Zimbabwe: Um exemplo de totalitarismo de esquerda

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Duarte

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Zimbabwe: Um exemplo de totalitarismo de esquerda
« em: Junho 03, 2007, 06:39:38 pm »
O Zimbabwe é um exemplo que é muitas vezes ignorado..

Mugabe e seu partido estão no poder há 27 anos. Neste curto espaço de tempo, consequiu transformar um país outrora fornecedor de cereais a outros países, com um nível de vida muita acima da média de África, no pior caso de miséria e fome do continente africano. Mas não bastando isto, tem a mais alta inflação do planeta.

Neste paraíso socialista, a oposição violentamente oprimida. Nada se compara sequer com o que acontece neste pobre país..

Opositores são assassinados
http://news.bbc.co.uk/2/hi/africa/1727596.stm

e brutalmente espancados

http://news.bbc.co.uk/2/hi/africa/6440815.stm

http://www.guardian.co.uk/zimbabwe/article/0,,2034194,00.html

http://www.sokwanele.com/thisiszimbabwe/archives/524

e a imprensa é controlada duma forma que ofenderia qualquer pessoa de sensibilidade democrática

http://news.independent.co.uk/world/africa/article2418440.ece

e fome nem se fala

http://news.bbc.co.uk/2/hi/africa/1964548.stm


Onde está e denúncia desta situação gravíssima? Não há protestos nas ruas? Com excepção dos média britânicos, raramente se vê notícias sobre a situação no Zimbabwe.
слава Україна!

“Putin’s failing Ukraine invasion proves Russia is no superpower"

The Only Good Fascist Is a Dead Fascist
 

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Duarte

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Zimbabwe: colapso em 6 meses?
« Responder #1 em: Junho 14, 2007, 05:02:00 pm »
Zimbabwe 'collapse in six months'

http://news.bbc.co.uk/2/hi/africa/6751671.stm
« Última modificação: Junho 14, 2007, 05:03:04 pm por Duarte »
слава Україна!

“Putin’s failing Ukraine invasion proves Russia is no superpower"

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Duarte

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Viva a liberdade!
« Responder #2 em: Junho 14, 2007, 05:02:48 pm »
Zimbabwe passes net bugging law

http://news.bbc.co.uk/2/hi/africa/6752815.stm
слава Україна!

“Putin’s failing Ukraine invasion proves Russia is no superpower"

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Cabeça de Martelo

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« Responder #3 em: Junho 14, 2007, 05:32:25 pm »
Infelizmente o país vai de mal a pior...mais um país africano que caiu sobre um regime despótico e anti-democrata.  :(
7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.

 

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Cabecinhas

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« Responder #4 em: Junho 14, 2007, 06:37:58 pm »
E só de pensar que tenho o meu pai e dois irmãos a menos de 500km da fronteira causa-me um certo desconforto, porque todos sabemos que as fronteiras naqueles país são praticamente inexistentes e o "culto" da violência propaga-se naquela região a uma velocidade alucinante, se a isto ainda considerar-mos que ainda existe muito ex-guerrilheiros comunas em posse de armas militares sejam elas artesanais ou não piora ainda a tensão sa zona.
Um galego é um português que se rendeu ou será que um português é um galego que não se rendeu?
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André

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« Responder #5 em: Agosto 10, 2007, 09:39:52 pm »
Zimbabwe viola direitos «mais básicos» diariamente

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É fundamental que a comunidade internacional se debruce «a sério sobre a questão do Zimbabwe» considerou hoje o representante da ONU na Serra Leoa.

A comunidade internacional, a começar pelos 14 da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), devem, segundo Vitor Ângelo, debruçar-se «a sério sobre a questão do Zimbabwe porque neste momento é um país onde o sofrimento humano e as violações dos direitos mais básicos das pessoas são o pão quotidiano».

Na qualidade de coordenador do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) no Zimbabué (2000-2004), Victor Ângelo privou com Robert Mugabe e afirma conhecer o presidente zimbabueano «bastante bem».

O responsável frisou que a economia do Zimbabwe, incluindo a economia agrícola, «está de rastos».

«A produção agrícola nos últimos sete anos perdeu cerca de 85 por cento do Produto Interno Bruto, só no sector agrícola», sublinhou.

Relativamente à recente ameaça do governo zimbabueano de que os agricultores brancos que não abandonarem as quintas correm o risco de ser detidos, Vitor Ângelo afirmou que Mugabe «está numa situação desesperada».

O presidente do Zimbabwe tem «cada semana uma nova invenção para tentar resolver a grave crise económica profunda em que o país se encontra e para a qual as más políticas que ele tem decidido levaram o país».

A medida tomada relativamente aos «poucos fazendeiros brancos que ainda restam nas quintas» - neste momento são 300 quando em 2000 havia 6.500 - é, segundo Vitor Ângelo, uma «medida desesperada que não leva a parte nenhuma».

