A seca em Portugal Continental

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Re: A seca em Portugal Continental
« Responder #90 em: Julho 13, 2022, 03:57:18 pm »
Vários aspectos:

De facto o encerramento das centrais a carvão e gas no ano passado em Portugal, fez com que ficássemos ainda mais deficitários energeticamente e como produção própria ficamos apenas com a eólica (funciona bem……. À noite), solar (até produz bem em dias de sol e….. de dia) e a hídrica!!!!! Não temos mais nada, excepto a importação de energia.

Confirmo até com fotos que até fui colocando aqui ao longo deste ano, que até à proibição da turbinação de água pelas hídricas, a Barragem do Vilar, sem grupos geradores eléctricos (estão mais a jusante em Tabuaço), desapareceram dezenas de milhões de m3 de água à espera da chuva do Inverno e de Abril!!!!!
Como não veio chuva, neste momento o que temos é isto no Vilar, fotografado por mim esta 2ª:






Esta Albufeira tem uma importância vital para a região, não só para o abastecimento de água pública, como na rega intensiva dos pomares e obviamente para os bombeiros e os hidroaviões e helicópteros utilizarem durante a época dos fogos!!!!!

Pois esta barragem neste momento não pode albergar nenhum hidroavião, nem tractor e muito menos o canadair, só helis com baldinho. Pergunto, nesta altura crítica de incêndios, que ainda está no início, como vão poder combater os incêndios sem água!?!?!?!!

A Barragem do Vilar tem uma albufeira de 55 metros de altura (pelas fotos e pelos desenhos técnicos, não consigo perceber se tem 15 metros de água). Mas sabemos que a albufeira que pode armazenar 100 milhões de m3 de água, já tem menos de 15 milhões (15% de capacidade)!!!!!!!!
Como referi os hidroaviões não podem utilizar a albufeira e já está interdita a banhos!!!!!!

Agora a última parte e tocando um bocado no que refere o Daniel.
A água gasta no combate a incêndios é irrisória!

Barragem do Vilar:
https://cnpgb.apambiente.pt/gr_barragens/gbportugal/Vilar.htm
https://cnpgb.apambiente.pt/gr_barragens/gbportugal/Vilardes.htm

Faça lá as contas comigo, se Portugal tivesse 50 Canadair (nem de longe nem de perto, estou a exagerar), a fazerem cada um 20 scooping diários, só nesta barragem do Vilar e durante 3 meses, veja lá o gasto de água:
50 Canadair por dia a 6 000 litros por carga =
20 cargas/dia x 50 x 6m3 = 6 000m3 (1 000 scooping/dia ou 2 por minuto)
90 dias = 90 x 6 000m3 = 540 000m3
Ou seja, 1000 descargas diárias e durante 3 meses, cada uma de 6m3, você gastava pouco mais de 0,5% da capacidade desta barragem!!!!!!!!!!!

Muito mais preocupante é o consumo para a agricultura, porque como se pode ver nas fotos que coloco aqui e nas casotas em cima da barragem, há motores a bombear água sem parar e no meio da barragem, podemos ver uma pequena plataforma de recolha de água das Águas de Portugal.

Esta zona tem muitas plantações de pomares e é muito conhecida pela sua maçã. Não faço ideia da água que gastam, mas consigo ver ao longe os enormes reservatórios de água que são preenchidos com água da barragem. Um dos agricultores queixa-se da falta de água e teme que possa deixar de recolher água da barragem. Confessa que tem um reservatório de 250 000 litros (250m3) que enche a cada 3 dias. Ora extrapolando só para o Concelho de Moimenta da Beira (há outros concelhos que utilizam a barragem, mas considero só este concelho, para ser mais simples a percepção do que afirmo), se não me enganei nas contas:
Portugal produz 300 000 toneladas de maçã em 14 000 hectares
Moimenta = 10 a 20 000 toneladas e tem 140 associados
1 associado gasta 250 000 litros em 3 dias = 250m3
140 -> 35 000m3 em 3 dias -> 10 000m3 por dia (por dia e por cada produtor)
em 3 meses = 900 000m3 de água

Resumindo, nos mesmos 3 meses, gastam mais água os 140 produtores de maçã de Moimenta da Beira, do que todos os meios aéreos que actuam no país, mas de longe.

