Mercenários Brasileiros

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Mercenários Brasileiros
« em: Fevereiro 06, 2005, 02:53:25 am »
Os mercenários brasileiros

Fonte: O Globo

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Atraídos pela promessa de bons salários em dólar, mais de 500 brasileiros estão se alistando para atuar como mercenários no Iraque. O recrutamento vem sendo feito, em segredo, por representantes de uma empresa supostamente sediada na Flórida que estão atuando em São Paulo e Goiânia. O alvo dos agenciadores são militares e ex-militares brasileiros dispostos a ir para o Iraque em troca de um salário mensal que pode variar entre US$ 6,5 mil e US$ 8 mil (R$ 17 mil e R$ 20,9 mil). Sua tarefa, anunciam os prepostos da empresa americana no Brasil, será vigiar instalações militares em território iraquiano.

O GLOBO localizou e conversou com um dos candidatos inscritos para o trabalho no Iraque. Temendo represálias dos agenciadores, ele pediu para não ser identificado e revelou que, embora tenha medo da missão, está disposto a encará-la pelo dinheiro.

— Na situação que estou vivendo aqui, qualquer coisa vale a pena. Um dia vou ter que morrer mesmo, não é? — afirmou o candidato, que serviu por um ano no Exército e atualmente trabalha como vigilante.

São Paulo e Goiânia são alvos de recrutadores

O recrutamento dos brasileiros começou no segundo semestre do ano passado por dois alemães que se apresentam como representantes do Departamento de Segurança Global da Inveco International Corporation. Pelo menos dois desses recrutadores, Frank Guenter Salewski, de 39 anos, e Heiko Helmut Emil Seibold, de 34, já foram identificados e estão sendo investigados por autoridades brasileiras.

A dupla tem atuado em São Paulo e Goiânia, mas o esquema se estende a outras capitais, como Curitiba e Brasília. Seibold chegou a ser sócio de uma empresa de segurança de Goiânia. Saiu da empresa depois que os demais sócios descobriram que ele estava usando o nome da firma para arregimentar militares.

— Fomos traídos por ele, que nunca nos contou que estava alistando gente para trabalhar no Iraque — diz Antônio Mesquita, um dos proprietários da agência.

Hoje, Seibold presta serviços avulsos a empresas de vigilância de Goiânia. Salewski, baseado em São Paulo, trabalha como instrutor de segurança.

Enquanto a seleção final não vem, os pretendentes são obrigados a preencher um questionário que antecipa as cláusulas contratuais e revela que a empresa quer nada mais que mercenários. A ficha — de cinco páginas com questões em inglês e num português mal traduzido — verifica a disposição dos interessados em arriscar a vida em troca de dólares. Indaga, por exemplo, se o candidato tem consciência de que trabalhará em ambiente hostil e se ele está disposto a assumir os riscos.

O recrutamento não é anunciado publicamente. O convite é feito a partir de indicações de quem já se alistou. E todo o processo corre em sigilo. A empresa exige que os interessados saibam manusear fuzil, pistola e metralhadora.

A oferta de emprego inclui a suposta garantia de que a permanência no Iraque não passará de seis meses. A hospedagem, segundo explicou Seibold em reunião com candidatos em dezembro, seria em tendas do Exército americano e a alimentação também seria a mesma dos militares dos EUA. Semanalmente, os mercenários teriam direito a dez minutos de internet para se comunicar com os familiares no Brasil.

Procurado pelo GLOBO, Salewski negou por telefone que estaria recrutando brasileiros para o Iraque, embora seu nome apareça em todo o material apresentado aos candidatos.

— Tenho amigos que estão indo para o Iraque, mas são da Alemanha. Essa informação de que estou recrutando brasileiros não é verdadeira — afirmou Salewski, com um forte sotaque alemão.

Seibold também foi procurado, mas não retornou as ligações.

A despeito do perigo, a oferta de trabalho temporário no conflagrado território iraquiano tem atraído o interesse não só de jovens recém-saídos das Forças Armadas como também de militares ainda em serviço. Em Goiânia, onde a Inveco já alistou mais de cem candidatos, a última reunião com os interessados foi feita em dezembro, no salão de festas do prédio onde mora Seibold, no Setor Oeste, um bairro de classe média alta da cidade.

Nesse encontro, Seibold anunciou que ainda analisará currículos e, depois, submeterá os candidatos a uma prova de fogo: um treinamento de uma semana, em território brasileiro, indicará os mais aptos a encarar a linha de frente do conflito.