Lusa/SOL

 

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André

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« Responder #6 em: Agosto 15, 2007, 02:16:08 am »
Líderes da África austral devem enviar observadores para investigar

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A organização de direitos humanos Human Rights Watch (HRW) pediu hoje aos líderes da África austral para enviarem observadores para o Zimbabwe para investigar as violações dos direitos humanos.
 
A mensagem é divulgada nas vésperas da Cimeira da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), que decorre na Zâmbia quinta e sexta-feira, e onde o agravamento da crise política e económica no Zimbabwe deve ser discutido.

O presidente da África do Sul, Thabo Mbeki, deverá dar conta dos seus esforços de mediador entre o presidente do Zimbabwe, Robert Mugabe, e o oposicionista Movimento para a Mudança Democrática.

A organização de defesa dos direitos humanos disse que os líderes da África austral devem "insistir em melhorias concretas no Zimbabwe" e incluir os direitos humanos nas conversações, considerando que o envio de observadores seria "um primeiro passo essencial para proteger os zimbabueanos da brutalidade do governo".

"Os membros da SADC devem tomar medidas concretas para lidar com uma das mais graves crises na região", disse Peter Takirambudde, o director para África da HRW.

Segundo Takirambudde, "a crise política e de direitos humanos no Zimbabwe, que ameaça desestabilizar toda a região, está a clamar por liderança urgente e efectiva".

Na mensagem, a organização critica "a intimidação, ameaças, ataques físicos e torturas" de que foram alvo críticos do regime de Robert Mugabe, no poder no Zimbabwe desde a independência do país, em 1980.

"Centenas de activistas de organizações sociais, incluindo defensores dos direitos humanos, jornalistas independentes e membros da oposição política, foram detidos arbitrariamente e espancados pela polícia", adianta.

Considerando que até agora a SADC "tem falhado em obter do governo do Zimbabwe compromissos a favor dos direitos humanos", a HRW alerta que "está em jogo a credibilidade da SADC como uma força real de mudança ao nível dos direitos humanos".

O Zimbabwe vive a pior crise económica da sua história desde a independência, com a inflacção a atingir os 4.500 por cento segundo os dados oficiais ou perto de 9.000 por cento de acordo com estimativas independentes.

Os líderes ocidentais e a oposição responsabilizam o governo de Mugabe pela situação, mas o presidente voltou a acusar hoje os seus opositores de tentarem criar problemas económicos e prometeu manter a ordem.

No seu discurso numa parada militar por ocasião do Dia nacional das Forças Armadas, Mugabe acusou uma vez mais a oposição ao governo de ser responsável pelo aumento dos preços, adiantando que aquela e as sanções do ocidente visavam o "sofrimento extremo" no país.

"Felizmente, o governo agiu para fazer parar o aumento de preços que visava causar o intolerável sofrimento do nosso povo e empurrá-lo para a desordem", disse Mugabe.

"Quero lembrar a todos os envolvidos nessas actividades sem escrúpulos que a segurança e o bem estar deste país e dos seus cidadãos continua a ser uma prioridade", adiantou, agradecendo às forças armadas pela lealdade e "dedicação na manutenção da paz e tranquilidade nestes tempos difíceis".

Agência Lusa

 

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André

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« Responder #7 em: Setembro 03, 2007, 05:43:45 pm »
25 mil violações dos direitos humanos em 6 anos

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A organização não-governamental Human Rights Fórum anunciou em Harare ter registado 25 mil casos de violações dos direitos humanos por agentes do Estado, no Zimbabué, nos últimos seis anos, noticia hoje a publicação ZimOnline.
Um relatório de 29 páginas elaborado pelo Human Rights Fórum e na posse da publicação electrónica refere que a esmagadora maioria dos casos registados entre Julho de 2001 e Fevereiro deste ano apontam para crimes de vária natureza, desde assassínio a rapto, violação e tortura, executados quer pela temida Organização Central de Inteligência (CIO), quer por outros agentes do regime de Robert Mugabe, como a instituição militar, a polícia e milícias do partido no poder, a Zanu-PF.

O relatório divulgado pelo ZimOnline salienta que a protecção estatal é constantemente negada às vítimas das atrocidades cometidas pelos agentes do Estado.

«Para estas pessoas, as agências que deveriam manter a lei e a ordem transformaram-se num instrumento de violência contra elas em vez de serem instituições que lhes garantam segurança. Vivem com constante receio das agências que deveriam protegê-las», refere o relatório do Human Rights Fórum, que inclui 17 organizações não-governamentais de defesa dos direitos humanos.

Segundo o fórum, 2006 foi o pior de todos os anos, com um total de 5.752 casos participados pela população. Em 2005, as queixas contra violações dos direitos humanos ascenderam a 4.170.

