Guerra na Ucrânia

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Re: Guerra na Ucrânia
« Responder #765 em: Fevereiro 06, 2022, 10:25:51 am »
Não é a minha área, mas esta possível guerra interessa à Rússia? E à Europa?

O que penso é que estão a tentar desestabilizar a Europa, mais uma vez, sem se envolverem directamente, criando mais uma crise na Europa e ao mesmo tempo ocupando a Rússia no palco Europeu, para que os states se ocupem da China (sem a Rússia) na Ásia/pacífico?

E pelo meio ainda dá para ganhar muito dinheiro!

É o que me parece!
 
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Re: Guerra na Ucrânia
« Responder #766 em: Fevereiro 06, 2022, 02:17:31 pm »
Os EUA querem vender o gás DELES à Europa, cinco a seis vezes mais caro que o Russo...

Só anjinhos é que ainda vão na conversa do papão russo
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Re: Guerra na Ucrânia
« Responder #767 em: Fevereiro 06, 2022, 02:22:40 pm »
O que sei é que isto se tornou num "conflito" de apontar o dedo. A culpa é sempre do outro. Então pois claro que a colocação de 100 mil militares na fronteira com a Ucrânia por parte da Rússia, é culpa da NATO! Foi a NATO que obrigou os russos! Tal como a invasão da Crimeia, foi a NATO/EUA... ou a invasão da Geórgia, também foi orquestrada pela NATO/EUA... Lá está, na Rússia de Putin, é só santos!!!

Então e o que tem se a capital russa está (ou poderia ficar) a 500 km da dita "aliança hostil"? A Rússia é grande, tivessem feito a capital lá para o meio, não tinham esse problema. Agora culpar os outros, pelas suas atitudes (que levam a NATO a ser mais hostil, e os países vizinhos a equacionar juntar-se a esta aliança), e pelo péssimo ordenamento de território, era o que mais faltava.

Mas essa da aliança hostil a 500km de Moscovo mete piada... por várias razões. Então estamos a falar de uma potência nuclear, com receio de ser atacada por uma aliança que, não só tem visto cortes severos na sua Defesa (e que pouco ou nada investe em capacidade ofensiva!), como a maioria dos países membros, não tem acesso a armas nucleares? A sério? Imaginem aqueles países que têm a capital a menos de uma centena de km dos vizinhos potencialmente hostis. Imaginem Taiwan, Japão, Coreia do Sul. Até mesmo Portugal com Espanha, onde há um longo e sangrento historial de conflitos. Ou imaginem a Finlândia ou até mesmo a Suécia, países neutros que estão a apenas uma "perninha" dos russos.

Deixem-se é de vitimizações constantes, que já chateia. Idealmente a Rússia tornava-se um "aliado por conveniência" da Europa/NATO, para fazer frente à China, sem estas tretas de colocação de forças na fronteira de outros países e a tentar mandar nas alianças que estes escolhem. A Ucrânia ficava neutra, mas com garantia que os russos não se iam armar em chico-espertos. O resto da Europa recebia gás da Rússia, mas sem ficar tão dependente deste para evitar situações como a actual. E no fim, tudo ficava feliz.

Uma coisa é certa, os americanos estavam mal vistos com a saído do Afeganistão, e agora à conta da Rússia, voltou-se a ver que ainda mandam alguma coisa. Os profetas do desastre lá diziam que estavam acabados, e afinal, até para decidir o futuro da Europa, são chamados primeiro para a mesa de negociações, bem antes dos próprios europeus.

A guerra não interessa a ninguém na Europa, seja de um lado seja de outro. Mas a "possibilidade" de acontecer, poderia ter um benefício para os europeus, servindo para abrir os olhos para que a paz não está garantida na Europa. Também dependeria dos intervenientes. Se os russos e ucranianos andam à batatada, e um país europeu vende armas aos ucranianos, acaba por estar a lucrar com a guerra. Quem ganharia seria de facto EUA e China, e eventualmente outras potências emergentes.

