Votação

Em que partido irás votar?

Partido Socialista – PS
0 (0%)
Nova Democracia - PND
0 (0%)
Partido da Terra – MPT
1 (6.3%)
Movimento Alternativa Socialista – MAS
0 (0%)
Partido pelos Animais e pela Natureza – PAN
1 (6.3%)
Partido Operário de Unidade Socialista – POUS
0 (0%)
Partido Trabalhista Português – PTP
1 (6.3%)
LIVRE – L
0 (0%)
Bloco de Esquerda – BE
0 (0%)
Partido Comunista dos Trabalhadores Portugueses – PCTP/MRPP
0 (0%)
Portugal Pro-Vida – PPV
0 (0%)
Partido Democrático do Atlântico – PDA
1 (6.3%)
Partido Nacional Renovador – PNR
2 (12.5%)
CDU – Coligação Democrática Unitária – PCP/PEV
1 (6.3%)
Aliança Portugal – PSD/CDS-PP
0 (0%)
Partido Popular Monárquico – PPM
0 (0%)
Abstenção
6 (37.5%)
Branco
1 (6.3%)
Nulo
2 (12.5%)

Votos totais: 15

Votação encerrada: Maio 24, 2014, 01:04:08 pm

Eleições europeias 2014 - tópico oficial

  • 30 Respostas
  • 8598 Visualizações
*

Camuflage

  • Investigador
  • *****
  • 1514
  • Recebeu: 200 vez(es)
  • Enviou: 89 vez(es)
  • +247/-240
Re: Eleições europeias 2014 - tópico oficial
« Responder #15 em: Junho 02, 2014, 12:33:29 am »
O nosso sistema baseia-se nos votos úteis, da mesma forma que um jogo de futebol pode ser cheio de faltas e cartões, mas o que vai determinar o resultado são os golos, nada mais. As pessoas têm que se convencer que se não estão satisfeitas devem deixar de votar nos mesmos do costume e boicotar votando noutras alternativas, e haviam 16! Portanto não faltam escolhas e diga-se que as restantes alternativas são feitas de gente normal que trabalha e não vive da politica ou dos favores.

Cortar o número de deputados não irá mudar nada, até podíamos ter apenas 20. A grande questão é saber se realmente representariam os interesses do povo ou não. Quanto menos deputados menor a pluralidade e oportunidade de surgirem novos partidos e novas dinâmicas, o poder fica bipartido e já assim está com 234. Por outro lado se não queres pagar bem a supostamente quem toma decisões, arrisca-se a que essa pessoa se torne (ainda mais) corrupta, lembro que o povo elege apenas aqueles com os quais se identifica mais. É um pau de dois bicos não querer pagar bem a quem executa funções legislativas. Em Portugal faltou-nos muito o whisleblowing por cá quem fala é sempre visto como chibo e alvo de critica, desde a infantil, é natural que haja quem mais compactue do que se chibe.
 

*

mafarrico

  • Investigador
  • *****
  • 1274
  • Recebeu: 20 vez(es)
  • Enviou: 74 vez(es)
  • +0/-0
Re: Eleições europeias 2014 - tópico oficial
« Responder #16 em: Junho 02, 2014, 02:12:34 am »
Citação de: "Camuflage"
O nosso sistema baseia-se nos votos úteis

Acho mal...

Citação de: "Camuflage"
Cortar o número de deputados não irá mudar nada, até podíamos ter apenas 20. A grande questão é saber se realmente representariam os interesses do povo ou não. Quanto menos deputados menor a pluralidade e oportunidade de surgirem novos partidos e novas dinâmicas, o poder fica bipartido e já assim está com 234. Por outro lado se não queres pagar bem a supostamente quem toma decisões, arrisca-se a que essa pessoa se torne (ainda mais) corrupta, lembro que o povo elege apenas aqueles com os quais se identifica mais. É um pau de dois bicos não querer pagar bem a quem executa funções legislativas.

234 deputados parece-me excessivo para a realidade portuguesa. Reduzir o número de deputados como medida de conter gastos. Não penso que uma redução de deputados ponha em causa a pluralidade. É muito importante salvaguardar a participação das diversas vozes. Penso ser possivel conciliar as duas coisas.