Os casos envolvendo assassínios - diz o Human Rights Fórum - atingiram o ponto mais alto entre 2001 e 2003, depois de Robert Mugabe e o seu governo sancionarem a expropriação de propriedades agrícolas dos brancos para alegada redistribuição pelos sem-terra de raça negra.

Nesse período, foram registados 105 assassínios de activistas e cidadãos anónimos que, por qualquer meio, se opuseram à Zanu-PF ou ao governo.

O Fórum alerta para a probabilidade de os casos de violência política se acentuarem nos próximos meses, em antecipação das eleições gerais agendadas para 2008.

«A tendência geral demonstra um aumento sistemático das violações desde 2005, e se a actual tendência de 2007 se mantiver, este será o pior ano de sempre por uma margem considerável», salienta o relatório.

Confrontado pelo ZimOnline sobre o relatório, o ministro do Interior zimbabueano, Kembo Mohadi, desmentiu que a polícia esteja envolvida em quaisquer violações dos direitos humanos, acusando a comunicação social de conduzir uma campanha para denegrir a imagem do governo.

«Não existe nada disso (violações dos direitos humanos), existem sim mentiras a serem espalhadas pelas Amnistias Internacionais e outros como ela com o objectivo de implantar uma agenda negativa contra o Zimbabué, e mesmo vocês, jornalistas, fazem parte dessa agenda. De outra forma, porque é que vocês se prestariam a espalhar tais mentiras?», foi a reacção do ministro Mohadi ao relatório do Human Rights Fórum.

Diário Digital / Lusa

 

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Cabecinhas

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« Responder #8 em: Setembro 04, 2007, 03:51:47 pm »
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 Bruxelas defende participação do Zimbabué na cimeira UE-África com "ministro de alto nível"
 
A comissária europeia para as Relações Externas, Benita Ferrero-Waldner, considerou hoje que o Zimbabué deve poder participar, com "um ministro de alto nível", na cimeira UE-África de 08 e 09 de Dezembro, em Lisboa.
 


Benita Ferrero-Waldner defendeu a participação do Zimbabué na cimeira, apesar das objecções britânicas, numa entrevista ao diário alemão Financial Times Deutschland.

A cimeira, a realizar na capital portuguesa durante a presidência portuguesa da UE, vem sendo adiada desde 2003 devido à oposição do Reino Unido e outros Estados da União a que o líder zimbabueano, Robert Mugabe, acusado de violações dos direitos humanos no seu país, seja convidado.

Para a comissária, "um ministro de alto nível, como o ministro dos Negócios Estrangeiros", poderia participar na cimeira em representação do Zimbabué.

"Compreendo que os britânicos têm um grande problema (com a participação do presidente do Zimbabué), mas não devemos permitir que as nossas relações políticas com África se desmoronem devido a Mugabe", declarou.

Hoje, em Estrasburgo, à margem da sessão plenária do Parlamento Europeu (PE), também o presidente da República de Portugal, Cavaco Silva, sugeriu que o problema da participação do Zimbabué na cimeira de Dezembro poderia ser contornado com a representação do país pelo ministro dos Negócios Estrangeiros.

Em conferência de imprensa, após ter discursado perante o plenário do PE, Cavaco Silva pediu "imaginação" para se ultrapassarem obstáculos à realização da cimeira, lembrando, nomeadamente, que, numa cimeira UE/ASEAN, a Birmânia se fez representar pelo ministro dos Negócios Estrangeiros em vez de pelo chefe de Estado, devido ao bloqueio internacional ao país.

O ministro dos Negócios Estrangeiros português, Luís Amado, não revelou ainda se a presidência portuguesa da UE tenciona convidar o presidente zimbabueano para a Cimeira, garantindo apenas que esse "problema diplomático" será resolvido "a seu tempo".

"A cimeira tem objectivos que estão para lá do caso particular das relações entre a União Europeia e o Zimbabué", disse Luís Amado à agência Lusa, em meados de Agosto.

O ministro dos Negócios Estrangeiros garantiu que a cimeira, prevista para 08 e 09 de Dezembro, em Lisboa, vai mesmo realizar-se.

"Neste momento, estamos ainda a trabalhar na agenda da cimeira. O problema da participação será tratado a seu tempo, com iniciativas diplomáticas próprias", afirmou, quando questionado sobre se o presidente do Zimbabué vai ou não ser convidado.

Anteriormente, o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, João Gomes Cravinho, afirmara, também à Lusa, que o Governo português "não tenciona ter uma atitude discriminatória", referindo-se à participação do Zimbabué na cimeira.

A África do Sul, que tem encabeçado uma tentativa de mediação sem resultados à vista entre o regime de Harare e a oposição, e outros Estados africanos defendem a participação na cimeira de Lisboa de Mugabe, que anunciou a intenção de se candidatar em 2008 a mais um mandato na presidência do Zimbabué.

