EL REGRESO DE PORTUGAL A EUROPA

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Dinivan

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EL REGRESO DE PORTUGAL A EUROPA
« em: Março 06, 2005, 07:51:34 pm »
Otro artículo del siempre interesante real instituto elcano:

Tema: Eleições legislativas em Portugal

Resumo: As eleições legislativas em Portugal abrem um novo ciclo político, tanto interno como em termos de relações externas. Pese a ausência da política externa, de uma forma geral, na campanha eleitoral, o facto é que o país terá que enfrentar grandes desafios na frente externa, agora com uma legitimidade interna acrescida.

Análise: O resultado das eleições de 20 de Fevereiro marca uma viragem significativa no panorama político português. Pela primeira vez o Partido Socialista consegue a maioria absoluta dos lugares na Assembleia da República, existindo simultaneamente um reforço significativa das formações políticas mais à esquerda no espectro político, o Partido Comunista e o Bloco de Esquerda. Quanto à direita, destaca-se a grande descida dos dois partidos que compunham a coligação que governava o país desde 2002, o Partido Social Democrata e o Partido Popular.

A política externa foi a grande ausente do debate eleitoral em Portugal. Com a excepção de algumas referências – mesmo assim breves – ao Pacto de Estabilidade, sobretudo tendo em conta que a situação económica dos últimos três anos foi sempre apresentada pelo Governo precisamente como consequência da necessidade de sanear as contas públicas para cumprir as metas do Pacto, a actuação externa de Portugal não foi uma «frente de batalha» entre as forças políticas. Esta ausência deve-se essencialmente a dois grandes motivos: por um lado, a própria situação política interna do país, uma vez que estas foram eleições antecipadas, fruto da crise provocada pela saída de Durão Barroso para a presidência da Comissão Europeia, a subsequente tomada de posse de Pedro Santana Lopes como primeiro-ministro e a posterior decisão do Presidente da República, Jorge Sampaio, de dissolver a Assembleia da República e convocar eleições. Em segundo lugar, o facto de existir, um consenso entre os dois principais partidos – o Partido Socialista e o Partido Social Democrata – relativamente à União Europeia, se bem que com nuances, em relação ao jogo europeu.

Encontram-se em todos os partidos políticos vozes discordantes em relação às linhas da política externa portuguesa, nomeadamente quando se trata de questões relacionadas com o aprofundamento da integração europeia, mas a oposição mais activa está concentrada em partidos colocados mais nos extremos do espectro político, tanto à direita como à esquerda. De qualquer forma, o referido aumento da representação parlamentar dos dois partidos mais à esquerda não tem uma relação directa com as suas posições em relação à União Europeia, pelo que não deverá condicionar a actuação do Governo. Assim sendo, o que esperar dos próximos quatro anos, com um governo liderado pelo Partido Socialista, apoiado numa confortável maioria parlamentar?

Essencialmente, espera-se um regresso de Portugal ao centro dos debates europeus, por duas razões. Em primeiro lugar, porque o triplo desafio que constitui a negociação das perspectivas financeiras para 2007-2013, a revisão do Pacto de Estabilidade e a Estratégia de Lisboa é, por si só, extremamente exigente e requer toda a atenção por parte das autoridades portuguesas. A estratégia passa por relacionar os três dossiers, fazendo com que a definição das perspectivas financeiras e a revisão do Pacto de Estabilidade sejam feitas em função dos objectivos da Estratégia de Lisboa. Trata-se não só de um debate vital para o próprio futuro europeu– afinal, concretizar os objectivos expressos na Estratégia de Lisboa, de fazer da Europa o espaço económico mais dinâmico e competitivo do mundo, baseado no conhecimento e capaz de garantir um crescimento económico sustentável, com mais e melhores empregos e com maior coesão social – mas também para o desenvolvimento económico de Portugal. Aliás, a inovação e a criação de emprego foram dois dos aspectos centrais da campanha eleitoral do Partido Socialista, o vencedor das eleições do passado dia 20 de Janeiro. Será, assim, de esperar, um empenhamento redobrado de Portugal no cumprimento das metas traçadas pela Estratégia de Lisboa, que servirá também os interesses de aumento do emprego e de crescimento da economia portuguesa, igualmente vital para o processo de saneamento das contas públicas e para a redução do défice orçamental.

