Eu sinceramente acho que violência gera mais violência. O Brasil e os EUA têm polícia bem dura... e criminosos também. É só um exemplo.
O factor social claro que é importante na origem da criminalidade, mas não na violência desta. Vejamos: se eu for muito pobre, e passar fome, ando com trapos rasgados, roubo umas frutas na mercearia, uns pães no supermercado, e talvez roube, ou furte, uns quantos pertences alheios (porta-moedas, por exemplo) para ter dinheiro para comer. Se for apanhado, sou um coitadinho que não quer problemas, apenas estou a fazer pela vida, levo uma reprimenda, talvez um par de estalos, e sigo o meu caminho até outra mercearia, supermercado e afins. Isto é o que acontece se eu precisar de roubar para sobreviver.
Hoje em dia, as pessoas (criminosos) gostam muito de se queixar, e dizer que são pobres, mas vestem roupa de marca e usam toda uma data de acessórios/penduricalhos desnecessários e caros. Fazem assaltos a pessoas normalmente mais novas, e que se encontram em inferioridade numérica. O infeliz nada pode fazer, leva uns estalos, fica sem telemóvel, umas moedas, e talvez sem o boné ou ténis. Isto é o que acontece quando se rouba para aumentar o ego, parecer muito mau ao pé dos rapazes, e muito forte ao pé das raparigas. Se forem apanhados, vão para a esquadra, levam uns tabefes, mas como são menores são soltos e continuam na sua vida de delinquentes.
Claro que estou a simplificar as coisas, mas é só para dar uma ideia do que penso.
Em nenhum dos casos houve necessidade de armas, apenas foram necessárias a intimidação, superioridade numérica, e sentido de oportunidade para fazer os crimes. Ora se, no primeiro caso, eu for dono de uma mercearia, e der um tiro no desgraçado que me tenta roubar uma maçã, talvez quando ele voltar, ou outro desgraçado qualquer, volte também armado, para sua protecção. E, se me apanhar de surpresa, pode até ser audaz ao ponto de levar a caixa registadora. No segundo caso, se o infeliz assaltado chamar a polícia, e estes dispararem sobre os assaltantes, da próxima vez, eles provavelmente vão recorrer a armas para o assaltado "não ter ideias", e para se certificarem, é mais seguro dar-lhe um enxugo de porrada para demorar mais tempo a dar o alerta.
Nos dois casos, o uso de armas por parte das autoridades ou do assaltado, revelou-se uma solução temporária e pouco satisfatória, a médio prazo. No entanto, se o fulano X matar fulano Y por qualquer motivo, "legítimo" ou não, vai preso, e com bom comportamento vem cá para fora em poucos anos.
Então onde é que eu quero chegar? Muito resumidamente, o que quero dizer é que se a polícia entra a "matar" indiscriminadamente, os criminosos também passarão a entrar a "matar". Afinal, se ao matar um ser humano sou preso, e se ao roubar posso levar um balázio, mas vale matar primeiro e roubar depois, para minha própria segurança. Felizmente, ainda não chegámos a esse ponto.
O que eu acho que deveria ser feito era: penas mais severas para crimes menores, consoante o motivo (roubar para viver é menos grave que roubar por "vaidade", no meu entender), mas que funcionem a sério (o lugar dos criminosos é na cadeia); dar menos "tempo de antena" aos criminosos e respectivos familiares/amigos - essa gente, quando aparece nos meios de comunicação, parece que está sempre a queixar, que são uns coitadinhos, que a polícia é demasiado dura, blá blá blá. Tudo irrelevante para a sociedade em geral, e ao cortar nessa propaganda criminosa, haveria menos idiotas de esquerda a crucificar e a desacreditar junto da opinião pública as autoridades e a fazer de reles criminosos mártires da sociedade e do Governo. Por último, menos jornalismo sensacionalista. Noticiar que um agente da autoridade foi morto apenas incute medo na população e coragem nos bandidos, mas se um polícia matar um "suspeito", vai a tribunal, entrevista-se a sua família, e fala-se mal da polícia - mas curiosamente, não se ouve uma palavra dos familiares do polícia assassinado. É melhor impedir que jornalistas que nunca ouviram falar de imparcialidade metam as suas patas tendenciosas nestes assuntos - a polícia que faça um relatório mensal dos crimes em cada região para os media, e pronto.
Quanto às formas de actuação da polícia, que continuem na mesma. Simplesmente não têm que aparecer nas notícias casos como o do assalto ao BES, o do pobre jovem do bairro social que foi morto, etc. Se isto é censura? Julgo que não, apenas era uma filtragem que, penso eu, seria mais benéfica que prejudicial para a Sociedade em si. Bem vistas as coisas, não é necessário sabermos estas coisas, como não é sabermos a cor das cuecas do José Sócrates, a vida intíma do Pinto da Costa com a Carolina Salgado, nem a próxima operação plástica da Lili Caneças. Morreu um criminoso? Azar, mas não preciso de o saber, pelo contrário. Morreu um polícia? Também não preciso de saber, mas que o Governo apresente as suas condolências à família, e que dê uma medalha, nem que seja de cortiça, a alguém que morreu pelo bem de Portugal.