Só para apimentar com algumas notícias recentes:
Energia - Energy
DEFESA@NET 04 Janeiro 2008
RR 04 Janeiro 2008 Nº 3290
Relatório Reservado
Brasil mira o topo do ranking do urânio
O Brasil repousa sobre uma espécie de “Tupi do urânio”, um conglomerado de reservas capaz de transformar o país no maior produtor mundial do minério.
A Indústrias Nucleares Brasileiras (INB) e a Companhia de Recursos Minerais (CPRM) mapearam novas jazidas, com potencial estimado de 800 mil toneladas. Somando-se às reservas já confirmadas, em torno de 200 mil toneladas, o Brasil ultrapassará Cazaquistão, Austrália, África do Sul, Estados Unidos e Canadá, saindo do sexto posto para o topo do ranking do urânio. A maior parte das novas jazidas está concentrada em um raio de ação de 200 quilômetros nos estados do Amapá, Tocantins e Amazonas, um trunfo em termos de economicidade e logística. A descoberta terá as mais diversas conseqüências.
Dará um novo empuxo ao programa nuclearbrasileiro. O país terá autosuficiência para abastecer todo o complexo de Angra dos Reis, incluindo a terceira usina e as quatro geradoras que o governo pretende construir no Nordeste.
As novas reservas também impulsionarão a tecnologia de enriquecimento do urânio desenvolvida pela Marinha. Consequentemente, o Brasil ganhará outro status no mercado internacional. Em vez do minério in natura, poderá exportar o produto enriquecido para os grandes compradores mundiais – Europa, Estados Unidos e Ásia.
Os preços internacionais da libra-massa de yellow cake (urânio concentrado e purificado)
não param de crescer. Nos últimos cinco anos, passaram de US$ 9,50 para US$ 95,00. As reservas vão também valorizar o processo de licitação da exploração e produção de urânio no país já anunciado pelo governo.
O INB e a CPRM aceleram o estudos para que as novas jazidas sejam incluídas no mapeamento que servirá como base para o leilão das concessões
E:
Energia - Energy
DEFESA@NET 15 Janeiro 2008
O Globo 14 Janeiro 2008
Brasil se prepara para exportar concentrado
de urânio em 2014
Preço do minério, que há 6 anos custava US$12, chegou a bater US$135
Ramona Ordoñez
O Brasil está se preparando para se tornar um exportador de concentrado de urânio, conhecido como yellow cake (pó amarelo), que é a primeira etapa de produção do combustível para usinas nucleares. A informação foi dada pelo presidente da Indústrias Nucleares do Brasil (INB), Alfredo Tranjan Filho, ao explicar que a idéia é quadruplicar a produção atual, de 400 para 1,6 mil toneladas, a partir de 2012. Segundo o executivo, a lei que regula o setor no país só permite a exportação do combustível se houver excedente. Tranjan calcula que, a partir de 2014, esse excedente comece a ser gerado, já levando em conta a entrada em operação da usina nuclear Angra 3 em 2012 e de quatro a oito usinas até 2030, dependendo do crescimento do mercado.
O presidente da INB - empresa responsável pela produção do combustível para as usinas nucleares - disse que não será preciso autorização do Congresso para o país exportar urânio. Segundo o executivo, basta se criar excedente e ter autorização da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), o órgão regulador e fiscalizador das atividades nucleares no país:
- O atendimento do mercado interno é fundamental. Não pode haver um apagão de urânio no futuro.
Déficit de 50 mil toneladas anuais de urânio em 2021
Tranjan afirmou que o Brasil não pode perder essa oportunidade que se apresenta no mundo. Os preços do urânio aumentaram cerca de dez vezes nos últimos seis anos. De US$12 a libra (meio quilo), chegaram a custar US$135. Atualmente, o urânio está cotado no mercado internacional a US$90 a libra. Além disso, acredita o presidente da INB, a expectativa é que esses preços continuem elevados. Segundo dados internacionais, a expectativa é de um déficit de urânio de 50 mil toneladas anuais a partir de 2021 no mundo.
