Ainda a organização

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JPMM

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Ainda a organização
« em: Dezembro 11, 2011, 08:01:31 pm »
Estive a ler um artigo sobre a US Light Infantry BCT (Brigade Combat Team) e uma vês que o modelo geral organizativo adaptado por nós é o dos Estados Unidos (conforme mencionado pelo CEME quando chegaram os Leopard 2A6), quero identificar as diferenças em relação aos BIPara.

Na BCT as Companhias de Atiradores têm:
- Cmd CAt (14) (2of+3sar+9cb/sol)
             Secção de Comando (8) (2of+2sar+4cb/sol) (7 M16A2+2 M9 Pist)
             Secção de Morteiros Ligeiros (6) (1sar+5cb/sol) (2 M224 60mm+2 M16A2+4 M9 Pist)
- 3 Pelotões de Atiradores (39) (1of+5sar+33cb/sol)
            Cmd PlAt (3) (1of+1sar+1sol) (3 M16A2+1 M9 Pist)
             3 Secções de Atiradores (9) (1sar+8cb/sol) (2 M249 SAW+2 M203+5 M16A2)
             Secções de Apoio (9) (1sar+8cb/sol) (2 M240+2 Javelin ATGM+5 M16A2+4 M9 Pist)
- Totais:
131 Homens (5of+18sar+108cb/sol)
2 Morteiros Ligeiros M224 60mm
6 SLMAC Javelin
6 Metralhadoras M240 7,62mm
18 Metralhadoras Ligeiras M249 SAW 5,56mm
18 Espingardas M16A2 5,56mm c/Lançadores de Granadas M203 40mm
78 Espingardas M16A2 5,56mm
21 Pistolas M9 9mm

Nos BIPara as Companhias de Atiradores têm? (quem serve nelas que corrija PF)
- Cmd CAt (34) (2of+11sar+21cb/sol)
             Secção de Comando (8) (2of+3sar+3cb/sol) (7 Galil AR+2 P38)
             Secção de Morteiros Ligeiros (17) (7sar+10cb/sol) (3 LR 60mm+10 Galil AR+7 P38)
             Secção Anti-carro (9) (1sar+8cb/sol) (4 M2 Carl Gustav+5 Galil AR+4 P38)
- 3 Pelotões de Atiradores (34) (1of+4sar+29cb/sol)
            Cmd PlAt (3) (1of+1sar+1sol) (3 Galil AR+1 P38)
             3 Secções de Atiradores (9) (1sar+8cb/sol) (2 Galil ARM+2 HK79+5 Galil AR)
             2 Esquadras MetL (4) (4cb/sol) (1 MG3+1 Galil AR+1 P38)
- Totais?
136 Homens (5of+23sar+108cb/sol)
3 Morteiros Ligeiros Soltam LR 60mm
4 CSR M2 Carl Gustav 84mm
6 Metralhadoras MG3 7,62mm
18 Espingardas de Apoio Galil ARM 5,56mm
18 Espingardas G3A4 7,62mm c/Lançadores de Granadas HK79 40mm
82 Espingardas Galil AR 5,56mm
22 Pistolas P38 9mm

Alguem ajude!
 

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Re: Ainda a organização
« Responder #1 em: Dezembro 18, 2011, 11:18:34 pm »
Caro JPMM,

Onde obteve esta organização de uma 'CAT' US Light Infantry BCT?

Segundo este site as CAT têm 141 Homens;
http://www.globalsecurity.org/jhtml/jfr ... toe.gif|||
Eis aqui
quase cume da cabeça da Europa toda
O Reino Lusitano
onde a Terra se acaba
e o Mar começa.

Versos de Camões
 

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Cabeça de Martelo

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Re: Ainda a organização
« Responder #2 em: Dezembro 20, 2011, 11:28:18 am »
7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.

