Aqui penso que se está a pedir que o exercito tenha capacidade para adicionar a defesa conjunto com os nossos aliados.
E se formos ver bem é impossível um país nos dias de hoje com a dimensão de Portugal conseguir assegurar a defesa territorial sozinho perante uma ameaça. Penso que passa sempre por atrasar/dificultar uma invasão e e depois usar resistência de guerrilha (no norte) para combater os invasores e esperar pelo reforço dos aliados (se existirem)
Creio que aquela frase seja referida nos dois sentidos, seja em defesa conjunta, como autónoma. Mas apenas achei estranho, só se referirem ao Exército.
Quanto à nossa defesa de forma autónoma ser impossível, não é bem assim. Claro que olhando para a dimensão do território continental, é mais que óbvio, mas temos um trunfo na manga (se devidamente usado). Os Açores, que, perante um ataque a Portugal Continental, seriam a base de operações para meios aéreos e navais, que por sua vez apoiariam a "resistência" no continente.
Mas para esta estratégia funcionar, era preciso ter os meios adequados e também infraestruturas na região. Tirar proveito das pequenas pistas que cada ilha tem, ter portos e docas capazes de receber e realizar operações de manutenção e remuniciar embarcações, incluindo os submarinos, ter radares de defesa aérea, baterias anti-aéreas para defender as ditas infraestruturas, quiçá baterias de artilharia costeira de mísseis (à semelhança do que Taiwan faz para dissuadir a China), etc. E depois claro, reforçar a capacidade de combate em si, com navios novos, modernização dos caças, ter um stock decente de armas para os meios existentes, aeronaves AAR (para aumentar a autonomia dos F-16), talvez um par de aeronaves AEW... Essencialmente fazer dos Açores uma espécie de Carrier Strike Group fixo no meio do Atlântico.
Contudo acho (tal como vem resumido no Defesa 2020) que o documento de conceito estratégico se resume a:
• Da defesa integrada, vigilância e controlo dos espaços de soberania e sob jurisdição nacional;
• Das operações de resposta a crises, de apoio à paz e humanitárias, no quadro da segurança cooperativa e da defesa coletiva;
• Da evacuação de cidadãos nacionais em áreas de crise ou conflito;
• Das missões de interesse público, associadas ao desenvolvimento sustentado e ao bem--estar das populações;
E acho que esta é que é a base que deveríamos preparar/organizar as nossas forças armadas.
Continuo a achar que é tudo muito genérico. Tão genérico que corremos o risco de que se comprem meios inadequados para as missões, como é o caso dos NPOs desarmados, que, se formos a ver bem, dão "resposta" aos 4 pontos acima enumerados, apesar de terem capacidade militar nula. Quando a estratégia de defesa nacional, se baseia em pontos que podem ser (total ou parcialmente) respondidos com navios de patrulha desarmados, percebe-se que algo está errado.
Agora, se eu viesse perguntar, que meios é que deveríamos adquirir, com base nos ditos pontos, ninguém saberia responder!
É importante maximizar as práticas de duplo uso e de partilha de recursos, bem como eliminar todas e quais-quer formas de duplicação de meios públicos. Por fim, é necessário proceder à racionalização e redimensio-namento dos efetivos e à adequação dos recursos humanos às exigências de flexibilidade próprias das novas missões das Forças Armadas
é claro que isto tem muitas interpretações possíveis mas acho que o que se pretende aqui não é transformar as Forças Armadas em forças civis mas sim aproveitar os recursos militar para ajudar no meio civil e evitar principalmente duplicação de meios dentro das próprias forças armadas.
O problema é que no papel parece bem, mas na realidade é bem diferente. O que se viu nesta última LPM, é que tudo o que fosse meio que não respondesse ao "duplo uso", acabou por ser empurrado para mais tarde. Nada a ver com acabar com a duplicação.
Um conceito de Defesa Nacional delimitado pelo "duplo uso", é um conceito para dar asneira. Defesa Nacional muitas vezes faz-se com meios que não têm finalidades civis, como caças, baterias anti-aéreas, etc. Relegando isto para segundo plano, não há defesa que aguente.