Há regalias dentro da função pública que não fazem sentido sendo os deputados dos mais privilegiados. Os rebuçados são para ser dados em casos muito especiais. Nivelar vencimentos por baixo é uma forma de saber quem são os oportunistas e os que têm amor à camisola. É essa a mentalidade que defendo.
"All the world's a stage" William Shakespeare

 

*

Edu

  • Especialista
  • ****
  • 1166
  • Recebeu: 155 vez(es)
  • Enviou: 12 vez(es)
  • +5/-4
Re: Eleições europeias 2014 - tópico oficial
« Responder #17 em: Junho 02, 2014, 03:07:56 pm »
Já aqui tinha referido isto, mas mais importante do que reduzir o número de deputados é aumentar a representatividade dos mesmos. Para isso, diminuir o número irá manter tudo na mesma, é mais importante mudar a forma como os deputados são eleitos.

Ao invés de votar em listas previamente escolhidas e ordenadas seria mais importante votar independentemente em apenas um deputado por concelho por exemplo (concelhos com mais habitantes como em Lisboa e no Porto poderiam ter 2 deputados e concelhos com menor população poderiam partilhar um deputado com um concelho vizinho também de menores dimenções). Votar num rosto, numa pessoa, será quanto a mim a forma mais eficiente de aumentar a representatividade dos deputados.
 

*

PereiraMarques

  • Moderador Global
  • *****
  • 7896
  • Recebeu: 1224 vez(es)
  • Enviou: 344 vez(es)
  • +5154/-235
Re: Eleições europeias 2014 - tópico oficial
« Responder #18 em: Junho 02, 2014, 05:57:38 pm »
Essa "fórmula" tem de ser um bocado melhorada, porque senão o concelho de Lisboa (~540.000 hab.) acaba por eleger o mesmo número de deputados que a totalidade dos 16 concelhos do Algarve (~450.000 hab.).
 

*

Edu

  • Especialista
  • ****
  • 1166
  • Recebeu: 155 vez(es)
  • Enviou: 12 vez(es)
  • +5/-4
Re: Eleições europeias 2014 - tópico oficial
« Responder #19 em: Junho 02, 2014, 06:54:40 pm »
Citação de: "PereiraMarques"
Essa "fórmula" tem de ser um bocado melhorada, porque senão o concelho de Lisboa (~540.000 hab.) acaba por eleger o mesmo número de deputados que a totalidade dos 16 concelhos do Algarve (~450.000 hab.).

Como assim PereiraMarques? Segundo a minha "fórmula" o concelho de Lisboa iria eleger 2 deputados (assumo que sejam poucos) e os concelhos do algarve iriam eleger entre 8 e 16 deputados. Assumo obviamente que esta fórmula tira poder aos eleitores das zonas mais populosas, e isso talvez tivesse de ser modificado.

Se bem que talvez até nem fosse mau para o país dar maior poder de decisão ao interior, talvez se invertesse um pouco o exodo rural. Já por exemplo com o modelo actual existe uma média nacional de 41800 habitantes por deputado, olhando para Lisboa com 47 deputados vemos pelo número de eleitores uma média inferior a 40000 habitantes por deputado, já por exemplo em Castelo Branco com apenas 4 deputados cada deputado representa quase 48000 habitantes. Ou seja um deputado de Lisboa representa menos eleitores que um de Castelo Branco dando ainda mais poder a Lisboa em relação ao resto do país.

Para uma maior justiça e pegando nestes dois distritos, e pegando na média nacional de habitantes por deputado, Lisboa deveria eleger 44 ou invés de 47 e Castelo Branco poderia eleger um 5º deputado.
 

*

Camuflage

  • Investigador
  • *****
  • 1514
  • Recebeu: 200 vez(es)
  • Enviou: 89 vez(es)
  • +247/-240
Re: Eleições europeias 2014 - tópico oficial
« Responder #20 em: Junho 02, 2014, 10:21:15 pm »
Há melhores democracias, com menos habitantes que nós e mais deputados no parlamento. Menos deputados por norma é igual a menos pluralidade, por outro lado é preciso ter em conta o método de Wondt que basicamente é a uma forma de calculo que privilegia exclusivamente os dois partidos mais votados, ou seja os restantes sofrem imenso, basta irem ver as legislativas de 2011 para perceberem que se o número de votos fosse proporcional ao número de lugares disponíveis no parlamento, então havia menos gente do PSD e PS e mais gente dos restantes partidos, seria ainda possível ter alguns deputados do PCTP/MRPP e PAN.