 

Re: Ainda a organização
« Responder #3 em: Dezembro 22, 2011, 02:02:46 am »
Caros amigos:

Depois de ler a questão sobre a organização (que me parece pertinente), gostaria de contribuir com dois aspetos:

1 - Os BIPara são Infantaria Ligeira aerotransportada, pelo que me parece lógica a comparação  com os batalhões das brigadas aerotransportadas americanas, uma vez que, desde 2006, a 82ª e a 101ª divisões adotaram a organização modular. É siggnificativo verificar se, mesmo sendo modulares, os batalhões das divisões americanas mantêm a estrutura prevista para as unidades de manobra das IBCT;
2 - A BRR portuguesa não foi criada para atuar como uma brigada, mas sim para projetar unidades de escalão batalhão. Por conseguinte, um exercício interessante seria observar que componentes existem (ou deveriam existir) nos batalhões portugueses, que não são necessários nos americanos, uma vez que estes últimos foram construídos para trabalhar sempre enquadrados na sua BCT.

Cumprimentos e bom trabalho!

Lemos
 

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JPMM

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Re: Ainda a organização
« Responder #4 em: Dezembro 22, 2011, 11:06:12 am »
Viva camaradas! Os efectivos indicados são os correctos, o batalhão tem 683 homens dos quais 46 oficiais e 637 sargentos e praças. A composição é HHC com 211 homens, incluindo 25 oficiais e 186 sargentos e praças, uma Weapons Company de 79 homens, incluindo 6 oficiais e 73 sargentos e praças e 3 Rifle Companies de 131 homens, incluindo 5 oficiais e 126 sargentos.

Está disponível para consulta no FM3-21-12.

Quanto ao tópico para onde me direccionou o Martelo, não acredito nas Secções de Atiradores com 2 Galil AR, 2 Galil ARM e 2 G3A4. Eu também estive no Exército durante 5 Anos (1994, 1995, 1996, 1997 e 1998). Metade desse tempo no Batalhão de Infantaria do ADTA (RG1) e a outra metade no GCC da BMI (RC4). Sei muito bem como funcionam tanto um BI como o GCC.

Sobre a questão do Lemos, os nossos BIPara têm uma CCA (Companhia de Comando e Apoio) onde estão presentes:
- Secção de Transmissões
- Pelotão de Reconhecimento
- Pelotão de Morteiros Médios
- Pelotão Anti-carro
- Secção Sniper
- Secção VCB
- Pelotão Sanitário
- Secção de Reabastecimento e Transportes

Na IBCT a HHC tem:
- Secção de Transmissões
- Pelotão de Reconhecimento
- Pelotão de Morteiros Médios
- Pelotão Apoio de Fogo (incluindo Anti-carro)
- Secção Sniper
- Pelotão Sanitário

A diferença está exactamente no facto de nós termos a Secção de Reabastecimento e Transportes no BIPara e os US têm a logística concentrada em companhias a nível de Brigada. Esta Secção é que permite movimentar Alimentação, Munições, Combustíveis, Lubrificantes e alguns sobressalentes para as viaturas do BIPara, dando-lhe assim alguma autonomia.

A SecVCB no caso dos US está concentrada no RSTA Cavalry Squadron tal como eu defendo para nós.

Obrigado
 

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Cabeça de Martelo

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Re: Ainda a organização
« Responder #5 em: Dezembro 22, 2011, 04:05:22 pm »
Citação de: "joaosilvadelemos"
Caros amigos:

Depois de ler a questão sobre a organização (que me parece pertinente), gostaria de contribuir com dois aspetos:

1 - Os BIPara são Infantaria Ligeira aerotransportada, pelo que me parece lógica a comparação  com os batalhões das brigadas aerotransportadas americanas, uma vez que, desde 2006, a 82ª e a 101ª divisões adotaram a organização modular. É siggnificativo verificar se, mesmo sendo modulares, os batalhões das divisões americanas mantêm a estrutura prevista para as unidades de manobra das IBCT;

Desculpe-me, mas discordo, realmente os batalhões "Airborne" Norte-Americanos são meras unidades Infantaria Ligeira aerotransportada, já os Pára-quedistas Portugueses são Infantaria Ligeira de Assalto, são Pára-quedistas na sua verdadeira palavra (tal como grande parte das unidades congéneres na Europa, Brasil, etc). Há uma grande diferença entre um militar que recebe uma formação especifica desde o dia 0 da sua formação militar, de um militar que faz um curso de Pára-quedismo e pouco mais. Houve realmente vontade do Exército de tornar os Pára-quedistas  em algo como a 82ª Divisão, mas felizmente o bom senso imperou (isso e o facto de ter havido um oficial Pára-quedista que foi para uma posição chave neste tipo de assuntos). Durante uns 2 anos (?) a sub-especialidade era tirada na EPI e isso fez com que a qualidade final baixa-se claramente.