Para Tranjan, além de o Brasil só poder pensar em exportar os excedentes do concentrado de urânio, os recursos com as vendas externas somente poderão ser usados na ampliação do próprio ciclo do combustível. Com a construção da fábrica de conversão (que transforma o pó de concentrado de urânio em um gás, o UF6) e ampliação das demais unidades do ciclo, principalmente a do enriquecimento, o Brasil dará um salto em sua posição estratégica no mundo. De acordo com Tranjan, enquanto o concentrado de urânio está cotado a cerca de US$180 a tonelada, o urânio enriquecido está sendo vendido no mercado internacional por US$1.200 a tonelada.
- Nós temos tudo para sermos um importante exportador de urânio. Temos reservas suficientes não apenas para atender à nossa futura demanda, como a tecnologia para a produção do combustível - destacou Tranjan, ao lembrar que, além das 441 usinas em operação no mundo, há 13 em construção, e estão planejadas outras 60 até 2030.
O presidente da INB disse que a oportunidade é única e tem que ser aproveitada neste momento. Segundo ele, a expectativa é que a demanda pelo urânio no mundo vá até 2060, quando a tecnologia atual da fissão nuclear deverá ser substituída pela fusão nuclear.
Projetos já aprovados na Bahia e no Ceará
Para atender ao aumento da demanda futura, a INB já aprovou projetos de exploração. Um dos primeiros é a ampliação da capacidade de produção na mina de Caetité, na Bahia, das atuais 400 toneladas anuais de concentrado de urânio, que atendem à demanda de Angra 1 e Angra 2, para 800 toneladas a partir de 2012. Esse aumento virá da mudança da tecnologia e da expansão da área a ser minerada. O investimento nesse projeto está estimado em R$60 milhões.
Outro projeto em andamento é a produção de urânio na mina de Santa Quitéria, no Ceará. Nessa mina, o urânio está associado ao fosfato. Por isso, a INB está em processo de licitação, buscando um parceiro interessado em explorar o fosfato.
Segundo Tranjan, até meados de fevereiro a empresa deverá anunciar o sócio do projeto, que custará US$200 milhões para a exploração do fosfato e outros US$30 milhões para a exploração, pela INB, do urânio. Três empresas apresentaram propostas: Bunge, Galvani e Vale. Tranjan explicou que a expectativa é que Santa Quitéria produza 120 mil toneladas anuais de fosfato e 800 toneladas de urânio em 2012:
- Com o aumento da produção de concentrado para 1.600 toneladas a partir de 2012, estimamos que vamos começar a gerar excedentes exportáveis a partir de 2014, porque no início vamos precisar de um volume significativo para Angra 3.
Reservas podem ser o quádruplo das atuais
Volume de urânio no país passaria de 1,2 milhão de toneladas
O Brasil tem a sexta maior reserva de urânio do mundo, com um volume conhecido de 309 mil toneladas. O presidente da Indústrias Nucleares do Brasil (INB), Alfredo Tranjan Filho, lembra que essas reservas foram apuradas até 1987, ou seja, há mais de 20 anos. Segundo ele, não se pesquisou mais o potencial de reservas de urânio no país por dois motivos: o programa nuclear brasileiro ficou praticamente parado nestes 20 anos e as reservas conhecidas são suficientes para atender à demanda das usinas já em operação - Angra 1 e 2, além de Angra 3, prevista para ser inaugurada em 2014, e mais outras 12 usinas de mil megawatts de capacidade cada uma, que poderiam operar até o horizonte de 2060.
Pelos estudos da estatal Empresa de Pesquisa Energética (EPE), se o país crescer a uma taxa de 4,1% ao ano, serão necessárias quatro usinas nucleares de mil megawatts cada até 2030. Caso a economia cresça a 5,1%, serão necessárias oito usinas até 2030.
Segundo adiantou Tranjan, mesmo antes de se realizarem os levantamentos geológicos mais profundos, estima-se que existam mais de 900 mil toneladas de reservas de urânio no Brasil, além das 309 mil apuradas até agora. Somente na região de Pitinga, no Amazonas, estudos preliminares indicam que devem existir, pelo menos, 150 mil toneladas de urânio, mesmo volume estimado para a região de Rio Cristalino, no Ceará. Além disso, há indicativos de que outras bacias devem conter mais 500 mil toneladas.
O presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) - órgão licenciador e regulador do setor no país -, Odair Dias Gonçalves, é mais cauteloso ao falar sobre exportação. Segundo Gonçalves, a produção das 400 toneladas de urânio por ano atende sem folga a Angra 1 e Angra 2, e, quando há algum problema na mina, falta o produto.