Essa coisa de representação de áreas do país para mim é simplesmente uma visão ultrapassada, o Parlamento deve ter uma visão nacional e não local, a nível local devem ser as autarquias a actuar e não o governo-paizinho. Neste anos todo com o sistema actual em que temos deputados de todos os cantos, pouco ou nada valeu essa representatividade, portanto mais vale que sejam todos de Lisboa mas ao menos tenham uma mundivisão.
 

*

Edu

  • Especialista
  • ****
  • 1166
  • Recebeu: 155 vez(es)
  • Enviou: 12 vez(es)
  • +5/-4
Re: Eleições europeias 2014 - tópico oficial
« Responder #21 em: Junho 02, 2014, 11:04:08 pm »
Mais vale que sejam todos de Lisboa como quem diz. Para quem vive em Lisboa e tem tudo ao pé é algo fácil de dizer, infelizmente nem todos vivemos a mesma realidade. Pelo facto do poder estar concentrado em Lisboa é que muito dinheiro que vem da Europa para ajudar outras regiões de Portugal acaba por ficar em Lisboa.

Está enganado quando diz que a representatividade local é coisa do passado. Para quem é de Lisboa dificilmente vê os problemas que se passam no resto do país, como costumam até dizer Portugal é Lisboa e o resto é paisagem.

Já agora porque não todos os eurodeputados passarem a ser alemães? Certamente terão mais "mundivisão".
 

*

mafarrico

  • Investigador
  • *****
  • 1274
  • Recebeu: 20 vez(es)
  • Enviou: 74 vez(es)
  • +0/-0
Re: Eleições europeias 2014 - tópico oficial
« Responder #22 em: Junho 03, 2014, 01:15:49 am »
Quanto custa por ano aos cofres do Estado um deputado ?
"All the world's a stage" William Shakespeare

 

*

PereiraMarques

  • Moderador Global
  • *****
  • 7896
  • Recebeu: 1224 vez(es)
  • Enviou: 344 vez(es)
  • +5154/-235
Re: Eleições europeias 2014 - tópico oficial
« Responder #23 em: Junho 03, 2014, 01:23:47 am »
Por mim tinha um único círculo nacional, neste sentido qualquer dos partidozecos com 0,5% ponha lá um ou dois deputados na boa, pluralismo político-partidário ao máximo. Para assegurar a representatividade unipessoal, os boletins de votos tinham os nomes de todos os deputados a candidatos de todos os partidos. Se o eleitor apenas assinalasse a cruz no campo do partido significava que aceitava a ordenação prévia feita pelo partido, se além disso assinalasse o nome de um determinado candidato, significava que dava prioridade para que fosse esse a ser escolhido como deputado. Exemplo:

O Partido P.I.T.O. apresenta a seguinte lista ordenada de candidatos:
1.º - Jacinto Leite Capelo Rego
2.º - Óscar Alho
3.º - Mamadu Bóbó
4.º - Carlos Manuel da Silva
5.º - Maria José dos Santos e Sousa
6.º - João Pedro Pereira de Carvalho
7.º - Vanessa Valentina Vilhena
8.º - Manuel Mendes de Magalhães
9.º - Maria de Fátima Taveira
10.º - Isilda Isaura Pinto Pato
11.º - Luís Lopes Lourenço
12.º - Jorge Jaime Gomes Gonçalves

O P.I.T.O obtinha 585.640 votos o que lhe corresponderia a 4 deputados. Desses 585.640, 322.520 deixavam a parte do nome dos candidatos do partido em branco, mas 263.120 assinalavam efectivamente a preferência por determinado candidato da seguinte forma:

Luís Lopes Lourenço: 99.520
Mamadu Bóbó: 50.320
Vanessa Valentina Vilhena: 36.900
Manuel Mendes de Magalhães: 30.250
Jacinto Leite Capelo Rego: 22.520
Óscar Alho: 18.510
Carlos Manuel da Silva: 2.100
Maria José dos Santos e Sousa: 1.280
Jorge Jaime Gomes Gonçalves: 900
Isilda Isaura Pinto Pato: 630
Maria de Fátima Taveira: 100
João Pedro Pereira de Carvalho: 90

Deste modo, independentemente da ordem da lista partidária, os 4 deputados eleitos pelo P.I.T.O. seriam, por ordem: 1.º - Luís Lopes Lourenço; 2.º - Mamadu Bóbó; 3.º - Vanessa Valentina Vilhena, 4.º - Manuel Mendes de Magalhães.

Inconvenientes: o tamanho dos boletins de votos (seria quase um caderno!) e o tempo que os escrutinadores iriam demorar a ver os boletins todos!  :N-icon-Axe:
 
Os seguintes utilizadores agradeceram esta mensagem: HSMW

*

Cabeça de Martelo

  • Investigador
  • *****
  • 20066
  • Recebeu: 2928 vez(es)
  • Enviou: 2200 vez(es)
  • +1226/-3447
Re: Eleições europeias 2014 - tópico oficial
« Responder #24 em: Junho 04, 2014, 11:21:13 am »
Carta aberta de um gajo que faz parte da abstenção

Isto chama-se carta aberta porque agora está na moda fazer isso, quando no entanto são apenas textos colocados na net. Um dia disseram-me "Não ires votar é como ires a um restaurante e dizeres que comes o que te puserem na mesa e vem um prato de sardinhas e tu refilas a dizer que não gostas. Se não expressaste a tua opinião não te podes queixar!!!". Eu pensei naquilo, parecia um bom argumento durante 2 segundos, depois vi que era idiotice e disse "Não... Ir votar é ir ao restaurante e pedir febras, mas ter que comer sardinhas porque vocês decidiram por mim em maioria. Não ir votar é ficar em casa e dizer que bem vos tinha avisado que aquele restaurante era uma merda". A meu ver ganhei a discussão.


Pois é, eu não fui votar. Aliás, em 12 anos em que estou por lei apto a votar só o fui fazer uma vez, no referendo do aborto, em todas as outras fiquei em casa, ou noutro sítio qualquer, a fazer coisas mais interessantes. Primeiro que tudo, para mim a abstenção tem várias razões de ser: a primeira e maioria, é de pessoal que se está a cagar, que refila por tudo e por nada e que não faz a mínima ideia do que se passa no país, a não ser os bitaites que vai ouvindo no café; a segunda é o pessoal que é preguiçoso, até tem inclinação política mas fez sol e tal e decidiu ir para a praia ou passear na marginal; o terceiro, onde eu me insiro, são aqueles que acham que votar não serve para nada. Normalmente quem diz mal do pessoal que se absteve é aquele pessoal que acha que apenas ir votar é ser um bom cidadão. "Eu fujo aos impostos mas fui votar!".


Mas vamos por partes e entremos aqui por questões filosóficas profundas, só para eu vos baralhar e vocês pensarem "Sim senhor este gajo até é esperto". Se eu olhar do ponto de vista pessoal, o meu voto não vale realmente nada. Nunca vi nenhuma eleição ser perdida ou ganha por um voto. O meu voto, como entidade individual não muda e não serve realmente de nada. O que pode fazer a diferença é o somatório dos votos. Portanto o meu voto por si não serve de nada. "Mas se toda a gente pensar assim...", dizem alguns. Pois, mas o que os outros pensam não me interessa muito. Eu não votar, ou votar, ou em quem voto ou deixo de o fazer é uma decisão minha e intrínseca às minhas convicções, é exclusiva de todos os outros votos e por isso esse argumento é teoricamente válido mas no fundo o que interessa é que o MEU voto não interessa para nada. Baralhados? Ainda bem. Mas mais do que não servir de nada em termos individuais, o voto da maioria também parece que não. Quem vota não se queixa que estamos sempre na mesma? Nunca ouvi ninguém dizer "Epáh, sim senhor, desta vez é que acertámos!" Nunca. Por isso aparentemente o voto não serve realmente para nada, pelo menos há 40 anos que não tem servido. A estas questões metafísicas acresce o facto de ao votares elegeres normalmente um gajo, que por sua vez vai colocar dezenas de outros gajos, em quem tu não votaste, a mexer realmente nas coisas e tomar medidas e essas merdas todas que eles dizem que fazem. Não fosse isso o suficiente para o acto de votar ser uma fantochada, ainda temos o detalhe de que quem manda nisto tudo não é nenhum desses gajos. Não digo que alguns não possam fazer algumas diferenças mas o que é certo é que as coisas importantes não são decididas na esfera política visível. Quem mexe os cordelinhos a sério são uma série de outros gajos que estão na sua poltrona e nessa ninguém tem voto. E não é conspiração nem nenhuma dessas merdas, é o que é. Como diria o George Carlin "Este país já foi comprado e vendido há muito tempo atrás". No dia em que aparecer lá um político cheio de ideias novas e revolucionárias que apertem os calos aos senhores do dinheiro e da influência, esse político ou vai ser corrompido, ou morto politicamente (ou até literalmente). É só olhar a história, de Portugal e do mundo.