Mas mesmo assim só temos 1% da capacidade da barragem!!!!
Confirmei e ela não tem buracos nos alicerces, resta a turbinação pela EDP!!!!!!!!
À 1 ano atrás a barragem tinha muito mais água armazenada em fotos que estive aqui a confirmar. No início de 2022 a água tinha desaparecido! Ou seja, a EDP durante o Inverno turbinou o que pôde, como não choveu grande coisa este ano, temos este senário catastrófico!!!!!!!

Quanto às alternativas, não conheço de perto a dessalinização, mas sei que é a opção mais cara. Pode ser uma boa alternativa no Algarve, mas duvido que o seja no norte, com afluentes como o Douro por exemplo e com custos muito mais baixos!!!!!

O que parece é que não há controlo das nossas albufeiras e só quando dão conta da seca é que decretam uma inutilidade como a proibição de turbinação de água….. quando a mesma já foi turbinada à meses!!!!!

Soluções? Melhor gestão das albufeiras, mais bombagem de água entre barragens, criação de albufeiras de reserva do país, controlo de água consumida na agricultura, e mão dura nos campos de golfe que consomem muito mais água do que a agricultura, para terem relva verdinha 365 dias do ano!!!!! Ainda hoje vi nas notícias um campo de golfe e casas de luxo, a arderem sem oposição!!!!! Com tanta água gasta diariamente, não têem um sistema de combate a incêndios!?!?!?!

https://www.tsf.pt/portugal/sociedade/barragem-do-vilar-quase-seca-populacao-e-agricultores-preocupados-14955701.html
https://www.jornaldocentro.pt/noticias/diario/seca-governo-anuncia-campanhas-para-uso-eficiente-da-agua
https://www.jornaldocentro.pt/noticias/diario/apanha-da-maca-ja-comecou-no-norte-do-distrito

P.S.: Ontem, pelas 18:03h, passou pela barragem um P3 da FAP!
« Última modificação: Julho 13, 2022, 06:31:28 pm por Viajante »
 
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Re: A seca em Portugal Continental
« Responder #91 em: Agosto 15, 2022, 10:19:52 pm »
O que é que fizeram em Israel??  :o


Podes ver esse vídeo, no caso de Portugal o mais importante seria fazer a dessalinização da água do mar.

Já se faz alguma dessalinização em Portugal, mas é uma questão de aumentar a escala. O caso de maior dimensão que temos devo ser a ilha do Porto Santo no arquipélago da Madeira cuja central tem capacidade de abastecer toda a ilha.


Também no algarve.

https://sicnoticias.pt/pais/2022-02-03-dessalinizacao-pode-vir-a-ser-usada-para-abastecimento-publico-na-algarve
« Última modificação: Agosto 15, 2022, 10:36:33 pm por Lightning »
 

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goldfinger

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Re: A seca em Portugal Continental
« Responder #92 em: Agosto 25, 2022, 07:35:15 am »
España, obligada a ceder casi 500 hectómetros de agua a Portugal a pesar de la sequía

Citar
España entregará a lo largo de este mes agosto, pese a la actual situación de sequía, un total de 475 hectómetros cúbicos de agua a Portugal para cumplir así con el Convenio de la Albufeira, suscrito en 1998 por el país con Portugal y que regula la gestión de los cinco ríos que comparten ambos territorios (Miño, Limia, Duero, Tajo y Guadiana), indicaron a Europa Press en fuentes del sector.
Convenio de la Albufeira

El Convenio de la Albufeira es un tratado internacional que regula el 'peaje' hídrico y las obligaciones vecinales de España con Portugal en materia de agua, dado que muchos de los ríos pertenecen a cuencas hidrográficas compartidas, ya que su nacimiento se produce en España, pero atraviesan también Portugal para desembocar en el Atlántico.

De esta manera, los embalses de las cuencas compartidas están obligados soltar agua por mandato del Gobierno para cumplir así con este compromiso legal internacional con el país luso.
Ello lleva a que, en casos concretos, como el embalse de Santa Teresa, en la provincia de Salamanca, gestionado directamente por la Confederación Hidrográfica del Duero, se tenga que vaciar como 'tributo' a Portugal.

