A Responsabilidade da Marinha no Naufrágio da Praia da Légua

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Luso

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« Responder #15 em: Janeiro 08, 2007, 08:24:45 pm »
Só sabe quem estuda, Lurker! :wink:
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

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lf2a

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« Responder #16 em: Janeiro 11, 2007, 06:39:22 pm »
Ah grande TOMKAT
100% de acordo.
 :G-Ok:
 

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TOMKAT

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« Responder #17 em: Janeiro 12, 2007, 01:33:19 pm »
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Naufrágio nas mãos do ministro

Carlos Varela

A Marinha e a Força Aérea já entregaram no Ministério da Defesa os relatórios finais relativos ao naufrágio na Nazaré, onde quatro pescadores perderam a vida e dois desapareceram, soube o JN. Os documentos foram entregues anteontem à tarde nas mãos do ministro da Defesa, que deverá, em breve, pronunciar-se sobre o seu conteúdo.

Dos relatórios fazem parte a fita de tempo, correspondente ao registo das comunicações, particularmente entre o Comando Naval da Marinha de Guerra, onde foram recebidos os alertas do naufrágio, e a Capitania do Porto da Nazaré, por um lado, e entre o Comando Naval e o Comando Operacional da Força Aérea, por outro. Dos documentos fazem ainda parte as declarações dos vários elementos que participaram no processo de decisão de accionamento do socorro, que vão ser contrapostas com a fita de tempo e que foram decididos depois da FAP e da Marinha ter concluído e entregue o primeiro relatório.

Severiano Teixeira já leu a documentação e já terá uma opinião definida sobre o caso, que deverá publicitar. Quando, onde e como o ministro vai fazê-lo é que ainda não é conhecido, tendo em conta o melindre do caso. Seguro, no entanto, é que o ministro da Defesa poderá aproveitar a explicação dos factos para fazer propostas de alteração ao sistema de busca e salvamento - cenário que está em estudo. Mas há uma coisa que, no entanto, parece ser clara é que a questão do helicóptero da Protecção Civil como alternativa ao helicóptero da FAP não deverá ser considerada.

Mas, em contrapartida, um dos pontos mais delicados está associado ao primeiro e segundo alertas do naufrágio chegados ao Comando Naval. O inicial dá conta de um alerta via satélite para cerca de quatro milhas a norte do local exacto onde o naufrágio tinha ocorrido e o segundo referencia o alerta no Canadá. Aliás, só um contacto directo entre a Marinha e o armador da "Luz do Sameiro" permitiu verificar onde o navio de facto se encontrava.

....

http://jn.sapo.pt/2007/01/12/nacional/naufragio_maos_ministro.html


Espantosa a (in)exactidão da "baliza" do "Luz do Sameiro"...

"O inicial dá conta de um alerta via satélite para cerca de quatro milhas a norte do local exacto onde o naufrágio tinha ocorrido e o segundo referencia o alerta no Canadá"...

O Canadá.... numa qualquer praia portuguesa.... :roll:

De referir, segundo palavras do próprio armador, o "luz do Sameiro" tinha efectuado a inspecção periódica poucas semanas antes do naufrágio.

Por explicar fica a informação vinda a público (que só pode ter tido origem no próprio Comando Naval), de que tinha sido detectada a activação da "baliza", mas não as coordenadas da sua localização.
Afinal havia coordenadas, apesar de incoerentes.
IMPROVISAR, LUSITANA PAIXÃO.....
ALEA JACTA EST.....
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Lancero

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« Responder #18 em: Janeiro 12, 2007, 01:49:04 pm »
O sinal inicialmente apanhado julgo ter indicado a longitude, que, de facto, tanto poderia ser na costa da Nazaré (Alcobaça no caso) ou no Canadá
"Portugal civilizou a Ásia, a África e a América. Falta civilizar a Europa"

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TOMKAT

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« Responder #19 em: Janeiro 12, 2007, 02:07:38 pm »
Portugal parece ser o único país da Europa a não ter instalado um sistema de alerta dedicado que cubra a totalidade do país, segundo responsáveis da Marinha, por culpa do Governo (de quem mais podia ser)...

