La Lys - Alemães eram mais que as moscas

  • 94 Respostas
  • 72860 Visualizações
*

Carlos Rendel

  • 187
  • Recebeu: 2 vez(es)
  • +0/-0
Re: La Lys - Alemães eram mais que as moscas
« Responder #90 em: Abril 17, 2014, 06:38:32 pm »
Da Introdução  do livro "Os fantasmas do Rovuma"  de Ricardo Marques retiro as seguintes considerações:

 
Citar
As páginas que se seguem contam a história de uma guerra de que ninguém fala.Não se comemora,não enche páginas de jornais,e salvo raras,mas boas,
 excepções,é tratada em meia dúzia de linhas nos livros de História. Ross Anderson, um dos maiores especialistas do tema chamou á Frente da  África Oriental
 a Frente Esquecida. E com razão.Um século depois, ainda há muito por saber,muitos pontos por ligar,muitas perguntas sem resposta.No final de 1917,depois de
um breve ensaio  meses antes,com as tropas alemãs prestes a entrar definitivamente em território português,e as  inglesas em número muito superior atrás delas
uma real invasão estrangeira que não sucedia desde Napoleão e que nunca mais se repetiu,um oficial alemão resumia  a guerra africana de forma divertida: Os
ingleses perseguem-nos a nós e nós perseguimos os portugueses.A simplicidade tem destas coisas. A  verdade  é que tudo correu mal aos portugueses.Na Frente
 e na Retaguarda.As constantes mudanças de governo e a instabilidade política em Lisboa sentiam-se a milhares de quilómetros.Em África as condições não po-
diam ser piores. Os soldados morriam às centenas  sem darem um tiro,sem saírem da base,atacados por paludismo,disenteria e sífilis. Outros morriam de cansa-
ço nas marchas de milhares de quilómetros pela selva,sem outro objectivo  que não fosse andar.Depois , havia os alemães  comandados por um estranho general
 que  insistia em viver do mato e do que roubava ao inimigo e que optava por uma mobilidade extrema das suas reduzidas forças para atacar  as  enormes colu-
nas  adversárias. Havia  também leões,formigas, e elefantes e toda a espécie de mosquitos capazes de matar um homem. Contra tudo isto Portugal  mandava
 soldados indisciplinados, mal preparados,com escassa formação militar, que se recusavam a tomar medicamentos, que bebiam àgua  sem ser fervida, que passa-
vam fome e sede,que andavam rotos e doentes.E era com estes homens,comandados por oficiais que não  conheciam o terreno  nem os hábitos das populações
 que em Lisboa se contava  para invadir o território alemão,primeiro, e,para garantir que os alemães não  invadiam o território português,depois. Falharam
ambas.
     

                Tudo isto configura uma imagem deprimente e  confirma o que já se suspeitava: falta de preparação militar,ausência de patriotismo, e, ignorância
                de objectivos.

                 Mais uma vez demos ao mundo uma lição de como  as coisas  não se fazem.E,nós, aprendemos a lição?
                                                                                                                                                                                                                              cr
CR
 

*

mafets

  • Investigador
  • *****
  • 8608
  • Recebeu: 3218 vez(es)
  • Enviou: 996 vez(es)
  • +4059/-6468
Re: La Lys - Alemães eram mais que as moscas
« Responder #91 em: Abril 17, 2014, 08:56:56 pm »
Citação de: "Carlos Rendel"
Da Introdução  do livro "Os fantasmas do Rovuma"  de Ricardo Marques retiro as seguintes considerações:

 
Citar
As páginas que se seguem contam a história de uma guerra de que ninguém fala.Não se comemora,não enche páginas de jornais,e salvo raras,mas boas,
 excepções,é tratada em meia dúzia de linhas nos livros de História. Ross Anderson, um dos maiores especialistas do tema chamou á Frente da  África Oriental
 a Frente Esquecida. E com razão.Um século depois, ainda há muito por saber,muitos pontos por ligar,muitas perguntas sem resposta.No final de 1917,depois de
um breve ensaio  meses antes,com as tropas alemãs prestes a entrar definitivamente em território português,e as  inglesas em número muito superior atrás delas
uma real invasão estrangeira que não sucedia desde Napoleão e que nunca mais se repetiu,um oficial alemão resumia  a guerra africana de forma divertida: Os
ingleses perseguem-nos a nós e nós perseguimos os portugueses.A simplicidade tem destas coisas. A  verdade  é que tudo correu mal aos portugueses.Na Frente
 e na Retaguarda.As constantes mudanças de governo e a instabilidade política em Lisboa sentiam-se a milhares de quilómetros.Em África as condições não po-
diam ser piores. Os soldados morriam às centenas  sem darem um tiro,sem saírem da base,atacados por paludismo,disenteria e sífilis. Outros morriam de cansa-
ço nas marchas de milhares de quilómetros pela selva,sem outro objectivo  que não fosse andar.Depois , havia os alemães  comandados por um estranho general
 que  insistia em viver do mato e do que roubava ao inimigo e que optava por uma mobilidade extrema das suas reduzidas forças para atacar  as  enormes colu-
nas  adversárias. Havia  também leões,formigas, e elefantes e toda a espécie de mosquitos capazes de matar um homem. Contra tudo isto Portugal  mandava
 soldados indisciplinados, mal preparados,com escassa formação militar, que se recusavam a tomar medicamentos, que bebiam àgua  sem ser fervida, que passa-
vam fome e sede,que andavam rotos e doentes.E era com estes homens,comandados por oficiais que não  conheciam o terreno  nem os hábitos das populações
 que em Lisboa se contava  para invadir o território alemão,primeiro, e,para garantir que os alemães não  invadiam o território português,depois. Falharam
ambas.
     

