Educação em Portugal

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Educação em Portugal
« em: Setembro 15, 2021, 11:03:39 am »
Não encontrei um tópico....
Está a iniciar mais um ano lectivo, ainda com muitas limitações devida à pandemia Covid19, mas pelo menos todas as aulas vão decorrer presencialmente (no nosso caso até vamos ter 2ª feira todos os nossos alunos vacinados, o que é excelente) e mesmo que haja algum aluno com covid19, agora a turma inteira já não vai para casa, apenas os contactos de risco/directos.

Mas a maior dificuldade, nem são as restrições pandémicas, agora a dificuldade é mesmo a aplicabilidade da nova legislação que regula o que os alunos comem nos bares e nas cantinas!!!!
Quem quiser dar uma vista de olhos ao despacho de 17 de Agosto deste ano: https://dre.pt/web/guest/home/-/dre/169689544/details/2/maximized?serie=II&parte_filter=31&dreId=169689520

Depois de vermos todas as restrições, que passo a descrever:
"Bufetes escolares

Artigo 3.º

Restrições à oferta alimentar a disponibilizar
1 - Os bufetes escolares não podem contemplar a venda dos seguintes produtos:
a) Pastelaria, designadamente bolos ou pastéis com massa folhada e/ou com creme e/ou cobertura, como palmiers, jesuítas, mil-folhas, bola de Berlim, donuts, folhados doces, croissants ou bolos tipo queque;
b) Salgados, designadamente rissóis, croquetes, empadas, chamuças, pastéis de massa tenra, pastéis de bacalhau ou folhados salgados;
c) Pão com recheio doce, pão-de-leite com recheio doce e croissant com recheio doce;
d) Charcutaria, designadamente sanduíches ou outros produtos que contenham chouriço, salsicha, chourição, mortadela, presunto ou bacon;
e) Sandes ou outros produtos que contenham ketchup, maionese ou mostarda;
f) Bolachas e biscoitos, designadamente bolachas tipo belgas, biscoitos de manteiga, bolachas com pepitas de chocolate, bolachas de chocolate, bolachas recheadas com creme e bolachas com cobertura;
g) Refrigerantes, designadamente de fruta com gás e sem gás e aqueles cuja composição contenha cola e/ou extrato de chá, águas aromatizadas, refrescos em pó, bebidas energéticas, bem como os preparados de refrigerantes;
h) «Guloseimas», designadamente rebuçados, caramelos, pastilhas elásticas com açúcar, chupas ou gomas;
i) Snacks doces ou salgados, designadamente tiras de milho, batatas fritas, aperitivos, pipocas doces ou salgadas;
j) Sobremesas doces, designadamente mousse de chocolate, leite-creme ou arroz-doce;
k) Barritas de cereais e monodoses de cereais de pequeno-almoço;
l) Refeições rápidas, designadamente hambúrgueres, cachorros-quentes, pizas ou lasanhas;
m) Chocolates;
n) Bebidas com álcool;
o) Molhos, designadamente ketchup, maionese ou mostarda;
p) Cremes de barrar, à base de chocolate ou cacau e outros com adições de açúcares;
q) Gelados."

E depois sugerem:
"Artigo 4.º
Géneros alimentícios a disponibilizar
1 - Os bufetes escolares disponibilizam obrigatoriamente:
a) Água potável gratuita;
b) Garrafas de água mineral natural e água de nascente;
c) Leite simples meio-gordo e magro;
d) Iogurtes meio-gordo e magro, preferencialmente sem adição de açúcar;
e) Pão, preferencialmente de mistura com farinha integral e com menos de 1 g de sal, por 100 g de pão;
f) Fruta fresca, preferencialmente da época, podendo ser apresentada como salada de fruta fresca sem adição de açúcar;
g) Saladas;
h) Sopa de hortícolas e leguminosas, no caso dos estabelecimentos com ensino noturno.
2 - Os bufetes escolares podem ainda disponibilizar:
a) Queijos curados com teor de gordura não superior a 45 %, queijos frescos e requeijão;
b) Frutos oleaginosos ao natural, sem adição de sal ou açúcar;
c) Tisanas e infusões de ervas sem adição de açúcar;
d) Bebidas vegetais, em doses individuais, sem adição de açúcar;
e) Snacks à base de leguminosas que contenham: pelo menos 50 % de leguminosas e um teor de lípidos por 100 g inferior a 12 g e um teor de sal inferior a 1 g;
f) Snacks de fruta desidratada sem adição de açúcares;
g) Sumos de fruta e ou vegetais naturais, bebidas que contenham pelo menos 50 % de fruta e ou hortícolas e monodoses de fruta.
3 - O pão, a que se refere a alínea e) do n.º 1, deve ser prioritariamente recheado com:
a) Atum, de preferência conservado em água, ou outros peixes de conserva com baixo teor de sal;
b) Fiambre com baixo teor de gordura e sal, preferencialmente de aves, carnes brancas cozidas ou assadas;
c) Ovo cozido;
d) Pasta de produtos de origem vegetal à base de leguminosas ou frutos oleaginosos;
e) Queijo meio-gordo ou magro.
4 - O pão, a se refere o número anterior, deve ser preferencialmente acompanhado com produtos hortícolas, designadamente alface, tomate, cenoura ralada e couve roxa ripada."