O sistema actualmente em serviço é o GMDSS (Global Maritime Distress and Safety System), com postos receptores no Algarve, em Lisboa e no Alfeite (?), sistema que utiliza os receptores colocados em terra, os receptores móveis em terra ao serviço da Polícia Marítima, e os receptores de uma qualquer embarcação a navegar, que ao abrigo de convenções internacionais é obrigada a comunicar qualquer recepcção de pedido de ajuda.

O que é o GMDSS...

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GMDSS
(Global Maritime Distress and Safety System)


O GMDSS é um sistema de emergência e comunicações para embarcações que substitui o anterior baseado no sistema manual de código Morse em 500 kHz e o canal de emergência 16 em VHF e 2182 kHz em MF.
O GMDSS faz parte do SOLAS da IMO (International Maritime Organization) desde 1988 como uma alteração ao sistema de comunicações então em vigor.
O GMDSS é um sistema automático que usa os satélites do sistema COSPAS-SARSAT e uma técnologia de chamada digital selectiva. Através de equipamento apropriado tem a vantagem da simplificação das operações rádio (alertas), da melhoria da busca e salvamento, da localização do pedido de socorro e de um sistema de alerta a nível mundial coordenado em centros de salvamento específicos. Permite também uma rápida disseminação das comunicações de Urgência e Segurança, Avisos aos Navegantes e Informação Meteorológica.


Esquema do fluxo de informação do GMDSS

Os equipamentos utilizam um sistema digital de identificação, enviando em cada comunicação o seu MMSI (Maritime Mobile System Identification) que identifica a embarcação (nome, porto de registo, tamanho, etc.). O equipamento recomendado a bordo, no caso de embarcações de recreio, depende da legislação do país e da área de navegação:

VHF com DSC
VHF portátil
EPIRB 406 MHz
receptor NAVTEX
SART
MF com DSC
INMARSAT
Os rádios VHF com DSC fazem escuta automática no canal 70, e em caso de recepção de uma chamada de emergência pode indicar inclusivé o nome da embarcação que chama e/ou o canal de trabalho (ex: 16 ou outro de navio-navio). Como a implementação do sistema a nível global é difícil, quase todas as estações continuam a fazer escuta em canal 16, pelo que, quem ainda não adquiriu esse tipo de equipamento pode com alguma confiança (não por muito tempo!) usar os antigos canais 16 e a frequência 2182 kHz.

O GMDSS usa quatro áreas de cobertura e vigilância:

A1 uma área ao alcance de uma estação costeira VHF preparada para receber DSC (cerca de 20 a 30 milhas de distância).
A2 uma área ao alcance de uma estação costeira MF preparada para receber DSC (cerca de 100 milhas de distância).
A3 uma área coberta pelo sistema de satélites INMARSAT (fora das áreas A1 e A2).
A4 as áreas não cobertas pelas anteriores, típicamente as polares.



Zonas de cobertura GMDSS em águas portuguesas

http://www.ancruzeiros.pt/ancsegur-gmdss.html
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Yosy

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« Responder #20 em: Janeiro 12, 2007, 02:07:52 pm »
^^^^ a instalação do VTS (Vessel Traffic System) costeiro (que vai ser este ano), vai ajudar a resolver este problema.

Citação de: "Lancero"
O sinal inicialmente apanhado julgo ter indicado a longitude, que, de facto, tanto poderia ser na costa da Nazaré (Alcobaça no caso) ou no Canadá


Ahem...latitude, não longitude. Para haver a confusão entre se era em Portugal ou no Canadá, o sinal só deveria ter indicado a latitude.
 

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Lancero

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« Responder #21 em: Janeiro 12, 2007, 02:25:30 pm »
Pois...  :?
"Portugal civilizou a Ásia, a África e a América. Falta civilizar a Europa"

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Lancero

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« Responder #22 em: Janeiro 12, 2007, 02:27:50 pm »
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Segurança/Mar: Costa portuguesa preparada para receber pedidos auxílio, Marinha

Lisboa, 12 jan (Lusa) - O porta-voz da Marinha Portuguesa, Braz de oliveira, assegurou hoje que existem estações em terra e no mar para receber os pedidos de auxílio das embarcações e que há uma "grande probabilidade" de todos os pedidos serem ouvidos.

