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Economia => Mundo => Tópico iniciado por: Viajante em Março 29, 2020, 07:11:02 pm

Título: "CORONABONDS"
Enviado por: Viajante em Março 29, 2020, 07:11:02 pm
CORONABONDS?

Nestes tempos conturbados que vive o mundo, a Europa que já apresentava dificuldades em manter-se unida, teve de enfrentar o Brexit, que por sua vez deixou problemas ainda insolúveis, que se amplificam com a necessidade de fechar o orçamento do próximo quadro comunitário (ainda sem aprovação!), e leva à necessidade dos 27 países da EU colmatarem a contribuição anual do Reino Unido (mais de 20 mil milhões) para o orçamento da EU.

Mais uma vez a UE não criou este problema/crise, assim como não criou a crise das dívidas soberanas provocadas pela resposta tardia e individual para fazerem frente à crise do sub-prime de 2007/2008, criada nos EUA, mas foi o espaço da UE quem mais sofreu as consequências dessa crise. A resposta inicial dada pela UE, que começou por desvalorizar e confinar o problema aos EUA, passou para uma nova fase, de pedido de investimento público maciço na economia e resgate dos bancos que levaram consequentemente a um enorme endividamento público de cada país.

Com o endividamento público das economias, percebemos que não estavam todos os países em igualdade de circunstâncias. Como sempre, os mais fracos pagam muito mais por uma mesma crise, e na crise do sub-prime percebemos que os remédios aplicados para debelar a crise têem um peso diferente no bolso dos países, assim como no das pessoas. Uma crise que junta países muito diferentes como Portugal ou a Grécia por um lado e Alemanha por outro, qualquer factura a pagar será muito mais difícil de pagar pelos mais fracos!

Acresce ainda o facto de termos a mesma moeda em comum, pelo que cada país deixou de controlar o dinheiro que circula no seu próprio país, e em que cada país tem a sua própria política fiscal, não possuindo um orçamento comum a todos os países, leva a que uma resposta a uma crise, tenha consequências de diferente magnitude nas economias (assimétrica).

Se bem que o BCE conseguiu o que eu considero de muito relevo, artificialmente baixar os custos de financiamento dos estados ao ter uma pessoa ao seu leme de enorme visão, podemos ter agora uma liderança mais míope à frente do BCE que diga-se de passagem, está ao nível das lideranças que temos hoje em dia na Europa!

Essa falta de liderança europeia é pressentida pelos necrófagos com cargos vitalícios que sempre desejaram o fim da UE e do Euro. Quem criou os alicerces da UE logo a seguir à IIª Guerra Mundial, pretendia que por um lado a Europa vivesse em paz e prosperidade e não andássemos constantemente em guerra, que no caso da IIª Guerra Mundial teve como consequência mais óbvia o fim do domínio europeu sobre o globo, que iniciou o seu domínio global no século XV e chegou até ao século XX.

A criação do euro, criada por visionários que já não estão no activo, pretendia essencialmente que a Europa não dependesse de uma moeda que dominava o globo nessa altura, já que nenhuma moeda europeia era suficientemente universal que pudesse rivalizar com o dólar. Mas a criação do euro por si só não resolveria todos os problemas, como ficou patente na crise do sub-prime.

Vivemos tempos conturbados, do politicamente correcto, do individualismo e nacionalismo. Todos estes termos podem minar definitivamente a UE se não forem tomadas medidas de solidariedade, tal e qual como tinham em mente quem criou a CECA (Comunidade Europeia do Carvão e do Aço), que mais tarde seria rebatizada de CEE (Comunidade Económica Europeia) e mais tarde viria dar origem ao União Europeia.

Mais uma vez a UE é confrontada com uma crise que não criou, mas que a sua estrutura não está preparada para resolver, pela necessidade de tomada conjunta de países com posições tão antagónicas, como temos vindo a presenciar.

O COVID-19, que inicialmente foi ignorado pela Europa, e visto mais um vez como um problema longínquo, tornou-se um problema global. Cada país tem de fazer o que pode, inicialmente para combater o vírus e as consequências físicas que provoca, mas posteriormente, e a partir de agora, vai ser necessário resolver um problema colossal que está a ser criado pela paragem da economia. Quanto mais tempo for utilizado para resolver o problema da doença, piores vão ser as consequências para a economia. Cálculos feitos já em Março, estima-se uma quebra da economia europeia de pelo menos 8% do PIB.

Apesar do problema ser comum a todos os países, a palavra solidariedade foi riscada pelos países europeus, quando por exemplo a Itália a solicitou e quase todos os países ficaram a olha só para si, como se o vírus não ultrapassasse fronteiras ou distinguisse quem tem melhor déficite. E se os países mais aflitos com a doença não são ajudados pelos seus pares, particularmente a Itália e a Espanha, sujeitando-nos a apoios interessados de outras ditaduras a esses países (Rússia, China, Cuba e a Albãnia), vamos esperar solidariedade no momento de salvarmos as economias?

Mais do que nunca, depois da relocalização da indústria ocidental para a Ásia, deixando-nos vulneráveis até em equipamentos fundamentais para a nossa sobrevivência, como os ventiladores, vamos ser capazes de salvar o que resta da economia? Como é que cada país vai aguentar um impacto de 8% PIB? (só para recordar que no tempo da troika, a nossa economia recuou menos de 6%)

A linha de crédito disponibilizada pelo BCE, de 750 mil milhões de euros é insuficiente para acudir a tamanha crise e a ajuda do Fundo de estabilização com mais 410 mil milhões, não são suficientes! Vejo que a única solução possível, para que todos os países possam enfrentar esta crise económica que se aproxima, a criação dos chamados “CORONABONDS”.

A criação dos coronabonds, mesmo que limitada a 8% do PIB europeu, como se fala, permitia injectar dinheiro na economia de valor equivalente aos estragos que a paragem forçada provocou e com a vantagem da dívida não ficar associada a nenhum país em particular, mas sim a uma entidade que esteja a cima, como por exemplo o BCE. A dívida seria assim do BCE e não de nenhum país e ao contrário destes, o BCE tem poder de imprimir euros ilimitadamente. Como todos os países da UE têem as suas economias muito interligadas entre si, os aspectos negativos da criação de mais moeda, seriam muito minimizadas!

Esta solução permitia “salvar” as economias com dinheiro fresco, não aumentar o endividamento absoluto dos países, manter os juros dos países relativamente baixo e ainda passavam a ter uma vantagem competitiva em relação ao resto do mundo, porque o resto do mundo teria de se endividar individualmente!!!!

Mas se os “coronabonds” não vierem, (também começo a perder a fé em tanta gente sem visão a comandar os destinos do continente), pode acontecer à UE o que sucedeu ao império romano no século IV, a divisão do “império” entre a parte ocidental e a parte oriental. Neste caso seria mais uma divisão norte da Europa vs sul da Europa. Ou até o divórcio completo e o “arrumar das malas de cartão”. Se acontecer algum tipo de cisão, haverá um enorme retrocesso entre os povos europeus, porque não tenham dúvidas, os países novamente voltados para sí, vai prejudicar principalmente os mais fracos de cada país e também a classe média (esqueçam os créditos-habitação, crédito para carro, etc……).