Os dois representantes da Inveco no Brasil, porém, são relativamente conhecidos na área policial. Há pelo menos cinco anos eles ministram cursos de táticas especiais em escolas privadas e até em academias de polícia. Ambos se apresentam como ex-agentes de forças militares alemãs. O currículo de Seibold destaca sua experiência no manuseio de 17 modelos de armas, de pistolas a fuzis AR-15 e AK-47.

A arregimentação de militares brasileiros para trabalhar no Iraque inclui outras empresas. Sediada em Curitiba, a TEES Brazil admitiu em sua página na internet que fez uma sondagem de interessados e 300 pessoas mandaram currículos. A empresa, porém, anunciou ter desistido de enviar homens ao Iraque “em virtude de crescente instabilidade na região, em especial a que diz respeito à segurança de contratados estrangeiros trabalhando no país”. De acordo com estimativas do governo provisório iraquiano, há no país mais de 50 mil homens trabalhando em situação ilegal, como seguranças. Boa parte desse contingente é de mercenários.
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papatango

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(sem assunto)
« Responder #1 em: Fevereiro 06, 2005, 02:43:44 pm »
Ainda há poucos dias vi um bocado de um documentário no Canal História ou no Discovery (não me lembro) sobre o soldado do futuro, referindo-se ali que como no passado (os reis contratavam soldados para lutar) acabaremos por voltar ao tempo em que os soldados serão todos mercenários.

Isto levanta questões muito importantes e da maior transcendência, pois se pensarmos bem, com o fim do serviço militar obrigatório, será ou não verdade que os militares passaram todos a ser mercenários?

Deixo estas perguntas:

Devemos redefinir o conceito de mercenário?

Podem no futuro haver empresas destinadas a recrutar mercenários, tornando-se possível contratar exércitos quando se quer combater uma guerra?

Estão os países europeus e os Estados Unidos a criar na prática exercitos mercenários que lutam por dinheiro?

Será possível um dia, um país contratar uma empresa particular, como a Haliburton, para invadir outro país?

Será possível um dia, um grupo, contratar uma empresa para dar um golpe de estado?



Cumprimentos
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
 

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dremanu

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« Responder #2 em: Fevereiro 08, 2005, 01:21:53 am »
Citação de: "papatango"
Devemos redefinir o conceito de mercenário?

Não.

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Podem no futuro haver empresas destinadas a recrutar mercenários, tornando-se possível contratar exércitos quando se quer combater uma guerra?

Creio que já existem algumas, e que geralmente atuam em África, no Afeganistão, e Iraque.

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Estão os países europeus e os Estados Unidos a criar na prática exercitos mercenários que lutam por dinheiro?

Não creio. Se formos a ver, quase sempre todos os exércitos existiram porque existia a oportunidade de lucro, através de salários pagos aos soldados, e da pilhagem a se obter pós-batalha.

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Será possível um dia, um país contratar uma empresa particular, como a Haliburton, para invadir outro país?

Só se for em África.

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Será possível um dia, um grupo, contratar uma empresa para dar um golpe de estado?


Só se for em África.

Coitadinhos dos Africanos.... :D
"Esta é a ditosa pátria minha amada."
 

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Yosy

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« Responder #3 em: Fevereiro 08, 2005, 12:27:48 pm »
Citação de: "papatango"
Será possível um dia, um grupo, contratar uma empresa para dar um golpe de estado?


Foi tentado o ano passado - uma empresa contratou um grupo de mercenários para provocar um golpe de estado na Guiné Equatorial. Resultado: foram todos apanhados.

Mercenário é a 2ª profissão mais velha do mundo. Nunca acabará.
 

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Miguel

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« Responder #4 em: Fevereiro 08, 2005, 02:35:23 pm »
:lol:
 

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Paisano

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« Responder #5 em: Fevereiro 08, 2005, 03:00:28 pm »
Recrutamento de mercenários sob suspeita

Fonte: O Globo

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BRASÍLIA. O Ministério Público do Trabalho vai investigar o recrutamento de militares e ex-militares brasileiros para trabalhar no Iraque. A decisão foi anunciada ontem pela procuradora-geral do Trabalho, Sandra Lia Simón, após o GLOBO revelar a existência de um esquema que já alistou ao menos 500 brasileiros que querem ir ao país vigiar instalações militares, em troca de generosos salários em dólar.

O recrutamento vem sendo monitorado pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que no fim do ano passado chegou a comunicar ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva o risco de em breve haver brasileiros mortos em conflitos no Iraque.

— Nós informamos ao presidente o que está acontecendo, para que ele não seja surpreendido se algum desses militares acabar morrendo por lá — disse uma alta fonte da agência.