      O responsável reagia assim a uma notícia publicada hoje no Correio da Manhã, segundo a qual os pesqueiros portugueses estão obrigados a ter um rádio com GPS para casos de emergência, mas a costa portuguesa é a única da Europa sem equipamento para receber os sinais de socorro.

      "Há várias antenas espalhadas pelo país que fazem a cobertura da costa e há uma grande probabilidade de qualquer pedido de socorro na nossa costa ser ouvido quer nas estações em terra, quer no mar", afirmou Braz de Oliveira em conferência de imprensa na Praça do Comércio, em Lisboa.

      Segundo o comandante, estas estações recebem os pedidos de auxílio das embarcações até à implementação da infra-estrutura Sistema Global de Socorro e Segurança Marítima.

      A costa portuguesa está coberta "na grande totalidade" pela Marinha através de Lisboa e Faro, do Centro de Comunicações da Armada e do Centro de Coordenação de Busca e Salvamento Marítimo, que permitem accionar os meios adequados ao salvamento em questão, explicou.

      Além disso, a Marinha tem permanentemente no mar oito navios espalhados por toda a costa com equipamentos para detectar pedidos de socorro e os navios de pesca que cruzam a costa também têm equipamentos que recebem esses alertas e que são obrigados a prestar auxílio.

      No entanto, ressalvou o comandante, esta cobertura varia muito da posição em que está o emissor da antena e também na situação em que se encontra a embarcação.

      Se a embarcação já estiver em posição de afundamento, a emissão do sinal de socorro será mais difícil, explicou Braz de Oliveira.

      Relativamente à embarcação "Luz do Sameiro", que se afundou na Praia da Légua, perto da Nazaré, a 29 de Dezembro, Braz de Oliveira disse não poder garantir que haveria captação.

      No entanto, afirmou que, se o pedido não fosse captado pelas estações em terra da marinha ou pelo centro móvel da PT, teria sido recebido pelas embarcações que andam no mar e têm esse equipamento.

      "Qualquer sinal de auxílio seria ouvido pelo menos por embarcações que se encontravam na zona, quer por mercantes que cruzam a nossa costa, quer pelos oito navios de guerra que patrulham a nossa costa", salientou o comandante.

      Em 1999 os armadores de pesca costeira foram obrigados a instalar nos barcos os rádios com sistema de localização por satélite integrado (GPS), aparelhos que permitem, através de um botão, emitir pedidos de socorro.

      Além do GPS, os barcos têm a bordo a bóia de emergência (conhecida por EPIRB, do inglês Emergency Position Indication Rádio Beacon).

      A bóia - que pode ser accionada manualmente bem como soltar-se do barco em contacto com a água - indica imediatamente o nome do barco e a latitude do naufrágio.

      Braz de Oliveira adiantou que, se o sinal emitido pela embarcação não tiver o posicionamento do barco, o auxílio pode demorar entre 20 minutos e duas horas.

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2007-01-12 - 13:00:00

SOS
País surdo aos sinais de socorro
Nunca se vai conseguir saber se Inácio Maio, o mestre do pesqueiro que naufragou na praia da Légua, pressionou o botão vermelho de emergência do rádio que tinha a bordo – e não se saberá por uma trágica razão: os barcos de pesca costeira estão obrigados a ter este equipamento para pedir ajuda, mas ao longo de toda a costa portuguesa não existe uma única estação que oiça os pedidos de socorro.

O ‘Luz do Sameiro’ tinha a bordo todos os meios de socorro exigidos por lei: coletes para os sete tripulantes, balsa salva-vidas, bóia de emergência que em contacto com água emite um sinal por satélite – e o rádio com um simples botão capaz de indicar o preciso local do naufrágio. O pesqueiro, matriculado no porto de Vila do Conde, foi inspeccionado em Setembro do ano passado. Estava tudo em ordem.

Na última sexta-feira do ano, dia 29, encalhou num banco de areia, a menos de 100 metros da praia da Légua, a norte da Nazaré. A bóia de emergência, em forma de garrafa, flutuante, funcionou: o sinal foi captado pelo satélite e chegou precisamente às 06h42 à base de rastreio de Toulouse, em França.