O que acham?

RG
Título: Re: "CORONABONDS"
Enviado por: FoxTroop em Março 29, 2020, 07:43:24 pm
Creio que as "corona bonds" irão ser uma realidade ou então é mesmo o fim da União. Vejo que os grandes industriais alemães estão voltados para isso e nas altas esferas politicas alemãs o assunto é tido seriamente em conta. O problema são as bases e o discurso populista que encontra aí terreno fértil e a CDU ou o SPD têm de jogar no balanço do seu eleitorado.

Apesar de países como a Holanda, Áustria ou Finlândia serem frontalmente contra (o ministro holandês disse mesmo que não estava disponível sequer para discutir isso), uma decisão alemã nesse sentido iria trazer esses países por arrasto. Aliás, no caso holandês, a posição do seu governo está a ser fortemente criticada pela Bélgica e Luxemburgo, tendo inclusive governantes belgas classificado a abordagem holandesa a esta situação como "de pessoas incompetentes e medíocres".

Considero que a UE cometeu um dos seus maiores erros de sempre quando, por influencia dos ingleses e americanos, empurrou a Rússia para a China. Quando à quase 20 anos atrás, Putin afirmava publicamente que a Rússia era europeia e que as suas raízes e futuro estavam na Europa, simplesmente a UE chutou para canto. Na altura as linhas geopolíticas idealizadas por Putin eram a de colocar a Rússia como escudo avançado ao crescimento chinês através do controlo de fluxos de matérias primas que os chineses precisavam para se desenvolverem, e permitir, através do acesso privilegiado às enormes reservas energéticas e de matérias primas russas, um crescimento baseado no binómio "matérias primas, energia e polos científicos russos  / capacidade industrial e tecnológica da UE" com todos os contractos a ser feitos em € em vez de USD.

Considero pouco provável um cisma que resulte em uma UE norte e outra UE sul. A França, a Itália e a Espanha têm um peso económico demasiado grande a nível global para a Alemanha entrar em algo que não meta esses países também. Penso que ou isto avança mesmo para uma União que não seja só monetária ou extingue-se de vez.

 



 
Título: Re: "CORONABONDS"
Enviado por: Viajante em Março 29, 2020, 08:48:48 pm
Creio que as "corona bonds" irão ser uma realidade ou então é mesmo o fim da União. Vejo que os grandes industriais alemães estão voltados para isso e nas altas esferas politicas alemãs o assunto é tido seriamente em conta. O problema são as bases e o discurso populista que encontra aí terreno fértil e a CDU ou o SPD têm de jogar no balanço do seu eleitorado.

Apesar de países como a Holanda, Áustria ou Finlândia serem frontalmente contra (o ministro holandês disse mesmo que não estava disponível sequer para discutir isso), uma decisão alemã nesse sentido iria trazer esses países por arrasto. Aliás, no caso holandês, a posição do seu governo está a ser fortemente criticada pela Bélgica e Luxemburgo, tendo inclusive governantes belgas classificado a abordagem holandesa a esta situação como "de pessoas incompetentes e medíocres".

Considero que a UE cometeu um dos seus maiores erros de sempre quando, por influencia dos ingleses e americanos, empurrou a Rússia para a China. Quando à quase 20 anos atrás, Putin afirmava publicamente que a Rússia era europeia e que as suas raízes e futuro estavam na Europa, simplesmente a UE chutou para canto. Na altura as linhas geopolíticas idealizadas por Putin eram a de colocar a Rússia como escudo avançado ao crescimento chinês através do controlo de fluxos de matérias primas que os chineses precisavam para se desenvolverem, e permitir, através do acesso privilegiado às enormes reservas energéticas e de matérias primas russas, um crescimento baseado no binómio "matérias primas, energia e polos científicos russos  / capacidade industrial e tecnológica da UE" com todos os contractos a ser feitos em € em vez de USD.

Considero pouco provável um cisma que resulte em uma UE norte e outra UE sul. A França, a Itália e a Espanha têm um peso económico demasiado grande a nível global para a Alemanha entrar em algo que não meta esses países também. Penso que ou isto avança mesmo para uma União que não seja só monetária ou extingue-se de vez.

Também tenho essa opinião. O maior entrave que eu vejo à emissão europeia de dívida, é a opinião pública alemã. Quer a CDU que o SPD receiam a opinião pública alemã (relembrar que a CDU foi ferida com gravidade, quando a Merkl queria saír de cena e a sucessora sucumbiu passado pouco tempo..... a "velhota" vai ter de salvar a UE antes de arrumar as botas).
Julgo que desta vez o poder político alemão está convencido na necessidade dos coronabonds (eurobonds), porque o auxílio vai ter de ser feito a todos os países!!!!!!!

Com tudo o que se passou entre a Rússia e a UE e até a intervenção na Ucrãnia..... duvido que um maluco nos EUA seja suficiente para uma reaproximação UE-Rússia. Mas concordo que nunca deve ser hostilizada (Rússia). Mas antes disso e muito mais importante é necessário salvar a UE, com todos os seus defeitos, acho que é o melhor plano do momento!
Título: Re: "CORONABONDS"
Enviado por: LM em Março 29, 2020, 09:21:44 pm
Há o perigo de alguns países saírem do Euro...  existe um "fosso" difícil de resolver entre 2 blocos que participam no euro; as "coronabons" são outra situação que pode trazer maior divisão - por muitas voltas que possamos dar à situação eles vêem-nos como países sem disciplina orçamental que aproveitamos o estar em uma moeda forte para nos endividarmos acima do aconselhável e recusam ter que suportar parte do potencial custo. E questionam como é possível após 4 anos de crescimento admirável e juros tão baixos continuarmos sem folga...

E olham cada vez mais para:

(https://oinsurgente.files.wordpress.com/2020/03/european_union_budget-1.png)

Se até em um mesmo país nós "resistimos" à ideia de pagar mais que outras regiões... se os "grandes" clubes em Portugal resistem em dar parte do seu rendimento aos restantes clubes da liga...   
     
Título: Re: "CORONABONDS"
Enviado por: Viajante em Março 29, 2020, 11:02:09 pm
Há o perigo de alguns países saírem do Euro...  existe um "fosso" difícil de resolver entre 2 blocos que participam no euro; as "coronabons" são outra situação que pode trazer maior divisão - por muitas voltas que possamos dar à situação eles vêem-nos como países sem disciplina orçamental que aproveitamos o estar em uma moeda forte para nos endividarmos acima do aconselhável e recusam ter que suportar parte do potencial custo. E questionam como é possível após 4 anos de crescimento admirável e juros tão baixos continuarmos sem folga...

E olham cada vez mais para:

(https://oinsurgente.files.wordpress.com/2020/03/european_union_budget-1.png)

Se até em um mesmo país nós "resistimos" à ideia de pagar mais que outras regiões... se os "grandes" clubes em Portugal resistem em dar parte do seu rendimento aos restantes clubes da liga...   
   