A primeira cimeira entre os dois continentes realizou-se, há sete anos, no Cairo, durante a anterior presidência portuguesa da UE, no primeiro semestre de 2000.

Para a reunião de Dezembro, está prevista a discussão de questões como um aprofundamento da cooperação Europa-África, nomeadamente a nível comercial, os movimentos migratórios e a criação de uma parceria a nível da energia.
 
 


Não está Inglaterra a fazer o mesmo que Portugal fez quando foi a estória de Timor-Leste, que é partir do príncipio que a "Europa" não "negoceia" com governos que não respeitem os direitos humanos?
Portugal não adiou o 3º acordo da ESIAN (não tenho a certeza das iniciais) com a EU devia à Indonésia não respeitar os direitos do Timorenses
Um galego é um português que se rendeu ou será que um português é um galego que não se rendeu?
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André

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« Responder #9 em: Setembro 05, 2007, 11:17:19 pm »
Farinha só para dois dias, Mugabe acusa governos de tentarem derrubá-lo pela fome do povo

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A principal fornecedora de pão do Zimbabué advertiu que tem apenas farinha para dois dias, enquanto o Presidente Robert Mugabe acusou governos estrangeiros de tentarem derrubá-lo, levando empresas a aumentar os preços sem justificação, segundo a BBC.
 
A empresa Lobels Bread, uma das principais fornecedoras de pão do Zimbabué garante que tem apenas farinha suficiente para mais dois dias, segundo notícias hoje veiculas pela estação britânica BBC e pelo diário digital sul-africano Mail anf Guardian.

A Lobels Bread já afastou compulsivamente centenas de trabalhadores e quase esgotou as suas reservas de farinha, segundo um responsável da empresa, citado pelo diário.

"Já utilizámos todas as 4.000 toneladas de farinha que tínhamos em armazém, como reserva", adiantou.

Durante o fim-de-semana, o ministro da Segurança Didymus Mutasa afirmou que o país não pode levantar as 36.000 toneladas de trigo importado que estão retidas num porto de Moçambique, por falta de divisas, refere o diário digital.

A empresa, que há três meses produzia 200.000 pães por dia, diz produzir hoje apenas 40.000.

A taxa de inflação oficial do Zimbabué atingiu os 7.634,8 por cento, revelaram a 22 de Agosto os serviços de estatísticas (CSO), em Harare, que já não publicavam dados oficiais há três meses.

Segundo o CSO, a taxa de inflação anual era de 7.251 por cento em Junho e 4.530 por cento em Maio e a inflação mensal cifrou-se em Julho nos 31,6 por cento, uma redução de 54,6 pontos percentuais relativamente a Junho.

O Zimbabué entrou no oitavo ano de uma cada vez mais profunda crise económica, que tem sido marcada por um forte desemprego (80 por cento da população activa), a maior taxa de inflação a nível mundial e escassez quase permanente de bens alimentares essenciais, combustíveis, roupa e calçado.

Mugabe, que está no poder desde a declaração da independência do Zimbabué, em 1980, e que confiscou desde 2000 mais de quatro mil propriedades agrícolas pertencentes a brancos, acusa as nações ocidentais de conspirarem com os empresários para aumentarem os preços e destruírem a economia nacional.

Os seus críticos, no entanto, acusam-no de conduzir uma campanha de repressão contra a oposição e os empresários destinada apenas a perpetuar o poder.

Lusa/RTP

 

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André

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« Responder #10 em: Setembro 11, 2007, 06:23:13 pm »
Mugabe oferece carros em troca de votos - oposição

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O Movimento para a Mudança Democrática (MDC) acusou hoje o governo do presidente do Zimbabué, Robert Mugabe, de oferecer veículos aos chefes tradicionais em troca dos votos que estes possam mobilizar para a Zanu-PF nas próximas eleições gerais.

Trinta e oito chefes tradicionais (conhecidos em Moçambique por régulos) receberam segunda-feira, numa cerimónia em Harare, veículos de caixa aberta oferecidos pelo governo.

A oferta, que o executivo de Mugabe diz pretender beneficiar 266 chefes, faz parte de um programa iniciado há quatro anos pelo governo.

Para o MDC, no entanto, a oferta, paga pelos contribuintes, não passa de um exercício de suborno destinado a conquistar o apoio dos chefes tradicionais para o presidente e o partido governamental.

«Não é por acaso que a entrega das viaturas se fez agora. (...) Nenhum governo deveria abusar das instituições públicas e dos nossos respeitados e idosos chefes com o objectivo de alcançar fins políticos egoístas que são contrários aos seus papéis tradicionais na sociedade», refere a facção Morgan Tsvangirai do MDC num comunicado hoje distribuído em Harare.

