GNR a postos para missão europeia em território afegãoA hipótese de um reforço português em território afegão pode passar, afinal, pela GNR. A entrada em Cabul de uma força europeia, a 24 de Dezembro, dá novo alento à hipótese, mas tem ainda entraves orçamentais e de meios da própria força portuguesa, hoje dividida entre Timor e a Bósnia. A decisão cabe ao Governo, mas pode não merecer contestação do PSD e CDS.
A entrada da gendarmerie europeia no Afeganistão (Eurogenfor), no dia 24 deste mês, abre a porta a que Portugal possa optar pelo envio de forças especiais da GNR para aquele território, confirmou o
DN. A questão está a ser avaliada pelo Governo "há largas semanas" e prende-se, apenas, por uma decisão política.
Em causa está uma missão específica: formar a polícia afegã para controlo da ordem pública, em Cabul. Mas a questão envolve sempre alguma sensibilidade, dada a instabilidade que se vive naquele país. A missão europeia tem já no terreno 190 homens. Mas o próprio comando, neste momento atribuído a um general francês, já falou com a GNR, pressionando a participação portuguesa, para alargar o contingente.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros limita-se, para já, a dizer que "não existe mais do que uma possibilidade, que está em permanente avaliação". Mas o certo é que o próprio Luís Amado tem reiterado a vontade do Governo em participar activamente na participação prometida pela União Europeia para aquele cenário.
No entretanto, a força portuguesa prepara-se para essa eventualidade. Segundo apurou o DN há, porém, vários obstáculos ainda por resolver. O primeiro é ao nível orçamental - é que uma presença num cenário como o afegão implica sempre um esforço considerável.
Depois, a questão dos meios. É que a unidade da GNR que está pronta para este tipo de missões está, neste momento, colocada por inteiro em Timor e na Bósnia. Pelo que a participação na força europeia poderá implicar a retirada (ou redução) do contingente num desses cenários - segundo várias fontes contactadas ontem pelo DN, muito provavelmente de Timor.
Porém, tendo em conta o tipo de missão envolvida, a opção poderia passar pelo envio de uma "unidade modular" de cerca de 15 homens. Uma versão mínima, que ainda está em cima da mesa.
O envio da GNR para uma missão deste tipo está longe de ser uma estreia. Em 2003, em circunstâncias mais polémicas, esteve no Iraque - também com funções de patrulhamento, para além da formação de polícias. Nessa altura, a GNR foi uma solução de recurso, face à ausência de um mandato da ONU e à oposição do então Presidente da República face ao envio de militares.
Neste caso, a polémica promete ser menor - mesmo que o Público de ontem avançasse que o actual chefe de Estado terá "reservas" face a um novo reforço, adicional aos 150 militares já anunciados após o pedido norte-americano de reforço internacional. Já quanto aos partidos políticos (os pró-NATO), mostram disponibilidade para conversar com o Governo. José Luís Arnaut, do PSD, e Nuno Magalhães, do CDS, disseram ao DN que ainda não foram consultados, mas não excluem a hipótese, caso seja confirmada oficialmente.
A hipótese de um reforço da presença portuguesa no Afeganistão está em cima, de resto, há vários meses. No início de Dezembro, Luís Amado deixou-o em aberto, nestes termos: "Admito que o tema possa ser objecto de uma reflexão de novo por parte das autoridades portuguesas", exigindo "uma convergência entre várias instituições".Dias depois, no
Expresso, o ministro da Defesa Santos Silva dizia, porém, que não seriam enviados mais militares. A solução GNR seria, assim, a explicação para uma posição comum.
DN