Em segundo lugar, espera-se que o governo do Partido Socialista regresse a uma política activa e determinada no seio dos 25. A posição de Portugal na União Europeia pode, de uma forma muito esquemática, resumir-se em três grandes etapas. Desde a adesão até 1995 (o primeiro governo socialista de António Guterres) foi a chamada fase do «bom aluno», uma fase em que Portugal se mantinha muito reticente em relação à Europa política, pouco participativo na cena internacional e (demasiado) concentrado apenas na dimensão económica da integração europeia. De 1995 a 2002, foi o tempo da maturidade e da participação plena de Portugal em todos os domínios da integração europeia, incluindo a política externa e de defesa, com a participação nas missões na Bósnia e no Kosovo.

De 2002 a 2005, a política externa portuguesa ficou marcada sobretudo pela posição em relação à guerra no Iraque, que marcou, de facto, algum afastamento em relação às posições assumidas pela maioria dos Estados membros e, ainda mais importante, pela esmagadora maioria dos cidadãos europeus, incluindo os portugueses. O Partido Socialista opôs-se ao apoio dado pelo governo de Durão Barroso à posição de George W. Bush e ao subsequente envio de forças da Guarda Nacional Republicana (GNR) para Nassiria, se bem que realçando sempre a necessidade de cumprir os compromissos assumidos pelo Estado português. O ultimo destacamento da GNR regressou ao país no início de Fevereiro e José Sócrates, o futuro primeiro-ministro, declarou então publicamente que não enviaria militares portugueses para o Iraque, sustentando a necessidade de integrar futuras missões portuguesas no quadro da União Europeia: «Portugal pode e deve integrar-se na estratégia europeia e deve estar apenas em tudo o que seja definido pela Europa no que diz respeito ao apoio político à reconstrução, mas não deve ter qualquer presença militar no Iraque». Espera-se, assim, do novo governo português uma atitude muito mais empenhada na União Europeia, sobretudo em comparação com a actuação do governo liderado por Pedro Santana Lopes. Na verdade, a presença do Partido Popular na coligação governamental já impunha por si só uma atitude mais reticente em relação à Europa, mas essa atitude acabou por ser reforçada com a saída de Durão Barroso, pois não se pode considerar que a União Europeia fosse, de algum modo, uma prioridade política do primeiro-ministro Pedro Santana Lopes.

Paralelamente, os dirigentes do Partido Socialista têm também referido a necessidade de reforçar o papel do multilateralismo nas relações internacionais. O programa eleitoral do Partido Socialista refere que «a matriz das relações por que nos batemos deve ser a que assenta na Carta das Nações Unidas, no reforço do papel do Conselho de Segurança e da credibilidade das demais instituições do sistema das Nações Unidas, bem como na cooperação aberta entre várias organizações regionais, tenham elas incidência na área económica, comercial e financeira ou na área da diplomacia, da segurança, do controlo de armamentos e na sua redução gradual, mútua, equilibrada e verificável». Ao mesmo tempo, sendo certo que não se conhecem pormenorizadamente as ideias do novo primeiro-ministro em relação à Europa, a verdade é que entre os seus colaboradores mais próximos se encontram dirigentes socialistas com um passado de profundo envolvimento e participação em todas as questões europeias, nomeadamente o antigo Comissário António Vitorino, ou mesmo o próprio António Guterres, agora presidente da Internacional Sociaista.

Espera-se, assim, do novo governo que prossiga uma política muito mais activa em relação à União Europeia, procurando participar plenamente em todas as dimensões da integração. Aliás, o próprio programa eleitoral do PS sustenta precisamente que «participar no núcleo duro do processo de construção europeia exige também que Portugal esteja preparado para integrar todas as dinâmicas de aprofundamento que o novo Tratado perspectiva, designadamente nas políticas externa, de segurança e defesa, e de construção do espaço de liberdade, segurança e justiça».