Votar é um direito e não uma obrigação como nos tentam impingir. Como direito que me assiste posso optar por não o exercer e ninguém tem nada a ver com isso. Eu não me sigo por partidos nem por cores, isso são os bois (ou boys), eu voto em pessoas mas, infelizmente, nunca lá apareceu nenhuma a encabeçar uma lista que me excitasse ao ponto de me fazer sair de casa para lhe enfiar uma cruzinha no quadrado. Nem um. Nem uma meia casa. Nem uma comichãozita sequer. Por isso ir votar branco ou nulo era a mesma merda. Eles dizem que não é porque não dá jeito que seja. Dá mais jeito insultar todos os que se abstém e colocá-los todos no mesmo saco. Dá mais jeito dizer que são desinformados e desligados do que interessa. Dá mais jeito reduzir todos a escumalha da sociedade causadora de todos os males. Parece que o problema de Portugal não são os que estão no poleiro e não fazem nada, são os que não vão votar, sendo que a maioria não vota porque vê que quem lá está não faz um caralho. Políticos que tiveram oportunidade de mudar as coissa e falarem mal da abstenção era dar-lhes duas chapadas na tromba, já que a meu ver engajarem a população em termos de consciência política e social devia ser parte das suas competências. A culpa da abstenção só porque sim é deles. A abstenção que é amiga deles e lhes dá jeito, se não o voto já era electrónico há muito tempo.


Eu acho que devíamos todos votar, e para mim era tipo casa dos segredos, iam sendo eliminados para render o peixe e ainda se fazia dinheiro nas chamadas de valor acrescentado. No fundo é a isso que se resumem as eleições hoje em dia. Um circo mediático de pseudo importantes, com pseudo comentadores em busca das maiores audiências e tiragens de jornais. É tudo uma palhaçada mas os palhaços somos nós. Somos gozados, explorados, roubados e no fim ainda dizem que a culpa é nossa. Ou é de todos, e já dizia o José Mário Branco, quando a culpa é de todos não é de ninguém. Parece que eu que não voto sou mais culpado pelas contas públicas do que o Passos Coelho ou o Sócrates.