Este embalse, junto con otros del sistema Duero, se verán afectados, incluso con la oposición de los agricultores y de algunas formaciones ecologistas. Esta cuenca hidrográfica del Duero es la que más contribuirá en la cesión de aguas a Portugal.

Mientras, la Cuenca del Tajo, pese a la situación de sequía y algunas protestas ecologistas locales, también debe contribuir con desembalses con destino a Portugal, en un volumen calculado en torno a 150 hectómetros cúbicos.

Por su parte, las cuencas del Sil y del Guadiana son también tributarias con Portugal, si bien ésta última, una de las más castigadas por la sequía, en menor medida.

Todos los concesionarios de uso del agua, (regadíos, usos industriales y deportivos, aprovechamientos hidroeléctricos, etc.) tienen que supeditarse, incluso en estos momentos de escasez, a esa circunstancia legal derivada del acuerdo entre los Gobiernos de España y Portugal.
Reserva hídrica

La reserva hídrica española se sitúa actualmente en el 36,9% de su capacidad total, registrando así el nivel de agua embalsada más bajo desde 1995 en esta época del año.

Según informó el Ministerio para la Transición Ecológica y el Reto Demográfico, los embalses españoles almacenan actualmente 20.702 hectómetros c

La situación de los embalses es la peor desde 1995

El Convenio de la Albufeira es el último convenio aprobado por España y Portugal en materia de los recursos hídricos compartidos y se denomina así debido a que fue firmado en la ciudad portuguesa del mismo nombre en 1998, entrando en vigor el 17 de enero de 2000.

El acuerdo hace una amplia alusión a la figura de cuenca hidrográfica como unidad de referencia para el estudio, planificación y gestión del medio hídrico, abarcando tanto las aguas superficiales y subterráneas, así como los ecosistemas relacionados con el medio hídrico. Asimismo, desarrolla mecanismos que permiten una gestión más abierta y participativa de los usuarios tradicionales y nuevos actores, dando soporte a un desarrollo sostenible del medio natural.

https://www.eldebate.com/economia/20220823/espana-obligada-ceder-casi-500-hectometros-agua-portugal-pesar-sequia_55962.html
A España servir hasta morir
 

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Daniel

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Re: A seca em Portugal Continental
« Responder #93 em: Agosto 30, 2022, 04:42:06 pm »
Esta imagem mostra um campo de extração de lítio no Chile? Sim, e os flamingos podem estar em risco
https://poligrafo.sapo.pt/fact-check/esta-imagem-mostra-um-campo-de-extracao-de-litio-no-chile-sim-e-os-flamingos-podem-estar-em-risco

Citar
"Abaixo na foto está um campo de lítio no Chile", descreve-se na publicação de 12 de agosto no Facebook (originalmente em esloveno). "Se um pássaro pousa numa dessas 'piscinas' morre por contacto, uma vez que o lítio é uma neurotoxina. O Chile, que é o segundo maior produtor de lítio do mundo, está a lutar com problemas de abastecimento de água (ou seja, não tem água potável), porque a água é utilizada para produzir baterias de lítio para carros elétricos e dispositivos móveis", informa-se.

Mais precisamente, "duas mil toneladas de água são utilizadas para obter uma tonelada de lítio. Além do lítio, as baterias para carros elétricos também contêm cádmio, mercúrio e chumbo (e muitas outras substâncias)", acrescenta-se. Daqui surge a principal dúvida: avançar para a substituição total de automóveis com motor de combustão interna por veículos elétricos vai "reduzir ou piorar a poluição"?

A ideia de que os veículos elétricos poluem mais do que os automóveis a gasolina ou gasóleo tem sido recorrentemente difundida nas redes sociais. Aliás, já por várias vezes o Polígrafo esclareceu algumas dúvidas, nomeadamente sobre a duração das baterias ou a emissão de CO₂. No caso concreto do Chile, porém, a situação é diferente. O Polígrafo explica porquê.

Situado na costa ocidental da América do Sul, o Chile é o segundo maior produtor de lítio do mundo, de acordo com dados de 2021. É ultrapassado somente pela Austrália. Na tabela, depois do Chile destacam-se a China, Argentina, Brasil, Zimbabué e Portugal.