O jornal pró-governamental Herald noticiou hoje a cerimónia de entrega dos 38 novos veículos, salientando que alguns dos chefes tradicionais ficaram «maravilhados» com a oferta.

O chefe Sogwala, do centro do país, foi citado pelo Herald afirmando que o veículo que lhe foi atribuído «será muito útil na assistência às populações, podendo vir a servir como ambulância e meio de transporte».

Os chefes tradicionais têm grande influência sobre o eleitorado rural, precisamente onde o presidente Robert Mugabe habitualmente vence as eleições.

No início do ano, os chefes tradicionais deram apoio a Mugabe, 84 anos, para concorrer às eleições presidenciais e parlamentares de 2008 como candidato da Zanu-PF, que está no poder desde 1980.

Também na África do Sul o partido no poder (ANC, ou Congresso Nacional Africano) distribui veículos todo-o-terreno aos chefes tradicionais e é por isso criticado pela oposição.

Há uma semana, o governo provincial do Limpopo - uma província maioritariamente rural - que é controlado pelo ANC, admitiu ter gasto 11 milhões de rands (1,1 milhões de euros) na compra de veículos para os chefes da área, justificando a sua atitude com as obrigações que os chefes têm de estar em permanente contacto com as populações em áreas remotas.

Diário Digital / Lusa

 

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André

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« Responder #11 em: Setembro 12, 2007, 02:01:00 pm »
Portugal não pode convidar o «ditador Mugabe»[/size]
 
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Portugal não deve, «de forma alguma», convidar o Presidente do Zimbabué para a cimeira UE/África, porque ele é «um ditador da pior espécie, responsável por sistemáticos assassínios», disse à Lusa o empresário, analista e ex-jornalista sul-africano Moeletsi Mbeki.
Em entrevista concedida a partir de Londres, onde se encontra em visita de trabalho, Moeletsi Meki, que é irmão do Presidente da África do Sul, Thabo Mbeki, questionou a lógica dos que defendem a participação de Mugabe na cimeira organizada sob a presidência portuguesa da UE como um preço a pagar pelo diálogo entre os dois continentes.

«Como se sentiriam Portugal e os restantes europeus se, durante a II Guerra Mundial, os Estados Unidos jantassem à mesma mesa dos nazis alemães, que na altura invadiam a Europa e massacravam os europeus?», perguntou Mbeki.

Moeletsi Mbeki, irmão mais novo do Presidente sul-africano, viveu e trabalhou durante largos anos no Zimbabué, tendo desenvolvido um profundo conhecimento do regime de Robert Mugabe que afirma conhecer pessoalmente, e da situação interna daquele país.

Convencido de que Mugabe continuará a exercer uma «violência brutal» contra a oposição para impedir uma mudança de regime, Moeletsi Mbeki desmente a ideia de que o Presidente do Zimbabué é visto como um herói em África

«Nenhum africano ou líder regional vê em Mugabe um herói. Apesar dos sinais contraditórios, os líderes continentais não o consideram um herói. Não têm é a coragem necessária para o isolar com receio de que nos seus próprios países se verifiquem situações semelhantes», disse Moeletsi Mbeki.

Questionado sobre que acções deveriam ser tomadas pela SADC (Comunidade de Desenvolvimento da África Austral), que designou o seu irmão para tentar o diálogo entre Mugabe e a oposição do MDC (Movimento para a Mudança Democrática), o empresário referiu que a organização «não quer nem pode fazer nada porque não tem qualquer poder».

«A SADC não tem, na prática, qualquer poder, ela foi criada para mendigar ajuda aos países industrializados para África e nunca passou disso», acusou.

Presidente da produtora de televisão Endemol South Africa, vice-presidente do Instituto Sul-Africano de Relações Internacionais (SAIIA), e membro dos conselhos de administração de várias empresas, Moeletsi Mbeki tem um considerável currículo em jornalismo incluindo um «Nieman Fellowship» na Universidade de Harvard quando trabalhou para a BBC.

Para Mbeki, o maior receio dos governos africanos quando lidam com Robert Mugabe é que os seus regimes possam sofrer sorte semelhante ao do Zimbabué no caso deste cair sob a pressão da sociedade civil e dos sindicatos, que são a maior força social nos diversos países da África Austral.

Usando o exemplo de Kenneth Kaunda, fundador da Zâmbia e derrotado eleitoralmente após 27 anos no poder por um líder sindical, Moeletsi Mbeki garantiu que a repressão no Zimbabué contra os sindicalistas é sinal de que a sua luta pela sobrevivência se assemelha à de muitos outros líderes regionais.