Caro LM

Mesmo assim, concordando a Alemanha com a dívida comum da UE, é quase esvaziado esse argumento, pelo facto do Reino Unido já não estar presente e da França e da Itália estarem a precisar de ajuda e são em simultâneo os outros grandes contribuintes líquidos da UE!

A situação é de tal forma séria, que os alemães olha com muita atenção para o problema e estou convencido que vai mesmo avançar, porque este problema afecta todos ao mesmo tempo.
Título: Re: "CORONABONDS"
Enviado por: LM em Março 30, 2020, 10:12:35 am
De notar que se os "eurobonds" continua a ser complicado - mesmo mudando, tendo em conta a emergência que se vive, o nome para "coronabonds" - a Europa do Euro (ler Alemanha e seus  "compinchas") na ultima meia dúzia de anos aceitaram dar fogo à peça com a "bazuca" de apoios do BCE, o que permitiu um crescimento económico baseado em moeda barata e que nós muito aproveitamos nos últimos 4 anos...

Agora, mesmo tendo talvez gasto muitas munições nos últimos anos, a Alemanha já deu ordem para colocar as máquinas de fazer moeda a produzir em máxima velocidade... os limites de défice foram levantados... falta de facto a parte de "as nossas dividas são também vossas", ao que ainda resistem - se eu fosse Holandês também desconfiava.       
Título: Re: "CORONABONDS"
Enviado por: Viajante em Março 30, 2020, 11:46:53 am
De notar que se os "eurobonds" continua a ser complicado - mesmo mudando, tendo em conta a emergência que se vive, o nome para "coronabonds" - a Europa do Euro (ler Alemanha e seus  "compinchas") na ultima meia dúzia de anos aceitaram dar fogo à peça com a "bazuca" de apoios do BCE, o que permitiu um crescimento económico baseado em moeda barata e que nós muito aproveitamos nos últimos 4 anos...

Agora, mesmo tendo talvez gasto muitas munições nos últimos anos, a Alemanha já deu ordem para colocar as máquinas de fazer moeda a produzir em máxima velocidade... os limites de défice foram levantados... falta de facto a parte de "as nossas dividas são também vossas", ao que ainda resistem - se eu fosse Holandês também desconfiava.     

Sim, mas há uma diferença subtil no nome que lhe chamam. Enquanto os eurobonds seriam um meio de financiamento ininterrupto, com emissões contínuas, para financiar os estados, os coronabonds (na realidade são eurobonds, claro), mas restritos a 1 só emissão ou um grupo de emissões feitas para financiar os estados mas só de uma vez e com a justificação de ultrapassarem esta crise em conjunto!

Depois destes chamados coronabonds, não voltaria a ser emitida dívida conjunta, excepto noutra crise como esta.

Por esse motivo chamam-lhes coronabonds, para serem limitados no tempo e também para a população nórdica aceitar que se trata de um período de emergência. Porque, mesmo que sejam agora aceites os coronabonds, não acredito que tão cedo sejam emitidos mais, excepto eventualmente noutra grande crise que afecte todos os países.

Evidentemente que a dívida ao ser comum, vai beneficiar quem está mais endividado e prejudicar quem é mais poupado. Por esse motivo eu compreendo perfeitamente as críticas e reticências alemãs.

Mas também volto a referir um aspecto, a Itália e a França são grandes contribuintes líquidos e se forem também egoístas e recusarem a dar aos outros países aquilo que precisam para erguerem-se?

Mas também não tenho ilusões, se as emissões conjuntas forem aceites, elas só vêem com mais cedências para a UE, como por exemplo a harmonização fiscal, talvez impostos comunitários, controlo mais apertado do déficite.

Obviamente que é uma questão polémica (escusavam de existir as bocas holandesas ou dos Países-Baixos ou lá como se chamam....), porque basta ver o que se passa por cá, quando a Madeira teve de ser "resgatada" pelo estado central. Eu próprio não aceito que os grandes centros urbanos tenham transportes públicos duplamente financiados pelo estado e no interior do país não existe nada (transportes públicos duplamente financiados porque trata-se maioritariamente de empresas públicas que só dão prejuízo, logo os impostos de todo o país financiam empresas falidas e agora ainda existem os passes quase a custo zero financiados pelo estado, quando deveriam ser as autarquias. A mim o estado não financia 1 cêntimo que seja para ir trabalhar todos os dias).
Título: Re: "CORONABONDS"
Enviado por: ocastilho em Março 30, 2020, 11:54:54 am
De notar que se os "eurobonds" continua a ser complicado - mesmo mudando, tendo em conta a emergência que se vive, o nome para "coronabonds" - a Europa do Euro (ler Alemanha e seus  "compinchas") na ultima meia dúzia de anos aceitaram dar fogo à peça com a "bazuca" de apoios do BCE, o que permitiu um crescimento económico baseado em moeda barata e que nós muito aproveitamos nos últimos 4 anos...

Agora, mesmo tendo talvez gasto muitas munições nos últimos anos, a Alemanha já deu ordem para colocar as máquinas de fazer moeda a produzir em máxima velocidade... os limites de défice foram levantados... falta de facto a parte de "as nossas dividas são também vossas", ao que ainda resistem - se eu fosse Holandês também desconfiava.     

Caros colegas, é o claro corolário da Lei de Murphy. Tudo o que tinha para correr mal, correu. Perdemos quatro anos para reformar, mesmo tendo condições económicas altamente favoráveis, muitos como eu alertaram para isso, fomos chamados de "passistas", "troikistas" e outras palermices, está aqui o resultado.

Quanto aos "Coronabonds", não estou tão esperançado como os restantes colegas. A "recuperação" que fomos tendo é já ela resultante duma massiva impressão de dinheiro. Falamos agora numa nova injecção massiva. A Senhoriagem tem os seus limites e é uma ferramenta que deve ser usado com muito cuidado, a leviandade com que algumas pessoas a encaram é assustadora. E não estou tão seguro como afirma o Viajante, apesar de compreender o argumento, de que dado a interligação da economias Europeias estamos protegidos da desvalorização .A economia Europeia é hoje muito baseada na economia do conhecimento e da informação e nós (UE), a nível de electrónicos, importamos bastante da Ásia, penso que o impacto não seja assim tão desprezível...   

Em suma, os "coronabonds" poderão ser a salvação da UE e ser mesmo a única opção, mas não tenham qualquer duvidas, se a Senhoriagem passar para o "outro lado" da curva de laffer, vai ser também o fim da UE e uma guerra quase certa...