O Chile faz ainda parte daquele que é conhecido como o "Triângulo do Lítio", em conjunto com a Argentina e a Bolívia, três países que detêm mais de metade das reservas mundiais de lítio. O interesse em extrair este metal atraiu várias empresas de mineração a estas zonas, com particular enfoque num lago situado no nordeste do Chile, "Salar de Atacama", onde se estima que esteja quase 30% de todo o lítio existente ao nível mundial.

Mas e se as operações de mineração em torno deste lago pudessem ameaçar a vida de duas espécies de flamingos? É isso que sugere um estudo recente, da "The Royal Society", com o seguinte título: "Mudanças climáticas e mineração de lítio influenciam a abundância de flamingos no Triângulo do Lítio". De acordo com os investigadores responsáveis pelo estudo, as populações de flamingos no "Salar de Atacama" diminuíram 10% a 12% apenas entre 2002 e 2013.

É altura de passar à segunda fase da investigação. Afinal, a imagem divulgada retrata mesmo um campo de extração de lítio? O Polígrafo recorreu à ferramenta de pesquisa inversa "TinEye" e chegou à conclusão de que esta fotografia é autêntica e pertence a Tom Hegen, que fez uso da mesma para ilustrar a primeira parte de um estudo sobre o lítio.

Na página do do fotógrafo (de nacionalidade alemã) salienta-se que "a produção de lítio através de lagoas de extração utiliza muita água. Cerca de 21 milhões de litros por dia. São necessários aproximadamente 2,2 milhões de litros de água (ou seja, cerca de duas mil toneladas) para produzir uma tonelada de lítio".
 

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Viajante

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Re: A seca em Portugal Continental
« Responder #94 em: Setembro 19, 2022, 05:51:56 pm »
Milhares de agricultores exigem que Espanha encerre o envio de água para Portugal

Cerca de três mil agricultores das províncias de León, Zamora e Salamanca manifestaram-se esta segunda-feira no centro da cidade de León para exigir que se encerre a libertação de água para Portugal no âmbito do acordo de Albufeira.



O pacto de Albufeira, assinado pelos dois países em 30 de novembro de 1998 para a administração e uso da água nas cinco bacias hidrográficas que compartilham, entre as quais a do Douro, regula a proteção e uso sustentável das águas das mesmas.

O presidente da Associação de Comunidades de Rega da Bacia do Douro (Ferduero), Ángel González Quintanilla, denunciou que os primeiros afetados com as libertações extraordinárias em Santa Teresa, Águeda e Irueña foram os agricultores de Salamanca.

“Agora foi a vez das comunidades de León sofrerem as consequências com a libertação de água que está a decorrer desde 9 de setembro nos reservatórios de Riaño e Porma, no sistema Esla-Valderaduey”, acrescentou González Quintanilla.

A Ferduero denunciou que se trata de uma "espoliação" que está a ocorrer de forma unilateral e sem qualquer tipo de diálogo, acusando o Ministério da Transição Ecológica e Desafio Demográfico espanhol de voltar continuamente as costas à irrigação e ao mundo rural.

Após uma reunião com os agricultores na semana passada, o subdelegado do Governo em León, Faustino Sánchez, sublinhou que a libertação da água para Portugal "é obrigatória" por força do acordo assinado entre os dois países.

Em virtude deste acordo, as duas maiores albufeiras da Bacia Hidrográfica do Douro - Almendra, no rio Tormes entre Salamanca e Zamora, e Ricobayo, no rio Esla, em Zamora, ambas destinadas principalmente à produção hidroelétrica - terão de ceder a Portugal mais de metade da água que têm atualmente nas albufeiras.

O acordo prevê o envio para Portugal de cerca de 870 hectómetros cúbicos de água armazenada nas albufeiras espanholas da bacia do Douro, dos quais cerca de 650 provêm destas duas grandes albufeiras.

Assim, nas próximas duas semanas, antes do final do corrente ano hidrológico em 30 de setembro, Espanha deverá ter cumprido aquele acordo e para isso terá de ceder à bacia do Douro portuguesa a quantidade mínima de água represada estipulada no acordo assinado em novembro de 1998.

https://www.msn.com/pt-pt/noticias/ultimas/milhares-de-agricultores-exigem-que-espanha-encerre-o-envio-de-%C3%A1gua-para-portugal/ar-AA11ZXk1?ocid=msedgdhp&pc=U531&cvid=833fb59995644038aaacd2af1281e726

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Re: A seca em Portugal Continental
« Responder #95 em: Setembro 20, 2022, 06:38:45 am »
E muito grave o problema, os barragems en Espanha están entre el 20 y el 35% da sua capacidade....