Como o CM já noticiou, na edição de 6 de Janeiro, a informação de França foi enviada numa questão de segundos para o centro de busca e salvamento, instalado no ‘bunker’ da NATO, em Oeiras, mas sob a responsabilidade da nossa Marinha de Guerra – que só uma hora e 45 minutos depois, demasiado tarde, chamou os meios de socorros.

Além desta bóia de emergência, o ‘Luz do Sameiro’ tinha a bordo um rádio, como é da lei, equipado com um simples botão vermelho. Em caso de grave perigo, basta pressioná-lo durante cinco segundos. Nem é preciso falar. O sinal chega à costa e permite duas coisas: identificar o barco e conhecer, com rigor matemático, a posição do naufrágio.

Mas ao longo da costa portuguesa, de Caminha a Vila Real de Santo António, não existe uma única estação de rádio para escutar os pedidos de ajuda. Os gritos de socorro perdem-se – ninguém os ouve.

Inácio Maio, o mestre do ‘Luz do Sameiro’, tinha a bordo dois meios para lançar o alerta: a bóia de emergência (conhecida como EPIRB, do inglês Emergency Position Indicacion Radio Beacon), e o rádio com um GPS integrado.

A bóia, que tanto pode ser accionada manualmente como pode soltar-se do barco em contacto com a água, indicou imediatamente o nome do barco e a latitude do naufrágio – uma linha imaginária, paralela ao Equador, que começava a escassas milhas a norte da Nazaré e terminava na costa dos Estados Unidos. A Marinha devia ter enviado imediatamente para a zona da Nazaré os meios de socorro. Não o fez. Esperou que um segundo sinal captado pelo satélite indicasse a posição exacta da bóia. Mas, às 07h15, o centro de busca e salvamento da Marinha já sabia que o ‘Luz do Sameiro’ naufragara na praia da Légua – e só pelas 08h30 accionou os meios de socorro.

Além da bóia, terá o mestre Inácio Maio carregado no botão vermelho do rádio. Se o fez, emitiu um sinal com a posição exacta do barco em dificuldades – inútil sinal, porque ninguém em Portugal o ouviu.

Estivesse ele na costa mais a norte ou encostado na foz do Guadiana, no Algarve, o seu grito de socorro teria sido recebido por um dos centros de busca e salvamento no mar instalados em Espanha.

O TRÁGICO DESTINO DA 'SALGUEIRINHA'

Ainda hoje permanece em mistério o naufrágio da ‘Salgueirinha’ – uma traineira que se afundou ao largo da barra de Aveiro, na noite de 18 de Outubro de 2004, com sete pescadores de Caxinas a bordo. Ninguém se salvou. O mar estava alteroso, mas nada de meter medo a uma traineira de 17 metros de comprimento e um motor novo. O pior era o vento forte e a chuva grossa.

O mestre, José Viana, reconhecido com respeito pelos demais homens de Caxinas, falou com a mulher, ao telemóvel: estava para aí a duas milhas da barra e navegava devagar, com um vigia à proa por causa da ventania e da fraca visibilidade. A conversa foi curta. O mestre desligou dizendo à mulher que “o Armando estava aos gritos na proa”.

Armando era o vigia – e competia-lhe avisar o mestre, na casa do leme, mal avistasse outro barco em rota de colisão. Sabe-se que o vigia gritou – mais nada. Se o mestre carregou no botão do rádio – o pedido de ajuda não foi ouvido. Nessa noite, nenhum meio de socorro acudiu à ‘Salgueirinha’.

2500 PESCADORES E 500 BARCOS ESTÃO ENTREGUES À SUA SORTE

Todos os dias saem para o mar quase 500 barcos portugueses de pesca costeira com cerca de cerca de 2500 homens a bordo. Os pescadores estão entregues à sua sorte. Toda a costa europeia está coberta por estações de rádio que captam os pedidos de socorro enviados por embarcações em dificuldades – excepto os cerca de 900 quilómetros que se entendem de Caminha, na Foz do Rio Minho, a Vila Real de Santo António, na Foz do Guadiana, no Algarve.

A costa portuguesa está surda aos gritos de quem anda no mar. Os armadores de pesca estão obrigados, desde 1999, a instalarem nos barcos o rádio com GPS integrado. Mas nestes últimos sete anos nem uma estação foi construída para captar o sinal de que há vidas em perigo no mar.