Abraços e mantenham-se seguros.
Título: Re: "CORONABONDS"
Enviado por: LM em Março 30, 2020, 01:48:27 pm
Agora não interessa, até porque o desastre é tão grande que mesmo com uma politica "avisada" na última legislatura iria tudo para o caraX§@... talvez se conseguisse resistir melhor com uma politica decente desde o tempo do Guterres. Mas é bom não esquecer (ver ligações "aqui" e "fonte" no original):

A Geringonça Deixou Portugal Melhor ou Pior Preparado Para Enfrentar Uma Crise? (https://oinsurgente.org/2020/03/28/a-geringonca-deixou-portugal-melhor-ou-pior-preparado-para-enfrentar-uma-crise/)

Certamente os leitores estarão familiarizados com a história das vacas gordas e das vacas magras. Essencialmente, a ideia é usar os anos de abundância para criar as condições para melhor sobreviver a anos de escassez.

Em alturas de crise, é melhor estar num país rico e com baixa dívida pública do que num país pobre com uma grande dívida pública. Veja-se por exemplo o caso da Irlanda e do Reino Unido, países que irão assumir o pagamento de 75% e 80% dos trabalhadores afectados pelo Coronavirus (fonte e fonte). Em Portugal há uma série de medidas de apoio mas que passam essencialmente por linhas de crédito e adiamento do pagamento de empréstimos e impostos (ler aqui).

A geringonça optou durante um período de “vacas gordas” por uma estratégia de “vacas voadoras” – desperdiçando uma conjuntura historicamente favorável, optando por satisfazer a sua clientela política e para comprar votos em vez de fazer uma reforma estrutural que fosse. Em 2017 escrevi um post onde analisava de forma mais exaustiva as medidas da geringonça, mas deixo aqui um pequeno sumário.

Começando pela conjuntura. Quando a geringonça chegou ao poder em Novembro de 2015, já não havia um programa de ajustamento a cumprir e o registavam-se quatro factores extremamente favoráveis:

    O crescimento generalizado das economias europeias, americanas e asiáticas (algo que por si só favorece as exportações e o investimento estrangeiro).
    Taxas de juro extraordinariamente baixas, devido essencialmente ao programa de quantiative easing do Banco Central Europeu.
    O crescimento do turismo, não só pelo aumento da quantidade e qualidade da oferta (para que muito contribuiram as companhias aéreas low cost), mas também pelo aumento da procura resultante do facto de outros destinos tradicionais se terem tornado muito pouco atractivos por motivos de segurança.
    A queda do preço do barril de petróleo que reduz o défice da balança comercial e liberta recursos financeiros para serem aplicados em outras actividades económicas.

Recuperemos as algumas das medidas mais emblemáticas da geringonça, e analisemos se tornaram o país melhor ou pior preparado para enfrentar uma crise:

    Redução do horário dos funcionários públicos de 40 horas para 35 – não só se traduziu num aumento da despesa (em pagamento de horas extraordinárias, e na contratação adicional de pessoal para compensar as horas perdidas) como também numa degradação generalizada dos serviços públicos. Esta medida teve um impacto particularmente grande no sector da sáude pública.
    Aumento do número de funcionários públicos – foram mais de 26.000 entre 2017 e 2019 (fonte); e mais 15.000 em 2019 (fonte) o que representa mais despesa fixa numa altura em que com a digitalização e automação o estado deveria ser mais eficiente.
    Aumento insustentável de pensões e prestações sociais – aumento da abrangência do Rendimento Social de Inserção; aumentos extraordinários das pensões; alargamentos dos subsídios de desemprego; aumento dos abonos de família; mais facilidades no acesso antecipado às reformas.
    Recorde de cativações orçamentais – o que se traduz numa degração dos serviços públicos assim como num investimento público em níveis abaixo do governo de de Passos Coelho (fonte).
    Aumento da carga fiscal para níveis recorde, sobretudo através dos impostos indirectos, como o imposto sobre os combustíveis  – essencial para pagar o aumento da despesa; mas que reduz o rendimento disponível dos cidadãos e das empresas que é essencial para a poupança e para o investimento. Para 2020, estava previsto mais um aumento na carga fiscal (fonte).
    Várias medidas de desincentivo ao investimento e de encorajamento à emigração dos quadros mais qualificados – a não redução do IRC sendo Portugal o quarto país da OCDE com a taxa efectiva de imposto sobre as empresas mais alta no valor de 27,5% (fonte); aumento da progressividade do IRS sendo Portugal o quarto país da OCDE com a maior taxa marginal de IRS de 72% (fonte). De referir ainda que muito recentemente, o PS criou obstáculos e dificuldades ao alojamento local (fonte e fonte), acabou com os vistos gold em Lisboa e no Porto (fonte); aprovou uma contribuição adicional sobre as empresas com mais rotatividade (fonte); e ameaçou os investidores com a obrigatoriedade do englobamento dos rendimentos (fonte).

Resumindo, a geringonça durante o tempo das “vacas gordas” deixou um estado mais pesado, menos eficiente e com uma despesa fixa grande ao mesmo tempo que deixou o país menos competitivo e menos preparado para enfrentar uma crise. Portugal nos últimos vinte anos tem sido sistematicamente ultrapassado por outros países que começaram de um ponto partida mais baixo –  Eslovénia em 2002; República Checa em 2007; Malta em 2010; Eslováquia em 2012; Estónia em 2014; Lituância em 2017; e Polónia em 2020 (fonte  e fonte). A verdade é que as vacas não voam.

Termino este post como terminei o post de 2017: Deixo então a questão aos leitores: está Portugal melhor preparado para enfrentar os desafios e os choques do futuro hoje do que estava antes do governo de António Costa tomar posse no final de 2015?   
Título: Re: "CORONABONDS"
Enviado por: Viajante em Março 30, 2020, 02:51:59 pm
Agora não interessa, até porque o desastre é tão grande que mesmo com uma politica "avisada" na última legislatura iria tudo para o caraX§@... talvez se conseguisse resistir melhor com uma politica decente desde o tempo do Guterres. Mas é bom não esquecer (ver ligações "aqui" e "fonte" no original):

Resumindo, a geringonça durante o tempo das “vacas gordas” deixou um estado mais pesado, menos eficiente e com uma despesa fixa grande ao mesmo tempo que deixou o país menos competitivo e menos preparado para enfrentar uma crise. Portugal nos últimos vinte anos tem sido sistematicamente ultrapassado por outros países que começaram de um ponto partida mais baixo –  Eslovénia em 2002; República Checa em 2007; Malta em 2010; Eslováquia em 2012; Estónia em 2014; Lituância em 2017; e Polónia em 2020 (fonte  e fonte). A verdade é que as vacas não voam.

Termino este post como terminei o post de 2017: Deixo então a questão aos leitores: está Portugal melhor preparado para enfrentar os desafios e os choques do futuro hoje do que estava antes do governo de António Costa tomar posse no final de 2015?   

Claramente que não estamos! Em inúmeros posts deixei a minha opinião de que este governo mente descaradamente em tudo o que diz! Primeiro quando afirma do alto da sua burrice que a austeridade tinha acabado! Quando na realidade tinha mudado de nome que se chamam cativações!

Depois atirou a culpa para o governo de Passos e esqueceu-se do governo criminoso de Sócrates, onde o Costa aldrabão era o nº 2 do governo.