Os EUA querem vender o gás DELES à Europa, cinco a seis vezes mais caro que o Russo...

Só anjinhos é que ainda vão na conversa do papão russo

O papão russo existe, e mete 100 mil militares na fronteira com a Ucrânia. A não ser que afinal seja tudo photoshop, ou os americanos tenham lá colocado militares seus, com fardamento e equipamento russo.
 
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Re: Guerra na Ucrânia
« Responder #768 em: Fevereiro 06, 2022, 03:02:55 pm »
Gostei de ver o vídeo publicado mais acima pelo Lusitano80 e tal, ...onde vemos uma Greta Thunberg (aka Justin)  fardada de "voluntario americano" dizer, referindo-se à eventual invasão russa :  "estou aqui para impedir que isso aconteça". 
Ah ganda Justin , se não fosses tu...

Este tópico provoca em mim reações bipolares, umas vezes desmancho-me a rir ; outras faz-me ranger os dentes com tanta inocência :)
« Última modificação: Fevereiro 06, 2022, 03:04:42 pm por legionario »
 

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Re: Guerra na Ucrânia
« Responder #769 em: Fevereiro 06, 2022, 04:05:18 pm »
Então e o que tem se a capital russa está (ou poderia ficar) a 500 km da dita "aliança hostil"?

Concordo, então os países balticos? Dois deles fazem fronteira directa com a Russia, não sei a quantos km ficam de Moscovo mas também será algo por ai nas centenas de km e não é por isso que a NATO lançou misseis ou invadiu a Russia.

Porque é que a Georgia também não pode ingressar na NATO, também fica a 500km de Moscovo?  Na realidade fica a quase 2000km ;D

O medo que a NATO mete a Putin não é de ser atacado militarmente, é sim dos países que estão à sua volta se tornarem democracias e perder o controlo desses estados-fantoche, a Ucrânia pediu adesão à UE e a Russia forcou-os a desistir, a Rússia quer ter a Ucrânia pela trela.

Citar
Mas essa da aliança hostil a 500km de Moscovo mete piada... por várias razões. Então estamos a falar de uma potência nuclear, com receio de ser atacada por uma aliança que, não só tem visto cortes severos na sua Defesa (e que pouco ou nada investe em capacidade ofensiva!), como a maioria dos países membros, não tem acesso a armas nucleares? A sério?

Sim, porque actualmente a Wehrmacht está cheia de divisões panzer que podem entrar pela planicie ucraniana até Moscovo num ápice, ou temos lideres conquistadores como Napoleão  :mrgreen:.  A Europa é tudo flower power, tudo póneis e arco-iris, mas alguém lhes passa pela cabeça atacar a Rússia ?Conquistar Moscovo? O dinheiro na europa é para pagar reformas e serviços de saúde, que isto cada vez tem mais idosos e menos jovens. O que queremos (Europa diga-se), de Moscovo é petróleo e gás e isso fica mais barato comprar.

Citar
Idealmente a Rússia tornava-se um "aliado por conveniência" da Europa/NATO, para fazer frente à China, sem estas tretas de colocação de forças na fronteira de outros países e a tentar mandar nas alianças que estes escolhem. A Ucrânia ficava neutra, mas com garantia que os russos não se iam armar em chico-espertos. O resto da Europa recebia gás da Rússia, mas sem ficar tão dependente deste para evitar situações como a actual. E no fim, tudo ficava feliz.

Era isso. Espero que entre os lideres europeus (Alemanha, França, dos Britânicos espero pouco), e ucranianos consigam um compromisso com o Putin.

Dos americanos já só peço que não metam os pés, que já ninguém está para justificações de intervenção militar inventadas.
« Última modificação: Fevereiro 06, 2022, 04:18:02 pm por Lightning »
 
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Re: Guerra na Ucrânia
« Responder #770 em: Fevereiro 06, 2022, 04:39:43 pm »
- Independentemente de quem tivesse no governo, a Rússia aceitaria uma aliança hostil a 500 km de Moscovo?

