O controlo da comunicação social pelo Partido Comunista, dificilmente levaria a um caminho diferente. Em qualquer circunstância, tropas espanholas em Portugal não seriam aceites.
Como já referi anteriormente, Mário Soares sabia disso perfeitamente. Uma acção dos espanhóis era a melhor coisa que podia acontecer ao Partido Comunista.
Nada daria mais apoio popular que a declaração de uma frente unida de luta contra o fascismo espanhol. Luta contra o fascismo, luta pela defesa de Abril, luta contra os espanhóis. Três em um.
Em 1975 acreditava-se que ía haver uma guerra civil, mas em caso de invasão espanhola seria uma guerra civil com portugueses de um lado, e portugueses apoiados por uma ditadura fascista do outro.
Se Mário Soares e os líderes do PSD e CDS aceitassem o apoio do governo espanhol teriam futuro ?
Seria o fim de Mário Soares e da oposição moderada.
Esta é a razão que leva os sectores moderados em Portugal a explicar a alemães, franceses e ingleses que aconteça o que acontecer não pode haver qualquer acção espanhola, e é por isso que os espanhóis se queixam de que não percebem a passividade dos países da Europa Ocidental perante o avanço do comunismo e o perigo de se instalar um regime comunista em Portugal.
Eles não percebem a passividade, porque estão relativamente «de fora» da realidade e do que de facto se passa em Portugal.
Creio que Madrid tinha (como normalmente tem) melhores relações com o departamento de Estado que com o Pentagono ou com os Serviços Secretos.
O Departamento de Estado com Kissinger, acreditava que os comunistas tomariam o poder, pelo que os contactos privilegiados dos espanhóis em Washington eram favoráveis a essa tese.
Já os Serviços Secretos (CIA) nunca compraram a tese de que Portugal viraria um país comunista.
Nesta Estória, sai mal o Spínola. Os investigadores afirmam que solicitou aos espanhóis que invadissem Portugal, apenas alguns dias antes de os espanhóis afirmarem que tinham um plano para o fazer, e que estavam disponíveis para o fazerem sozinhos.