De seguida passou a distribuir migalhas pela clientela, baixa do IVA na restauração (um disparate), comprometeu-se com o aumento do salário mínimo, com dinheiro que não é dele nem do estado e ..... agora é que vai ser bonito!

Sem o apoio dos "coronabonds", o impacto na nossa economia vai ser brutal, maior do que o tempo da troika, não tenho a menor dúvida. E não estamos nada preparados para o que aí vem. Por isso tenho fé na aceitação alemã aos "coronabonds" mas só para ultrapassarmos esta crise.

Em relação ao Costa, eu não vejo esta geringonça fazer grande coisa pelas empresas que tanto desprezam e maltratam.
Título: Re: "CORONABONDS"
Enviado por: LM em Março 31, 2020, 06:23:02 pm

Ministro das finanças holandês recua e admite que declarações revelaram "pouca compaixão"
Ministro das Finanças holandês recua nas declarações sobre ajuda europeia aos países mais afetados. Hoekstra admite ter revelado "pouca compaixão" mas mantém-se irredutível nas coronabonds. (https://observador.pt/2020/03/31/ministro-das-financas-holandes-recua-e-admite-que-declaracoes-revelaram-pouca-compaixao/)
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Foi o caso que marcou a semana passada: o ministro das Finanças holandês sugeriu que se fizesse uma investigação a Espanha depois de Madrid ter afirmado que não tinha margem orçamental para responder à crise provocada pelo novo coronavírus sem o apoio financeiro da União Europeia e António Costa saiu em defesa dos países mais afetados pela epidemia. “Esse discurso é repugnante”, começou por dizer o primeiro-ministro português, referindo-se às declarações de Wopke Hoekstra, ditas à porta fechada, numa reunião do Eurogrupo.

Foi o início de uma espécie de incidente diplomático entre os estados-membros da UE que não aceitam compartilhar esforços na emissão de dívida conjunta para ajudar os países mais afetados e os estados-membros da UE que acreditam que, sem esse esforço comum numa altura como esta, o projeto europeu não faz sentido.

Esta terça-feira, contudo, o ministro das Finanças holandês deu um passo atrás. Numa entrevista à RTL, citada pela agência de notícias Reuters, Wopke Hoekstra admitiu que a sua declaração pode ter revelado “pouca compaixão” pelos países que estão a ser devastados pela crise sanitária, mostrando compreender que o que ele e o primeiro-ministro Mark Rutte disseram na semana passada possa ter sido “mal recebido”.

Em todo o caso, Hoekstra mantém-se irredutível no que diz respeito à emissão de dívida conjunta, as chamas coronabonds: “Sobre as coronabonds, ou eurobonds, como quiserem chamar, isso não é prudente. É uma solução para um problema que não existe neste momento”, disse na mesma entrevista.

Coisa diferente é usar o Mecanismo Europeu de Estabilidade sem condições durante as negociações sobre a atual crise. Nesse campo, o ministro holandês dá um passo atrás e afirma agora que os Países Baixos estão dispostos a contribuir com “mais do que a parcela que nos diz respeito” para um novo bolo financeiro que se pode traduzir numa espécie de plano Marshall europeu para ajudar os países afetados a suportar esta crise.

No seio do governo holandês, também as declarações pouco solidárias do primeiro-ministro e do ministro das Finanças revelaram ser pouco unânimes. Segundo o Financial Times, dois líderes da coligação que governa os Países Baixos já se demarcam, com o líder da União Cristã (CU), Gert-Jan Segers, a apelar mesmo a um “Plano Marshall” para o sul da Europa, e Rob Jetten, dos liberais do D66, a exortar o país a mostrar solidariedade com os seus parceiros da União Europeia.

Isto está mau para as Eurobonds:
"Coronabonds" levariam até três anos a montar, diz presidente do Mecanismo Europeu de Estabilidade Klaus Regling, presidente do Mecanismo Europeu de Estabilidade, lança "balde de água fria" sobre aqueles que veem a emissão conjunta de dívida na zona euro como uma solução urgente para a crise. (http://"Coronabonds" levariam até três anos a montar, diz presidente do Mecanismo Europeu de Estabilidade Klaus Regling, presidente do Mecanismo Europeu de Estabilidade, lança "balde de água fria" sobre aqueles que veem a emissão conjunta de dívida na zona euro como uma solução urgente para a crise.)
Título: Re: "CORONABONDS"
Enviado por: Viajante em Março 31, 2020, 11:01:00 pm
Isto está mau para as Eurobonds:
"Coronabonds" levariam até três anos a montar, diz presidente do Mecanismo Europeu de Estabilidade Klaus Regling, presidente do Mecanismo Europeu de Estabilidade, lança "balde de água fria" sobre aqueles que veem a emissão conjunta de dívida na zona euro como uma solução urgente para a crise. (http://"Coronabonds" levariam até três anos a montar, diz presidente do Mecanismo Europeu de Estabilidade Klaus Regling, presidente do Mecanismo Europeu de Estabilidade, lança "balde de água fria" sobre aqueles que veem a emissão conjunta de dívida na zona euro como uma solução urgente para a crise.)

Não é fácil, mas eu recordo-me do Regling também colocar muitas reservas à compra de dívida dos estados pelo BCE, que violava os tratados, etc..... mas a verdade é que o Super Mário levantou um enorme muro contra os especuladores e se até nós não caímos novamente como a Grécia (3 resgates com perdões de dívida pelo meio), podemos agradecer ao Super Mário que conseguiu congelar os juros e despejar euros como se não houvesse amanhã!

Eu vejo muito mais abertura dos alemães, porque são eles agora que estão em apuros. O Deutsche Bank está prestes a afundar-se!!!! E não é o único em apuros. O caso do DB deve-se em parte quando decidiu abandonar os brandos costumes alemães de gestão e decidiram contratar uma pessoa sem escrúpulos para a liderança (o Ackermann..... por coincidência um banqueiro..... Suiço.... imagino quando alguém começar a escavar os buracos da banca Suiça!!!!). Os americanos não perdoaram as vigarices do DB em solo americano (alemães a fazerem vigarices? na......), multa de mais de 7 mil milhões de dólares!!!!!! Nos últimos 16 anos, o DB teve prejuízos de 20 mil milhões de euros!!!!!! E a Merkl já afirmou várias vezes que não vai salvar o banco!!!! Só o prejuízo de 2019 foram só..... 5,2 mil milhões de euros!!!! Os states estão ainda a investigar mais uma fraude que o banco terá cometido com um fundo Malaio de mais de mil milhões...... 90 000 trabalhadores em riscco!