Isso só acontece devido ao comportamento bully russo, se eles se dessem bem com os vizinhos eles não se sentiriam obrigados a procurar protecção externa.

Citar
- Alguma potencia aceitaria uma intrusão dessas no que é a sua esfera de influencia directa?

Realmente, também não sei como a França permite que o grupo Wagner Russo ande ali pela Africa Francófona, nós tivemos autorização para estar na RCA :mrgreen:.

Citar
- Porquê de serem os EUA a inflacionar isto tudo?

Querem que a Alemanha compre gás a eles em vez de aos russos, assim o dinheiro vai para os States e a Russia fica mais pobre, é win-win para eles.

Citar
- Porque é que Alemanha, França, Itália, Hungria, Bulgária, Croácia, etc, são tão reticentes, inclusive com declarações dos croatas a dizer que retiram da NATO?

Devem ser os que mais dependem do gás russo.
Isso da Croacia, o primeiro-ministro de lá já veio dizer que não é bem assim.
https://balkaninsight.com/2022/01/26/croatian-pm-apologises-for-presidents-outburst-on-ukraine/

Citar
- Porque é que apenas o RU, a Polónia e os Bálticos estão a fazer barulho?

Os polacos e os balticos devem ser os que mais sofreram da URSS. Os britânicos, esses gostam de se meter.

Citar
- Porque é que quiseram (e quem é que teve a ideia de) obrigar o Russos a vender o gás no mercado "spot" em vez de contractos de longa duração e que deu num aumento brutal do custos do mesmo?

Dessa parte não entendo nada, se quiser fazer o favor de uma explicação simples, agradecia.

Citar
- O que é que foi que a Rússia baniu de exportar para o Ocidente que vai agravar a um limite, que vai levar a tumultos generalizados na Europa, o aumento de preços de bens alimentares? (não esquecer que as fábricas na Europa estão paradas por preços incomportáveis do gás)

Igual a minha resposta anterior.

Citar
- Esta minha ultima questão acima, afecta os EUA?
 - Se não afecta os EUA terão os mesmos essa capacidade para nos fornecer e a que preços?

Como já disse noutra resposta anteriormente, afecta aos EUA pois abre mercado para o gás deles.
O preço pelo que tenho lido, é bem mais caro.

Citar
- Onde entra a China no meio disto tudo?

A China podia aproveitar a confusão para invadir Taiwan, pois os americanos não devem conseguir segurar duas situações destas em simultâneo. A China e a Russia continuarem muito próximas. Talvez outras razões...
« Última modificação: Fevereiro 06, 2022, 04:41:11 pm por Lightning »
 
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Re: Guerra na Ucrânia
« Responder #771 em: Fevereiro 07, 2022, 12:52:08 pm »
https://mobile.twitter.com/RTPNoticias/status/1489924262961893378

"Erro"...estão mortinhos

Eu até sou muito "pro americano", mas já começa a chatear, parece que eles são os que mais querem que a Rússia ataque (até o Presidente da Ucrânia teve que lhes dizer para parar com isso).

Agora também é facil dizer, mas acho que o novo governo ucraniano cometeu um erro estratégico ao não ter ido falar com o Putin quando chegaram ao poder, começaram a ligar só à Europa e EUA e ignoraram a Rússia, deviam ter ido a Moscovo como gesto de boa vontade, aquilo até é tudo eslavo, ortodoxo, tem ligações, dar alguma garantia a Putin que a Ucrânia se manteria neutra em termos militares, mesmo que agora fosse mais democrática.

Penso que os ucranianos devem ser os primeiros a não querer que o país deles se torne o campo de batalha da Russia vs EUA, nem eu quero e estamos na outra ponta da Europa.

