Boas,
Um conhecido meu, também licenciado, mas em história, não conseguindo nada de jeito nem estabilidade nenhuma na área do ensino - a sua preferida e o seu alvo desde sempre - criou com a namorada + alguns colegas e amigos um centro de explicações que até funcionava bem e de onde até sacava um bom vencimento. Porém, aquilo não era satisfatório para nenhum deles, ninguém ali se sentia realizado e foram procurando outras saídas mais condizentes com a sua formação.
Um dia leu num jornal um anuncio de recrutamento do exército, tinha tido uma desavença com um colega nas explicações e aproveitou para ir apanhar outros ares, um pouco à aventura, naquela de ir ver o que é que aquilo dava. Fez a formação em Mafra, foi promovido a aspirante e colocado numa repartição em Lisboa.
De inicio aquilo nao correu muito bem; meteram-no a classificar e arquivar papéis, serviço que - segundo suas palavras - qualquer soldado que não fosse completamente burro faria com facilidade após duas horas de instrução. Sentia-se mal aproveitado, frustrado, etc...
Mas isso também tinha o seu lado positivo, depois de ultrapassado e posto de lado o orgulho tocado de um licenciado a fazer de escriturário, havia o beneficio da quase inexistência de qualquer carga intelectual libertando-o assim para se dedicar a um mestrado em que entretanto aproveitara para se matricular.
Dois ou três anos depois, armado com seu mestrado, saltou da tropa para as caves de um museu publico onde é uma espécie de numero dois e responsável pelo espólio não exposto, trabalho que adora e para o qual se sente vocacionado.
E nao tem duvidas, só lá chegou porque passou pelo exército.
Podes, como ele, aproveitar para alargar os teu horizontes e possibilidades.
O mais certo é ires parar a uma secção de justiça onde nada te é acrescentado enquanto jurista, pelo contrário, irás regredir e desactualizar-te. São processos menores, tipo desobediências e faltas de respeito, umas bebedeiras que descarrilam, umas faltas injustificadas e pouco mais. O lado bom é que aquilo é muito sumário, muito abreviado, levezinho, não é de te massacrar muito os neurónios com elaboradas e profundas dissertações e notas de culpa.
Processos muito complexos, que também os há, raros, mas há, envolvendo patentes elevadas, em conformidade com os caprichos e tradições militares são instruídos por indivíduos com uma patente não inferior à dos arguidos.
Vais para ali andar embrulhado em questões que nem dignidade têm para serem classificados de "lana caprina".
Com um pouco de sorte podes ir cair numa repartição qualquer, secretariar umas actas de um conselho de administração, coisas desse tipo, um “contínuo” dos oficiais de administração militar, especialistas na máquina burocrática militar.
O SEF, como disse acima, são inspectores, designação pomposa, mas a maior parte daquela gente passa a vida toda a carimbar passaportes, uma rotina chata, trabalham por turnos, etc.... A progressão na carreira não é facil, tens de compreender que são todos licenciados, todos a concorrer ao mesmo, é um serviço pequeno e as vagas são obviamente poucas.
Na PJ também podes crer que vais ter mais trabalho de secretaria do que no terreno, mas as opções são muitas mais, variam imenso.
E não te iludas com a categoria de inspector, já lá vai o tempo em que isso tinha realmente significado, exalava estilo; agora são agentes com um nome pomposo, como no SEF. A progressão na carreira é igualmente complicada, são sempre muitos caes para muito poucos ossos.
Tanto na PJ como SEF entram com um vencimento equivalente ao de um agente da PSP ou praça da GNR com muitos anos de serviço. Mas, aqui, confesso que não tenho números nem dados concretos para te dar.
O que me diz a experiência, pelo que me transmite quem lá está (tenho amigos nesses serviços todos), eu optaria pela PJ.