Eu nem me costumo queixar muito dos políticos. Acho que são 99% uma cambada de filhos da puta mas isso é o que eu acho de toda a gente. Eu queixo-me de pessoas no geral, e os políticos embora não pareçam, enquadram-se nessa categoria. Sou mais capaz de criticar o zé povinho desmiolado e que vai votar em quem lhe deu o boné mais bonito na feira, ou que vota no partido que tem a sigla mais fácil de pronunciar. Queixo-me mais desses do que dos políticos em si, embora a culpa de termos uma população maioritariamente sem formação nem educação seja deles. É uma pescadinha de rabo na boca em que somos nós que levamos com a merda. Mas mesmo que me queixe, e queixo de muita coisa, estou no meu direito. Pago impostos, contribuo para a sociedade, tenho toda a legitimidade para barafustar. Quem vota nos que lá estão, ou já estiveram é que poucas razões tem para o fazer. Aliás, devia ficar no cadastro essa merda. "Ai o senhor votou PSD... então ao seu IRS vai acrescer uma taxa extra de 5% que é para não ser parvo". Assim sim, a democracia era bonita. Agora como está... uma democracia sem educação não é livre. Uma democracia em que são sempre os mesmos, em que é nos media que se contam os votos, em que quem tem mais dinheiro e tempo de antena é que ganha... Isso não é democracia, é uma ditadura das massas ignorantes. A democracia é o menos mau dos sistemas políticos dizem, mas eu cá sou a favor da ditadura, desde que o ditador tivesse bom senso. Um gajo porreiro que sabe o que é bom e o que é mau. Que sabe que há pessoas que são umas abéculas e que não deviam ter poder de decisão em nada. Que há pessoas que têm que ser controladas e encaminhadas. Infelizmente o poder corrompe e o ditador só teria bom senso até deixar de o ter. Mas vejo por aí tanto anormal, que saber que o meu voto vale tanto como os deles ainda me tira mais a vontade de ir às urnas. O que vale é que no fundo no fundo, nenhum dos nossos votos vale nada e isso apazigua-me a alma.


Sabem o que vale mais do que o voto e que faz mais diferença? Dizer bom dia com um sorriso às pessoas que contactamos no dia à dia. Isso é que pode mudar as coisas. Dar um real sentido de que somos todos partes integrantes da mesma consciência humana e não apenas política. Se calhar isso, talvez fizesse com que as coisas fossem melhorando pouco a pouco e que um dia, até mesmo os que estão lá em cima, nos cargos mais altos, se lembrassem de que o sorriso dos outros é o mais importante. É como reciclar, começar a ensinar os pequenos para que no futuro continuem a separar o lixo mesmo sendo donos de multinacionais. Foda-se que este parágrafo foi profundo. Até vou beber um copo de água para recuperar.


Para finalizar, tenho a consciência tranquila que exerci o meu dever de cidadão tão bem como todos os que foram votar, com a benesse que não elegi os mesmos atrasados mentais que vivem à custa do sistema. Não gosto é que me chamem nomes em todas as sondagens e comentários. Há abstenção e abstenção, por isso senhores da razão e consciência social, humana e política, podeis ir para o caralho sim?

P.S. - Talvez gostem deste texto também.

 :arrow: http://porfalarnoutracoisa.blogspot.pt/ ... parte.html
7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.

 
Os seguintes utilizadores agradeceram esta mensagem: Luso

*

Edu

  • Especialista
  • ****
  • 1166
  • Recebeu: 155 vez(es)
  • Enviou: 12 vez(es)
  • +5/-4
Re: Eleições europeias 2014 - tópico oficial
« Responder #25 em: Junho 04, 2014, 06:59:15 pm »
Pegando no texto postado pelo Cabeça de Martelo penso que podemos afirmar que muitas das razões da enorme abstenção que temos observado em eleições e da crise democrática que se observa se deve ao enorme distanciamento que existe entre a classe politica com perspectivas de chegar ao poder e o povo.

É extremamente importante que se crie em todos os intervenientes políticos o sentido de responsabilização. Todos aqueles que contribuem para as decisões politicas em Portugal deveriam sentir que as suas acções têm consequências, boas consequências quando se faz o correcto e más consequências no caso oposto, só isso poderá mudar o paradigma nacional. A aplicação desta norma parece óbvia para os políticos propriamente ditos, no entanto isto também se deveria aplicar aos eleitores porque quer queiramos quer não também eles são intervenientes políticos, eles votam, e o seu voto irá por no poder quem toma as decisões.

Se queremos criar uma responsabilização mais directa do eleitor pelo seu voto temos que tornar o voto mais efectivo. O eleitor tem de ver consequência praticas da decisão que ele tomou, para isso terá de haver uma relação mais directa entre o eleitor e o eleito. O eleitor tem de ver exactamente quem ele elegeu e o eleito tem de ver quem o elegeu. No actual sistema isso não acontece. A criação de um único circulo eleitoral não iria melhorar isso em nada possivelmente até piorar.