Basta referir só estes 2 artigos e eu pergunto, há alguma coisa que se possa comer numa escola? (alunos, professores e restantes funcionários, porque o limite é aos serviços e não às pessoas). A pastelaria desaparece da ementa, assim como tudo o que leve açúcar e chocolate. Então as sobremesas, salvo erro só escapa a gelatina sem açúcar e a fruta!!!!!

Para além da doutrinação das criancinhas, agora também querem tornar-nos todos vegetarianos ou mesmo vegan?

Mas a cereja em cima do bolo, nós temos essas restrições todas, mas o café a 50 metros da Escola vende tudo isto que proibimos. Pior, os alunos podem trazer de casa qualquer coisa!
A doutrinação das crianças e jovens já começou com os programas de história, em que metade dos conteúdos só falam do esclavagismo e LGBTi turbo e bi-turbo, agora temos a ditadura xuxalista a impor o que 2 milhões de pessoas comem (alunos e pessoal que trabalha com estes)!!!!!!
« Última modificação: Setembro 15, 2021, 12:03:40 pm por Viajante »
 
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Re: Educação em Portugal
« Responder #1 em: Setembro 15, 2021, 03:10:20 pm »
É mais fácil proibir do educar, e a palavra de ordem para todos os problemas é proibir. E não estou a ver a situação a melhorar.
 
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Re: Educação em Portugal
« Responder #2 em: Setembro 15, 2021, 03:32:06 pm »
É mais fácil proibir do educar, e a palavra de ordem para todos os problemas é proibir. E não estou a ver a situação a melhorar.

Tem-se visto com o covid, proibir tudo é muito mais fácil do que tentar encontrar soluções justas

Mas como a populaça gosta e lhes dá 40% dos votos, também não têm com que se preocupar
"[Os portugueses são]um povo tão dócil e tão bem amestrado que até merecia estar no Jardim Zoológico"
-Dom Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas
 

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Re: Educação em Portugal
« Responder #3 em: Fevereiro 05, 2022, 06:35:18 pm »


A escola técnica era má?

Agora temos analfabetos funcionais e sem saber um ofício.
https://www.youtube.com/user/HSMW/videos

"Tudo pela Nação, nada contra a Nação."
 
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Lightning

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Re: Educação em Portugal
« Responder #4 em: Fevereiro 05, 2022, 06:56:11 pm »
Muitos paises europeus que nos dão 10 a 0 tem ensino técnico e lá não é vergonha nenhuma não ser doutor, e nada impede mais a frente avançar para o ensino superior.
 
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Re: Educação em Portugal
« Responder #5 em: Outubro 05, 2022, 05:20:43 pm »
Escolas alarmadas com custos da energia


 

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Re: Educação em Portugal
« Responder #6 em: Outubro 05, 2022, 06:14:06 pm »
Portugal gasta 100 mil € por aluno do 1° ao 9° ano


 

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Re: Educação em Portugal
« Responder #7 em: Outubro 21, 2022, 01:20:29 pm »
Dia Mundial do Combate ao Bullying


 

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Re: Educação em Portugal
« Responder #8 em: Janeiro 07, 2023, 06:36:22 pm »


https://www.youtube.com/user/HSMW/videos

"Tudo pela Nação, nada contra a Nação."
 