Em paralelo com este «regresso à Europa», espera-se igualmente um empenhamento na reconstrução das relações transatlânticas, na linha do euro-atlantismo há muito preconizado por Portugal. Não se trata aqui de reavivar um velho debate português que opunha a aliança com os Estados Unidos ao aprofundamento da integração europeia – a dicotomia Atlântico versus Europa está já ultrapassada – mas sim de reconstruir a relação entre os dois lados do Atlântico, um passo indispensável para a estabilidade e a segurança internacionais, tentando, no fundo, multilateralizar a acção de Washington.

Em termos mais imediatos, o novo governo terá que se concentrar no processo de ratificação do Tratado Constitucional. A via escolhida já estava definida – a realização de um referendo, sendo a primeira vez que os cidadãos portugueses serão chamados a pronunciar-se directamente sobre a participação do país na União – mas é necessário agora reiniciar todo o processo. Em Novembro de 2004, o Tribunal Constitucional chumbou a pergunta que tinha sido proposta – Concorda com a Carta de Direitos Fundamentais, a regra das votações por maioria qualificada e o novo quadro institucional da União Europeia, nos termos constantes da Constituição para a Europa? – por considerar que era pouco clara, quando a clareza é precisamente um dos requisitos previstos na Lei Fundamental do país. De acordo com o programa eleitoral do Partido Socialista, o referendo deverá ser antecedido de uma revisão constitucional que permita que a pergunta a colocar aos portugueses seja mais clara e precisa. A actual Constituição não permite que se referende directamente a aprovação de um tratado internacional, mas apenas que se coloque em apreciação as opções fundamentais desse mesmo tratado, o que impossibilita que seja colocada uma pergunta tão simples como aquela a que responderam os espanhóis, também a 20 de Fevereiro. Aqui, levanta-se outra questão, pois a revisão constitucional extraordinária exige a aprovação por quatro quintos dos deputados – ou seja, exige necessariamente um acordo entre o Partido Socialista e o maior partido da oposição, o Partido Social Democrata. A tudo isto acresce o calendário eleitoral português, com eleições autárquicas no final de 2005 e presidenciais em 2006, que deixa pouca abertura para a marcação de novas consultas eleitorais. Finalmente, é igualmente preciso entrar em linha de conta com a enorme pressão existente para que se realize novamente um referendo sobre a interrupção voluntária da gravidez. Este é um ponto importante para os dois partidos mais à esquerda, o Partido Comunista e o Bloco de Esquerda, e o próprio primeiro-ministro indigitado, José Sócrates, já confirmou publicamente a sua realização, sem avançar ainda um calendário. Daí que, apesar das intenções declaradas, ainda haja de facto lugar para, por força das circunstâncias, se optar por uma ratificação parlamentar.

Já em relação a Espanha, a primeira nota é igualmente a sua ausência da campanha. Em actos eleitorais anteriores, a utilização do fantasma espanhol, nomeadamente a ameaça da chamada «invasão económica» sempre foi um elemento presente. A ausência do argumento é ainda mais significativa quando ele sempre surgiu com mais vigor em época de crise económica, como a que actualmente se vive. Para além da razão já invocada relativa à especificidade deste acto eleitoral, a verdade é que parece ser cada vez menos provável que este argumento consiga recolher votos, por um lado, e muito menos que a mudança política em Portugal tenha como consequência uma alteração radical do relacionamento com o país vizinho. Mesmo que ainda persistam algumas desconfianças latentes em Portugal, a verdade é que a normalização das relações com Espanha, fruto sobretudo da convivência conjunta de quase vinte anos nas instituições europeias, é hoje um dado adquirido. O que se espera, sobretudo, é que seja possível aos dois países trabalhar em conjunto nos grandes dossiers negociais que a União vai enfrentar, onde os interesses em comum são certamente muito mais importantes do quaisquer eventuais divergências. Estes foram os temas em agenda no encontro que José Sócrates teve com o Presidente do Governo espanhol, José Luiz Rodriguez Zapatero, tendo o agora primeiro-minstro indigitado sublinhado a coincidência de pontos de vista em relação às questões europeias.
 