«Não estamos a falar de um problema britânico. Mugabe vem assassinando e brutalizando o seu povo desde a década de 80, quando se verificaram os massacres de Matabeleland, e isso exige de Portugal a coragem de não o convidar para participar numa cimeira no seu território, sejam quais forem as pressões sobre si exercidas», concluiu Moeletsi Mbeki.

Diário Digital / Lusa

 

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Lancero

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« Responder #12 em: Setembro 20, 2007, 02:08:49 pm »
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UE/Presidência: Gordon Brown ameaça boicotar cimeira UE/África se Mugabe vier a Lisboa


    Lisboa, 20 Set (Lusa) - O Primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, ameaçou hoje boicotar a próxima cimeira UE-África, marcada para Dezembro, em Lisboa, se o presidente zimbabuano, Robert Mugabe, proibido de entrar na Europa, participar no evento.  

     

    A realização de uma II Cimeira entre a União Europeia e África é uma das principais prioridades da presidência portuguesa da UE. A intransigência do Reino Unido gerou um impasse difícil de ultrapassar diplomaticamente por Lisboa: Londres exige a solidariedade dos seus pareceiros europeus e a União Africana exige que todos os chefes de Estado africanos participem na cimeira.  

     

    Clara Borja, porta-voz da presidência portuguesa da União europeia, limitou-se hoje a uma reacção lacónica: "Continuamos a trabalhar para que esta cimeira seja um sucesso. A questão dos convidados sera estudada a seu tempo".  

     

    No conselho europeu de Junho, em Bruxelas, Luís Amado disse esperar que o presidente do Zimbabué não participe na Cimeira, considerando Robert Mugabe um ®factor de perturbação¯ da reunião, marcada para 08 e 09 de Dezembro, apesar de compreender a posição africana de que todos devem ser convidados.

     

    ®Pessoalmente não tenho nenhum interesse em que o senhor Mugabe esteja em Lisboa¯, disse o chefe da diplomacia portuguesa no final de uma reunião dos 27 em que foi preparada a Cimeira de chefes de Estado e de Governo da UE.  

     

    Luís Amado recordou que os 27 têm um quadro de sanções contra o Zimbabué por causa da falta de respeito pelos Direitos Humanos por parte deste país.

     

    O chefe da diplomacia portuguesa considerou as sanções contra o Zimbabué como ®uma questão de princípio para a UE¯, assim como também ®é uma posição de princípio para a União Africana que todos os chefes de estado da sua organização sejam convidados¯.  

     

    Na ocasião, o líder da oposição do Zimbabué, Morgan Tsvangirai, aprovou a posição do governo português de ®desinteresse¯ na presença de Robert Mugabe na cimeira UE-África, embora tenha manifestado o desejo que o encontro se realize.  

     

    "Nós apreciamos essa posição. É uma posição de princípio", afirmou Tsvangirai à Agência Lusa, no final de uma conferência de imprensa que o presidente do Movimento para a Mudança Democrática (MDC) deu na capital britânica em Junho.  

     

    "Por outro lado, é triste que, para a cimeira avançar, o senhor Mugabe tenha de estar presente. Por que é que não se pode realizar sem ele? A minha opinião é que deve realizar-se porque existem questões mais amplas entre a UE e África que têm de ser tratadas urgentemente", observou.  

     

    O Ministro dos Negócios Estrangeiros do Gana, Akwasi Asei-Adjei, afirmou em 12 de Setembro, em Lisboa, acreditar que a cimeira UE/África, na capital portuguesa, se realizará com "todos os membros da União Africana".  

     

    Em conferência de imprensa conjunta, após um encontro dos chefes da diplomacia dos dois blocos - União Europeia (UE) e União Africana (UA) - Akwasi Asei-Adjei disse ser altura de a Europa tentar "compreender África".

     

    Nesse sentido, Amado anunciou que à margem da Assembleia-Geral das Nações Unidas, que começa a 25 de Setembro, em Nova Iorque, a questão será discutida entre as duas partes.  

     

    "Temos por isso a responsabilidade de trabalhar em conjunto durante esse período na preparação do relacionamento entre a UE e a UA", frisou.

     

    Em princípio - adiantou - o documento de estratégia conjunto deverá ser aprovado em Accra, a 31 de Outubro, numa reunião entre as troikas da UE e da UA, disse, frisando contudo haver muito trabalho a fazer nos próximos meses.  

     

    ®Não há liberdade no Zimbabué, não há liberdade de associação, não há liberdade de imprensa", escreveu hoje Gordon Brown numa crónica no diário The Independent, sublinhando que devia "esclarecer a sua posição" antes da segunda cimeira UE-África.  

     

    "A presença do presidente Mugabe significaria um levantamento da proibição de entrada que nós decidimos colectivamente. Creio que a sua presença vai minar a cimeira, desviar a atenção dos problemas importantes que devem ser resolvidos", afirmou.  