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Re: Educação em Portugal
« Responder #9 em: Janeiro 08, 2023, 11:13:05 am »



Sim, não há degradação nos conteúdos leccionados, excepto na disciplina de história, como já aqui coloquei, propositadamente os paladinos do Técnico querem fazer crer a todos os portugueses que fomos uns bandidos no passado, temos de ter vergonha da nossa história, esclavagismo, etc, etc..... e depois vemos essa ala mais à esquerda colocar por aqui mensagens a glorificar personagens da esquerda e extrema esquerda que envergonham a nossa história, esses sim, como o que se passou a seguir ao Abril de 74, desde abandono de populações à sua mercê, entrega de territórios a fações pró-soviéticas, entrega dos arquivos secretos à URSS, perseguições políticas depois de 74!!!! Etc, Etc..... e já nem vale a pena falar nesses humanistas como Che Guevara, Estaline (acho que os pró-russos ainda não descobriram que Estaline era aliado de Hitler até levar com a Wehrmacht em cima e invadiu vários países europeus antes, depois e continua a invadir países europeus!!!!!!

O problema não é tanto a programação curricular (excepto a história), mas sim posteriormente os alunos não poderem reprovar!!!!!!
É quase impossível um aluno reprovar e os professores que o fizerem tem de fundamentar muito bem o chumbo! Esse é o problema!
E agora a Escola é para todos, o que quer aprender o que não quer.......

Depois admiravelmente temos alunos que chegam ao 10º ano e mal sabem ler!?!?!!?! Como é possível!? E não sabem fazer contas e escolhem um curso de electrónica!!?!?!?! Programação!?!?!?!

No fundo temos os alunos a chegarem ao final do ensino secundário, mas as notas que antes íam de 0 a 20, agora estão "afuniladas" entre o 10 e o 20!!!!!! Mas há alunos excepcionais, isso sem dúvida!
« Última modificação: Janeiro 08, 2023, 12:31:32 pm por Viajante »
 
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Re: Educação em Portugal
« Responder #10 em: Janeiro 08, 2023, 11:40:37 am »


A escola técnica era má?

Agora temos analfabetos funcionais e sem saber um ofício.

Não tinha-me apercebido que tinham falado dum tema que me é muito caro  :mrgreen:

Como sempre assumi, trabalho numa Escola Profissional já à mais de 20 anos!
Com o 25 de Abril, por motivos ideológicos, acabamos com as Escolas Industriais, porque entendiam na altura, de que não deveria haver essa distinção no ensino, o Ensino deveria ser uma via única que levasse os alunos até ao Ensino Superior!!!!!

Este disparate fez com que exterminassemos a única via de formar quadros intermédios!!!!! O que passamos a ter, durante quase década e meia, foi pessoas realmente com educação, mas apenas para prosseguir estudos, porque se alguém ficasse apenas pelo antigo 7º ano (11º ano) ou o mais recente 12º ano (há países na Europa que têem 13 anos de escolaridade antes de entrarem no Ensino Superior. No âmbito do Erasmus +, tivemos alunas italianas que ficaram furiosas quando descobriram que os nossos alunos estudam 12 e não 13 anos antes de entrarem no Ensino Superior!!!!!)

Vou dar um exemplo concreto para perceberem o disparate que se criou no calor de 74:
Com os extermínio das Escolas Industriais e já agora comerciais, no caso da construção civil, tinhamos o Engenheiro responsável por uma obra que sabia interpretar uma planta, mas nunca na vida assentou um muro de pedra, uma parede de blocos......
Depois tínhamos os operários sem qualquer formação e nem sequer sabiam olhar direito para uma planta e tão pouco interpretar o que está lá escrito!!!!!
E era com base nestes 2 estereótipos que nasciam obras..... muitas vezes com erros graves de construção!!!!!!!

Nós já fomos fortíssimos na área da construção civil, até à vinda da troika, que por motivos óbvios teve um forte impacto negativo na área e deixamos de formar quadros na área (chegamos a ter 5 turmas em simultãneo, de desenho, medições e orçamentos e topografia). A grande vantagem é que temos liberdade de contratar os nossos formadores/professores. Então os nossos professores de construção civil eram donos de escritórios de arquitectura, donos de empresas de obras públicas ou meros construtores. Temos um enorme orgulho de termos formado quase todos os construtores civis da zona. Alguns deles muito bem sucedidos, com empresas que facturam vários milhões de euros por ano.......

No final dos anos 80, percebendo-se o disparate que tinha sido o desaparecimento do ensino industrial, criou-se o Ensino Técnico-Profissional (que já desapareceu. Eu frequentei este ensino) e o Ensino Profissional!