Os americanos podem não estar muito interessados na paz, espero que os europeus estejam.
https://sicnoticias.pt/mundo/europa-tenta-travar-eventual-invasao-russa-da-ucrania/
Para os americanos há várias razões para intervir. A primeira prende-se com a credibilidade de actuar para defender os seus interesses e as suas promessas. O Memorando de Budapeste conta para os EUA e para os seus aliados é uma forma de saber que os tratados são cumpridos pelas administrações americanas (especialmente depois dos anos Trump e da saída do Afeganistão sem consultar os aliados).
A segunda é não permitir que um rival ganhe mais poder do que o que já tem. Porque razão os EUA deveriam ficar parados a ver um inimigo reforçar o seu potencial geoestratégico com a anexação de dois países (Bielorrusia + Ucrania). Além de que permitir aos russos redesenhar a arquitectura de segurança da Europa a seu bel-prazer levaria a um redução da soberania dos países do leste europeu. A exigência de que a NATO volte às fronteiras de 1997 é isso mesmo.
A questão da energia é um problema europeu. No entanto, para vencer a reticência de vários aliados os EUA têm estado a contactar vários países para garantir o abastecimento de gás se os russos fecharem a torneira. Os EUA chegaram mesmo a pedir ao Japão para desviar algumas das suas encomendas de gás para a Europa. Mas também o Qatar recebeu recentemente o estatuto de  Major Non-NATO Ally para garantir fluxo contínuo de gás para a Europa.

https://www3.nhk.or.jp/nhkworld/en/news/20220204_15/
https://www.nytimes.com/2022/01/31/us/politics/biden-qatar-nato.html

O Zelensky tentou desde que foi eleito ter vários encontros com Putin. A maioria dos quais foi rejeitada pelo governo russo. Zelensky é russófono e russófilo. Teve enorme sucesso enquanto comediante na Rússia e tem muitas ligações a esse país. Não o podem criticar por ser um nacionalista anti-Russia.
Relativamente à diferença de opiniões relativamente à ameaça de invasão, por um lado temos Zelensky com esperança de conseguir evitar uma invasão e também a sentir o impacto que o pânico está a ter na economia ucraniana. Tentar evitar o pânico é a posição do governo ucraniano. No entanto, o aumento da actividade de treino de civis e o pedir de mais armas ao Ocidente comprovam a posição dos americanos.

Os americanos estão há 2 décadas a avisar que querem focar-se no Pacífico e pedem aos europeus que façam mais pela sua defesa. O que eles menos precisam é de mais um teatro de operações a consumir-lhes recursos essenciais na contenção da China. No entanto, a força dos EUA está na sua vasta rede de alianças. Se os aliados começarem a desconfiar que os EUA não virão em seu auxílio tenderão a criar alianças que podem ser contrárias aos interesses americanos. Já para não falar que isso implicará mais países a tentar aceder a armas nucleares para garantir a sua segurança relativamente a outra potências.

https://www.wsj.com/articles/insurers-want-to-avoid-covering-war-ukraine-hacks-put-that-to-the-test-11643279403
https://foreignpolicy.com/2022/01/28/russia-ukraine-insurance-black-sea-economy-war/

https://www.ft.com/content/b9f1896c-1b4d-11ea-9186-7348c2f183af
https://edition.cnn.com/2021/04/20/europe/ukraine-zelensky-putin-meeting-intl/index.html
https://www.cnbc.com/2019/10/10/ukraines-president-says-meeting-putin-is-key-to-ending-war.html
 
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Re: Guerra na Ucrânia
« Responder #772 em: Fevereiro 07, 2022, 02:01:40 pm »
Citar
- Independentemente de quem tivesse no governo, a Rússia aceitaria uma aliança hostil a 500 km de Moscovo?
A questão nunca teve a ver com a NATO. A questão está em manter controlo sobre as antigas republicas soviéticas e se possível expandir o controlo sobre países do antigo Pacto de Varsóvia.
A questão está em redesenhar a arquitectura de segurança da Europa em favor da Rússia.