Aliás, Sócrates e Zapatero assinaram um artigo conjunto, publico no semanário Expresso (22 de Janeiro de 2005), intitulado «Para uma Europa do século XXI», onde defendem a importância da Constituição Europeia. O mesmo se aplica à necessidade de trabalhar em conjunto para desenvolver as relações entre a União Europeia e outras regiões do mundo, nomeadamente o Mediterrâneo e a América Latina. Trata-se, afinal, de conseguir garantir o necessário equilíbrio entre o Leste e o Sul, tanto em termos internos como no que se refere ao relacionamento externo da União. Como afirmou Miguel Moratinos, a União tem que continuar a desenvolver as suas relações com os «velhos» vizinhos e não se pode limitar aos «novos».

Conclusões: O novo governo português, saído das eleições de 20 de Fevereiro, terá como principal tarefa recolocar Portugal no centro da Europa, não só para conseguir a defesa de interesses específicos do país, como também para poder participar activamente no actual momento europeu, num período marcado por negociações extremamente importantes, em relação às quais será muito importante conseguir a convergência de pontos de vista com Espanha. Conta para tal, com uma legitimidade interna muito forte, que lhe advém do resultado eleitoral que alcançou. O essencial será garantir que o país regresse ao centro do debate europeu, em todos os domínios políticos.
 

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papatango

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« Responder #1 em: Março 07, 2005, 10:05:22 pm »
Trata-se de um texto interessante, embora com os problemas que sempre se reconhecem nas ideias sobre Portugal, quando vindas do país vizinho.

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Essencialmente, espera-se um regresso de Portugal ao centro dos debates europeus
Pare quem está fora dos debates, se calhar até se posicionou bem, ao conseguir a presidência da UE.

Citar
De 2002 a 2005, a política externa portuguesa ficou marcada sobretudo pela posição em relação à guerra no Iraque, que marcou, de facto, algum afastamento em relação às posições assumidas pela maioria dos Estados membros
Fora Alemanha, França Grécia e Luxemburgo, os restantes países da UE não se opuseram com unhas e dentes à intervenção. Colocaram reservas ou apoiaram.
Mas claro, temos que nos habituar: França e Alemanha, é que decidem o que é a Europa.

Citar
António Guterres, agora presidente da Internacional Sociaista.
Ainda bem que é Presidente e não Tesoureiro, se não, a Internacional Socialista já estava mergulhada num pântano.
(Sorry, não resisti :mrgreen:
Os nossos vizinhos nunca perdem a oportunidade para se darem ares. :roll:
Todos os comentários vindos de Espanha, acabam sempre no mesmo. Convergência.  :twisted:
Continuamos a dourar a pilula, ou será o caramelo ? :mrgreen: ?

=
Uma nota final, para referir, (porque vem a propósito) a curiosa declaração do Primeiro Ministro espanhol, ao dizer que Portugal e Espanha acertaram os ponteiros.

As declarações foram produzidas, numa altura em que George Bush visitou a Europa para reatar os laços partidos. Portugal, pode reatar esses laços, com toda a facilidade, aliás nunca os cortou. A Espanha, ficou totalmente de fora dessa reconciliação. A América não se esquece. Por isso, nunca como agora, foi importante a Portugal não aparecer colado a Espanha. Se o fizermos acabaremos sofrendo as consequências. É essencial não acertar relógios com a Espanha, principalmente neste momento.

A nossa politica externa, também terá problemas, pois provavelmente haveria outras pastas em que Freitas do Amaral ficaria melhor que os Negocios Estrangeiros, no entanto, o realismo e a capacidade de Freitas do Amaral, deverão ser suficientes para obviar o problema. Freitas do Amaral, é provavelmente dos politicos mais brilhantes que existem em Portugal. Embora não esteja de acordo com os posicionamentos dele sobre a américa - ainda que concorde com o que ele diz sobre os Neoconservadores - Freitas do Amaral, não perdeu nenhuma das suas qualidades.

