dc, é fácil de justificar a necessidade de um verdadeiro meio MPA/ASW mas é difícil arranjar vontade para gastar os recursos para os adquirir.
Lembrem-se que tivemos cerca de 11 a 13 anos sem aeronave ASW entre a saída de serviço dos P-2V5 e a chegada dos P-3. Andamos a fazer VIMAR e SAR com C-130 e C-212. Não é por nada que a Embraer andou a fazer publicidade às capacidades do 390 para estas missões!!!
Sou da opinião pessimista que ou vamos recorrer a modernizar células de P-3 antigos da USN ou da JMSDF e esticar o serviço Orion até aos anos 50 ou que vamos voltar a ter uma década sem meio dedicado a ASW, ficando os C-295 que temos actualmente e os 390 a fazer vigilância marítima e busca e salvamento.
Não se esqueçam dos outros mil-e-um equipamentos que vamos ter de substituir ao mesmo tempo que os P-3.
Aí já recai a responsabilidade ao poder político, e também às chefias militares de darem a entender as prioridades. Um país que é rico para esbanjar mais de 800 milhões em aviões de transporte, gastou mais de 1000 milhões num ano com a TAP, quer TGVs e aeroportos em tudo o que é sítio, não arranja uns míseros 1200 milhões para 4 P-8 em 2035?
A Embraer e o 390 são irrelevantes. No estado actual, o avião não faz ASW nem ASuW, nem nada que se pareça, e comprar 390s modificados como MPA, ficaria quase tão caro como os P-8. Convém lembrar que os KC, sem suite EW (que é à parte), custam 110 milhões cada, agora juntar todo o equipamento necessário para as missões mencionadas, depressa chegariam a 200 milhões por aeronave. Para não falar do limitado raio de acção dos 390.
Eu não sou pessimista nem optimista, apenas vejo aquilo que acho "necessário". O nível de optimismo não afecta o resultado final. Por outro lado, pedir aos P-3 que aguentem até 2050, parece-me puxado, para não dizer mesmo impossível. Chegava ao ponto em que já nem era rentável.
É precisamente a pensar nos milhentos equipamentos que há para substituir entre hoje e 2040, que se fala na modernização dos F-16, abdicando de caças novos até 2040.
A mim dá-me cada vez mais vontade de rir cada vez que o pessoal fala em UAVs do estilo MALE, especialmente configurados para operar em ambiente marítimo, como o Global Hawk ou Reaper/Sea Guardian. Já para a última aquisição de UAVs para a FAP foi o que foi...
Nota de rodapé: os finlandeses já operaram um C-295 configurado para guerra electrónica/COMINT/SIGINT há uns bons anos.
Infelizmente já não consigo ter o optimismo e inocência para acreditar noutro cenário.
Cumprimentos,
A questão dos UAVs é diferente. Por cá foi mais incompetência que outra coisa. Não só os MQ-9B já seriam um meio testado "off the shelf", numa compra destas, os prazos de entrega não seria absurdamente curtos. A compra de UAVs no ano passado foi pura e simplesmente absurda no formato em que foi feito, não por culpa de serem UAVs, mas pelas artimanhas e incompetência envolvidas.
Não adquirir UAVs para vigilância marítima seria sim um erro crasso. Não só MALE, como o MQ-9B, como algo mais pequeno, como o AR5. No fim de contas, nem todas as missões requerem uma aeronave tripulada, plurimotor. Se a ideia for andar 20h seguidas a patrulhar uma área, um UAV MALE é o melhor meio. E quando se faz as contas do custo de h/voo para um MQ-9 vs P-3, mais se justifica. É nas missões militares que o P-3, e consequentemente o P-8, fazem falta.
O cenário mais óbvio para a continuidade operacional da frota P-3C CUP+, por mais uma ou duas décadas, passa pela aquisição das células da Marinha Alemã, quando estas forem retiradas de serviço. Neste momento, só possuímos 04 células operacionais ou viáveis. Com mais 08 células adicionais (duas delas com asas novas), seria possível manter uma pool de 06 ou 07 células activas, servindo as restantes como “vacas”.
Obviamente, o ideal seria a aquisição de 04 ou 05 células P-8A, antes do final desta década. Mas enquanto o poder político e os seus lacaios — leia-se chefias — insistirem em fantochadas como a LPM, não devemos ter grandes expectativas.
Penso que o objectivo mínimo seria aguentá-los até 2035. Nesta década não vejo possibilidade de adquirir P-8, e mesmo que houvesse de alguma forma aumento do orçamento da defesa até 2030, daria prioridade à substituição das VdG, upgrade dos F-16, P-3 e Merlin. A modernização dos F-16 por si só, aguentando-os até 2040, elimina da década de 30 a compra de caças novos, o que dá mais margem de manobra para outros programas.
E compraria 4 P-8, dado que o preço do 5ª, quase que pagava uma unidade de MQ-9B (com 4 UAVs).