     

    "Nessas circunstâncias a minha presença não seria apropriada", disse Brown, na sua primeira declaração sobre a situação no Zimbabué desde que assumiu a chefia do governo em 27 de Junho.  

     

    A Grã-Bretanha vai ®garantir que a UE manterá as suas sancções contra os 131 altos dirigentes (do Zimbabué), incluíndo o presidente Mugabe, que não respeitam os direitos do Homem¯, acrescenta Brown que deverá tentar congregar outros países a este boicote durante a cimeira europeia de 18 e 19 de Outubro em Lisboa.  

     

    Por seu lado, o vice-ministro zimbabuano Bright Matonga disse que "Brown perdia o seu tempo". "O presidente Mugabe foi convidado e irá a Lisboa como representante do Zimbabué quer Gordon Brown esteja presente ou não".  

     

    A organização militante ®Action for Southern Africa (ACTSA)¯ saudou a "atitude firme" dos Britânicos, mas o deputado europeu português Paulo Casaca acusou Brown de ter "dois pesos e duas medidas" porque a Grã-Bretanha não boicotou a cimeira UE-Asean este ano apesar da presença do ministro dos Negócios Estrangeiros da Birmânia, cujos dirigentes estão proibidos de entrar na Europa.  

     

    A UE tem em vigor sanções contra o regime de Mugabe desde Fevereiro de 2002: proibição de vistos, congelamento de activos e embargo ao fornecimento de armas, principalmente dirigidas contra os responsáveis governamentais e altos funcionários do país.  

     

    Os chefes de Estado e Governo da UE reunidos em Dezembro, em Bruxelas, apoiaram a realização da segunda Cimeira UE/África no segundo semestre de 2007, em Portugal.  

     

    A primeira Cimeira UE/África teve lugar em Abril de 2000, no Cairo, durante a anterior presidência portuguesa da UE e por iniciativa desta.

     

    Robert Mugabe, que ocupa a presidência do Zimbabué(ex-Rodésia) desde 1980, foi investido em Abril pelo seu partido para a reeleição a um novo mandato presidencial em 2008.  

     
"Portugal civilizou a Ásia, a África e a América. Falta civilizar a Europa"

Respeito
 

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André

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« Responder #13 em: Setembro 21, 2007, 10:21:17 pm »
Desmond Tutu pede a Portugal para não convidar Mugabe
   
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O ex-arcebispo anglicano da Cidade do Cabo e Prémio Nobel da Paz, Desmond Tutu, pediu hoje a Portugal para não convidar o presidente do Zimbabué, Robert Mugabe, para a segunda cimeira União Europeia/África, em Lisboa.
Em resposta a uma questão colocada por escrito pela Agência Lusa em Joanesburgo, o respeitado clérigo, que se encontra nos Estados Unidos, respondeu também por escrito: «Espero que Portugal se mantenha firme na defesa dos direitos humanos e da democracia e que não convide o presidente Mugabe. Deus o abençoe».

A posição de Tutu, que é desde há muitos anos, um dos mais acérrimos críticos do presidente do Zimbabué pelos alegados atropelos aos direitos humanos e à liberdade de expressão naquele país, está em linha com uma série de activistas, religiosos, académicos, políticos e intelectuais africanos que desde a década de 1980 vêm denunciando sistemáticos massacres (com particular incidência o de Matabeleland, em 1983) e outras atrocidades cometidas pelo regime da Zanu-PF do presidente Mugabe.

A II Cimeira Europa/África, que é uma iniciativa emblemática do Governo de Lisboa e uma das principais prioridades da actual presidência portuguesa da UE, está agendada para 08 e 09 de Dezembro, em Lisboa

A realização da Cimeira pode ser comprometida em consequência das profundas divisões entre líderes europeus e africanos quanto à linha a seguir relativamente à presença ou não do presidente zimbabueano em Lisboa.

Apesar das provas evidentes de violações dos direitos humanos e de uma governação totalitária e ruinosa da Zanu-PF - que conduziu o país a uma profunda crise política e económica -, muitos dirigentes africanos, em particular na área da SADC, rejeitam a ideia de que a Europa (e Portugal em particular) marginalize Mugabe no evento.

Quinta-feira, o presidente da Zâmbia, Levy Mwanawasa, ameaçou não comparecer na cimeira, se Portugal e a UE não convidarem Robert Mugabe, afirmando esperar que outros líderes do continente africano sigam o seu exemplo.

«Apesar de não concordar e não estar feliz com o que se passa no Zimbabué, acho que a situação exige maior diálogo com os nossos colegas zimbabueanos», disse Mwanawasa ao Times of Zâmbia.

O presidente da Zâmbia, que reagia a uma declaração do primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, segundo a qual não participará na cimeira, se Mugabe estiver presente, vem ao encontro do pensamento de outros líderes regionais africanos, como o presidente sul-africano, Thabo Mbeki.

