata. Em Portugal, para determinadas missões, ou há NPOs ou fragatas, e nada pelo meio, e numa Marinha que apenas tem uma fragata operacional (2 num "dia" bom), não se pode dar ao luxo de a enviar para combater a pirataria.

As Corvetas, foram "convertidas" em patrulhas, sobretudo para poupar dinheiro, removendo sistemas de combate e assim reduzindo a guarnição. Tal como tantas outras decisões tomadas nas décadas de 80/90, como a não-modernização das João Belo (que a certa altura se pensou em incluir mísseis Exocet), e que acabou por ficar reduzida a uma modernização superficial, que inclusive retirou aos navios capacidade ASW de forma a, e passo a citar "prolongar a sua vida operacional em mais 10 anos e adequar os navios para o cumprimento das suas missões actuais e de manutenção de paz". As próprias Baptista de Andrade chegaram a ter em mira uma modernização que incluísse Exocet e Aspide, que tal como as JB, não se veio a suceder. Ou seja, sempre falta de verba.

E esta sina repetiu-se novamente nos últimos anos, em que durante muito tempo se planeou uma modernização a sério para as VdG, que entretanto nunca foi realizada, passando mais recentemente o plano a ser usar as VdG como "fragatas de patrulha", com uma modernização ligeira (planeada na LPM), que tanto quanto sabemos, pode ver reduzidas as capacidades dos navios (retirada de mísseis ou capacidade ASW ou o que seja), e no fim, ficaríamos com uma Marinha de 2 fragatas BD, 3 NPO-gigantes VdG, 10 NPOs.

A situação é grave, e espero que se tenham deixado destas ideias estúpidas ao ver as mudanças que o mundo teve este ano.
 
Os seguintes utilizadores agradeceram esta mensagem: P44, NVF, Duarte, Pescador

*

papatango

  • Investigador
  • *****
  • 7493
  • Recebeu: 973 vez(es)
  • +4596/-871
Re: Projecto NPO 2000 da Marinha Portuguesa
« Responder #5184 em: Maio 02, 2022, 02:52:05 pm »
Citar
A situação é grave, e espero que se tenham deixado destas ideias estúpidas ao ver as mudanças que o mundo teve este ano.

E o trágico é que muita gente estava consciente de que o problema já existia há anos e a coisa continuou a agravar-se quase ao ponto do ridiculo.

A questão das fragatas é patética, mas permito-me dizer que se as fragatas pudessem desempenhar as suas funções tão bem quanto os patrulhas oceanicos conseguem desempenhar as suas, estariamos muito bem...

De qualquer das formas, eu diria que o governo da geringonça andou a empurrar a questão com a barriga, principalmente porque os comunistas só aceitam aumentos de despesas militares desde que seja para salários.
O país escolheu estas soluções governativas. Foram as que foram, e não há nada a fazer quanto ao passado. Os comunistas não estavam no poder diretamente, mas controlavam o governo se quisessem.

Resta saber se agora vai haver alterações.
Os dois NPO que estão desarmados, podem desempenhar missões de fiscalização. Não acredito que fiquem eternamente dessa forma, já que se os próximos seis navios forem encomendados, o armamento que possuirem deverá ser utilizado para os outros dois. É pelo menos o que diz a lógica...

É um bocado triste ver as Vasco da Gama serem relegadas a funções de "patrulha" principalmente porque isso quer dizer que rapidamente serão encostadas ...
Duas fragatas e dois submarinos ...  :o
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
 
Os seguintes utilizadores agradeceram esta mensagem: Duarte

*

Pescador

  • Investigador
  • *****
  • 4070
  • Recebeu: 2641 vez(es)
  • Enviou: 2194 vez(es)
  • +5704/-2812
Re: Projecto NPO 2000 da Marinha Portuguesa
« Responder #5185 em: Maio 02, 2022, 03:11:06 pm »
Dado quase não haver navios e os existentes são uma anedota, só me admira haver tantos postos superiores na Marinha; será para comandar navios não combatentes e obsoletos? Afinal qual a relevância desses comandos?


Quando ao Hino, não foi desafino, por isso coloquei aqui. É uma interpretação própria do Hino Nacional. Se calhar um dia será ao som do Kizomba ou Rap.
E como estamos numa de interpretação, é a amostra da linha de mentalidade quiducha de bananal que se instala.
Na linha do deixa andar soft

Por isso temos a série de NPO soft, onde só falta a pintura arco iris a condizer. Mas....pode seguir o exemplo das passadeiras do outro
 

*

P44

  • Investigador
  • *****
  • 18294
  • Recebeu: 5541 vez(es)
  • Enviou: 5949 vez(es)
  • +7163/-9540
Re: Projecto NPO 2000 da Marinha Portuguesa
« Responder #5186 em: Maio 02, 2022, 03:31:59 pm »
Então , têm de existir comodoros e almirantes para comandar forças tarefa a bordo de navios estrangeiros, senão onde vão buscar o "prestígio"?