Cumprimentos
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
 

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ferrol

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« Responder #2 em: Março 10, 2005, 09:30:19 am »
Citação de: "papatango"
Trata-se de um texto interessante, embora com os problemas que sempre se reconhecem nas ideias sobre Portugal, quando vindas do país vizinho.[...]

Os nossos vizinhos nunca perdem a oportunidade para se darem ares. :roll:

Fonte do artigo:
http://www.realinstitutoelcano.org/analisis/703.asp
Autora:Maria João Seabra

http://www.quarteto.pt/autores/autor.asp?PnID=106
Citar
Maria João Seabra-Santos é psicóloga, doutorada em Psicologia, área de Avaliação Pedagógica pela Universidade de Coimbra. É professora auxiliar e membro do Serviço de Avaliação Psicológia e Reabilitação da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra. É ainda investigadora do Centro de Psicopedagogia da Universidade de Coimbra e está certificada na aplicação e interpretação da Neonatal Behavioral Assessment Scale.


Este é, por tanto, un artigo escrito en Portugal por unha portuguesa doutora en Psicoloxía, polo que criticar o artigo dicindo que son comentarios "vidos da Espanha" e "darnos aires" non teñen razón de ser aquí.

Polo que a min respecta, paréceme un comentario coherente sobre a situación de Portugal en Europa e da necesidde, hai moito tempo predicada por min dunha maior unión entre os 2 países atlánticos, agora que a UE desvíase cara ó leste.

Súdos, e a ver se deixamos os prexuizos...
Tu régere Imperio fluctus, Hispane memento
"Acuérdate España que tú registe el Imperio de los mares”
 

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ferrol

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« Responder #3 em: Março 10, 2005, 09:31:16 am »
Vaia, sempre se repiten as mensaxes...
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Dinivan

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« Responder #4 em: Março 10, 2005, 08:28:47 pm »
Perdonen la confusión que se pueda haber creado por haberme olvidado poner el enlace al artículo y su autora
 

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papatango

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« Responder #5 em: Março 10, 2005, 11:26:30 pm »
Não há qualquer confusão sobre o autor do texto.

Não é o autor ou autora que está em causa, é a instituição que o mandou publicar, ou que pagou o artigo.

Em toda a nossa história Castela sempre acarinhou todos aqueles que de uma forma ou de outra, pudessem dar a Portugal e aos portugueses a ideia de que a "via normal" é a "Castelhana".

Sempre houve pessoas que se dispuseram, a troco, sabe-se lá de o quê, a fazer este jogo.

O Instituto D'Elcano, jamáis publicaría O QUE QUER QUE FOSSE, que não estivesse conforme os dogmas da Santissima Madre Castilla.

Portanto, TUDO, absolutamente TUDO o que eu disse, procede. O facto de a propaganda de Castela, ser escrita por uma portuguesa, não lhe altera a procedência.

Citar
É professora auxiliar e membro do Serviço de Avaliação Psicológia e Reabilitação
---
está certificada na aplicação e interpretação da Neonatal Behavioral Assessment Scale.

Citar
Mesmo que ainda persistam algumas desconfianças latentes em Portugal, a verdade é que a normalização das relações com Espanha, fruto sobretudo da convivência conjunta de quase vinte anos nas instituições europeias, é hoje um dado adquirido.


