A SCAR da FN Herstal no Exército

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Re: A SCAR da FN Herstal no Exército
« Responder #210 em: Maio 22, 2022, 09:42:50 pm »
A melhor forma de entender a raison d'être do .277 Fury ou 6,8x51mm é por compararmos com o 5,56x45mm e 7.62x51mm, os dois calibres padrão da NATO que são o alvo de interesse.  Ficam aqui alguns das munições mais usuais, há muitas outras e os valores são aproximados;

5,56x45mm M855 (62 grain) - 850m/s disparado de um cano de 14,5' (M4) - alcance efectivo de 300-400m - 60.000psi de pressão na câmara
5,56x45mm M855 (62 grain) - 930m/s disparado de um cano de 20' (M16) - alcance efectivo de 400-500m - 60.000psi de pressão na câmara

7,62x51mm M80 (147 grain) - 850m/s disparado de um cano de 22' (M21) - alcance efectivo de 700m - 60.000psi de pressão na câmara
7,62x51mm M118LR (175 grain) - 790m/s disparado de um cano de 24' (M24) - alcance efectivo de 800m - 60.000psi de pressão na câmara

6,8x51mm Fury (135 grain) - 910m/s disparado de um cano de 16'(?) - alcance efectivo de 800m(?) - 80.000psi de pressão na câmara

O verdadeiro special sauce desta munição foi o aumento da pressão na câmara, o que se traduz em maior velocidade de saída bala.  Fazendo uma analogia automobilistica, em vez de mexer na cilindrada do motor, optou-se por introduzir um turbo e aumentar a pressão na admissão (clever boy).  Por outro lado, foi necessário desenhar um cartucho muito mais resistente, daí a construção "compósita" ou hibrida com a base em aço inox.  A complexidade obviamente traduz-se num maior custo por bala, o que vai pesar muito na decisão de adoptar em larga escala.  Este processo de aquisição ainda vai passar por vários testes e avaliações, e pode acabar por ser rejeitado ou adoptado apenas para usos especiais.

Os combates no Afeganistão afectaram muito o modo de pensar dos americanos, com o alcance a ser muito valorizado.  Mas fico a pensar que as (ligeiras) melhorias em relação á munição M118LR não serão suficientes para justificar tamanha decisão.  Obviamente que em comparação com o 5,56 as diferenças são muito mais substanciais, mas, fica a pergunta...
E se alguém desenhasse um cartucho/munição hibrida 5,56x45 a suportar os tais 80.000psi?....


Trasladando a coisa para munições civis, temos exemplos de elevada pressão sem aumentar o "calibre do projetil", como sejam as Magnum, mas aí aumentam o involucro. Por exemplo na linha das 300 magnum ( 7,62x67).
Talvez também a dificuldade seja fazer gerar essa pressão sem aumentar o espaço da carga, o dito involucro.
Não é por acaso que optaram nessa por 51 mm de comprimento do involucro e, não 43mm como do 6,8 milímetros Remington Especial Purpose Cartridge, anterior. Com uns 850 m/s com 115 grain em termos gerais e, que tinham kits de conversão para algumas armas 5,56mm

Lá virá o dia
« Última modificação: Maio 22, 2022, 09:56:05 pm por Pescador »
 
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Re: A SCAR da FN Herstal no Exército
« Responder #211 em: Maio 26, 2022, 04:23:06 pm »
De Munições não percebo nada mas de Física percebo qualquer coisa.  ;D

Nisto não existe magia e tudo depende disto: F = ma, onde F = Força, m = massa, a = aceleração

e EC​=(1/2)*⋅m*v2 onde , EC = Energia Cinética (energia com que a munição atinge um objeto, m = massa, v = velocidade da munição)

Aplicando isto as munições, a massa é a massa total da munição/projectil, a força será a força da explosão dentro do invólucro (Pressão) e a aceleração será depois convertida consoante o tempo e massa em velocidade e vai determinar o alcance da mesma ou a energia que a munição vai ter quando atingir um determinado objeto (Pois a Energia vai depender da massa e da velocidade da munição na altura do impacto).

Através de F = ma se aumentarmos a quantidade de grão de pólvora vamos aumentar a pressão que aqui é representada pelo F, se a massa da munição não  se altera então vamos ter uma maior aceleração.

Se aumentarmos a massa (m) da munição mas não aumentarmos a pressão (F) a aceleração (a) será menor o que se vai traduzir em menor velocidade.