Citar
2 - A BRR portuguesa não foi criada para atuar como uma brigada, mas sim para projetar unidades de escalão batalhão. Por conseguinte, um exercício interessante seria observar que componentes existem (ou deveriam existir) nos batalhões portugueses, que não são necessários nos americanos, uma vez que estes últimos foram construídos para trabalhar sempre enquadrados na sua BCT.

Cumprimentos e bom trabalho!

Lemos

A BrigRR foi criada para unificar sobre o mesmo comando as Tropas Especiais do Exército, mas desde aí a coisa evoluiu e agora há toda uma série de sub-unidades que não fazem sentido numa brigada com esse propósito. Eu diria que actualmente a BrigRR está pensada para operar através de agrupamentos levantados de acordo com as necessidades.
7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.

 

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Cabeça de Martelo

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Re: Ainda a organização
« Responder #6 em: Dezembro 22, 2011, 04:11:17 pm »
Citação de: "JPMM"
Viva camaradas! Os efectivos indicados são os correctos, o batalhão tem 683 homens dos quais 46 oficiais e 637 sargentos e praças. A composição é HHC com 211 homens, incluindo 25 oficiais e 186 sargentos e praças, uma Weapons Company de 79 homens, incluindo 6 oficiais e 73 sargentos e praças e 3 Rifle Companies de 131 homens, incluindo 5 oficiais e 126 sargentos.

Está disponível para consulta no FM3-21-12.

Quanto ao tópico para onde me direccionou o Martelo, não acredito nas Secções de Atiradores com 2 Galil AR, 2 Galil ARM e 2 G3A4. Eu também estive no Exército durante 5 Anos (1994, 1995, 1996, 1997 e 1998). Metade desse tempo no Batalhão de Infantaria do ADTA (RG1) e a outra metade no GCC da BMI (RC4). Sei muito bem como funcionam tanto um BI como o GCC.

Sobre a questão do Lemos, os nossos BIPara têm uma CCA (Companhia de Comando e Apoio) onde estão presentes:
- Secção de Transmissões
- Pelotão de Reconhecimento
- Pelotão de Morteiros Médios
- Pelotão Anti-carro
- Secção Sniper
- Secção VCB
- Pelotão Sanitário
- Secção de Reabastecimento e Transportes

Na IBCT a HHC tem:
- Secção de Transmissões
- Pelotão de Reconhecimento
- Pelotão de Morteiros Médios
- Pelotão Apoio de Fogo (incluindo Anti-carro)
- Secção Sniper
- Pelotão Sanitário

A diferença está exactamente no facto de nós termos a Secção de Reabastecimento e Transportes no BIPara e os US têm a logística concentrada em companhias a nível de Brigada. Esta Secção é que permite movimentar Alimentação, Munições, Combustíveis, Lubrificantes e alguns sobressalentes para as viaturas do BIPara, dando-lhe assim alguma autonomia.

A SecVCB no caso dos US está concentrada no RSTA Cavalry Squadron tal como eu defendo para nós.

Obrigado

Eu servi depois de si e EU não faço menor idéia como aquilo está. Pelo que eu ouvi quando fui em 2010 à ETP, aquilo está às moscas, neste momento não há voluntários em quantidade nem em qualidade suficiente. Sei que à relativamente pouco tempo (2006?) houve uma grande restruturação nos BIParas, por isso só sabe quem lá está (o forista em questão pelo que escreveu é/era oficial QP).
7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.

 

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JPMM

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Re: Ainda a organização
« Responder #7 em: Dezembro 22, 2011, 05:06:24 pm »
Martelo, acredito que sim mas o que estamos aqui a debater é o QOPM (Quadro Orgânico de Pessoal e Material) e não os efectivos reais atribuídos. Acredito na falta de pessoal, sempre faltou seja em 1994, em 1998, em 2006 ou em 2011. Essa é outra história.