 
Citar
- Alguma potencia aceitaria uma intrusão dessas no que é a sua esfera de influencia directa?
A Rússia acordou em vários acordos e tratados respeitar a soberania dos países europeus e permitir que cada um possa escolher as alianças que assim entender, e inclusivé aceitou o alargamento da NATO. Fê-lo nos Acordos de Helsinquia, na Carta de Paris, e no NATO-Russia Founding Act onde a NATO promete à Rùssia não colocar armas nucleares no território de novos membros. À luz dos tratados assinados pela Rússia, esta não tem direitos especiais sobre nenhuma nação na Europa.


 
Citar
- Porquê de serem os EUA a inflacionar isto tudo?
Sim, foram eles que "inflacionaram" mais de 100BG à volta da Ucrânia, agendaram exercícios nucleares que são normalmente realizados no Outono para Fevereiro, transferiram navios do Pacífico e do Mar do Norte para o Mar Negro. De facto é só "inflação" americana.

 
Citar
- Porque é que Alemanha, França, Itália, Hungria, Bulgária, Croácia, etc, são tão reticentes, inclusive com declarações dos croatas a dizer que retiram da NATO?
Cada país tem os seus interesses. A SPD tem uma grande ligação à Rússia que só é possível explicar através de acesso a contas bancárias. Por exemplo, foi Gerhard Schroeder quem iniciou a política de desfaseamento do nuclear na Alemanha. Pouco tempo depois estava a ganhar milhões em empresas do gás russo.
A França está em eleições e Macron quer mostrar-se como influenciador essencial da geopolítica mundial. No entanto reforçou a posição da NATO na Europa de Leste.
A Itália tem forte interesses económicos na Rússia. No entanto defende a aplicação de sanções em caso de ataque à Ucrânia.
A Hungria é Orban, acho que não é preciso dizer muito mais. Mas também há a questão histórica da Hungria achar que uma parte da Ucrânia ser sua por direito - a Zakarpattia.
https://vsquare.org/how-the-hungarian-government-invests-billions-in-zakarpattia/

 
Citar
- Porque é que apenas o RU, a Polónia e os Bálticos estão a fazer barulho?
Os Nórdicos também estão a apoiar. Os Holandeses também. O Canadá também. A Espanha reforçou as forças no Mar Negro.


Citar
- Porque é que quiseram (e quem é que teve a ideia de) obrigar o Russos a vender o gás no mercado "spot" em vez de contractos de longa duração e que deu num aumento brutal do custos do mesmo?
Tens aqui uma resposta não conspiratória:
Liberalização do mercado!
https://www.reuters.com/business/energy/norway-russia-reap-rewards-europes-flexible-gas-market-2021-09-24/


 
Citar
- O que é que foi que a Rússia baniu de exportar para o Ocidente que vai agravar a um limite, que vai levar a tumultos generalizados na Europa, o aumento de preços de bens alimentares? (não esquecer que as fábricas na Europa estão paradas por preços incomportáveis do gás)
Nitrato de amónio para fertilizantes.
Sabes o que é que também vai aumentar os preços alimentares? Uma invasão da Ucrânia que limite a exportação dos produtos alimentares ucranianos.
https://www.washingtonpost.com/world/2022/01/28/ukraine-grain-exports-russia-threat/

 
Citar
- Esta minha ultima questão acima, afecta os EUA?
Sim. Também afecta os EUA que são o segundo maior importador de nitrato de amónio a seguir ao Brasil.

 
Citar
- Se não afecta os EUA terão os mesmos essa capacidade para nos fornecer e a que preços?
Afecta também. No entanto já há algumas alternativas no mercado.
https://www.farmprogress.com/management/new-technology-and-alternative-nitrogen-sources-crops-southern-us

Citar
- Onde entra a China no meio disto tudo?
A China está à espera para ver por onde avança... Se pela Ásia, se pelo Pacífico.