A realidade neste momento é esta, os bancos alemães lutam neste momento para sobreviverem. Não sofreram a desintoxicação que por exemplo sofreram os nossos bancos. O que é mais cómico neste momento, é que a UE obrigou os bancos portugueses a acumularem reservas para prepararem os bancos para uma nova crise e a limparem completamente os esqueletos do balanço (limparem os incobráveis, a dívida que não conseguem cobrar), com isso os nossos bancos por incrível que pareça, estão muito melhores que os alemães, tanto assim é que muitos deles têem parados no BCE milhares de milhões de euros a ganhar pó (já referi aqui isso, o BCP tem mais de 7 mil milhões sem saber o que fazer, para não ter mais incobráveis)..... irónico! Agora chegou a vez da Alemanha ou deixa caír os bancos (nos EUA também íam fazer isso, mas viram os buracos que provocavam as quedas dos bancos.......eram gigantescos) ou abre os cordões à bolsa!!!!! E tenho a certeza que é pelo seu sector bancário, frágil neste momento, que os alemães ponderam avançar com os coronabonds! Porque as empresas alemãs podem não ter bancos suficientemente fortes para financiarem esta crise!

A ver vamos! Mas o coronavírus pode ter sido a machadada final do DB.
Título: Re: "CORONABONDS"
Enviado por: LM em Abril 01, 2020, 06:26:43 pm
Pandemia. UE prepara 80 a 100 mil milhões para atacar desemprego  (https://observador.pt/2020/04/01/pandemia-ue-prepara-80-a-100-mil-milhoes-para-atacar-desemprego/)

Citar
A Comissão Europeia tem um plano para promover a manutenção dos postos de trabalho durante a crise, podendo disponibilizar até 100 mil milhões de euros — o equivalente a metade do PIB português.

O plano para salvar empregos na UE, que está a ser trabalhado pela Comissão Europeia, deverá ter disponível entre 80 a 100 mil milhões de euros — o equivalente a metade do que Portugal produz num ano — para emprestar aos governos que vejam o desemprego disparar por causa da pandemia. Os números são avançados pelos jornais El País e Financial Times, que citam fontes comunitárias.

A medida foi apresentada esta quarta-feira pela presidente da Comissão Europeia, através de um vídeo, mas sem referir valores nem dar grandes detalhes. Ursula von der Leyen explicou que este pacote de ajudas, apelidado de SURE (o que significa certo, seguro ou confiante em inglês), pretende “ajudar Itália, Espanha e todos os outros países que estão a ser duramente atingidos” pela pandemia, servindo como alternativa aos “lay off”. As empresas “não devem suspender os contratos dos seus funcionários, devem continuar a empregá-los, mesmo com menos trabalho”, diz Von der Leyen

“Durante esse período, os trabalhadores podem, por exemplo, obter novas competências que beneficiarão a empresa e a si mesmos”, sugeriu presidente da Comissão Europeia. Dessa forma, “mais trabalhadores vão permanecer nos seus empregos durante a crise do coronavírus e vão voltar a ter trabalho permanente assim que o bloqueio termine” e a economia comece a recuperar. Esta medida, aliás, terá “um impacto positivo na economia”, garante Ursula von der Leyen.
Título: Re: "CORONABONDS"
Enviado por: FoxTroop em Abril 02, 2020, 08:21:57 pm
Pandemia. UE prepara 80 a 100 mil milhões para atacar desemprego  (https://observador.pt/2020/04/01/pandemia-ue-prepara-80-a-100-mil-milhoes-para-atacar-desemprego/)



Não creio que chegue nem de longe. Tal como num incêndio, a primeira intervenção é determinante. Com a desculpa de não "magoar", não se actuou logo com toda a força e não foram tomadas medidas que eram criticas. Agora em vez de controlar o vírus, estamos na reacção, sempre um passo atrás. E o "fogo" vai lavrar por muito mais tempo e com muitos mais danos do que aquilo que se quis evitar.
Título: Re: "CORONABONDS"
Enviado por: Daniel em Abril 08, 2020, 02:42:25 pm
Holanda e Alemanha mantêm posição desfavorável a 'coronabonds'
https://24.sapo.pt/economia/artigos/holanda-e-alemanha-mantem-posicao-desfavoravel-a-coronabonds
(https://thumbs.web.sapo.io/?W=800&H=0&delay_optim=1&epic=NTZk+x7Cn5StBpJMkcg+xGtJWrOLmyz9k4J6ZxTtpBG5hOu1Lun7aGsTP9J2IfrVMuVcP8iEg3/CyOmXxHifrAUTKJfp3WlwuvjP2J/bR7xJGIw=)
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O ministro holandês das Finanças, Wopke Hoekstra, considerou esta quarta-feira que os "coronabonds", um instrumento de dívida coletiva, provocariam mais problemas do que soluções para alavancar a economia a longo prazo, depois de a crise provocada pela pandemia passar."A Holanda era e é contra a ideia dos eurobonds [ou coronabonds]. Achamos que criará mais problemas do que soluções para a União Europeia", escreveu Wopke Hoekstra, ministro das Finanças holandês, na rede social Twitter.

A mensagem foi publicada depois do fracasso dos ministros europeus das Finanças em conseguirem chegar a um acordo em relação a uma resposta económica comum para a crise atual, após uma noite de negociações.


O ministro holandês reiterou a posição do seu país sobre o Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEDE).

"O MEDE é o credor, ao qual se deve recorrer em último lugar, quando os países estão em grandes dificuldades financeiras. Na nossa opinião, o seu uso deve estar associado a certas condições", acrescentou.

Os países mais afetados pelo coronavírus - principalmente Itália e Espanha - continuam a pedir a criação de um instrumento de dívida compartilhada (os "coronabonds", ou "eurobonds") e apostam em recorrer ao MEDE sem condições.

A proposta consistiria em um fundo temporário de centenas de bilhões de euros ("3% do PIB europeu") para financiar os serviços públicos essenciais (saúde), os setores ameaçados (transporte, turismo) e novas tecnologias.

Nessa mesma linha, a Alemanha reforçou hoje a recusa à mutualização das dívidas na Europa.

A reativação da economia europeia é possível "com ferramentas muito clássicas" e já existentes como, "por exemplo, o orçamento da União Europeia", afirmou o ministro alemão das Finanças, Olaf Scholz.

"Basta concentrarmo-nos nestas ferramentas", disse Scholz à imprensa, em resposta ao pedido dos países do sul para que se use os "coronabonds".

Scholz disse, porém, estar "otimista" em relação às possibilidades de alcançar rapidamente um acordo unânime entre todos os países da zona euro para responder ao impacto económico da pandemia que assolou a Europa nas últimas semanas.

A mutualização da dívida é um limite que países como Alemanha e Holanda não desejam cruzar. Não querem se comprometer com um empréstimo comum aos países muito endividados do sul, os quais acusam de certa leniência na sua gestão da crise.

O fracasso da reunião de ministros das Finanças dos países da zona euro reflete, mais uma vez, as divisões no continente para se chegar a uma resposta conjunta. Uma cúpula de chefes de Estado e de governo realizada em 26 de março também não teve resultado.