O mais grande do Espanha, el de La Serena, de 3219Hm3 de capacidade, tiene 422, solo un 13% da sua capacidade.

Cuenca del Guadiana:

http://www.saihguadiana.com:7080/visorTR/index.php
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Re: A seca em Portugal Continental
« Responder #96 em: Setembro 20, 2022, 11:05:01 am »
Mais uma vez tenho que dizer que as barragens em rios internacionais (que são quase todos) em breve será só uma opção para os meses mais chuvosos, durante o resto do ano não terão água suficiente para as nossas necessidades, excepto em anos de enchentes (as excepções à regra).

O novo normal será ano de seca após seca e com as barragens nos mínimos dos mínimos.

Algumas soluções:

-Fazer um esforço no combate às fugas de água (canalização danificada);
-Combate aos desperdícios (ex.: em tempo de seca, nada de regar os campos de golf);
-Fazer centrais de dessalinização com apoio nuclear.



« Última modificação: Setembro 20, 2022, 11:06:46 am por Cabeça de Martelo »
7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.

 
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Re: A seca em Portugal Continental
« Responder #97 em: Setembro 20, 2022, 02:41:00 pm »
Isto é tentar fazer a quadratura do circulo ...

Sem imagens, que nem tirei, há umas semanas fui a um lugar onde quando era pequeno cheguei a fazer campismo, a albufeira de Pego do Altar, cuja água deveria desaguar no rio Sado.
A Água ficava relativamente perto do lugar onde estavam as tendas do pequeno parque de campismo.
Hoje, para chegar à água é preciso descer quase cem metros para chegar à água. E isto na extremidade da lagoa criada pela barragem.

A ideia das centrais de dessalinização é interessante, mas há uma coisa que toda a gente está a esquecer, que é o preço a que fica cada litro de água...

No rio Sado, a pouca água que existe é utilizada para as culturas do tomate e do arroz, que são culturas que utilizam água de forma intensiva.

A Água das centrais de dessalinização pode ser utilizada para abastecer a rede publica, mas tem um preço absolutamente incomportável para a agricultura, nomeadamente a agricultura de regadio.

O caso acima referido de Israel é sintomático, a água utilizada para a agricultura, só é utilizada quando existem sistemas de rega gota-a-gota e para culturas com um elevado preço por tonelada.

Se não houver água da chuva, não é a agua do mar, sem sal, que pode salvar a agricultura tradicional que ainda resiste.

Aqui, também há que dizer que há culpa de muitos empresários agricolas que insistem na mesma coisa todos os anos, ou quase.

Há partidos que protestam contra a agricultura intensiva (as meninas do bloco ou o pessoal do quase extinto partido dos animais), mas o problema não é a agricultura intensiva, é a monocultura intensiva.

Este problema existe também em Espanha, especialmente na Andalusia, onde começaram a produzir vegetais em estufas, mas esquecendo que mesmo nas estufas a quantidade de água é enorme.

O problema é complicado em todos os casos.
As barragens devem servir de reservatórios de água, mas não podem encher demasiado (há mais mortos por gW/h em barragens que em centrais atómicas)

As centrais atómicas são uma solução. São relativamente seguras (menos mortiferas que as barragens) mas o problema é quando se considera o custo de desativação de uma central atómica, que custa muito mais que a sua construção...
Nesse caso a energia nuclear acaba por ser inviável.

A forma mais ecológica de preservar energia é nas barragens, mas isso gasta enormes quantidades de água.
Entre as soluções estudadas, está a utilização de energia solar, para bombear água de volta para as barragens durante o dia, para ter energia durante a noite, mas como em todos os casos há o problema dos custos.

Enquanto não houver uma forma de armazenar energia, os custos vão continuar a subir.

Tem que haver sempre uma solução de energia fóssil para quando a barragem seca, quando não há vento, quando não faz sol e quando a maré está a encher (no caso da energia das marés)

A verdade é que não há soluções milagrosas, pura e simplesmente não há.

É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
 

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Re: A seca em Portugal Continental
« Responder #98 em: Setembro 20, 2022, 02:53:38 pm »
O Marcelo percebe tanto de história como eu percebo de construção de barragens.
 