Eu peguei em duas Revistas Boina Verde nº154 e 155 de Setembro e Dezembro de 1990. Nesta altura os teus adorados Paras ainda eram da FAP. Foi uma temporada de reorganização onde foram questionados os QOPM tal como estamos a fazer hoje. Foram comparados os dos nossos BParas com os US Airborne e US Light Infantry, tal como estamos a fazer.

Nessa altura os BPara tinham duas CAt com 2 PlAt e 1 PlAp, não existiam CCS levantadas, apenas um destacamento de Serviços de 7 homens, e um destacamento de Comando de 9 homens. A logística era concentrada no GOAS e este apoiava directamente os BParas. Ao todo os BParas tinham 210 homens (BP11), 244 homens (BP21) e 194 homens (BP31). O GOAS tinha 184 homens, o GOAT tinha 48 homens, a CMP tinha 103 homens e a ACAr tinha 69 homens. A CCom tinha 66 homens e o Comando da BRIPARAS tinha 67 homens. Algumas destas reduzidas CAt não tinham o seu PlAp. Este era constituído por uma SecMoMed com 3 Morteiros de 81mm e uma SecACar com 6 M2 Carl Gustav. Foi com esta organização que os Paras saltaram no Júpiter 90. Os BParas recebiam uma Companhia de Convocados com 107 homens e uma Companhia de Pára-quedistas Espanhola com 120 homens. Durante o Exercício o Comando do mesmo contava com mais 192 homens e as forças do Bloco Castanho com 81 homens.

Durante 1989 a organização testada e os seus resultados foram:

- As SecAt foram organizadas com 9 homens e foi atribuída uma FN MAG; o resultado foi incapacidade de operações de fogo e movimento, como tal foi aconselhado o uso da Galil ARM como é ainda habitual e sua substituição por uma Metralhadora que pudesse ser transportada e operada apenas por um elemento. A questão continua a ser actual e espero que haja dinheiro para comprar mais MG4 para os Paras. Estas deverão ser atribuídas uma por EqAt (Esquadra de Atiradores), 18 por BIPara.

- Foram concentradas as duas SecMoMed num PlMoMed da CCS com 6 armas. Desta forma extinguiram-se os PlAp das CAt e a SecACar ficou sob comando directo do Capitão. Esta alteração foi bem aceite porque o comandante de BPara passou a ter uma base de apoio de fogos directamente sob o seu comando. No ano seguinte, para sua substituição nas CAt foram comprados os LR 60mm, 3 armas por CAt. As SecMoMed do Exército eram e continuam a ser de 3 armas, por isso eu estava a questionar o Martelo sobre o tópico onde o Voador fala de 4 armas.

- Foram criados PlRec com 16 homens e 5 viaturas equipadas com FN MAG, esta ideia também foi bem aceite e no ano seguinte chegaram as viaturas FAV com Mk19 40mm e M2HB 12,7mm. Quando transitaram para o Exército estas viaturas eram em número reduzido e foram reequipados com os UMM Alter, o número também subiu bastante porque no Exército os PlRec têm 2 SecRec de 4 viaturas cada mais o comando. Assim os FAV passaram para o BOAT.

- Foi activada em permanência a CCS com 90 homens e o comando do BPara com todas as suas secções de EM com 12 homens e 3 viaturas. A CCS tinha um comando com 3 homens, um PlSan com 14 homens e 2 Auto-macas, um PlReabTp com 12 homens, uma SecMan com 3 homens e um PlTm com 12 homens, mais os referidos PlRec com 16 homens e PlMoMed com 30 homens e 8 viaturas. Depois da experiencia foi solicitado o reforço da CCS ainda com mais meios humanos e materiais como viaturas para possibilitar uma autonomia logística do BPara em relação ao GOAS.

- Foi referido que os Milan da CACar deveriam estar atribuídos aos BPara e não concentrados na CACar. Quando passaram para o Exército primeiro foi activado o PACar em cada BPara e depois desactivada a CACar e reforçados os números de Milan em cada BPara.

Espero ter fornecido boa informação.
 :)
 

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JPMM

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Re: Ainda a organização
« Responder #8 em: Dezembro 22, 2011, 05:51:16 pm »
Os camaradas que observarem a minha primeira mensagem, devem estar a questionar os 17 homens da SecMoLig, estes desdobram-se em 3 Equipas de Observadores Avançados para direcção de tiro de morteiros e artilharia, cada uma com um Furriel de Morteiros e um OpTm (Operador de Transmissões). Normalmente cada EqOAv acompanha um PlAt. Os restantes 11 são e EqMoLig com 3 homens cada, mais o comandante de SecMoLig e o Cabo PCT (Posto de Comando de Tiro).