Vai ser difícil para não dizer quase impossível, os Italianos e espanhóis vão ter de suar a camisola, o Antoninho também.
Título: Re: "CORONABONDS"
Enviado por: Viajante em Abril 10, 2020, 12:53:49 am
Bem, parece que por enquanto está fora de hipótese a existência dos coronabonds. O que existe para já é isto:

BCE: (https://www.ecb.europa.eu/press/blog/date/2020/html/ecb.blog200409~3aa2815720.pt.html)
- cedência de liquidez de 3 biliões de euros, com taxa negativa (aos bancos);
- pandemic emergency purchase programme – PEPP, com 1 bilião de euros (compra de dívida pública para baixar artificialmente os juros cobrados a cada país)

BEI:
- Financia em 200 mil milhões de euros as empresas (Programa SURE). Se considerarmos que existem mais de 23 milhões de empresas na UE, dá menos de 9 000€ para cada uma!!!!!!!;

Comissão Europeia: (https://www.adcoesao.pt/content/covid-19-10-medidas-da-uniao-europeia-para-lutar-contra-pandemia)
- Quase sem poderes para combater esta Pandemia, disponibiliza equipamentos e várias dezenas de milhares de milhões de euros

Eurogrupo: (https://24.sapo.pt/economia/artigos/eurogrupo-chega-a-acordo-sobre-pacote-de-resposta-falta-saberem-se-as-medidas)
- Empréstimo imediato e sem condições, aos estados, de 500 mil milhões de euros, mas apenas destinados ao combate directo do COVID-19, com funcionamento semelhante ao MEE (Mecanismo Europeu de Estabilidade)

Então mas o Centeno esqueceu-se da economia? Conseguiu o dinheiro para comprar para os hospitais, as zaragatoas, o álcool, os reagentes, as protecções, os ventiladores….. mas….. e o dinheiro para financiar a economia?
Como é que vai ser combatido o desemprego?
Como é que vão ser mantidas as empresas para lá da pandemia?
O estado está preparado para uma quebra brusca de receitas (impostos)?
Título: Re: "CORONABONDS"
Enviado por: LM em Abril 10, 2020, 02:06:46 am
Miguel Poiares Maduro no FB:

Citar
Anyone that knows reasonably well the EU knows there’s nothing really new on what was agreed by the Euro Group (with exception of Sure - proposed last week by the Commission - with several limits). It’s the usual small steps and gradualist approach.
At least, there are two paragraphs that don’t decide anything but leave the door open for the European Council to be bolder and in the direction I’ve been arguing for:

9. Recovery Fund. In this context, we also agreed to work on a Recovery Fund to prepare and support the recovery, providing funding through the EU budget to programmes designed to kick-start the economy in line with European priorities and ensuring EU solidarity with the most affected member states. Such a fund would be temporary, targeted and commensurate with the extraordinary costs of the current crisis and help spread them over time through appropriate financing. Subject to guidance from Leaders, discussions on the legal and practical aspects of such a fund, including its relation to the EU budget, its sources of financing and on innovative financial instruments, consistent with EU Treaties, will prepare the ground for a decision
20. Upcoming MFF. The next EU Multiannual Financial Framework (MFF) will play a central role in the economic recovery. It will have to reflect the impact of this crisis and the size of the challenges ahead, by setting the right priorities, to allow Member States to effectively address the fallout of the coronavirus crisis, to support the economic recovery, and ensure that cohesion within the Union is maintained through solidarity, fairness and responsibility. We welcome the Commission’s intention to adapt its MFF proposal to reflect the new situation and outlook.

Let’s see if our leaders can do something meaningful out of these two paragraphs. 
Título: Re: "CORONABONDS"
Enviado por: Viajante em Abril 10, 2020, 12:20:31 pm
Miguel Poiares Maduro no FB:

Citar
Anyone that knows reasonably well the EU knows there’s nothing really new on what was agreed by the Euro Group (with exception of Sure - proposed last week by the Commission - with several limits). It’s the usual small steps and gradualist approach.
At least, there are two paragraphs that don’t decide anything but leave the door open for the European Council to be bolder and in the direction I’ve been arguing for:

9. Recovery Fund. In this context, we also agreed to work on a Recovery Fund to prepare and support the recovery, providing funding through the EU budget to programmes designed to kick-start the economy in line with European priorities and ensuring EU solidarity with the most affected member states. Such a fund would be temporary, targeted and commensurate with the extraordinary costs of the current crisis and help spread them over time through appropriate financing. Subject to guidance from Leaders, discussions on the legal and practical aspects of such a fund, including its relation to the EU budget, its sources of financing and on innovative financial instruments, consistent with EU Treaties, will prepare the ground for a decision
20. Upcoming MFF. The next EU Multiannual Financial Framework (MFF) will play a central role in the economic recovery. It will have to reflect the impact of this crisis and the size of the challenges ahead, by setting the right priorities, to allow Member States to effectively address the fallout of the coronavirus crisis, to support the economic recovery, and ensure that cohesion within the Union is maintained through solidarity, fairness and responsibility. We welcome the Commission’s intention to adapt its MFF proposal to reflect the new situation and outlook.

Let’s see if our leaders can do something meaningful out of these two paragraphs. 

A UE está a reagir a conta-gotas, também não é fácil obter unanimidade entre 27 países.

A Alemanha conseguiu travar os coronabonds ou eurobonds (sentido mais amplo), mas se as coisas correrem mal, especialmente na Alemanha, vão ter de abrir os cordões à bolsa!

Porque é preciso recordar que as fronteiras estão fechadas e só circulam mercadorias essenciais (BMW, Mercedes, VW não são produtos essenciais....)
Título: Re: "CORONABONDS"
Enviado por: FoxTroop em Abril 10, 2020, 03:14:46 pm
A Alemanha, assim como Áustria e Finlândia, não está contra as "Coronabonds". O único país que é completamente contra é a Holanda.

O que os alemães queriam e acabaram por levar a deles avante, era que antes de se tratar de criar essa figura, se use primeiro todos os mecanismos já existentes, sendo que as "coronabonds" virão caso o resto falhe. Essa também é a opinião da Áustria e da Finlândia.

O cisma nisto é que os italianos, franceses e espanhóis, aceitavam essa abordagem alemã desde que isso não implicasse pré-condições enquanto os holandeses estavam isolados na birra de "castigar" os países que recorressem aos mecanismos europeus como se de desvairo e descontrole de contas publicas se tratasse.
Título: Re: "CORONABONDS"
Enviado por: Viajante em Abril 10, 2020, 03:37:31 pm
A Alemanha, assim como Áustria e Finlândia, não está contra as "Coronabonds". O único país que é completamente contra é a Holanda.

O que os alemães queriam e acabaram por levar a deles avante, era que antes de se tratar de criar essa figura, se use primeiro todos os mecanismos já existentes, sendo que as "coronabonds" virão caso o resto falhe. Essa também é a opinião da Áustria e da Finlândia.

O cisma nisto é que os italianos, franceses e espanhóis, aceitavam essa abordagem alemã desde que isso não implicasse pré-condições enquanto os holandeses estavam isolados na birra de "castigar" os países que recorressem aos mecanismos europeus como se de desvairo e descontrole de contas publicas se tratasse.

Sim, mas o grande objectivo alemão foi conseguido. O núcleo duro alemão (admito que a Merkl tem mais abertura às coronabonds), liderado por um político do SPD, o Ministro das Finanças alemão, nem quer ouvir falar das coronabonds.