Os líderes dos antigos movimentos de libertação que hoje ocupam o poder nos respectivos países têm, por respeito pelo passado anti-colonialista de Mugabe ou por não gostarem de receber o que consideram «lições de democracia do Ocidente», sistematicamente defendido a presença do controverso presidente do Zimbabué na cimeira.

Para activistas como Phyl Ya Nangoloh, presidente da Comissão dos Direitos Humanos da Namíbia, no entanto, «a subserviência dos líderes regionais a Robert Mugabe tem mais a ver com o receio individual ou colectivo de serem forçados a abandonar o poder nos seus países por força do voto popular ou da influência dos sindicatos e organizações cívicas do que com um apoio explícito às políticas de Mugabe».

A CNN International tem transmitido hoje uma reportagem especial realizada no Zimbabué com recurso a uma câmara escondida, na qual são visíveis as dramáticas consequências da governação de Robert Mugabe: gasolina a ser comprada no mercado negro por não existirem stocks nos postos de abastecimento, dinheiro a ser trocado nas ruas a um câmbio 10 vezes superior ao dos bancos, famílias desesperadas para alimentar os filhos e supermercados com filas imensas e com prateleiras vazias no centro de Harare, a capital.

A inflação no país situa-se entre os 7 mil e os 12 mil por cento, a taxa de desemprego atinge os 80% e a sua população foge do país para Estados vizinhos a um ritmo de 5 mil pessoas por dia.

Diário Digital / Lusa

 

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André

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« Responder #14 em: Setembro 25, 2007, 08:22:12 pm »
Desmond Tutu compara regime de Mugabe ao do apartheid

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O arcebispo Desmond Tutu comparou hoje as acções do presidente do Zimbabué às do antigo regime sul-africano do «apartheid», indicando que todos os relatórios sobre o país mostram que as violações dos direitos humanos estão a aumentar.
O Nobel da Paz, que na sexta-feira passada apelou ao governo português para não convidar Robert Mugabe para a cimeira União Europeia-África de Dezembro, afirma-se em comunicado «devastado e horrorizado» pela destruição económica, o desemprego, a fome e a miséria provocada pela epidemia de SIDA que acompanham o colapso do sector público da saúde no Zimbabué

O antigo arcebispo anglicano do Cabo refere que todos os relatórios elaborados por organizações religiosas e outras demonstram que as violações dos direitos humanos naquele país estão a aumentar.

«As histórias que temos ouvido sobre as perseguições aos opositores políticos, detenções sem julgamento, torturas e negação de cuidados médicos recordam-nos as nossas próprias experiências às mãos da polícia do apartheid. Isto tem de acabar já», refere o comunicado divulgado pelo gabinete do arcebispo Tutu.

Para o religioso, o sofrimento dos zimbabueanos sob o regime de Mugabe é uma «mancha» na região e no continente em geral. «A sorte dos zimbabueanos é a nossa sorte e ignorar o seu sofrimento é o mesmo que aprová-lo», afirma Tutu.

Mais de quatro milhões de zimbabueanos, segundo fontes não-oficiais, procuraram refúgio nos países vizinhos para escapar à fome generalizada, desemprego e violência dos agentes do Estado contra todos os opositores do regime liderado pela Zanu-PF de Robert Mugabe.

A comunicação social, citando fontes da diáspora zimbabueana na sequência de trabalhos de investigação na fronteira norte da África do Sul, refere que todos os dias passam a salto para a África do Sul uma média de 5.000 zimbabueanos.

Na sua maioria fogem através da tripla cerca de arame farpado que separa os dois países em grupos de 20 e 30, guiados por pisteiros que conhecem os movimentos dos guardas fronteiriços e cobram uma verba por cada emigrante ilegal que guiam até território sul-africano através da selva.

Em declarações recentes, Desmond Tutu opôs-se às posições individuais e colectivas dos líderes regionais africanos, que defendem repetidamente o diálogo entre governo e oposição como fórmula para encontrar uma solução para a tragédia do Zimbabué, que regista uma inflação de quse 7000% e uma taxa de desemprego de 80%.

«É claro neste momento que a abordagem branda, branda - a chamada diplomacia silenciosa - não deu quaisquer resultados e necessitamos de algo muito mais directo e categórico», disse recentemente Tutu a uma estação de televisão referindo-se aos métodos diplomáticos adoptados pelo presidente sul-africano Thabo Mbeki relativamente ao regime de Mugabe.

Numa declaração à agência Lusa feita sexta-feira da semana passada, o Nobel da Paz exortou Portugal a manter-se firme na defesa dos direitos humanos e da democracia não convidando Robert Mugabe para a cimeira EU/África, agendada para 8 e 9 de Dezembro em Lisboa.

Diário Digital / Lusa