Na nossa CAt as armas Anti-carro estão concentradas na Companhia e não distribuídas pelos Pelotões.
 

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Trafaria

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Re: Ainda a organização
« Responder #9 em: Dezembro 22, 2011, 08:20:39 pm »
Citar
Eu servi depois de si e EU não faço menor idéia como aquilo está. Pelo que eu ouvi quando fui em 2010 à ETP, aquilo está às moscas, neste momento não há voluntários em quantidade nem em qualidade suficiente. Sei que à relativamente pouco tempo (2006?) houve uma grande restruturação nos BIParas, por isso só sabe quem lá está (o forista em questão pelo que escreveu é/era oficial QP).
É isso, às moscas, chega a dar uma sensação de morbidez. O camarada que me acompanhou aquando da minha ultima visita (há uns 2 anos atrás), e que lá tinha cumprido o SMO (na CAI) no inicio da década de 80, de vez em quando olhava para mim e em resposta ao desalento que eu ia embutindo nos meus comentários, respondia ele "rosnando" e a entre-dentes dizendo: "Realmente isto está tudo murcho, murcho demais!"  :D
::..Trafaria..::
 

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Trafaria

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Re: Ainda a organização
« Responder #10 em: Dezembro 22, 2011, 08:32:44 pm »
Penso que sensações idênticas experimentará a maioria dos ex-militares que tenha cumprido o serviço militar há duas ou três décadas.
Mas ao menos a ETP mantém a sentinela na porta-de-armas, coisa rara hoje em dia.
::..Trafaria..::
 

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Cabeça de Martelo

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Re: Ainda a organização
« Responder #11 em: Dezembro 23, 2011, 11:45:01 am »
Citação de: "JPMM"
Martelo, acredito que sim mas o que estamos aqui a debater é o QOPM (Quadro Orgânico de Pessoal e Material) e não os efectivos reais atribuídos. Acredito na falta de pessoal, sempre faltou seja em 1994, em 1998, em 2006 ou em 2011. Essa é outra história.

Mas nunca como agora, acredita!

Citar
Eu peguei em duas Revistas Boina Verde nº154 e 155 de Setembro e Dezembro de 1990. Nesta altura os teus adorados Paras ainda eram da FAP. Foi uma temporada de reorganização onde foram questionados os QOPM tal como estamos a fazer hoje. Foram comparados os dos nossos BParas com os US Airborne e US Light Infantry, tal como estamos a fazer.

Estruturalmente sim, os "states" sempre foram uma fonte de inspiração para muita gente. Um exemplo disso são as mudanças que os Comandos fizeram que mudaram por completo a organização das suas Companhias e a forma como estruturaram o Batalhão.

Citar
- Foi referido que os Milan da CACar deveriam estar atribuídos aos BPara e não concentrados na CACar. Quando passaram para o Exército primeiro foi activado o PACar em cada BPara e depois desactivada a CACar e reforçados os números de Milan em cada BPara.

Espero ter fornecido boa informação.
 :G-beer2:
7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.

 

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Re: Ainda a organização
« Responder #12 em: Dezembro 23, 2011, 03:45:04 pm »
A Companhia Anti-carro foi oficialmente extinta em 2004. Julgo que nessa ocasião terão passado mais 2 SLM MILAN c/MIRA para cada BIPara e terá permanecido um PlACar no BOAT (sujeito a confirmação) juntamente com um PlMoPes (6 unidades). :)
 

Re: Ainda a organização
« Responder #13 em: Dezembro 23, 2011, 04:47:29 pm »
Caro Cabeça de Martelo:

Muito obrigado pela sua resposta! Já não vinha há mais de um ano a este fórum, mas tenho que convir que é mesmo para isto que ele serve: é da contraposição de perspetivas antagónicas que se evolui. Por conseguinte, admito que não me tenha expressado bem no primeiro post:
1 – O regulamento de Operações em vigor no Exército Português, é o RC Operações de 2005. Neste documento, entre muitos outros assuntos, estão previstas as operações envolvendo transporte por meios aéreos, que são (aqui e em qualquer parte do mundo) as operações aeromóveis (Parte III, Cap 7) e as operações aerotransportadas (Parte III, Cap 8). Não entrando em mais detalhes, a projeção de força terrestre por intermédio de vetor aéreo ocorre, no caso das operações aerotransportadas, de duas maneiras: desembarque aéreo e aterragem de assalto. O salto do paraquedista enquadra-se na primeira. Percebo perfeitamente o que me diz da diferença entre “paraquedistas” e “aerotransportados”. Há muitas coisas em causa, envolvendo vertentes desde a tipologia de treino e a própria mística. A resiliência que o paraquedista tem de ter para, encontrando-se isolado, após o salto, no espaço de batalha, durante a noite, conseguir manter a calma, reagrupar e cumprir a missão não surge do nada. Mais do que o treino de topografia, ou preparação física, é imperioso haver um cimento moral que confira a esses homens (e mulheres) a certeza de que vão conseguir (sim, porque o ponto crítico do paraquedista não está no salto em si, mas na aterragem e nos momentos seguintes).
No entanto, o assunto que JPMM trouxe dizia respeito a organização militar, nomeadamente quanto a quadros orgânicos que, normalmente, têm subjacentes imperativos de ordem tática e não mística. Ele próprio referiu que lhe parecia que o nosso modelo era baseado no modelo americano, o que também não é totalmente verdade. O que se passa é que os quadros orgânicos têm que ser elaborados de forma a que a força, assim constituída, possa aplicar os conceitos táticos que estão previstos na doutrina em vigor. No âmbito da NATO, a doutrina operacional conjunta tem de ser comum. E esta não pode diferir muito das doutrinas de operações conjuntas das potências com mais capacidades. Neste caso, todos nós, no ocidente, estamos confinados a seguir as tendências norte-americanas, com algumas variações que derivam das particularidades de cada país.
Em resumo, no que diz respeito a organização militar, a doutrina em vigor di-lo claramente: paraquedistas ou não, o que estas forças executam são operações aerotransportadas. E os quadros orgânicos não são elaborados de acordo com os lugares disponíveis no avião, mas sim de acordo com o que a força tem de executar no ªâmbito do plano tático terrestre.

2 – O nível de Ambição para o Exército, ainda em vigor, foi definido em 2007. Este nível de ambição traduziu-se por várias transformações organizacionais e foi definido no Plano de Médio e Longo Prazo, que se trata de um documento confidencial. No entanto, parte da materialização deste plano é do domínio público, nomeadamente, no que aqui se trata, que são as três brigadas. As três fazem parte daquilo que se chama a Força Operacional Permanente do Exército (FOPE), cujo nível de ambição é ter uma Brigada completa projetada, ao abrigo dos compromissos internacionais, ou, em alternativa, ter até três unidades de escalão batalhão (UEB) projetadas em Teatros diferentes. Até hoje, foi sempre esta segunda opção que se executou (e nunca atingindo o limite dos três batalhões). Na génese das brigadas, admitiu-se que as suas únicas que poderiam ser projetadas enquanto brigadas, seriam a BrigMec e a BrigInt, sendo que a BRR projetaria, como diz – e bem – subunidades constituídas de acordo com o requerido. É por essa razão que a BRR carece da maioria das unidades de apoio de combate de uma Brigada, pois acaba por ser uma Brigada mais para fins administrativos do que operacionais. Significa, também, que a tendência dos batalhões paraquedistas (e as companhias de comandos), é incorporarem o máximo de capacidades de apoio de combate aos mais baixos escalões, entrando-se, aqui, numa dialética entre se aumentar o armamento (especialmente coletivo) aos mais baixos escalões lhes incrementa ou retira capacidade de combate.
São os batalhões paraquedistas que apresentam maiores dificuldades nesta matemática: por um lado, as forças congéneres de outros países encontram-se “encaixadas” em unidades de maior escalão, que lhes proporcionam apoio de combate; por outro lado, a nossa especificidade aponta para a necessidade de concentrar apoio de combate aos mais baixos escalões. Ora, isto interfere claramente na tática e na interoperabilidade quando em operações combinadas. É um assunto longe de ser consensual, desde logo a nível interno, no Exército, mas um aspeto é certo: o mundo está em constante transformação e, hoje em dia, a busca não deve ser a de uma estrutura que seja solução definitiva, mas sim de uma estrutura flexível o suficiente para dar resposta a todo o espetro das operações militares.