                Tudo isto configura uma imagem deprimente e  confirma o que já se suspeitava: falta de preparação militar,ausência de patriotismo, e, ignorância
                de objectivos.

                 Mais uma vez demos ao mundo uma lição de como  as coisas  não se fazem.E,nós, aprendemos a lição?
                                                                                                                                                                                                                              cr

O principal objectivo da entrada de Portugal na primeira grande guerra foi o dinheiro, vulgo carcanhol, pilim, massa, bagalho  :twisted:


http://es.wikipedia.org/wiki/Teatro_africano_de_la_Primera_Guerra_Mundial
Agora, em África e apesar dos seus problemas Portugal manteve os alemães pelo menos ocupados e com tropas envolvidas que se não estivessem nas possessões portuguesas estariam noutro lado qualquer (Aliás, esta sempre foi a visão de Gen. Vorbeck quanto Às forças principalmente inglesas). Além disso é preciso perceber que a frente africana nada teve a ver com as frentes europeias, pois foi pautada por alta mobilidade e tácticas de guerrilha (as doenças tropicais causarem problemas a todas as forças não apenas às portuguesas, embora os alemães com maior numero de forças recrutadas entre os nativos sofressem assim menos que os europeus). E Portugal, quando foi chamado a combater novamente em África, mesmo menos bem preparado e com meios limitados, nada deve neste tipo de combate, mesmo às super-potências com logística, treino e armamento completamente diferentes (basta ver a actuação e as baixas portuguesas na guerra colonial em comparação com outros países em conflitos semelhantes).  :wink:


Citar
A força expedicionária Portuguesa a Embarcar. Na imagem de baixo prisioneiros ingleses e portugueses capturados pelos alemães


Cumprimentos
"Nunca, no campo dos conflitos humanos, tantos deveram tanto a tão poucos." W.Churchil

http://mimilitary.blogspot.pt/
 

*

Carlos Rendel

  • 187
  • Recebeu: 2 vez(es)
  • +0/-0
Re: La Lys - Alemães eram mais que as moscas
« Responder #92 em: Abril 19, 2014, 11:18:34 pm »
Citando mafets :
Citar
O principal objectivo da entrada de Portugal na primeira grande guerra foi o dinheiro,vulgo carcanhol,,pilim,massa,bagalho.

As razões da entrada de Portugal na 1ª Grande Guerra foram ,alegadamente  provar o nosso "europeísmo" e a esperança de nos convidarem para a mesa do festim,após
a derrota dos alemães,diga-se  aumentar  Moçambique à custa da África  Oriental Alemã. Aliás, as provocações do governo luso  foram várias,com vista a uma declaração
de guerra,que  apesar de tudo só apareceu quando o resultado do conflito já era previsto.Não compreendo é a lógica de fazer os alemães  pagarem as dívidas dando cabo
deles.

Ainda citando mafets:
Citar
Agora em  África e apesar dos seus problemas,Portugal manteve os alemães  pelo menos ocupados e com tropas envolvidas que se não estivessem nas possessões portuguesas estariam noutro lado qualquer.
Citar



Vejamos:  O Estado Maior do Exército  alemão solicitou ao gen. Lettow Vorbeck que continuasse a lutar para  segurar em África o máximo de tropas britânicas ou das
colónias.   Dada a situação de escassez de homens e mantimentos Lettow  executou a primeira guerra de guerrilha no continente africano,sendo hoje  considerado dos
melhores generais da I guerra.E os portugueses ? Além de escaramuças,quando os homens de Von Lettow entravam em Moçambique,aguardavam uma forte  escorregade-
la dos germânicos  para se lançarem e  dilatarem o Império.

