Mas caro Papatango é esse um dos problemas da República: tanto o Presidente como o Governo estão ligados à partidocracia, e isso provoca conflictos entre os governos e os presidentes, pelos interesses partidários, como foi o que aconteceu quando Jorge Sampaio (PS) demitiu o governo de Santana Lopes (PSD).
O Jorge Sampaio tinha legitimidade para demitir o governo. Foi a ele, que em eleições livres os portugueses deram o poder para fazer isso. Mais de metade dos eleitores que se dignaram ir às urnas escolheram-no a ele e não a outro.
Se alguém tinha legitimidade para demitir o Santana Lopes, esse alguém era o Sampaio, por muito que eu não concorde com ele em muitas coisas.
Numa monarquia constitucional europeia e actual, um rei é apenas o Chefe de Estado, onde o povo vê a imagem do seu líder legitimo e representante máximo da Nação.
É aqui que está o seu erro, e é aqui que tropeça todo o movimento monárquico português.Numa monarquia constitucional moderna, o rei é apenas o Chefe de Estado, diz muito bem,
MAS O REI É LEGÍTIMO PARA REPRESENTAR O ESTADO, MAS NÃO PARA SER O LÍDER DESSE ESTADO.
Numa monarquia constitucional moderna, O REI NÃO É
LÍDER DE COISA NENHUMA. O rei é líder numa monarquia absoluta, o que nos dias de hoje também costumamos chamar de ditadura.
Entenda que uma coisa é ser a figura mais representativa do Estado, uma pessoa que tem funções cerimoniais, outra coisa completamente diferente é ter poder efectivo.
Numa monarquia ou numa república onde vigora um Estado de Direito, o poder emana do povo. O rei numa monarquia representa o Estado, mas não pode liderar, porque esse direito é o povo quem o dá ao poder executivo.
É por isto, que nós somos uma república e é por isto que até o Salazar escreveu que a questão da forma de governo (republicana ou monárquica) não era o problema e não era por aí que se resolviam os problemas do país.
Os monárquicos parecem querer instituir um sistema em que o rei tem poderes (de outra forma não seria líder, porque um líder sem poder não lidera). Esse sistema não existe EM NENHUMA MONARQUIA EUROPEIA.
As únicas monarquias em que o rei tem poderes, são as monarquias comunistas de Cuba e da Coreia do Norte e as monarquias do golfo (Arábias sauditas, Emirados e afins).
E claro, há também na Europa uma monarquia absoluta electiva, que tem um rei eleito: Chama-se Vaticano.
Num país como Portugal, em que caímos em crises com tanta facilidade, precisamos de quem desate os nós e desfaça os berbicachos constitucionais. Essa pessoa tem que ter o respaldo do voto, caso contrário se não o tiver, perde a capacidade para actuar, tornando-se inutil, Isto, está claro, além de se tornar uma fonte de problemas em vez de ajudar a encontrar soluções.
Para mim, o perfeito regime seria uma monarquia constitucional com um sistema bicameral, para existir uma melhor separação de poderes.
Grande parte das repúblicas são bicamerais. A existência de uma segunda câmara não está directamente relacionada com a forma de governo.
A legitimidade dos regimes, tem que ser vista à luz da situação e das circunstâncias do momento histórico em que esse regime existiu. A legitimidade hoje, seria diferente da legitimidade de 1640, por exemplo, em que um golpe palaciano impõe D. João IV. O golpe foi feito sem o conhecimento do povo e só quando o controlo do poder estava estabelecido, é que se avisou o povo.
Para piorar, entregou-se o poder à casa de Bragança, que esteve entre os principais colaboradores e traidores durante o periodo dos Habsburgos.
Será que isso é legítimo ?
As necessidades do momento é de moldam e determinam o que é legítimo ou não.
Portanto, a questão monárquica não é determinante. Neste momento, Portugal nada ganhava por ter um monarca, além do folclore e de alguma atenção mediática internacional, que acabaria por passar em alguns meses.
De facto tem mais estilo chamar a uma unidade militar «Regimento de Cavalaria da Rainha» do que «Regimento de Lanceiros»
Mas não chega.
Cumprimentos