Afinal temos especialista em barragens  :mrgreen:

https://www.forumdefesa.com/forum/index.php?topic=6351.2745
 

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papatango

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Re: A seca em Portugal Continental
« Responder #99 em: Setembro 20, 2022, 08:41:38 pm »
Bom, se ir acampar para uma margem de uma albufeira dá para ficar especialista em barragens, deve ser  :mrgreen:
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
 

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Cabeça de Martelo

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Re: A seca em Portugal Continental
« Responder #100 em: Setembro 27, 2022, 03:39:49 pm »
Isto é tentar fazer a quadratura do circulo ...

Sem imagens, que nem tirei, há umas semanas fui a um lugar onde quando era pequeno cheguei a fazer campismo, a albufeira de Pego do Altar, cuja água deveria desaguar no rio Sado.
A Água ficava relativamente perto do lugar onde estavam as tendas do pequeno parque de campismo.
Hoje, para chegar à água é preciso descer quase cem metros para chegar à água. E isto na extremidade da lagoa criada pela barragem.

Exacto, a seca é bastante grave e a tendência é a piorar com as mudanças climáticas.


Citar
A ideia das centrais de dessalinização é interessante, mas há uma coisa que toda a gente está a esquecer, que é o preço a que fica cada litro de água...

No rio Sado, a pouca água que existe é utilizada para as culturas do tomate e do arroz, que são culturas que utilizam água de forma intensiva.

A Água das centrais de dessalinização pode ser utilizada para abastecer a rede publica, mas tem um preço absolutamente incomportável para a agricultura, nomeadamente a agricultura de regadio.

O caso acima referido de Israel é sintomático, a água utilizada para a agricultura, só é utilizada quando existem sistemas de rega gota-a-gota e para culturas com um elevado preço por tonelada.

E a diferença para Portugal seria? Israel deixa de exportar alimentos por causa disso? Não, até que se chegou a construir em Portugal navios em Viana, exatamente para exportar alimentos de Israel para o mercado mundial.

Já agora, esta fotografia é em Israel e não é rega gota a gota.



Citar
Se não houver água da chuva, não é a agua do mar, sem sal, que pode salvar a agricultura tradicional que ainda resiste.
Nós temos inverno, por pouco que chova, sempre pinga algo. A água das centrais de dessalinização é…água e é disso que a agricultura, as pessoas e os animais precisam.

Citar
Aqui, também há que dizer que há culpa de muitos empresários agricolas que insistem na mesma coisa todos os anos, ou quase.

Há partidos que protestam contra a agricultura intensiva (as meninas do bloco ou o pessoal do quase extinto partido dos animais), mas o problema não é a agricultura intensiva, é a monocultura intensiva.

Concordo em parte, mas concordo.

Citar
Este problema existe também em Espanha, especialmente na Andalusia, onde começaram a produzir vegetais em estufas, mas esquecendo que mesmo nas estufas a quantidade de água é enorme.

O problema existe em toda a Peninsula, numas regiões com mais intensidade que outras, mas em todas se nota a falta de água.

Citar
O problema é complicado em todos os casos.
As barragens devem servir de reservatórios de água, mas não podem encher demasiado (há mais mortos por gW/h em barragens que em centrais atómicas)

As centrais atómicas são uma solução. São relativamente seguras (menos mortiferas que as barragens) mas o problema é quando se considera o custo de desativação de uma central atómica, que custa muito mais que a sua construção...
Nesse caso a energia nuclear acaba por ser inviável.

A forma mais ecológica de preservar energia é nas barragens, mas isso gasta enormes quantidades de água.
Entre as soluções estudadas, está a utilização de energia solar, para bombear água de volta para as barragens durante o dia, para ter energia durante a noite, mas como em todos os casos há o problema dos custos.

Isso já se faz em Portugal.

Citar
Enquanto não houver uma forma de armazenar energia, os custos vão continuar a subir.

Tem que haver sempre uma solução de energia fóssil para quando a barragem seca, quando não há vento, quando não faz sol e quando a maré está a encher (no caso da energia das marés)

A verdade é que não há soluções milagrosas, pura e simplesmente não há.