Quanto aos 6 NPOs prometidos pelo dr. chamuças em 2018 (também só foi há 4 anos atrás, nada de especial), quando vir acredito.

Mais a mais com o dr medinov a ministro das cativações, estou mesmo a ver isso a acontecer...

Talvez se a NATO ameaçar que nos expulsa da organização, e/ou nos troca por Marrocos ( ficavam melhor servidos de certeza), e aí acaba-se a desculpa de "contarmos com o apoio dos aliados" . Se bem que com tanto generalato pró -russo, mais governantes sem um pingo de patriotismo, se calhar nem assim e ainda pediam a adesão à Rússia como a República Ibérica dos DumbAss.
"[Os portugueses são]um povo tão dócil e tão bem amestrado que até merecia estar no Jardim Zoológico"
-Dom Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas
 
Os seguintes utilizadores agradeceram esta mensagem: Duarte

*

papatango

  • Investigador
  • *****
  • 7493
  • Recebeu: 973 vez(es)
  • +4596/-871
Re: Projecto NPO 2000 da Marinha Portuguesa
« Responder #5187 em: Maio 02, 2022, 04:34:12 pm »
Bom... 2018 ...

Eu estava a referir-me a isto:

https://dre.tretas.org/dre/4791651/despacho-1158-2022-de-28-de-janeiro


E já agora...
Eu não me lembro bem, posso estar enganado mas...
O terceiro e quarto casco não era suposto ser o navio de combate à poluição ? ... o que depois foi alterado ?
« Última modificação: Maio 02, 2022, 04:37:01 pm por papatango »
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
 

*

Pescador

  • Investigador
  • *****
  • 4070
  • Recebeu: 2641 vez(es)
  • Enviou: 2194 vez(es)
  • +5704/-2812
Re: Projecto NPO 2000 da Marinha Portuguesa
« Responder #5188 em: Maio 03, 2022, 10:10:03 am »
Então , têm de existir comodoros e almirantes para comandar forças tarefa a bordo de navios estrangeiros, senão onde vão buscar o "prestígio"?

Quanto aos 6 NPOs prometidos pelo dr. chamuças em 2018 (também só foi há 4 anos atrás, nada de especial), quando vir acredito.

Mais a mais com o dr medinov a ministro das cativações, estou mesmo a ver isso a acontecer...

Talvez se a NATO ameaçar que nos expulsa da organização, e/ou nos troca por Marrocos ( ficavam melhor servidos de certeza), e aí acaba-se a desculpa de "contarmos com o apoio dos aliados" . Se bem que com tanto generalato pró -russo, mais governantes sem um pingo de patriotismo, se calhar nem assim e ainda pediam a adesão à Rússia como a República Ibérica dos DumbAss.

Somos a comédia da NATO. Os polacos já se adiantaram, porque não andam com toalhetes mornos e a coçar para dentro.
Cá os Bonecos sempre vão tendo um lugar em navios a sério onde ganham custas e Curriculum para subir na carreira. Não servem para mais nada.

Outros gostam e dá-lhes jeito este estado de coisas, porque são civis empregados na Marinha. Nada de complicar. Por isso navios não combates de coisa nenhuma e nem capacidade de jeito para vigilância e socorrer é a opção certa. Metam espreguiçadeiras nos conveses
« Última modificação: Maio 03, 2022, 10:19:30 am por Pescador »
 
Os seguintes utilizadores agradeceram esta mensagem: LM, P44, Charlie Jaguar, Subsea7

*

PereiraMarques

  • Moderador Global
  • *****
  • 7933
  • Recebeu: 1267 vez(es)
  • Enviou: 345 vez(es)
  • +5172/-235
Re: Projecto NPO 2000 da Marinha Portuguesa
« Responder #5189 em: Maio 03, 2022, 11:00:38 am »
A "adenda" deve ser para incluir os Tomahawk  :mrgreen:

Despacho n.º 5138/2022
Defesa Nacional - Gabinete da Ministra
Subdelega no diretor-geral de Recursos da Defesa Nacional, Dr. Vasco Manuel Dias Costa Hilário, a competência para aprovação e outorga da adenda ao contrato para aquisição de seis novos navios patrulha oceânicos (NPO) da classe «Viana do Castelo»

https://dre.pt/dre/detalhe/despacho/5138-2022-182786121