Citar
  - E a ultima questão, apesar de se poder colocar muitas mais, acham mesmo que o foco desta crise é a Ucrânia?!!
Nunca é só por causa da Ucrânia. Mas o que acontecer na Ucrânia terá implicações para as próximas décadas no que concerne à segurança da Europa e das relações internacionais.
 
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Re: Guerra na Ucrânia
« Responder #773 em: Fevereiro 07, 2022, 02:17:16 pm »
Não é a minha área, mas esta possível guerra interessa à Rússia? E à Europa?

O que penso é que estão a tentar desestabilizar a Europa, mais uma vez, sem se envolverem directamente, criando mais uma crise na Europa e ao mesmo tempo ocupando a Rússia no palco Europeu, para que os states se ocupem da China (sem a Rússia) na Ásia/pacífico?

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É o que me parece!
À Rússia deve interessar porque foi a única a enviar mais de 100mil homens para a fronteira com a Ucrânia...
 

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Re: Guerra na Ucrânia
« Responder #774 em: Fevereiro 07, 2022, 02:30:25 pm »


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Re: Guerra na Ucrânia
« Responder #775 em: Fevereiro 07, 2022, 04:56:12 pm »
 

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Re: Guerra na Ucrânia
« Responder #776 em: Fevereiro 07, 2022, 06:51:49 pm »
Gostei de ver o vídeo publicado mais acima pelo Lusitano80 e tal, ...onde vemos uma Greta Thunberg (aka Justin)  fardada de "voluntario americano" dizer, referindo-se à eventual invasão russa :  "estou aqui para impedir que isso aconteça". 
Ah ganda Justin , se não fosses tu...

Este tópico provoca em mim reações bipolares, umas vezes desmancho-me a rir ; outras faz-me ranger os dentes com tanta inocência :)
Inocência e/ou ingenuidade

Mas eu já não tenho nem idade nem paciência para andar a brincar aos "indios e cowboys"
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Re: Guerra na Ucrânia
« Responder #777 em: Fevereiro 07, 2022, 08:12:59 pm »
Era giro que o México,  por exemplo,  fizesse algum tipo de aliança militar com a Rússia, ou a China, que incluísse o estabelecimento de bases destes no seu território. Como iria reagir o Tio Sam?
E melhor,  que diriam aqueles que agora acham normal um país permitir que as fronteiras de uma aliança que foi formada precisamente para ser sua "eventual" inimiga, chegarem até aos seus limites territoriais?
A OTAN desde há muito tempo que não faz sentido, só serve eventualmente a alguns, e todo este ruido criado serve precisamente para tentar esconder e contrariar essa realidade e justificar a sua manutenção.
Era muito mais útil se os meios dos diversos países europeus que a compõem fossem direcionados para a criação de uma aliança europeia, que se colocaria como tampão entre o leste e os Estados Unidos,  em posição fulcral e neutra, podendo assim defender os reais interesses da Europa e não indo, como agora acontece,  a reboque das vontades americanas.
Ao mesmo tempo estariam criadas condições reais de defesa contra eventuais ameaças vindas do norte de África ou do Médio Oriente, o que agora não me parece existir.
Em termos estratégicos poderia reordenar o mapa de forças, passando a existir não 3, mas 4 potenciais militares.
Ao mesmo tempo potenciaria o desenvolvimento da indústria militar dos diversos países europeus.
Complicado? Muito, desde logo com o Reino Unido a ficar provavelmente de fora e a manter-se como aliado privilegiado dos EUA. Mas na prática não mudaria muito o cenário neste aspecto relativamente ao presente.
Por outro lado a diversidade de culturas e interesses na Europa nunca permitiram grandes avanços neste sentido.
Mas também não deixa de ser verdade que a grande maioria já são aliados... na OTAN. 😉
João Pereira
 
