Antigo serviço DRAGÃO MARINHO

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vpp

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Antigo serviço DRAGÃO MARINHO
« em: Dezembro 12, 2007, 04:38:38 pm »
Boa tarde ,
Sou novo nestas andanças ....
Alguem me pode ajudar... onde posso obter detalhes ou informações de um antigo serviço Português chamado de Dragão Marinho ! Penso que chegou a ser comandado pelo Cmdt Alpoim Galvão antes do 25 de Abril!
Cumprimentos
 

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ShadIntel

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Re: Antigo serviço DRAGÃO MARINHO
« Responder #1 em: Dezembro 12, 2007, 04:49:50 pm »
Citação de: "vpp"
Boa tarde ,
Sou novo nestas andanças ....
Alguem me pode ajudar... onde posso obter detalhes ou informações de um antigo serviço Português chamado de Dragão Marinho ! Penso que chegou a ser comandado pelo Cmdt Alpoim Galvão antes do 25 de Abril!
Cumprimentos

Antes de mais, seja benvindo ao fórum.
Não sei grande coisa sobre o assunto, mas parecia-me que 'Dragão Marinho' era apenas um nome de código de Alpoim Calvão.  :conf:  Se foi um serviço, deve ter sido mesmo muito secreto.
 

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vpp

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(sem assunto)
« Responder #2 em: Dezembro 12, 2007, 05:08:00 pm »
Obrigado pela resposta ShadIntel!

Sabe mais alguma coisa sobre isso !? Talvez eu esteja enganado pode ser isso mesmo, ser só o nome de codigo do Cmdt Alpoim Galvão !!! De qualquer maneira procuro informações ligadas ao nome Dragão Marinho ! Se puderem ajudar , agradeço.

Cumprimentos
 

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LM

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« Responder #3 em: Dezembro 12, 2007, 05:16:20 pm »
http://www.correiomanha.pt/noticia.asp?id=240218&p=22&idselect=19&idCanal=19

Viu-se pela primeira vez debaixo de fogo a sério na manhã de 14 de Outubro de 1963, uma segunda-feira, escassos dias depois de ter desembarcado na Guiné: meia dúzia de balas passaram-lhe a assobiar a um palmo da cabeça – e sentiu um desconfortável arrepio de frio na espinha. Teve medo. Todos têm medo. A diferença é que uns ficam paralizados e outros reagem.

Alpoim Calvão é porventura o oficial português com mais combates na folha de serviço – sempre na Guiné. Aqui, onde a Guerra Colonial era mais dura, fez duas comissões. Da primeira vez, entre Outubro de 63 e Outubro de 65, comandou o Destacamento de Fuzileiros Especiais N.º 8 em 92 operações que fizeram 146 mortos entre os guerrilheiros do PAIGC. Alpoim perdeu quatro homens. Na segunda comissão, já sob o pingalim de Spínola como comandante--chefe, foi o operacional das missões especiais – um ‘Rambo’ de carne e osso.

Não deu descanso às lanchas rápidas e às barcaças de carga do PAIGC que se aventuravam nos rios do Sul da Guiné para abastecimentos das colunas de guerrilheiros. Alpoim Calvão especializou-se em dar-lhes caça. Passava duas ou três semanas de cada vez, ele e mais quinze, entregues a si próprios, divididos por quatro botes pneumáticos a motor – os zebros. Actuavam como felinos emboscados à espera da presa. Permaneciam escondidos nos tarrafos das margens, dentro dos botes, e atacavam: lançavam-se em velocidade atrás dos barcos inimigos, atiravam fateixas de abordagem, saltavam para bordo – e terminavam a missão em combates corpo a corpo.

Numa dessas vezes, um guerrilheiro disparou cinco tiros de pistola contra Alpoim: nenhum acertou o alvo. Numa ocasião, foi atingido – numa perna. Noutra, balas de metralhadora passaram-lhe ao lado da cabeça. E, numa terceira, escapou a uma rajada que lhe teria desfeito a barriga durante o desembarque em campo aberto para tomar de assalto uma posição inimiga. Correu do bote aos ziguezagues, tronco curvado para a frente. O pormenor de trazer a arma perpendicular ao corpo, à frente da barriga, salvou-lhe a vida: o aço da sua G-3 rechaçou as balas que o teriam matado.

Alpoim Calvão planeou e comandou a mais ousada acção militar da Guerra Colonial – a ‘Operação Mar Verde’, desencadeada em 20 de Novembro de 1970, contra um país estrangeiro, a Guiné-Conacri, o santuário onde o PAIGC tinhas as bases e lhe permitia alimentar a guerrilha e pôr a província a ferro e fogo. Missão: matar Amílcar Cabral; assassinar o presidente Sekou Touré e substituir o governo por um outro amigo de Portugal; aniquilar a Guarda Republicana de Conacri; e libertar 22 militares portugueses da cadeia de La Montaigne.

A força atacante deixou Conacri numa enorme bola de fogo – mas não cumpriu todos os objectivos. Alpoim Calvão actuou com informações erradas fornecidas pela PIDE, a polícia política. Trouxe os portugueses reclusos que, provavelmente, nunca seriam libertados. Não encontrou Amílcar Cabral nem Sekou Touré. Portugal negou que alguma vez tivesse atacado Conacri. Os portugueses libertados foram apresentados como heróis que organizaram com êxito a fuga da cadeia e conseguiram chegar a pé à fronteira da Guiné portuguesa.

‘DRAGÃO MARINHO’, ESPIÃO EM ÁFICA

Em Dezembro de 1970, após a Operação Mar Verde, Alpoim Calvão termina a comissão na Guiné – e regressa à Metrópole. É colocado no Comando Naval do Continente e, mais tarde, à frente da Polícia Marítima de Lisboa. Desespera com falta de acção. Congemina montar uma rede de informações nos países africanos que apoiavam os movimentos de guerrilha na Guiné, em Angola e em Moçambique. Fica com o nome de código de ‘Dragão Marinho’. Viaja por esses países com passaportes falsos. Até que Costa Gomes, nomeado chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, em 1971, acabou com a rede: “Os resultados, embora interessantes, não são úteis para a defesa nacional.”
Quidquid latine dictum sit, altum videtur
 

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Diver1

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Re: Antigo serviço DRAGÃO MARINHO
« Responder #4 em: Junho 07, 2010, 11:24:58 am »
"Dragão Marinho", "Serviço de Informações Militares", á época, era de facto o nome de código do Oficial de Marinha, FZE, US,  mais carismático da Armada Portuguesa , um Guerreiro na verdadeira acepção da palavra ...Guilherme Alpoim Calvão.
 

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legionario

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Re: Antigo serviço DRAGÃO MARINHO
« Responder #5 em: Junho 07, 2010, 01:15:18 pm »
A operaçao Mar Verde e a vida de Alpoim Calvao mereciam ser representadas em filmes. Uma pequena parte do orçamento do futebol desviado para o cinema e destinado a mostrar aos portugueses as vidas e os feitos  de tantos dos seus filhos ignorados .  Isso seria uma boa coisa...

Cultivamos a mediocridade e a banalidade com tanta porcaria de telenovelas e de cinema pseudo-inteletual  que se faz , e negligenciam-se sujeitos tao interessantes do nosso percurso nacional, coisas que aconteceram realmente, experiencias que foram realmente vividas em contextos tao fora do normal,... isso sim deveria ser publicitado e dado como exemplo. As guerras hoje sao outras, mas é sempre necessario manter o espirito de coesao dando como exemplo o espirito combativo, a integridade e a abenegaçao de tantos dos nossos compatriotas remetidos a uma quase clandestinidade.