O Ensino Profissional surgiu para criar quadros intermédios, mas nunca impedindo qualquer quadro de seguir para o Ensino Superior. Pretende-se dar uma formação eminentemente prática, que dura 3 anos completos (do 10º ao 12º ano) e que permita a alguém ser especialista numa área. Inclusivé, um aluno que acaba o Ensino Secundário da componente geral (para prosseguimento de Estudos) tem uma classificação profissional europeia de nível III, já um aluno do Ensino Profissional, acaba o 12º ano e tem uma classificação profissional de nível IV.

Como referi, o Ensino Profissional dura 3 anos, do 10º ao 12º ano e tem uma componente geral como os restantes cursos, mas tem no mínimo um projecto final de curso que tem de ser defendido em público e tem de estagiar pelo menos 600 horas ao longo do curso!

Este percurso faz toda a diferença para 2 jovens que acabem o 12º ano e queiram ambos iniciar a trabalhar. Um não tem nenhuma formação que o prepare para começar a trabalhar o outro por seu lado já trabalhou pelo menos 600 horas numa empresa da área do seu curso!!!!!!

Já repararam concerteza, quando chegam a um Restaurante e são servidos por alguém que vos serve e sabe abrir uma garrafa, servir de uma travessa, pegar nos talheres, etc......

Por exemplo no caso dos nossos alunos de electrónica e computadores, nenhum aluno acaba o curso sem saber programar um arduíno ou utilizar um Raspberry com linux como SO!!!!! Faz toda a diferença a partir daqui, saberem..... às vezes de mais, não vale a pena descrever alguns feitos, mas que comprovam que têem conhecimentos e curiosidade para construír!  :mrgreen:

Posso também dizer que não conseguimos satisfazer as empresas que nos imploram por quadros, não temos alunos formados suficientes!!!!! Nem na restauração, nem na saúde, nem instalações eléctricas e só poderá sobrar alguns de electrónica e computadores!!!!!

Outro aspecto muito importante, o Ensino Profissional é totalmente gratuíto (financiado a 85% pela UE). Não pagam transportes, nem alimentação. nadinha!!!!!!!
« Última modificação: Janeiro 08, 2023, 11:46:38 am por Viajante »
 
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Re: Educação em Portugal
« Responder #11 em: Janeiro 19, 2023, 12:53:22 pm »
Ministério com propostas aos professores


 

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Re: Educação em Portugal
« Responder #12 em: Janeiro 23, 2023, 04:18:19 pm »
Aumenta a procura por escolas privadas


 

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Re: Educação em Portugal
« Responder #13 em: Fevereiro 02, 2023, 10:43:28 am »
Alunos convidados a pôr-se no papel de "prostituta" ou "explorador sexual"


Uma pergunta com duas opções num teste da disciplina de Português, do 9.º ano, envolvendo o tema da prostituição, está a deixar a Escola Gabriel Pereira em alvoroço. O diretor diz que a instituição está a ser alvo de uma campanha difamatória.

Nem a Alcoviteira - personagem do Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente - conseguiu tamanha proeza: num piscar de olhos, a Escola Secundária Gabriel Pereira tornou-se famosa, graças a uma publicação na rede social Twitter que denunciava uma pergunta de um teste da disciplina de Português envolvendo o tema da prostituição.

Numa publicação datada do último dia de janeiro, a advogada Ana Fonseca divulgou uma fotografia do teste, datado de 23 desse mês. A pergunta polémica tinha duas opções, ambas sobre o tema da prostituição. "Coloca-te na pele de uma jovem mulher que caiu numa rede de prostituição. Escreve, com cuidado, um texto (150-180 palavras) em que reveles as circunstâncias que conduziram ao crime e o drama vivido pela vítima, através do seus pensamentos", lê-se no enunciado da prova, seguindo-se outra opção: "Coloca-te na pele de um explorador sexual. Escreve, com cuidado, um texto (150-180 palavras) em que reveles as circunstâncias que conduziram ao crime e os argumentos para aceitação/rejeição do mesmo pelo criminoso, através dos seus pensamentos."

No Twitter, foram vários os utilizadores que propagaram a fotografia do teste, que chegou a ser apontado por outros como "fake". Não era.

O diretor do Agrupamento de Escolas Gabriel Pereira, Fernando Farinha Martins, confirmou ao DN a autenticidade da ficha. Soube do caso na noite de terça-feira, quando as televisões começaram a contactar a escola. "Tratei de fazer logo as minhas averiguações e de convocar para as 8h30 da manhã seguinte as professoras daquele ano de ensino, bem como a coordenadora de departamento", disse o professor, que há três mandatos dirige aquele agrupamento de escolas.