Eu não procuro soluções mágicas, mas sim racionais e que nos permita encarar o futuro com alguma esperança. Saber que se tenho sede basta rodar uma torneira que há sempre água a sair de lá, é bastante assegurador. Neste momento em Portugal há localidades em que só se consegue beber água porque todos os dias à transporte da mesma com recurso a camiões e isso não é sustentável financeiramente, nem ecologicamente.

 A solução que eu defendo dá-nos energia a preços comportáveis, de uma forma fiável e tem como subproduto outro bem escasso e muito precioso, a água.
« Última modificação: Setembro 27, 2022, 03:49:02 pm por Cabeça de Martelo »
7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.

 

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Re: A seca em Portugal Continental
« Responder #101 em: Setembro 28, 2022, 07:36:14 am »
Era mais que expectável que acontecesse, mas, e pergunto eu, o que é que os sucessivos DesGovernos tem feito para limitar as consequências destas medidas implementadas em Espanha ?
A falta de água será um dos principais motivos dos futuros conflitos Armados.
E Portugal o que faz ?

https://www.publico.pt/2022/09/27/azul/noticia/espanha-travou-transferencia-agua-rio-douro-portugal-2022019

Abraços
Quando um Povo/Governo não Respeita as Suas FFAA, Não Respeita a Sua História nem se Respeita a Si Próprio  !!
 
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Re: A seca em Portugal Continental
« Responder #102 em: Setembro 28, 2022, 09:20:01 am »
Era mais que expectável que acontecesse, mas, e pergunto eu, o que é que os sucessivos DesGovernos tem feito para limitar as consequências destas medidas implementadas em Espanha ?
A falta de água será um dos principais motivos dos futuros conflitos Armados.
E Portugal o que faz ?

https://www.publico.pt/2022/09/27/azul/noticia/espanha-travou-transferencia-agua-rio-douro-portugal-2022019

Abraços

Eu não sei o que "Portugal" faz, mas sei o que os donos do estaminé fazem... que é empurrar com a barriga como fazem sempre que há algo que não lhes apetece tratar.
7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.

 

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papatango

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Re: A seca em Portugal Continental
« Responder #103 em: Setembro 28, 2022, 09:30:07 am »
Tentando explicar um pouco melhor o meu ponto de vista:

A dessalinização não é solução a não ser para o consumo publico.
O custo da água dessalinizada directamente do mar, é inferior ao custo da água engarrafada, mas (numeros americanos que eu não tenho como adaptar) até 275 vezes (duzentas e setenta e cinco vezes) mais cara que o valor médio da água pago para a agricultura. (há um estudo online sobre o assunto, relativo ao caso da California).

Israel utiliza água dessalinizada para consumo humano na rede pública e cerca de 85% da água bebida em Israel é dessalinizada.

A agricultura utiliza água reciclada (Israel recicla 70% da água consumida) e água dos aquiferos subterrâneos que se formam com a chuva, principalmente no inverno, já que no verão praticamente não chove.

O que Israel faz, é garantir que não há fugas e desperdicios de água, e é terrivel a quantidade de água que é desperdiçada com canalizações em mau estado e pura e simplesmente má gestão dos recursos hidricos por toda a Europa (em Portugal nem se fala).


Em vez de gastar dinheiro em dessalinização, ficaria para Portugal muito mais barato, tapar os lagos para impedir a evaporação (notar que isto não é viável) ou construir canais profundos para evitar perder grande parte da água por causa do calor. Ou mesmo investir em teconologia destinada a encontrar as fugas de água.

Isto tem que ser feito pelo governo central e qualquer regionalização e mesmo a gestão de águas pelos municipios são incompativeis com este esforço.

O problema que eu referi na Andalusia não me parece que seja de toda a peninsula ibérica. O problema é a utilização de cultura intensiva de regadio, em áreas em que o aconselhavel era adotar a agricultura de sequeiro. Como é evidente, esta última é muito mas muito menos lucrativa...
No entanto os espanhóis tentam obviar o problema com a reciclagem da água, sendo o segundo país do mundo (depois de Israel) com maior nível de água reciclada (17%).

Nós não estamos minimamente interessados - pelo menos até ao momento – em preservar água.
Um país que produz energia em barragens, só pode ser porque não tem problemas com água.