Cumprimentos e muito obrigado pelo seu post!

Lemos
 

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JPMM

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Re: Ainda a organização
« Responder #14 em: Dezembro 23, 2011, 11:20:28 pm »
Viva Lemos, a razão da minha afirmação de que a nossa organização tem como base o US Army, deve-se ao seguinte:

- Os nossos manuais de instrução são traduções dos manuais US Army, inclusive em referências à organização aparecem os esboços exactamente desses manuais.

- Essa organização (segundo me foi explicado na Instrução) sofreu depois adaptações á realidade do Exército Português, essas adaptações são de devidas a:
1ºLimitações financeiras na compra de armamentos e equipamentos
2ºClara preferência por equipamentos de fabrico Europeu (nomeadamente Alemão)
3ºLições próprias tiradas na Guerra do Ultramar e Grande Guerra
4ºTradição Militar de um Exército que serve o País há quase 1000 anos.

Ainda tenho o meu bloquinho de apontamentos do CGM (Curso Geral de Milicianos) onde explica que temos as duas EqMetL nos PlAt porque quando montamos posições defensivas elas são montadas nos flancos do Pelotão e disparam na diagonal, não efectuando fogos frontais e esse triângulo formado pela junção das duas linhas é a LPF (Linha de protecção final), a partir do momento em que o IN passa-se a LPF devia-se dar início ao fogo directo por parte dos Atiradores. As CAt tinham 3 Morteiros m/937 de 81mm porque em fogo de barragem cada morteiro batia uma zona de 35x35m e assim os 3 batiam uma frente de 100m de frente por 35m de profundidade. Estas barragens eram pedidas para acções ofensivas e também para impedir o IN de se deslocar através da nossa posição defensiva. A SecACar tem duas armas porque estas são o meio operativo mínimo e indivisível para fogos ACar. Claramente devido ás nossas limitações financeiras.

Em operações defensivas, cada PlAt ocupa uma PComb (Posição de Combate) de 400m de frente por 200m de profundidade, e bate uma frente de 750m em frente da PComb até uma profundidade de 400m em frente da PComb. A isto chama-se sector de tiro e estas distâncias devem-se á G3 cujo alcance útil é 400m (posição 4 do Diopter).
A PComb é instalada na Zona de Resistência, à sua retaguarda é a Zona de Reserva e em frente a Zona de Segurança. A PComb inclui nos seus 200m de profundidade uma posição alternativa para a deslocação de Pelotão. Em boas posições defensivas o BI pode colocar 8 PlAt na Zona de Resistência e um na Zona da Retaguarda. Os atiradores são colocados em abrigos duplos (tenho o meu desenho com as medidas) espaçados 20m entre eles e por cada MetL são acrescidos 25m de frente. Na zona de segurança são montados PO (Postos de Observação), na quantidade de 1 por PlAt em terreno aberto e 1 por SecAt em terreno fechado ou com más condições climatéricas.

A SecAt tem 2 EqAt para possibilitar que em operações ofensivas se assalte com lances de sobre-apoio, uma faz fogo enquanto a outra se desloca por lance. A razão de não termos MetL nas SecAt é porque as duas esquadras devem ser idênticas (mesma mobilidade e poder de fogo) para alternarem em lanços.

E muito mais! Escrito a lápis!

Durante a Especialidade tínhamos uma escala diária para os 24 homens CGM do 1ºPelotão (Cadetes e Instruendos), a equipa de 1 Cadete e 2 Instruendos dava instrução todos os dias ao restante do Pelotão. Tínhamos que ler os manuais e preparar a instrução para o dia seguinte entre o final da tarde e o jantar, porque depois do jantar tínhamos instrução nocturna (geralmente táctica, progressão e instalação de posições defensivas).

Como podem ver, existe uma base ideológica para a atribuição de x homens o x armas para uma organização.

Obrigado :D