Caro Lusitan,
essa treta das extremas esquerdas e direitas comigo não pega.
Infelizmente hoje serve de argumentação para tapar o óbvio. Na política tem sido a regra, o debate centra-se nisso e não naquilo que realmente deveria importar.
Depois, aqueles (muitos, maioria) que não têm capacidade de perceber o engodo vêem moldadas as suas opiniões por aquilo que "comem" e não pelo que pensam.
Quanto à percepção do mundo, é a minha, não a que me contam. Faça o mesmo, se quiser.
Mas não venha para aqui rotular ninguém, muito menos quem não conhece.
Tem a sua opinião, eu tenho a minha, podemos e devemos discuti-las e é para isso que servem os fóruns.
Achar-se dono da razão e no direito de classificar os outros é que já não me parece bem.
Quanto ao tema, vamos ver o que sairá agora das visitas se Macron a Moscovo e Kiev.
Não acredito num conflito, mas é preciso arrefecer os ânimos para não corrermos este risco.
E também não me parece que sejam as constantes ameaças à Rússia a melhor opção para controlar Putin. Não vai recuar, até por uma questão de imagem interna.
Só indo de encontro a algumas das suas exigências que não me parecem descabidas. O papel da Ucrânia na NATO parece-me óbvio.
Não entendo o comportamento dos EUA e da NATO em tudo isto. Por um lado não vão intervir, mas por outro mandam para lá alguns meios e armamento para não sei o quê senão acirrar mais as coisas.
Que artigo do tratado evocam?
Que paz procuram armando ainda mais uma das partes, sabendo sempre que não sairá vitoriosa sozinha?
Realmente é irónico, vir para aqui puxar a cartada da vítima, para não o rotularem, mas duas frases acima, rotula quem é de opinião contrária à sua, como "aqueles (muitos, maioria) que não têm capacidade de perceber o engodo vêem moldadas as suas opiniões por aquilo que "comem" e não pelo que pensam".
Além de "rotular" ser a principal arma dos pró-Putin, como temos visto neste mesmo tópico mais do que uma vez, em que quando o argumento não cola, o resto da malta é "ignorante", "ingénuo", etc. O que mais uma vez se torna irónico, pois quem diz isso, acha que um país que coloque 100 mil militares em torno de toda a fronteira de um país vizinho é algo inocente e normal. Então podemos dizer que, se a Espanha colocasse 20 mil militares ao longo da fronteira portuguesa, numa postura possivelmente (a preparar uma) ofensiva, vamos ficar na boa! Se calhar até ficamos, porque vão usar a mesma NATO que dizem obsoleta e desnecessária, como "guarda-costas".
Quando às duas últimas perguntas, nem parece vindo de alguém que diz que pensa. Então o conceito de dissuasão não lhe diz nada? O que é que o envio de mísseis anti-tanque faz para aumentar as tensões, já que apenas reforçam a capacidade defensiva da Ucrânia, e não ofensiva? Se calhar até acham que sim... vão lá uns soldados ucranianos correr com Javelins às costas em direcção a Moscovo... Se os russos não meterem os pés em solo ucraniano, não têm de temer os Javelin ou NLAW ou Stinger, ponto final. Se os ucranianos estivessem a receber paletes de mísseis de cruzeiro e balísticos, ainda se entendia, mas nem é esse o caso (e mesmo assim, os russos não tinham de piar absolutamente nada sobre o assunto, já que têm um arsenal deste tipo de arma muito maior que a Ucrânia, e possivelmente que as FA europeias todas somadas).
Meu caro,
desde quando "aqueles (muitos, maioria) que não têm capacidade de perceber o engodo vêem moldadas as suas opiniões por aquilo que "comem" e não pelo que pensam" é rotular alguém?
Não será antes o constatar de uma triste realidade que hoje nos assola que, a par com o comodismo, nos limita a capacidade crítica? Limitamo-nos a seguir os outros, muitas vezes sem pensarmos por nós próprios.
Classificar alguém como extremista, estúpido, ignorante, ingénuo, pró isto ou aquilo, isso sim é rotular, principalmente quando utilizado de forma depreciativa.
E pedir para que não o façam não é vitimização, mas sim a tentativa de que o debate de ideias se faça de forma educada e civilizada.
Eu pessoalmente não sou nem tenho de ser pró-russo ou americano.
Sou português e europeu, e vejo este assunto por essas perspectivas.
E no meu entender, volto a repetir, Portugal e a Europa têm muito mais a perder do que a ganhar se forem arrastados para um conflito desta natureza. Mesmo que se fique pelas sanções ou afastamento da Europa em relação à Rússia.
Já quanto à presença russa junto às fronteiras, estão a fazer o seu jogo de pressão que era perfeitamente espectável a partir do momento em que assumem que não aceitam a entrada da Ucrânia na NATO. O contrário é que seria uma surpresa.
Se vão invadir? Não acredito, mas caso uma das partes não ceda a coisa já pode mudar de figura.
Na realidade, para além de bloquear a Ucrânia e dar um sinal claro a outros potenciais interessados em integrar a NATO, perderão muito com a invasão, quer pelo custo da própria guerra quer pelo afastamento da Europa.
Esta guerra não interessa a ninguém. Espero...
Quem tem de ceder? Por mim e logo de entrada a Ucrânia tem de desistir da entrada na NATO, por razões óbvias.
Isso também retiraria margem de manobra a Putin porque perderia o principal argumento. Caso realmente o objectivo fosse invadir.
Mantenho a minha posição de que todo o apoio que seja fornecido a um país em guerra, seja armamento, pessoal treino, informação... é tomar parte por esse país contra o adversário.
A partir daí, não entendo os fornecimentos recentes e apressados seja do que seja, para atacar ou defender.
Neutralidade e diplomacia é o que se exige.