Com base na reportagem do GLOBO, a procuradora-geral do Trabalho informou que determinará amanhã a abertura de investigação nas cidades de São Paulo, Goiânia e Curitiba, onde o recrutamento vem sendo feito. Em São Paulo e Goiânia, o agenciamento da mão-de-obra militar é feito pelos alemães Frank Guenter Salewski e Heiko Helmut Seibold, que dizem estar a serviço da empresa americana Inveco International Corporation.

Responsáveis poderiam ser punidos

Em Curitiba, a empresa TEES Brazil chegou a alistar 300 interessados, mas depois anunciou ter desistido da missão no Iraque, por motivo de segurança.

A investigação do Ministério Público do Trabalho pretende averiguar possíveis irregularidades trabalhistas na arregimentação, e pode ser o ponto de partida para que responsáveis pelo esquema sejam punidos.

— Vamos investigar como se dá esse recrutamento. Para fazer agenciamento de mão-de-obra é preciso cumprir obrigações previstas na legislação brasileira — diz a procuradora-geral.

Caso os procuradores do trabalho constatem a ocorrência de crime, o caso será encaminhado também para o Ministério Público Federal, que tem atribuição de processar criminalmente os envolvidos.
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« Responder #6 em: Fevereiro 09, 2005, 04:12:51 pm »
Mercenários: empresa cita militares brasileiros

Fonte: O Globo

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BRASÍLIA. A Inveco International, empresa supostamente sediada nos Estados Unidos que estaria por trás da contratação de mercenários brasileiros para trabalhar no Iraque, anuncia em seu material de propaganda que possui em seus quadros policiais militares e até integrantes de forças especiais da Marinha do Brasil. Um vídeo da empresa chega a mostrar o distintivo oficial dos comandos anfíbios da corporação.

O GLOBO teve acesso ao vídeo e a um folder apresentados durante uma reunião em dezembro do ano passado, em Goiânia. Do encontro, promovido pelos alemães Frank Guenter Salewski e Heiko Emil Seibold, participaram cerca de cem candidatos, todos militares da ativa ou da reserva. Salewski e Seibold se apresentam como representantes da Inveco no Brasil.

Vídeo exibe imagens que seriam do Exército brasileiro

O panfleto diz que a empresa é composta por oficiais da ativa ou ao menos formados por esquadrões táticos de polícias militares do Brasil e também de forças especiais da Marinha. “Todos os nossos membros são altamente treinados e experientes para combater insurgências e guerrilhas”, destaca o papel, com texto em inglês, acrescentando que o grupo de profissionais da empresa, embora particular, é administrado de acordo com padrões militares. A Inveco garante possuir homens treinados em esquadrões anti-bomba e especializados em serviços militares em áreas de risco.

Uma das páginas explica a organização da empresa. A oferta de homens para segurança privada é feita pela Inveco Global Security Group (IGSG), divisão da Inveco International Holding — em outros documentos, é identificada como Inveco International Corporation. Salewski aparece como oficial executivo. Já o cargo de Seibold é o de oficial de operações. Um irmão dele, Ralf, seria coordenador de segurança. O panfleto traz supostos contatos da empresa nos EUA, Costa Rica, Suíça e Brasil.

O vídeo, exibido num telão na reunião em Goiânia com os interessados na missão no Iraque, repete as informações do folder, mas inclui imagens que seriam de treinamentos do Exército Brasileiro. Traz ainda trechos de aulas de tática policial e de tiro em academias de segurança de Goiânia. Há imagens de soldados do Exército participando de exercícios militares na selva.

No fim do vídeo, um texto informa que a equipe da Inveco é formada por grupos especiais das polícias militares de São Paulo, Goiânia e até do Rio, além de integrantes de forças navais especiais. Ao citar as polícias militares, o texto relaciona as siglas GATE, COE e BOPE, de batalhões de operações especiais das corporações. Logo após, aparece o distintivo do Comando de Operações Anfíbias da Marinha do Brasil, formado por um crânio ladeado por asas, desenhado sobre uma âncora.

O Ministério da Defesa informou que vai analisar as imagens. Os responsáveis pelo uso indevido de marcas militares poderão ser acionados na Justiça. Quanto à possível existência de militares da ativa nos quadros da empresa, a assessoria do ministério informou que a prestação de serviços privados contraria as normas das Forças Armadas.
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Sgt Guerra

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« Responder #7 em: Maio 23, 2005, 08:58:47 pm »
Eu não acredito nessa história.  A TEES BRAZIL desmetiu essa noticia atráves de email. A empresa tem uma preocupação enorme em manter suas atividades dentro da lei, eu duvido que eles entrariam nessa.
 
   Quanto a mercenários:
   E se um pais que fosse atacado pelos EUA contratasse mão-de-obra terrorista para se livrar do invasor? Seria o outro lado da moeda?