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Re: Guerra na Ucrânia
« Responder #778 em: Fevereiro 07, 2022, 08:48:19 pm »
No período mais crítico da Europa desde a Guerra Fria, é que vêm dizer que a NATO não faz sentido. É que sem a NATO, quantos países de Leste já tinham sido invadidos pelos inocentes dos russos? A presença americana na Europa deve-se em grande parte à incapacidade dos europeus garantirem a sua própria defesa. Até o Trump, de toda a asneira que fez, disse uma coisa acertada, que a Europa precisava de levar a Defesa a sério e não depender dos EUA. E deste lado do Atlântico ficou tudo ofendido. Mas se os europeus não querem agora, que mais se pode fazer?
Em que medida é que um "exército europeu" mudava isso? Vão continuar a haver países neutros que não querem ter nada a ver com o assunto, países pró-americanos, países pró-russos, depois temos as Alemanhas desta vida, que se os seus interesses estiverem metidos ao barulho, se recusam a vender armas e a permitir que armas de fabrico alemão (provenientes de outros países) cheguem a quem precisa.
Mas anda tudo à espera que, acabando com a NATO e criando um Exército Europeu (EE), alguma coisa vai mudar? Os portugais cá do sítio vão deixar de ser carregados às costas por parte da aliança? Vão achar que se vai dar tudo bem na hora de criação de programas conjuntos (como caças) e que nunca vai haver desentendimentos (como os franceses no programa Eurofighter)? Como vai ser o equilíbrio nuclear entre as 3 potências actuais e esta nova potência, o EE? Mais membros ganharão acesso a armas nucleares, ou só a França, que seria o único membro com armamento nuclear? Vamos ver vários desses países a operar SSBN? Porta-aviões? Capacidades ofensivas e defensivas dignas desse nome? Conseguimos criar capacidade industrial para igualar os americanos, russos e chineses, no que diz respeito à Indústria de Defesa?

Meus caros, já era uma sorte se com a situação actual, víssemos os países da Europa Ocidental, a abrir a pestana para a realidade do mundo em que vivem. 30 anos de desmilitarização à conta de uma falsa "paz eterna na Europa" teve um peso enorme nestes países, e agora querem "rasgar os papéis" de uma Aliança, para criar outra mais fraca e com uma base muito frágil e pouco coesa.
 
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Re: Guerra na Ucrânia
« Responder #779 em: Fevereiro 08, 2022, 02:07:08 am »
Período mais crítico porquê? Porque a própria aliança que foi criada para defender-nos está a minar a possibilidade de convivência pacífica com a antiga principal ameaça?
Desde o suposto fim da guerra fria quem tem avançado sobre quem?
Vamos ser claros e sinceros, muito aguentou a Rússia até agora, talvez porque a crise económica que a assolou não lhe permitiu reagir mais cedo.
Trazer para a OTAN antigos países do bloco de leste não é provocatório? E não era dispensável?
A Rússia durante todos estes anos actuou de forma parecida em algum país da europa? Ou da OTAN?
Que tem a Europa a perder com um bom relacionamento com a Rússia?
Não pode porque é incompatível com a OTAN?
E na realidade nem se trata da OTAN, mas sim dos EUA que insistem em promover o isolamento da Rússia em relação à Europa e arrastam os restantes para o barulho. Com isso enfraquecem uns e outros...
Aliás,  é por isso mesmo que agora com esta história da Ucrânia, a Alemanha e a França,  por exemplo, não sabem como descalçar a bota.
Porque no fundo sabem que têm muito mais a perder com uma possível guerra e afastamento da Rússia do que a ganhar com a entrada da Ucrânia na OTAN, que oficialmente será o motivo dum possível conflito.
De resto, algo que se tente fazer dentro da  Europa será sempre difícil e aí estamos de acordo.  São muitos países, muitas diferenças,  muitos interesses... e quase sempre cada um a pensar por si.
O desenho da nova aliança seria similar ao da atual OTAN, mas apenas de países europeus
Porta aviões, nuclear, etc...  qual o problema?Como funciona na OTAN?
João Pereira
 
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