Gostava de saber, qual dos vários conhecimentos desta senhora a capacitará para dizer isto, será a capacidade de interpretação das opiniões dos recem-nascidos? :mrgreen:

Cumprimentos
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Luso

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« Responder #6 em: Março 10, 2005, 11:42:15 pm »
Também quem dá importância a um artigo "político" escrito por uma... mulher é porque está bem apanhado!
 :roll:

Vasconcelos de saias agora!...
Aposto que com isto ganhou um vale de compras na Zara.
- Fuésga-se!
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

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ferrol

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« Responder #7 em: Março 14, 2005, 11:25:01 am »
Citação de: "papatango"
Não é o autor ou autora que está em causa

Citação de: "papatango"
Gostava de saber, qual dos vários conhecimentos desta senhora a capacitará para dizer isto,
Efectivamente, a autora non estaba en causa... :mrgreen:[/quote]¿Podo probar eu tamén? Imos aló:
Hai, PT, PT, isto é o que faz o Vinho Verde de boa qualidade, está visto :mrgreen:


Citação de: "Luso"
Também quem dá importância a um artigo "político" escrito por uma... mulher é porque está bem apanhado!

Transcríbolle unha das normas do forum, a ver que lle parecen:
"não serão tolerados quaisquer insultos ou ofensas de carácter pessoal, sexual, racial ou religioso contra pessoas".

E agora, vou consultar co administrador, a ver que lle parece a él a súa expresión. Particularmente, me parece vergoñante que a estas alturas do século XXI haxa que ler estas cousas, pero non son eu que o ten que poñer no rego, senón o administrador.
Tu régere Imperio fluctus, Hispane memento
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CC

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« Responder #8 em: Abril 12, 2005, 08:50:18 pm »
Citação de: "papatango"
Trata-se de um texto interessante, embora com os problemas que sempre se reconhecem nas ideias sobre Portugal, quando vindas do país vizinho.

Pelo menos Espanha tem ideias sobre nós... agora nós não temos ideias sobre nada...


Citação de: "papatango"
Fora Alemanha, França Grécia e Luxemburgo, os restantes países da UE não se opuseram com unhas e dentes à intervenção. Colocaram reservas ou apoiaram.
Mas claro, temos que nos habituar: França e Alemanha, é que decidem o que é a Europa.


França e Alemanha são as potencias na Europa (UK incluído). O eixo franco-alemão tem ideias claras sobre o que quer e que futuro quer. Nós andamos perdidos... não é uma questão de hábito mas sim da supremacia dos mais fortes



Citação de: "papatango"
A verdade, é que Portugal nunca esteve no centro da Europa. Sempre foi um país periférico. Entre a Europa e a África, entre a Europa e a América. Esse posicionamento garantiu a sua existência. De outra forma, o país não existiria.

Portugal pode e deve ter a Europa no centro das suas atenções, mas colocar-se no coração da Europa, sería contra-natura, e , conforme indica a história, suicida.


De acordo excepto na parte do periférico (periferia de quê se o Atlantico é que é o centro), mas o que tem acontecido é que os nossos politicos têm continuamente virado as costas para o mar, razão da nossa existência. As pescas são o que são, a marinha mercante é inexistente e a marinha de guerra está nas últimas.... no entanto não faltam auto-estradas que encaixam perfeitamente nas auto-estradas espanholas para Madrid ficar mais perto. Ou será Lisboa mais perto de Madrid?
 

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papatango

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« Responder #9 em: Abril 12, 2005, 09:44:10 pm »
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Pelo menos Espanha tem ideias sobre nós... agora nós não temos ideias sobre nada...
É uma ideia interessante, mas, eu sou português e sei muito bem onde coloco a Espanha. Quando você fala em nós, estará (digo eu) a falar por si...
não? :mrgreen: Os Britânicos, não querem a Euiropa, mas os governantes e as empresas querem à força.
Isto é que é o nucleo que sabe para onde quer ir...
Comparado com isto nós somos uma nação determinadíssima.


Citação de: "CC"
De acordo excepto na parte do periférico (periferia de quê se o Atlantico é que é o centro),
Perifería da Europa Central, e do chamado poder continental, por oposição ao poder que sempre se lhe opôs, e que foi o poder atlântico.