Por outro lado, concordo que se os alemães não estivessem nas possessões portuguesas estariam noutro lado qualquer.

Cumprimenta  cr
CR
 

*

mafets

  • Investigador
  • *****
  • 8608
  • Recebeu: 3218 vez(es)
  • Enviou: 996 vez(es)
  • +4059/-6468
Re: La Lys - Alemães eram mais que as moscas
« Responder #93 em: Abril 20, 2014, 12:12:29 am »
Citação de: "Carlos Rendel"
Citando mafets :
Citar
O principal objectivo da entrada de Portugal na primeira grande guerra foi o dinheiro,vulgo carcanhol,,pilim,massa,bagalho.

As razões da entrada de Portugal na 1ª Grande Guerra foram ,alegadamente  provar o nosso "europeísmo" e a esperança de nos convidarem para a mesa do festim,após
a derrota dos alemães,diga-se  aumentar  Moçambique à custa da África  Oriental Alemã. Aliás, as provocações do governo luso  foram várias,com vista a uma declaração
de guerra,que  apesar de tudo só apareceu quando o resultado do conflito já era previsto.Não compreendo é a lógica de fazer os alemães  pagarem as dívidas dando cabo
deles.

Ainda citando mafets:
Citar
Agora em  África e apesar dos seus problemas,Portugal manteve os alemães  pelo menos ocupados e com tropas envolvidas que se não estivessem nas possessões portuguesas estariam noutro lado qualquer.
Citar

Vejamos:  O Estado Maior do Exército  alemão solicitou ao gen. Lettow Vorbeck que continuasse a lutar para  segurar em África o máximo de tropas britânicas ou das
colónias.   Dada a situação de escassez de homens e mantimentos Lettow  executou a primeira guerra de guerrilha no continente africano,sendo hoje  considerado dos
melhores generais da I guerra.E os portugueses ? Além de escaramuças,quando os homens de Von Lettow entravam em Moçambique,aguardavam uma forte  escorregade-
la dos germânicos  para se lançarem e  dilatarem o Império.

Por outro lado, concordo que se os alemães não estivessem nas possessões portuguesas estariam noutro lado qualquer.

Cumprimenta  cr
O "festim" por muito que incluísse razões imperiais, nacionalistas, de honra com a velha aliança inglesa, etc, conforme a corrente, também olhava e muito para o dinheiro. Basta ver quanto Portugal pedia quando se sentou à mesa das negociações, já que depois da guerra ainda estava mais falido do que quando entrou.


Como em tudo existiam os que em 1914 já pediam a entrada de Portugal na Guerra. Na primeira imagem vemos a manifestação de apoio à entrada de Portugal na Guerra, realizada em 7 de Agosto de 1914, na Avenida das Cortes em Lisboa.  


Citar
A master of guerrilla warfare, General von Lettow-Vorbeck lived by a warrior’s code of chivalry embodying honor, respect for one’s enemies, and humanitarian treatment of his men as well as civilians.  During a world war in which the U.S. Army actively discriminated against black soldiers, von Lettow-Vorbeck treated his African Askaris no differently from white Germans under his command.  
Em parte explica o porque de o General von Lettow-Vorbeck ter sido muito bem sucedido e de Portugal muito pouco ter feito para o combater e poder ascender a outros voos (a guerra de guerrilha no futuro verá por diversas vezes grandes e poderosos exercitos vergados à vontade de grupos de homens menos preparados e mais mal armados  :wink: ). Além de um estilo de guerra que nenhum militar português conhecia e estava preparado para combater ainda possuía nas suas fileiras nativos que conheciam bem o terreno e tinham maior resistência às doenças tropicais. Mesmo os britânicos, mas bem preparados, treinados e com conhecimentos neste tipo de conflitos que vinham pelo menos desde a guerra da independência americana, tiverem problemas com estes 300 homens. Imaginemos que em vês de atacar e abastecer-se à conta dos portugueses o faziam exclusivamente com os ingleses, qual o número que estes últimos teriam de aumentar os efectivos para apanhar Von Lettow e os seus Askari?



http://timashby.com/the-german-general-who-told-hitler-to-go-screw-himself/

Saudações
"Nunca, no campo dos conflitos humanos, tantos deveram tanto a tão poucos." W.Churchil

http://mimilitary.blogspot.pt/
 

*

Lusitano89

  • Investigador
  • *****
  • 20606
  • Recebeu: 2392 vez(es)
  • Enviou: 257 vez(es)
  • +1118/-1481
Re: La Lys - Alemães eram mais que as moscas
« Responder #94 em: Abril 09, 2021, 03:16:33 pm »