Daí eu defender um sistema de eleição de deputados de forma directa e mais local (de grosso modo por concelho), quem vota sabe bem a cara de quem está a eleger, e quem foi eleito vê mais proximamente os rostos dos que o escolheram. Um sistema deste tipo teria quanto a mim 3 vantagens:

 - Uma maior proximidade entre quem vota e é elegido, traduzindo-se numa maior responsabilização das decisões tomadas tanto da parte dos eleitores como de quem foi eleito. Os eleitores podiam acompanhar directamente as votações do seu deputado verificando se ele efectivamente cumpre aquilo para que foi escolhido de acordo com os interesses dos seus eleitores. O deputado veria facilmente se as acções que ele toma cumprem o desejo dos seus eleitores.

 - Uma menor centralização do poder. Como todos sabemos actualmente o poder está injustamente concentrado em Lisboa, que elege um deputados para um menor numero de eleitores. As regiões do interior são compulsivamente esquecidas nos seus interesses e relegadas para segundo ou terceiro plano. Os próprios deputados das regiões interiores não defendem os interesses das regiões que representam pois são escolhidos e ordenados pelas direcções centrais dos partidos em Lisboa. Como pode um deputado da beira interior votar a favor da introdução de portagens quando isto vai claramente contra a vontade e os interesses dos seus eleitores?

 - Um menor controlo dos deputados por parte da maquina partidária visto que os votos não são conquistados através da grande campanha nacional feita pelos grandes partidos mas sim de forma local. Os deputados deixam de estar obrigados à disciplina de voto pelos partidos mas sim obrigados ao desejo de quem os elegeu se querem ser eleitos novamente.
Os deputados tornam-se independentes de partidos.


A proposta do circulo nacional único poderia até por um ou dois deputados extra de partidos pequenos mas isso pouco ou nada, arrisco mesmo a dizer nada, iria mudar o resultado final.
Olhemos para as europeias, ou MPT consegui colocar dois deputados num universo de 21, alguém acredita que conseguirá surtir algum efeito?
Em 230 deputados isto iria representar 21, dificilmente em legislativas um partido assim iria conseguir esse resultado.
 

*

PereiraMarques

  • Moderador Global
  • *****
  • 7896
  • Recebeu: 1224 vez(es)
  • Enviou: 344 vez(es)
  • +5154/-235
Re: Eleições europeias 2014 - tópico oficial
« Responder #26 em: Junho 04, 2014, 09:13:15 pm »
O problema dos circulos uninominais é que tendem muito para o bipartidarismo, vide o exemplos dos EUA e do RU, portanto exactamente o contrário do que pretende combater. Alíás a distorção da representação parlamentar face à percentagens dos votos nos partidos a nível nacional ainda pode ser maior. Não esquecer que nos círculos uninominais o winner takes all, ou seja, basta ser o partido mais votado que o segundo partido mais votado para ganhar o lugar do deputado e os restantes votos e partidos não "contam para nada". Um exemplo extremo, mas que penso que será elucidativo, nomeadamente se for multiplicado n vezes, por diferentes círculos proporcionais.

Resultados dos votos expressos (descontando brancos e nulos), em percentagem, no círculo uninominal de Vale da Burra:
Partido A: 25%
Partido B: 24%
Partido C: 20%
Partido D: 15%
Partido F: 10%
Partido E: 6%

Conclusão: o Partido A com apenas 25% dos votos expressos consegue o lugar de deputado  :N-icon-Axe:
 

*

Edu

  • Especialista
  • ****
  • 1166
  • Recebeu: 155 vez(es)
  • Enviou: 12 vez(es)
  • +5/-4
Re: Eleições europeias 2014 - tópico oficial
« Responder #27 em: Junho 05, 2014, 10:02:50 am »
Permita-me que discorde PereiraMarques.

Olhemos para as câmaras municipais, temos também um sistema "winner takes it all" relativamente ao presidente e não é por isso que existem apenas autarquias PS ou PSD, assumo que talvez haja menor proporção de outros partidos relativamente ao parlamento (não sei mesmo, não verifiquei), mas além de câmaras CDU, CDS e Bloco de Esquerda existem também muitas câmaras com candidatos independentes. É exactamente isto que eu acho que faz falta no parlamento, candidatos independentes, não comandados por nenhum partido, livres de tomarem as suas próprias decisões dentro da vontade de quem os elegeu e sem votações em bloco. Mesmo deputados filados nos grandes partido sentir-se-iam livres de votar contra o partido pois teriam noção que uma próxima eleição dependeria pouco do partido mas mais da opinião pública de quem o elegeu. Já candidatos independentes (fora de lista partidárias) não existem, e muito dificilmente existirão no actual sistema.