O mapa reproduzido nestas páginas mostra a cor-de-laranja as zonas de costa debaixo da cobertura deste dispositivo de emergência. Do Norte da Europa até Espanha – é um oásis de segurança. Entre Caminha e Vila Real de Santo António –o perigo espreita.

PORMENORES

1999

Os armadores de pesca costeira estão obrigados, desde 1999, a instalarem nos barcos os rádios com GPS integrado que permitem, através de um botão, emitir pedidos de socorro. Estes sinais dão a identificação do barca e a posição exacta do naufrágio.

PREÇO

Os rádios com GPS integrado custam entre 900 e 1500 euros – conforme a marca. Uma bóia de emergência (EPIRB) custa entre 600 e 1600 euros.

RAIO DE ACÇÃO

Na ausência de estações costeiras que recebam os pedidos de socorro enviados pelo rádio, a Marinha de Guerra instalou nos navios aparelhos que captam os sinais. Os rádios que equipam os barcos de pesca apenas são eficazes num raio de 40 milhas (o equivalente a cerca de 70 quilómetros). Os pesqueiros não ultrapassam esta distância da costa. E nem sempre está um navio da Marinha de Guerra a menos de 40 milhas de um barco de pesca.

MARINHA DE GUERRA

A Armada, ao longo da costa entre Caminha e Sagres, apenas mantém no mar dois navios – quase sempre uma fragata e uma corveta. Ao largo da costa algarvia, entre Sagres e Vila Real de Santo António, navegam pequenas patrulhas. Os cerca de 900 quilómetros estão desprotegidos.

ACORDOS

Portugal é subscritor da Convenção Internacional para a Salvaguarda das Vidas no Mar e, por isso, obrigou-se a instalar na costa as estações para captação de pedidos de socorro.

SETE MINISTROS COM CULPA

A construção de estações costeiras que permitam captar os pedidos de socorro vindos do mar é da responsabilidade do Ministério da Defesa. Desde 1 de Fevereiro de 1999, quando passou a ser obrigatória a instalação de rádios com GPS nos barcos de pesca, até agora, o País conheceu sete ministros da Defesa – em nenhum dos mandatos a costa portuguesa ficou mais segura.

Veiga Simão tomou posse a 25 de Novembro de 1997 e abandonou o Ministério da Defesa a 29 de Maio de 1999 – já estava em vigor a obrigatoriedade de as embarcações de pesca terem a bordo o bendito rádio. Sucedeu-lhe Jaime Gama, que lá esteve até Outubro de 1999. Nada foi feito. Em mais um Governo chefiado por António Gueterres, tomou posse um terceiro ministro da Defesa – o advogado Júlio Castro Caldas, que ocupou o cargo entre Outubro de 1999 e 2 de Julho de 2001. Saiu Castro Caldas, entrou Rui Pena. No seu mandato, que durou até Abril de 2002, a costa portuguesa continuou surda aos pedidos de socorro vindos do mar.

Novo Governo, desta vez chefiado por Durão Barroso, novo ministro – Paulo Portas, que se manteve no Ministério da Defesa até Julho de 2004. Terá sido, porventura, o mais mediático e tonitruante dos ministros. Ainda assim, a costa portuguesa, ao contrário do resto da Europa, continuou de ouvidos moucos aos gritos de SOS lançados do mar. Novo primeiro-ministro, José Sócrates, outro ministro da Defesa – Luís Amado: tomou posse em Março de 2006, até que, em Julho do ano seguinte, substituiu Freitas do Amaral nos Negócios Estrangeiros. Veio Severiano Teixeira. Está há seis meses no cargo.

Manuel Catarino

http://www.correiodamanha.pt/noticia.as ... al=181&p=0
 
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« Responder #23 em: Janeiro 12, 2007, 05:02:25 pm »
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os barcos de pesca costeira estão obrigados a ter este equipamento para pedir ajuda, mas ao longo de toda a costa portuguesa não existe uma única estação que oiça os pedidos de socorro.


