Há certos membros aqui que dão cabo de qualquer debate de qualidade. Com que então a proveniência da Rússia de alguns génios das ciências militares, elimina automaticamente outros factores que podem (e vão) contribuir para a qualidade dos produtos lá produzidos? Como se fosse alguma novidade a falta de controlo de qualidade na Rússia. Ainda no verão passado (ou há 2 anos?), vimos aquele vídeo da corveta russa a lançar um míssil de cruzeiro, que se despenhou e quase atingiu o navio lançador. Ainda neste conflito vimos um sistema de lançamento de foguetes em que um dos foguetes deu meia volta para atingir o veículo lançador. Porque raio é que é impensável haver problemas com a aquisição de alvos ou até na precisão com que os mísseis russos os atingem, principalmente os mais antigos? Mas está tudo esquecido das rações de combate expiradas há vários anos das forças russas que iniciaram o conflito?
E agora pergunto, ao certo, quantos mísseis de cruzeiro e balísticos (com ogiva não-nuclear), é que os russos realmente usaram? E qual o stock real que eles possuíam antes da guerra? Quais os modelos e as plataformas que os podem lançar? Se partirmos do princípio que os três ramos tinham quantidades equivalentes de mísseis de cruzeiro e/ou balísticos, então praticamente 1/3 deles está indisponível para utilizar, pelo facto da maior parte da Marinha Russa estar fora do Mar Negro. Hão-de ter transportado uma quantidade considerável de outros navios/frotas, claro, mas se chegar a 50% deve ser muito, que a restante frota não pode ficar desarmada.
Depois umas considerações adicionais:
-não faz sentido os russos estourarem o stock todo, correndo o risco de ficar sem nada noutros lados. Da mesma forma que também nunca iriam colocar todos os soldados possíveis na guerra. A manta tapa de um lado, destapa do outro.
-que alvos compensa atacar? Pontes e pontezinhas, valem o esforço de se usar, possivelmente, mais que um míssil de cruzeiro para cada uma? Ainda por cima se for bem dentro do território do adversário, vão conseguir reparar com relativa facilidade.
-e ainda, as defesas AA ucranianas. Quantos mísseis por alvo têm que ser lançados para garantir a sua destruição?
Agora, fazendo umas contas de merceeiro: se assumirmos que ao longo de 200 dias de conflito (já vão mais), os russos andaram a lançar em média 5 mísseis de cruzeiro ou balísticos por dia (podem ser mais, podem ser menos), isto dá 1000 mísseis lançados, e mesmo depois disto tudo, as coisas não lhes correm de feição. Quanto é que isto representa em percentagem total dos mísseis de longo alcance russos? E quantos mais seriam necessários para realmente mudar o rumo da guerra a seu favor?
Provavelmente nunca se saberá as reais razões da Rússia não lançar mais, da mesma forma que dificilmente se saberá os stocks que tinha antes e depois da guerra começar. Agora, parece-me imprudente e absurdo dizer que "se os russos quisessem, já tinham ganho".