Pegando no exemplo que colocou de Vale da Burra, o partido B sim tem 24% dos votos, mas são votos de um concelho, em termos absolutos não é um valor tão grande de votos que se possa dizer "é pena, conseguiu tantos votos e não foi eleito". E por outro lado não seria Partido A, Partido B. Seria candidato A, candidato B. Os candidatos poderiam estar afiliados nos partidos ou organizações, associações que bem entendessem, mas para efeitos de votação conta apenas o seu nome, não o partido. É importante que existam partidos, mas eu acredito que é preciso destruir a máquina partidária e para isso tem de se tirar o poder aos mesmos. Eles devem existir como instituições que ajudam no processo de candidatura e campanha, mas não devem ter o exclusivo, e o nome do partido não deve aparecer como palavra dominante no boletim de voto, mas apenas como uma informação auxiliar.
 

*

Luso

  • Investigador
  • *****
  • 8511
  • Recebeu: 1612 vez(es)
  • Enviou: 666 vez(es)
  • +928/-7195
Re: Eleições europeias 2014 - tópico oficial
« Responder #28 em: Junho 05, 2014, 12:30:50 pm »
Martelo: excelente carta aberta!  :G-beer2:
A única questão que eu levanto em relação à abstenção é a possibilidade das mesmas ficarem reféns dos núcleos duros partidários, mais dedicados. Isso é assustador. Por outro lado, isto também cai por terra quando se admite que são as sombras que mandam, não os eleitos. Isto é trigo limpo.

Pereira Marques (reles republicano): e qual é o problema? Para as presidenciais não é assim? Preferiria isso à cambada de inúteis que não conheço. Ao menos a cara do responsável pelo meu circulo eleitoral eu poderia conhecer. Esse seria efectivamente o meu representante. O Sr. Pereira, por exemplo, seria o meu representante e não uma LISTA.

Por mim seria melhor monarquia tradicional com extensos poderes efectivos e uma constituição que garanta direitos e liberdades básicas. Porque não dois Reis e um eforato, para dificultar o exercício da tirania e influências indesejadas, como em Esparta? :mrgreen:



Afinal, nós não somos hilotas?

Deste modo, caso haja descontentamento, pode ser que ocorram revoluções de jeito que façam com que os tiranos e os que os apoiam saiam definitivamente de cena.
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 
Os seguintes utilizadores agradeceram esta mensagem: Cabeça de Martelo

*

PereiraMarques

  • Moderador Global
  • *****
  • 7896
  • Recebeu: 1224 vez(es)
  • Enviou: 344 vez(es)
  • +5154/-235
Re: Eleições europeias 2014 - tópico oficial
« Responder #29 em: Junho 05, 2014, 12:58:11 pm »
Citação de: "Luso"
Pereira Marques (reles republicano): e qual é o problema? Para as presidenciais não é assim?

Não exatamente. Porque o sistema eleitoral para Presidente da República, "força" a existência de maiorias absolutas, através do mecanismo da 2.ª volta, dando uma maior legitimidade ao candidato eleito, uma vez que obtém uma maioria absoluta (50% dos votos mais um).

Edu. O sistema que defende parece-me muito próximo do da Câmara dos Representantes nos EUA, com as virtudes e defeitos já muito conhecidos desse sistema, nomeadamente o famoso lobby e o "torpedeamento" constante da disciplina partidária. Também, volto a recordar, que este sistema dificulta ainda mais a entrada dos pequenos partidos no Parlamento, aumentando a propensão para o Bipartidarismo...Parece-me que as possibilidades de um candidato apoiado por um partido pequeno conseguisse ultrapassar a votação de todos os outros candidatos apoiados pelos partidos "maiores", mais "instituídos" e dessa forma ser eleito...Provavelmente apenas um cacique local, "vira-casacas", que tivesse sido anteriormente Presidente da Câmara conseguiria tal feito!