Isto, a ser verdade, é de extrema gravidade e constitui um acto de fraude do Estado perante os cidadãos.
Se for verdade é mais uma demonstração da falácia do conceito de "Estado como Pessoa de Bem".
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Lancero

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« Responder #24 em: Janeiro 12, 2007, 06:35:33 pm »
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Nazaré: Ministro da Defesa anuncia novas medidas para salvamento no mar

Lisboa, 12 Jan (Lusa) - Um novo sistema de comunicações de socorro, um helicóptero em permanência em Ovar e três novas embarcações de socorro são algumas medidas hoje anunciadas pelo ministro da Defesa para melhorar a busca e salvamento no mar.

      O ministro da Defesa Nacional, Nuno Severiano Teixeira, falava aos jornalistas durante uma conferência de imprensa para apresentar as conclusões do processo de averiguação que ordenou depois do naufrágio de uma embarcação dia 29 de Dezembro perto da Nazaré, em que morreram seis pescadores.

      "Foi feito aquilo que era humanamente possível, mas admite-se também nos relatórios que possam ser optimizados tempos e revistos procedimentos", revelou o ministro.

      Segundo Nuno Severiano Teixeira, no caso do Luz do Sameiro os procedimentos a rever não serão "tanto na identificação do local, mas na activação do meio e empenhamento do meio".

      Nesse sentido, o ministro anunciou a adopção de um Sistema Nacional de Comunicações de Socorro e Segurança, em articulação com o Sistema de Controlo de Tráfego Marítimo, cujo concurso será lançado este ano.

      "Existe um sistema que está a funcionar, que se baseia em meios tradicionais. Isto é um 'upgrade' desse sistema que vai permitir uma maior eficácia e menos ambiguidades na localização das embarcações", disse.

      Severiano Teixeira anunciou ainda o destacamento, durante o Inverno, de um helicóptero ligeiro Alouette III em permanência no Aeródromo de Manobra Número Um, em Ovar.

      Ainda este ano "entrarão ao serviço três novas embarcações do Instituto de Socorros a Náufragos, a primeira das quais já no próximo mês de Maio", acrescentou.

      O ministro anunciou ainda que, no quadro do novo Programa Operacional das Pescas, será dado apoio financeiro à formação dos pescadores e à modernização do equipamento de segurança das embarcações, como sondas, GPS, radares, coletes de salvação, bóias e outros equipamentos de navegação.

      Severiano Texeira determinou igualmente à Inspecção-Geral da Defesa Nacional a realização, no prazo de 30 dias, de uma auditoria aos procedimentos de busca e salvamento em vigor na Marinha e na Força Aérea.

      Em conjunto com o Ministério da Administração Interna, "será efectuado, no prazo de 60 dias, um estudo com o objectivo de obter uma melhor rentabilização e articulação de todos os meios susceptíveis de emprego em situações de busca e salvamento", anunciou igualmente o ministro da Defesa.
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Marauder

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« Responder #25 em: Janeiro 12, 2007, 06:52:17 pm »
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O ministro anunciou ainda que, no quadro do novo Programa Operacional das Pescas, será dado apoio financeiro à formação dos pescadores e à modernização do equipamento de segurança das embarcações, como sondas, GPS, radares, coletes de salvação, bóias e outros equipamentos de navegação.


Epá, o restante material ainda percebo, mas COLETES DE SALVAÇÃO?

Aparentemente a ideia que salta desta notícia e do desastre é que os pescadores não conhecem esse termo. Quem é que no seu perfeito juízo anda de carro sem este ter cinto de segurança (é que não custa assim tanto bolas).

Vai uma falta de massa cinzenta por Portugal....mas pronto..podemos sempre dizer que os portugueses são campeões do jogo...sempre a apostar a sua vida...nas estradas, no mar...

PS: é claro que o Estado tem culpas no acidente, mas isto é como aquele ditado, Deus ajuda quem se ajuda a si mesmo. Não é pelos automobilistas não usarem cinto de segurança que se vai culpabilizar o Estado a torto e a direito (eu penso que as legislação passada por este obriga os barcos possuírem os ditos coletes de salvação)
« Última modificação: Janeiro 12, 2007, 08:01:57 pm por Marauder »
 

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lurker

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« Responder #26 em: Janeiro 12, 2007, 07:28:07 pm »
Sobre longitudes, latitudes e o Canadá.

Tal como disse no meu post anterior, o sinal de socorro foi dado por um EPIRB (farol de sinalização) de 406MHz do Cospas-Sarsat (parte do sistemas GMDSS, tal como podem ver na descrição do Tomkat).