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As pescas são o que são, a marinha mercante é inexistente e a marinha de guerra está nas últimas.... no entanto não faltam auto-estradas que encaixam perfeitamente nas auto-estradas espanholas para Madrid ficar mais perto. Ou será Lisboa mais perto de Madrid?
Por muito que se diga, a marinha de guerra está melhor que o que esteve na maior parte do periodo que vai de 1640 a 1960 (320 anos) em que chegou, pura e simplesmente a não ter barcos. A marinha mercante Portuguesa, comparada com a Espanhola, que está num extertor final, de agonia, é uma super-potência. Os Espanhóis. não são nenhum papão. Por isso, as auto-estradas não fazem mal nenhum.

Eu cá por mim, ainda há duas semanas estive em Espanha. Eu não tenho complexos nenhuns, para com os espanhóis. Aliás até lhes acho piada. É tudo uma questão de mentalidade.

Cumprimentos
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CC

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« Responder #10 em: Abril 12, 2005, 10:02:54 pm »
Citação de: "papatango"
É uma ideia interessante, mas, eu sou português e sei muito bem onde coloco a Espanha. Quando você fala em nós, estará (digo eu) a falar por si...
não? :mrgreen: Os Britânicos, não querem a Euiropa, mas os governantes e as empresas querem à força.
Isto é que é o nucleo que sabe para onde quer ir...
Comparado com isto nós somos uma nação determinadíssima.

As crises são temporárias ... as ideias mantêm-se sempre. A Alemanha desde que foi unificada por Bismarck nunca abandonou os seus objectivos apesar de por 2 vezes ter levado nas orelhas
Portugal vive da História... é grandiosa sim senhor... mas o que passou passou e há que pensar no presente e no futuro. Investir mais fortemente nas relações com o Brasil e nos países de lingua lusófona... e quando falo em investir não é dar dinheiro (que é o que fazemos normalmente) é dar crédito (como por exemplo o Brasil está a fazer com angola).


Citação de: "papatango"
Perifería da Europa Central, e do chamado poder continental, por oposição ao poder que sempre se lhe opôs, e que foi o poder atlântico.

Isso é o pensamento continental. O centro não está aí. O atlântico norte é que é o centro mas nós não estamos a aproveitar a nossa localização priveligiada. Um país que não tenha mar (ou seja no centro de um continente) está mal localizado... alguns exemplos: Cazaquistão, Rep. Centro Africana, Paraguay, Bolivia... excepção são alguns países europeus mas cujos povos não diferem dos vizinhos com mar (Austria, R. Checa, etc...)

Citação de: "papatango"
Por muito que se diga, a marinha de guerra está melhor que o que esteve na maior parte do periodo que vai de 1640 a 1960 (320 anos) em que chegou, pura e simplesmente a não ter barcos. A marinha mercante Portuguesa, comparada com a Espanhola, que está num extertor final, de agonia, é uma super-potência. Os Espanhóis. não são nenhum papão. Por isso, as auto-estradas não fazem mal nenhum.

Eu cá por mim, ainda há duas semanas estive em Espanha. Eu não tenho complexos nenhuns, para com os espanhóis. Aliás até lhes acho piada. É tudo uma questão de mentalidade.

Cumprimentos


Claro que não são nenhum papão, mas ao contrário dos nossos líderes eles têm um plano e seguem-no. Nós seguimos os outros...
E já agora eu até gosto bastante de espanha... moro pertíssimo ;)
 

