Isto lembra-me o tema da maçonaria, da qual todos falam, mas ninguém quer realmente conhecer.
Ninguém quer mesmo conhecer o elefante que está, não no canto, mas no meio da sala.
É mais fácil e cómodo e "virtuoso" dizer que são "teorias de conspiração" e acusar os outros de estúpidos, ignorantes e ingénuos ao acusar, sem conhecer, que o que sabem é de uns vídeos no youtube.
Eu também já fui assim, por isso perdoo-te, Ictério, senão mandava-te levar onde levam as galinhas.
As teorias da conspiração, são teorias da conspiração e disso não passam nem nunca passaram.
A ideia de que não sabiamos mas que depois passámos a saber porque estudámos, é engraçada, mas na maior parte dos casos esbarra nos factos.
Esse é o problema das teorias conspirativas.
Quando não possuem base, prova factual ou o que quer que seja de efetivo, inventam e disfarçam de estudo, o que na realidade é nada mais que um desejo quase religioso de que este tipo de coisas realmente sejam verdade, e expliquem tudo o que não conhecemos...
Na Alemanha da década 1930, pós 1933, de repente, este tipo de teses passaram a ser ciência.
As revistas e publicações de ciência, politica etc. desapareceram e as tabacarias de Berlim encheram-se de revistas e publicações sobre o esotérico, as publicações sobre a realidade dos judeus, o povo da atlantida e os povos que tinham chegado à terra em vários pontos.
A luta entre os povos do bem e os povos do mal, que explicava e justificava que fosse necessário prender os judeus e separa-los das raças superiores que estavam a lutar contra o mal e a defender a humanidade.
Tudo isto era suportado por livros, ideologos e teorias que na capa da revista pareciam fazer sentido.
O dinheiro dos judeus foi parar aos bolsos dos dignitários nazis. Esse sempre foi o objetivo, mas isso, não interessava para nada, porque afinal, as publicações esotéricas afirmavam sem sombra de dúvida que era a luta entre o bem e o mal que estava em causa.
O tema naturalmente dava pano para mangas, porque por detrás das teorias da conspiração - e é disso que se trata - estão sempre meias verdades.
Por isso não é honesto afirmar que, quem refere as teorias da conspiração está a chamar estúpidos aos que as defendem. O problema é que os efeitos são conhecidos, e as realidades são as que são.
O problema é que os mecanismos que explicam os acontecimentos são muitas vezes completamente diferentes.
As familias ricas dos reinos germânicos sempte cultivaram os casamentos entre elas, como forma de garantir a continuidade da fortuna.
Algumas dessas familias comportavam-se como se fossem senhores feudais, que casavam os filhos e as filhas, conforme as conveniencias do momento.
Esse comportamento foi identificado no Reino Unido e nos Estados Unidos durante o século XIX e visto como absolutamente normal e desejavel.
Mesmo em Portugal, durante a regeneração na segunda metade do sécuylo XIX e durante o Estado Novo, as principais famílias com poder economico faziam tudo para tentar atraves do casamento criar conglomerados maiores.
Eu diria que, mesmo neste ano de 2023, se for possível, pessoas ligadas às maiores empresas de Portugal, procurarão intensificar laços pessoais, que mais facilmente lhes permitam atingir objetivos.
Isto, no entanto, ocorre onde o controlo acionário das empresas estiver nas mãos de familias e não em empresas com o capital completamente atomizado.
Na Alemanha por exemplo, existem muitas empresas de consideráveis dimensões, que não são cotadas em bolsa e que estão na mão de pessoas da mesma familia. Os bancos, quando querem fazer emprestimos, uma das primeiras coisas que fazem, é entender quem vai controlar a empresa quando o patriarca morrer...
Casamentos e negócios entre familias, permitem garantir a continuidade, sem entregar as empresas a entidades externas.
Entre os meios para garantir continuidade e alianças mais ou menos discretas, estão as Maçonarias, que são meios de o conseguir e é assim há muito, muito tempo.
Em Portugal, durante o Estado Novo, a Maçonaria estava completamente controlada pela PIDE. E as ligações das pessoas "importantes" à Maçonaria, permitiam-lhes fazer pressão sobre os seus adversários, com a simples ameaça de que conheciam alguém na policia secreta.
O resultado disto tudo, é que este tipo de coisas são orgânicas. A natureza humana, quando uma pessoa ou grupo de pessoas tem poder e o quer preservar, acaba sempre por criar ou adaptar os meios para atingir os seus fins.
Não é uma grande conspiração gigantesca para controlar o mundo, são pequenas conspirações para garantir que a fortuna não se perde e que os seus sucessores vão manter algum do poder que os antepassados detinham.