Algo interessante é que como a formula da Energia cinética é EC​=21​⋅m⋅v2 (v é ao quadrado) significa que sempre que a velocidade de um objeto duplica a energia desse objeto quadruplica, ou se preferirmos ver ao contrário para duplicarmos a velocidade de um objeto precisamos de quadruplicar a energia do mesmo.

dito isto não há muita coisa a fazer nas munições, apenas podemos mexer na massa ou na quantidade de grãos de pólvora (pressão de saída).
« Última modificação: Maio 27, 2022, 11:21:57 am por asalves »
 
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Re: A SCAR da FN Herstal no Exército
« Responder #212 em: Maio 26, 2022, 04:35:41 pm »
De Munições não percebo nada mas de Física percebo qualquer coisa.  ;D

Então não precisa de saber mais nada.  O essencial é isso mesmo, pequenas alterações na massa e na velocidade para melhorar num ponto e perder noutro.
Por isso esta "nova" munição Fury tem aspectos novos porque aumenta imenso a pressão o que vai dar mais velocidade ao projéctil. 
Aumento da velocidade é sempre positivo; é a velocidade que perfura blindagens e permite uma trajectória mais plana (melhora e facilita a precisão).

Também de pode "mexer" no design da própria bala e nos materiais.  Um núcleo em tungsténio, por exemplo, vai melhorar a perfuração mas também pode prejudicar a estabilidade da bala em voo...  È tudo compromissos, ganha-se num lado, perde-se noutro.
 
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Re: A SCAR da FN Herstal no Exército
« Responder #213 em: Maio 27, 2022, 12:06:39 am »
21?  :star: Sempre pensei que fosse 1/2.
Talent de ne rien faire
 

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asalves

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Re: A SCAR da FN Herstal no Exército
« Responder #214 em: Maio 27, 2022, 11:22:39 am »
21?  :star: Sempre pensei que fosse 1/2.

Foi o copy paste  :mrgreen: corrigido obrigado  :G-beer2:
 

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Pescador

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Re: A SCAR da FN Herstal no Exército
« Responder #215 em: Maio 27, 2022, 09:02:21 pm »
De Munições não percebo nada mas de Física percebo qualquer coisa.  ;D

Então não precisa de saber mais nada.  O essencial é isso mesmo, pequenas alterações na massa e na velocidade para melhorar num ponto e perder noutro.
Por isso esta "nova" munição Fury tem aspectos novos porque aumenta imenso a pressão o que vai dar mais velocidade ao projéctil. 
Aumento da velocidade é sempre positivo; é a velocidade que perfura blindagens e permite uma trajectória mais plana (melhora e facilita a precisão).

Também de pode "mexer" no design da própria bala e nos materiais.  Um núcleo em tungsténio, por exemplo, vai melhorar a perfuração mas também pode prejudicar a estabilidade da bala em voo...  È tudo compromissos, ganha-se num lado, perde-se noutro.

Exacto, por isso depois de terem no passado abordado o calibre 6,8mmm no cartucho 43mm, que tinha a vantagem de ser intercambiável com canos de armas existentes de 5,56. Passaram ao 6,8mm mas no cartucho/involucro de 51mm.
Ou seja, pretenderam criar mais pressão na câmara para obter os valores necessários que possam substituir o 5,56mm e o 7,62mm.
Porque inicialmente o 6,8 x 43 era para substituir só o 5,56mm e conseguia facilmente até pela simples intercambialidade do cano e carregador.

Esta intercambialidade também existe em pistolas, como a Glock, em que por exemplo o cano de calibre .40 de uma Glock 22, pode ser substituído por um cano próprio de calibre 9mm. Embora no caso não o inverso.
O dito cano tem as paredes mais espessas no 9mm para o diâmetro exterior do cano ser igual nos dois calibres
E outros kits de conversão já conhecidos
« Última modificação: Maio 27, 2022, 09:13:01 pm por Pescador »
 

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« Última modificação: Janeiro 19, 2023, 10:12:02 am por Cabeça de Martelo »
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Re: A SCAR da FN Herstal no Exército
« Responder #218 em: Março 19, 2024, 11:35:23 pm »
Podia estar no tópico "exército Belga", mas como a SCAR é o motivo...

https://espada-e-escudo.blogspot.com/2024/03/comandos-belgas-treinam-nos-bosques-da.html

Citar
"COMANDOS" BELGAS TREINAM NOS BOSQUES DA BAVIERA

março 17, 2024

Citar
Um atirador designado do 2.º Batalhão de Comandos ("2 Bataillon Commandos", 2Cdo) do Regimento de Operações Especiais (SOR) do Exército Belga, em treino de fogo-real em Grafenwöhr, na Alemanha, a 6 de Março de 2024, ajusta a turreta vertical da óptica Schmidt & Bender 3-12x50mm PM II/LP que equipa a sua FN SCAR-H PR ("Precision Rifle"), com cano "bull" de 16 polegadas em calibre 7.62x51mm, equipada também com iluminador, apontador laser e calculador balístico Wilcox RAPTAR-S, "fore grip" e bipé rebatível da Harris.