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JoseMFernandes

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« Responder #11 em: Abril 17, 2005, 06:02:49 pm »
Realmente talvez seja preciso estar distanciado um pouco de Portugal para entender melhor a verdadeira entrada em força da economia espanhola na Europa(se bem que o meu pai vivendo em Toronto no Canada, quase me confirmou a mesma impressao, relativamente a América).Neste momento, nos mercados de Bruxelas,Estrasburgo,Amesterdao, Lyon, Luxemburgo,Paris, Viena, Copenhaga ou Berlim( exemplo de cidades onde trabalho normalmente ou me desloco com frequencia) os produtos espanhois sao referencia, tanto mais que concorrem em vantagem em termos de qualidade se nao de preço com os produtos norte-africanos (muitos dos quais chegam a Europa em sistemas 'paralelos').Como exemplo as pequenas mercearias turcas e arabes de bairro vendendo basicamente produtos mediterranicos, apresentam maioritariamente etiquetados espanhois(desde fruta a conservas) tal  como os super/hipermercados dispoem dos seus produtos frescos,congelados, curados(um 'must), vinhos (outro 'must' a preço razoavel), etc...etc...
Os produtos portugueses, vendidos nas mercearias portuguesas sao da qualidade usual no nosso pais, mas reduzidas em termos de escolha.Os vinhos sao relativamente caros perante a concorrencia, mesmo comparando a sua qualidade, e os restantes produtos dificilmente ultrapassam a comunidade portuguesa(exceptuando alguma doçaria, como os pastéis de Belém).Restaurantes portugueses servem principalmente a comunidade( !!) e  outros que estendem o seu ambito, acabam por servir uma culinaria que nao pode ser denominada como tradicional portuguesa (exceptuando o bacalhau e mesmo assim... em versao local e corrigida), enquanto a cozinha espanhola e especialmente  bares de 'tapas' estao na moda(e obviamente o turismo em Espanha mantém a preferencia dos autoctones...mas isso é outra historia).  
Se pensarmos que os principais diarios espanhois(mesmo que a sua comunidade, seja pouco maior que a nossa) estao disponiveis diariamente, na sua ediçao papel ao mesmo tempo que os belgas, gauleses, tedescos ou batavos, as 7 h. da manha no quiosque ao lado da minha casa, e obviamente por toda a cidade..., e os poucos jornais lusos chegam duas ou tres vezes por semana, ao fim da tarde a tres ou quatro sitios da capital!
Da que pensar e fazer reflectir os portugueses...!!!
 

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papatango

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« Responder #12 em: Abril 17, 2005, 09:31:21 pm »
Acho que não nos devemos preocupar demasiado com esse tipo de questões. Os circuitos de distribuição são os que são. Eu por exemplo, nunca encontrei produtos espanhóis na Alemanha, e a qualidade, não é nem melhor nem pior, é apenas a normal.

Acho que o que devemos sempre ter em consideração, é que somos um país pequeno, e não nos podemos comparar com a Espanha. Pura e simplesmente não faz sentido. É uma questão de economia de escala, que não nos deve meter medo, temos apenas que aceita-la. Sempre fomos mais pequenos.

Lembrem-se dos Lusiadas:
“... Porque não é das forças lusitanas,
Temer poder maior, por mais pequeno;”
Os Lusiadas (III-99)

O nosso problema com os espanhóis, é um problema histórico e político, e embrenha-se na história, mas o que precisamos garantir, é a continuidade do nosso espirito independentistas, que não permitiu que o país desaparecesse.

Isso faz-se com estudo, e cultura, e não com “anti-espanholismos” estéreis. Acima de tudo, temos que ter em consideração, que em Portugal, os espanhóis só fazem o que nós deixarmos que eles façam.

E para garantir isso, estão as Forças Armadas, que é para isso que servem, e que é, segundo a Constituição da República: Defender a integridade territorial da Nação, defender o Estado e o Povo.

Tudo o resto são cantigas. Cada macaco no seu galho.
Já começar a promover a língua de países estrangeiros, como a Espanha, pode ser perigoso, desde que ultrapasse os limites do razoável.

Pessoalmente, acredito que continuamos, hoje como ontem, e provavelmente como amanhã, a rejeitar a Espanha, porque é Espanha, e porque séculos e séculos de conflitos, deixam marcas que não podem ser apagadas em apenas alguns anos. E o anti-espanholismo (melhor dizendo anti-castelhanismo, que é o que é na realidade), é um estimulante sinal de vigor da sociedade portuguesa.

Se formos capazes de ler um texto, e entender quando ele é encomendado pelos espanhóis, mesmo sendo escrito por uma portuguesa, então saberemos continuar a ser nós próprios.

Avancemos sem medos. :mrgreen:

Cumprimentos
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...