E isso é algo para o que todos deveríamos olhar com atenção. Construimos o maior lago artificial da Europa, com a agricultura em mente. Isso revolucionou o Alentejo, mas no resto do país, continuamos a pensar em barragens para eletricidade e não como forma de preservar a água.

No fim, e por enquanto, isso deve ter a ver com o fato de termos 35 (trinta e cinco) vezes mais água per capita que Israel e 3,2 vezes mais água que a Espanha (sempre per capita).

vide
https://pt.knoema.com/

Os nossos problemas com a seca levariam o pessoal de Israel a rir à gargalhada.
Do meu humilde ponto de vista não faz sentido produzir água a custos astronómicos por osmose inversa, quando temos milhões de hectolitros à nossa disposição para desperdiçar.

Todos os dias
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
 
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Viajante

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Re: A seca em Portugal Continental
« Responder #104 em: Setembro 28, 2022, 11:00:16 am »
Concordo em grande parte com o que afirma o Papatango.

Principalmente acho estranho apostarmos na dessalinização quando desperdiçamos imensa água. Moro numa zona que tem vários rios em que a água corre livremente para os maiores rios nacionais e só esses aproveitam mais eficientemente a água!!!!!

Vou dar o exemplo de Lamego, a minha cidade natal. Já neste século, o concelho ficou sem água e numa situação de emergência, foram requisitados dezenas de camiões cisterna, para todos os dias transportarem água do rio Douro (que banha a margem sul do concelho  ::) para despejarem literalmente milhões de litros a montante da captação existente na altura no rio Balsemão!!!!! Esta medida teve custos incomportáveis, para um concelho que até é servido pelo rio que nunca seca (rio Douro). Finalmente ganharam juízo e em vez de investirem uns anos em rotundas e campos de futebol em cada aldeia, apostaram e muito bem, na construção de uma barragem a montante e sobre o rio Balsemão (Barragem de Prétarouca), a mais de 900 metros metros de altitude e que resolveu até agora qualquer problema de seca para os concelhos de Lamego, Resende (também servido pelo Douro) e Tarouca, reforçando ainda mais alguns concelhos limítrofes. A capacidade original da barragem, que era de 3,2 milhões de m3 já foi aumentada para 4,2 milhões de m3 e pertence às Águas de Portugal.

Conheço ainda mais rios que não têem qualquer tipo de controlo hidrográfico e que poderia ajudar e muito a resolver o problema da falta de água.

Refiro ainda e mais uma vez o Douro, o rio que nunca seca e que no inverno tem caudais gigantescos de água sem qualquer tipo de aproveitamento. Pergunto eu, em vez de se gastarem rios de dinheiro a apostar numa tecnologia ainda não comprovada ser rentável (o hidrogénio financiado pelo PRR em vários milhares de milhões de euros), porque não criarem vários lagos artificiais alimentados pelo excedente do Douro, nos inúmeros vales que desaguam no próprio?

Depois eu volto a bater no incompetente desgoverno que criminosamente encerrou as nossas centrais eléctricas a carvão e reduziu ainda mais o nosso mix de fontes energéticas para apenas as centrais hídricas, solares e eólicas e reforço das centrais a gás para quando é necessário (que também estão previstas serem encerradas).

Voltando às hídricas, é bom recordar que a sua gestão é privada e obviamente interessa turbinarem a água toda que puderem, para facturarem mais!!!!
E foi esse o principal problema numa barragem próxima de mim, a Barragem do Vilar, que por esta altura deveria ter 50% de capacidade e tinha da última vez apenas 13%!!!! E porque é que tinha 13%, porque no último Inverno, a EDP a contar com a chuva que supostamente ía cair, turbinou toda a água que pode até ser impedida de continuar! Problema, o inverno e primavera foram muito secos e a barragem está de tal forma numa situação crítica que nem os hidroaviões podem usá-la para combater incêndios!!!!!!

Conclusão, falhamos imensamente na gestão da água, antes de pensarmos investir na dessalinização.
E já agora, já visitaram a Estrela? Durante décadas, antes da nacionalização de 1975, privados foram explorando a gestão da água e a sua transfega entre lagos...... tudo isso parou e nunca mais investiram na continuação da melhor exploração da água disponível!!!!!

Explorar imensos cursos de água que não estão a ser aproveitados e pensar em alternativas à produção hídrica de energia.