"Tecnicamente as questões poderiam ter sido colocadas de outra forma", admite, embora considere que, por detrás desta polémica, há mais alguma coisa: "Há aqui uma intenção clara de prejudicar o agrupamento", afirma aquele responsável, justificando que "o assunto não pode ser retirado do contexto". E esse qual é, afinal?

"Pela leitura do enunciado do exercício em causa, e para quem esteja fora do contexto das Aprendizagens Essenciais do 9º ano, poderá parecer exigente ou desadequado mas, de acordo com a análise literária da peça de Gil Vicente, Auto da Barca do Inferno, representa um exercício pedagógico para aplicação do que foi ensinado em aula, tendo como objetivo a construção de um juízo crítico", explica o diretor do agrupamento, num comunicado divulgado esta quarta-feira.

"É prática comum na disciplina de Português levar os alunos a reconhecer os valores culturais, éticos, estéticos, políticos e religiosos manifestados nos textos, suscitando um paralelo com a atualidade e com as problemáticas sociais", acrescenta Fernando Martins.

O teste, da disciplina de Português, aconteceu "no âmbito de um trabalho colaborativo com a disciplina de Cidadania e Desenvolvimento", explica o diretor. Na obra de Gil Vicente, "há uma relação de prostituição encoberta - através da personagem Brisída Vaz, a Alcoviteira - e, no fundo, um paralelismo com coisas que se passam hoje, na sociedade", afirma o professor, explicando que "embora os alunos, hoje, sejam mais infantis, têm muito mais informação. E esses temas são discutidos nas aulas de Português e nas aulas de Cidadania".

"A professora entendeu que eles deveriam colocar-se num destes papéis. Se fosse eu, provavelmente teria feito as questões de outra forma", reforça o diretor, que ainda assim repudia "a divulgação destes conteúdos nas redes sociais, completamente descontextualizados".

"O que se passa aqui é outra coisa. É alguém que não está sequer relacionado com a Escola, que tem filhos num colégio privado (os Salesianos), e que apenas se diz amiga de um pai daqui. Ora, até agora, nenhum pai nos abordou com qualquer questão relacionada com o teste", adianta o diretor do agrupamento Gabriel Pereira.

Início do ano com o governo

A Escola Secundária que agora saltou para as bocas do mundo através do Twitter foi a mesma que o governo escolheu para assinalar a abertura do presente ano letivo. Dias depois da presença do primeiro-ministro, António Costa, e do ministro da Educação, João Costa, naquele agrupamento do Alentejo, a escola foi abalada por outra polémica: "Alguém ligado ao Chega tentou criar aqui problemas, por causa de uma situação entre um aluno brasileiro que tinha chegado há pouco e uma professora de português", revela o diretor da Secundária Gabriel Pereira.

Entre as 10 escolas do Agrupamento e os seus 2500 alunos, contabilizam-se cerca de 280 alunos estrangeiros, correspondendo a 75 nacionalidades.

"Acreditamos numa escola na qual se fomente a responsabilidade da comunidade educativa, a promoção de medidas que visem o empenho e o sucesso escolar, a integração sociocultural, o desenvolvimento de uma cultura de cidadania mobilizadora e respeitadora da liberdade individual e do cumprimento dos direitos e deveres que lhes estão associados", refere o comunicado de Fernando Martins. Ao DN, este engenheiro que há 30 anos trabalha no ensino revela ainda que o agrupamento "tem um técnico quase a tempo inteiro a trabalhar a integração de todos eles".

"Quando aqui cheguei estávamos a perder alunos. E agora temos a escola cheia. Mas isso suscita inveja", conclui o diretor. Em Évora há quatro agrupamentos, com três Escolas Secundárias, a que se junta ainda o colégio dos Salesianos. No último ranking, a Gabriel Pereira foi a que obteve melhor classificação em toda a zona sul.

 :arrow: https://www.dn.pt/edicao-do-dia/02-fev-2023/alunos-convidados-a-por-se-no-papel-de-prostituta-ou-explorador-sexual-15764806.html?fbclid=IwAR14_EWzzFtns1F-T_YiX_OMFQ6-6ErYn9UqA-7AK8alRi4zz16JC_fy5LE
 

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Re: Educação em Portugal
« Responder #14 em: Fevereiro 21, 2023, 11:40:46 am »
Maioria dos menores ucranianos não frequenta escolas portuguesas