Se o próprio EPIRB não transmitir a sua posição, esta é determinada a partir da análise do efeito de Doppler no sinal recebido pelos satélites de órbita baixa do Cospas-Sarsat.
A margem de erro da localização de Doppler do sistema de 406MHz é de 5Km (a do anterior sistema de 121MHz é de 20 ou 25Km).
Um problema com a localização de Doppler é que esta tende a dar *duas* posições possiveis, simétricas relativamente à orbita do satélite.
Isto era um grande problema com o sistema de 121 MHz que quase sempre precisava de uma passagem de um 2º satélite para desambiguar isto.
Com o sistema de 406 MHz, em 98% dos casos é possivel resolver a ambiguidade com uma única passagem de um satélite.
Se o Luz do Sameiro teve o azar de se encontrar nos 2% de casos em que não é possivel, é possivel que a outra posição dada pelo sistema seja a meio do caminho do Canadá.

Quanto às noticias que referem que o centro de salvamento tinha só a latitude ou longitude, não me parecem possivel com este sistema. Ou se tem uma/duas localizações ou não tens nada.
 

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João Oliveira Silva

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« Responder #27 em: Janeiro 12, 2007, 07:38:01 pm »
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Severiano Teixeira anunciou ainda o destacamento, durante o Inverno, de um helicóptero ligeiro Alouette III em permanência no Aeródromo de Manobra Número Um, em Ovar


Esta política e estes ministros vão de mal a pior.

Há helicópteros ( e o Merlin é um helicóptero ) e há libelinhas ( o alouette é uma libelinha apesar de ter prestrado muitissimos e bons serviços às FA, em África e não só... ).

O destacamento, com que prontidão não se sabe ( será só de sol a sol? ), apenas durante o inverno de uma libelinha para Ovar significa que estamos no melhor da política. Amanhã, durante o verão, afoga-se um banhista numa praia qualquer e lá virá, muito rápidamente, o ministro dizer: atenção, o alouette também vai estar disponível no verão, sobrando ainda a primavera e o outono.  Valha-nos Deus...

Ovar parece-me bem. É óbvio que parte dos meios aéreos do País, pagos com os nosso impostos, devem estar em permanência ( independentemente de ser outono ou inverno )  distribuidos pelo País, norte, centro e sul, em prontidão de 24 sobre 24 horas, prontos a descolar no menor tempo possível e capazes de assegurar aquilo que ao Estado compete.

E mais razoável agrupar os meios, quer sejam da FAP, do SNBPC ou do INEM e, consoante a situação a cada momento, aplicar aquele que for mais eficiente, mais rápido, e mais capaz para essa situação.

Mas, atenção, o Estado também não se pode demitir do reverso da medalha. É certo que muitas das criticas que foram feitas têm razão de ser. Parece que o socorro não foi adequado. O socorro compete ao Estado como também compete ao Estado fazer fiscalização e aplicar a legislação. Neste caso, infelizmente, já não pode mas pode precaver situações futuras. Está na hora da Marinha ( capitanias, policia maritima, etç ) actuarem com mão pesada nas transgressões à legislação.

Como: pescar a 50 metros da praia é talhada da grossa, faltas de meios de segurança a bordo é talhada da grossa. Nessa altura, de certeza, que os sindicatos da pesca, o sr. Presidente da Câmara e todos os que agora foram muito rápidos a aparecer nas TV's aparecerão com a frase do " coitadinhos ". Teriam que ser coerentes e nunca o foram.

Cumprimentos e bom fim-de-semana.
 

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lurker

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« Responder #28 em: Janeiro 12, 2007, 08:06:48 pm »
Mais um aspecto interessante da cobertura jornalistica deste infeliz evento.

Num artigo do JN, colocado pelo TOMKAT, consta o seguinte
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Mas, em contrapartida, um dos pontos mais delicados está associado ao primeiro e segundo alertas do naufrágio chegados ao Comando Naval. O inicial dá conta de um alerta via satélite para cerca de quatro milhas a norte do local exacto onde o naufrágio tinha ocorrido e o segundo referencia o alerta no Canadá. Aliás, só um contacto directo entre a Marinha e o armador da "Luz do Sameiro" permitiu verificar onde o navio de facto se encontrava.