O Campo de Treino de Grafenwöhr ("Truppenübungsplatz Grafenwöhr"), sob a égide do 7.º Comando de Treino do Exército dos Estados Unidos, ocupa 23 200 hectares, localiza-se no Leste da Baviera, 165 km a Norte de Munique, na Alemanha, e é um espaço de instrução, formação e treino militar ao serviço desde 1910.

Foto por Sargento Christian Carrillo | Exército dos Estados Unidos ("U.S. Army")

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Re: A SCAR da FN Herstal no Exército
« Responder #219 em: Março 19, 2024, 11:49:05 pm »

Um atirador designado com uma SCAR H faz tiro preciso a não mais que 600m.
Para isso não é necessária tanta paneleirágem tecnológica.

                                                                     ;D

                                                             saabGripen
 

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Re: A SCAR da FN Herstal no Exército
« Responder #220 em: Março 20, 2024, 08:05:27 am »
À 600m (pode parecer pouco mas não é) já há uma série de condições a ter em conta, pois não nos encontrámos em condições ideais de carreira de tiro.
Se a finalidade for o ideal do 1 shot 1 kill mais o factor tempo/oportunidade de realizar o tiro, talvez esta tecnologia seja afinal necessária.
Não te fies de mim, se te faltar valentia.
(Inscrição gravada num antigo punhal.Autor desconhecido)

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Re: A SCAR da FN Herstal no Exército
« Responder #221 em: Março 20, 2024, 02:43:10 pm »

Um atirador designado com uma SCAR H faz tiro preciso a não mais que 600m.
Para isso não é necessária tanta paneleirágem tecnológica.

                                                                     ;D

                                                             saabGripen

A paneleiragem, tem a ver consoante a exigência do tiro. Se bom basta, ou é preciso um disparo mais excepcional.
Meios tecnológicos que apresentem valores de forma rápida e acessível, é mais uma ajuda.
Claro que se pode fazer da maneira "tradicional", mas exige mais tempo e mais treino.

Por exemplo, se tiver de calcular o vento por indícios em vez de um anemômetro manual, ou se esses valores forem dados no visor enquanto se prepara o disparo, por meios tecnológicos melhores que fornecem indicações em "tempo real".
O mesmo para calcular a distancia, declinação, altitude, temperatura, etc

Se a 600 metros faz diferença?
Cá está, conforme o tiro pretendido, até menos pode fazer. Quer acertar para incapacitação imediata por haver risco de reféns ou risco de accionar um qualquer dispositivo, ou basta atingir mortalmente ou mesmo só ferir?
Acertar, não é o mesmo que incapacitar
 

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Re: A SCAR da FN Herstal no Exército
« Responder #222 em: Março 20, 2024, 03:11:28 pm »
Os nossos atiradores Especiais fazem tiro até 600 metros com as suas SCAR H equipadas com alça Trijicon VCOG, já os Belgas têm as SCAR H PR, equipadas com a alça Schmidt & Bender 3-12x50mm e um apontador laser e calculador balístico Wilcox RAPTAR-S. Dúvido que o limite destes Atiradores Especiais armados e equipados como estão se limite ao máximo de 600 metros.
7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.

 

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Re: A SCAR da FN Herstal no Exército
« Responder #223 em: Março 20, 2024, 03:34:15 pm »
Os nossos atiradores Especiais fazem tiro até 600 metros com as suas SCAR H equipadas com alça Trijicon VCOG, já os Belgas têm as SCAR H PR, equipadas com a alça Schmidt & Bender 3-12x50mm e um apontador laser e calculador balístico Wilcox RAPTAR-S. Dúvido que o limite destes Atiradores Especiais armados e equipados como estão se limite ao máximo de 600 metros.

O "limite" em abstrato, passa também pela munição usada, que será o 7,62mm. Por isso não se podem esticar tanto assim. Uns 800 metros, conforme condições atmosféricas e tendo em conta a quebra de energia e o que se pretende. A "queda" vai ser sem dívida acentuada.
 

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saabGripen

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Re: A SCAR da FN Herstal no Exército
« Responder #224 em: Março 20, 2024, 07:35:53 pm »

Não estou a ver um atirador designado dos nossos saír de um Pandur, junto com os seus camaradas, e depois progredir no terreno com aquele "computador" montado em cima da mira telescópica.
Vocês estão a ver?

Se estiverem numa posição defensiva já será outra coisa.

Vi há alguns meses que o EP tinha adquirido pequenos emissores lasar á RHEINMETALL (e nem menos que 1500!!)
Já chegaram?
Servem para os atiradores designados?

https://www.rheinmetall.com/en/media/news-watch/news/2021/2021-05-25_rheinmetall-supplying-portuguese-army-with-1,500-lm-lowprofile-laser-modules