Num artigo do CM que não vou copiar integralmente consta
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O militar de serviço no centro de busca e salvamento seguiu à risca as formalidades burocráticas. Queria confirmar com o armador se o barco estava mesmo no mar, não fosse o caso de se tratar de um falso alarme, e quantos pescadores estavam a bordo. “Eu nem sabia onde era a praia da Légua. Ele é que me disse que era em Alcobaça, a Norte da Nazaré”, recorda ao CM Manuel Maio.


Afinal, o armador sabia ou não onde estava o barco?
Parece-me que os nossos meios de comunicação social estão principalmente cheios de desinformação e que vamos ter de esperar por um comunicado do Governo ou Marinha para saber o que se passou.
 

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lurker

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(sem assunto)
« Responder #29 em: Janeiro 12, 2007, 09:26:38 pm »
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"Grande probabilidade" de todos os pedidos serem ouvidos
Marinha: costa portuguesa está preparada para receber pedidos de auxílio
12.01.2007 - 14h46   Lusa
 

O porta-voz da Marinha Portuguesa, Braz de Oliveira, assegurou hoje que existem estações em terra e no mar para receber os pedidos de auxílio das embarcações e que há "uma grande probabilidade" de todos os pedidos serem ouvidos.

O responsável reagia assim a uma notícia publicada hoje no "Correio da Manhã", segundo o qual os pesqueiros portugueses estão obrigados a ter um rádio com GPS para casos de emergência, embora a costa portuguesa seja a única da Europa sem equipamento para receber os sinais de socorro.

"Há várias antenas espalhadas pelo país que fazem a cobertura da costa e há uma grande probabilidade de qualquer pedido de socorro na nossa costa ser ouvido quer nas estações em terra, quer no mar", afirmou Braz de Oliveira, em conferência de imprensa na Praça do Comércio, em Lisboa.

Segundo o comandante, estas estações recebem os pedidos de auxílio das embarcações até à implementação da infra-estrutura Sistema Global de Socorro e Segurança Marítima.

A costa portuguesa está coberta "na grande totalidade" pela Marinha através de Lisboa e Faro, do Centro de Comunicações da Armada e do Centro de Coordenação de Busca e Salvamento Marítimo, que permitem accionar os meios adequados ao salvamento em questão, explicou.

Além disso, a Marinha tem permanentemente no mar oito navios espalhados por toda a costa com equipamentos para detectar pedidos de socorro e os navios de pesca que cruzam a costa também têm equipamentos que recebem esses alertas e que são obrigados a prestar auxílio.

No entanto, ressalvou o comandante, esta cobertura varia muito da posição em que está o emissor da antena e também da situação em que se encontra a embarcação. Se a embarcação já estiver em posição de afundamento, a emissão do sinal de socorro será mais difícil, explicou Braz de Oliveira.

Sinal de auxílio do "Luz do Sameiro" seria ouvido por embarcações na zona

Relativamente à embarcação "Luz do Sameiro", que se afundou na Praia da Légua, perto da Nazaré, a 29 de Dezembro, Braz de Oliveira disse que não pode garantir se houve captação.

No entanto, afirmou que, se o pedido não fosse captado pelas estações em terra da Marinha ou pelo centro móvel da PT, teria sido recebido pelas embarcações que andam no mar e têm esse equipamento.

"Qualquer sinal de auxílio seria ouvido pelo menos por embarcações que se encontravam na zona, quer por mercantes que cruzam a nossa costa, quer pelos oito navios de guerra que patrulham a nossa costa", salientou o comandante.

Em 1999, os armadores de pesca costeira foram obrigados a instalar nos barcos os rádios com sistema de localização por satélite integrado (GPS), aparelhos que permitem, através de um botão, emitir pedidos de socorro.

Além do GPS, os barcos têm a bordo a bóia de emergência (conhecida por EPIRB, do inglês Emergency Position Indication Rádio Beacon).

A bóia — que pode ser accionada manualmente bem como soltar-se do barco em contacto com a água — indica imediatamente o nome do barco e a latitude do naufrágio.

Braz de Oliveira adiantou que, se o sinal emitido pela embarcação não tiver o posicionamento do barco, o auxílio pode demorar entre 20 minutos e duas horas.


in Público