A possibilidade de criação de coronabonds nem sequer é referida, apenas referem que vão ser estudadas novas novidades de financiamento.

O problema do sobre-endividamento dos países do sul não é resolvido, antes pelo contrário, vai continuar a subir, enquanto não existir um mecanismo supranacional de crédito (BCE emitir dívida titularizada por todos).

E este último passo pode nem nunca chegar a acontecer, porque como referi, depende se a Alemanha também vá precisar ou não do instrumento!
Título: Re: "CORONABONDS"
Enviado por: miguelbud em Abril 11, 2020, 10:28:17 am
Pessoal,

Se Portugal pedir dinheiro através da actual proposta, é bom que comecem a poupar, pois até ao final do ano haverá outra cride das dividas soberanas.
Título: Re: "CORONABONDS"
Enviado por: Viajante em Abril 11, 2020, 03:29:56 pm
Pessoal,

Se Portugal pedir dinheiro através da actual proposta, é bom que comecem a poupar, pois até ao final do ano haverá outra cride das dividas soberanas.

A grande crítica feita aos 500 mil milhões de euros enunciados pelo eurogrupo é precisamente o facto de contar para o endividamento, tal e qual como agora quando um país recorre a um leilão de dívida! Ao contrário dos coronabonds ou eurobonds, na qual a dívida passava para o BCE!!!!

A crise é inevitável, os países vão ter de se endividarem mais para combaterem a crise económica, em simultãneo a riqueza do país cai e por consequência as receitas do estado também vão caír bastante.......

Talvez seja altura de olhar para os arrogantes dos Holandeses, uma das offshore da Europa, e repatriar as SGPS para Portugal, pagando a mesma taxa que na Holanda!!!!! (As SGPS servem de empresa mãe que agrega os dividendos de cada empresa e evitam os impostos pesados dos estados como o nosso. Por exemplo, o Continente, a Auchan..... pagam o IRC em Portugal do lucro obtido, por exemplo 100 milhões de euros de lucro pagam 21% de IRC ao estado, mas a diferença surge quando a SGPS distribui o lucro aos donos. Enquanto por cá, todo o lucro distribuído paga ou 28% de IRS ou a taxa intermédia do englobamento dos rendimentos, na Holanda, desde que detenham pelo menos 5% do capital, não pagam absolutamente nada!!!!)
Título: Re: "CORONABONDS"
Enviado por: miguelbud em Abril 11, 2020, 08:54:48 pm
Pessoal,

Se Portugal pedir dinheiro através da actual proposta, é bom que comecem a poupar, pois até ao final do ano haverá outra cride das dividas soberanas.

A grande crítica feita aos 500 mil milhões de euros enunciados pelo eurogrupo é precisamente o facto de contar para o endividamento, tal e qual como agora quando um país recorre a um leilão de dívida! Ao contrário dos coronabonds ou eurobonds, na qual a dívida passava para o BCE!!!!

A crise é inevitável, os países vão ter de se endividarem mais para combaterem a crise económica, em simultãneo a riqueza do país cai e por consequência as receitas do estado também vão caír bastante.......

Talvez seja altura de olhar para os arrogantes dos Holandeses, uma das offshore da Europa, e repatriar as SGPS para Portugal, pagando a mesma taxa que na Holanda!!!!! (As SGPS servem de empresa mãe que agrega os dividendos de cada empresa e evitam os impostos pesados dos estados como o nosso. Por exemplo, o Continente, a Auchan..... pagam o IRC em Portugal do lucro obtido, por exemplo 100 milhões de euros de lucro pagam 21% de IRC ao estado, mas a diferença surge quando a SGPS distribui o lucro aos donos. Enquanto por cá, todo o lucro distribuído paga ou 28% de IRS ou a taxa intermédia do englobamento dos rendimentos, na Holanda, desde que detenham pelo menos 5% do capital, não pagam absolutamente nada!!!!)

Exactamente, esta proposta nao é nada mais do que o DeLorean do filme "Regresso ao Futuro" sintonizado para recuar 10 anos no tempo. Os 2 países mais fustigados pelo Coronavirus sao a Espanha e a Italia, que já estao bastante endividados e vao-lhes meter mais dívida. Sendo estas 2 das maiores economias da zona Euro, daqui a um ano voltamos á discussao de salvar o euro. E aí sim, hou há coronobonds, ou o euro e consequentemente a UE acaba.

2 curiosidades para os mais desatentos:

1) Os países mais prejudicados com este sistema offshore holandes sao precisamente a Espanha e a Italia   :bang:

2) Logo a seguir ao acordo comercial que o Trumpo fez com a China, ele disse que ia tratar da Europa. E o Eurogrupo entrega-lhes a cabebeça da UE numa bandeja de platina. Com as principais agencias de rating e mercados de capital concentrados nos EUA, vai-se ver os downgrades dos estados soberanos em mais de um nivel de um dia para o outro. Lembram-se da anedota dos "deixa-os pousar", neste caso vai ser: "deixa-os endividarem-se".

No caso Portugues desta vez nem teremos o turismo para nos salvar, por isso arrisco mesmo dizer que será uma viajem no tempo até aos anos 80.
Título: Re: "CORONABONDS"
Enviado por: ocastilho em Abril 11, 2020, 10:42:24 pm

A grande crítica feita aos 500 mil milhões de euros enunciados pelo eurogrupo é precisamente o facto de contar para o endividamento, tal e qual como agora quando um país recorre a um leilão de dívida! Ao contrário dos coronabonds ou eurobonds, na qual a dívida passava para o BCE!!!!


Caro Viajante, há uma parte que nunca percebi ou se calhar não é para ser percebida. Os accionistas do BCE são os Estados membros. Quem é que garante que não haverá consolidação dessas posições pelos Estados Membros? Aliás, se os Coronabonds forem para ser pagos pelos EM, faz todos o sentido a consolidação da divida.

A questão é que há paises que não fazem intenção nenhuma de pagar e dai a questão dos Coronabonds. Pois a partir do momento que forem emitidos pelo BCE, estão um caminho mais perto da Senhoriagem que tanto sonham e razão pela qual uns posts acima falei de desta, pq há muito se percebeu do que se anda atrás.

Isto sem falar das implicações que teria a nível de politicas fiscais, ou melhor, a perda de poder de politicas fiscais, pq não existem almoços grátis. E achar que não haverá "mas" incluidos nos Coronabonds é, na minha opinião, inocência. 
Título: Re: "CORONABONDS"
Enviado por: miguelbud em Abril 11, 2020, 11:51:45 pm

A grande crítica feita aos 500 mil milhões de euros enunciados pelo eurogrupo é precisamente o facto de contar para o endividamento, tal e qual como agora quando um país recorre a um leilão de dívida! Ao contrário dos coronabonds ou eurobonds, na qual a dívida passava para o BCE!!!!


Caro Viajante, há uma parte que nunca percebi ou se calhar não é para ser percebida. Os accionistas do BCE são os Estados membros. Quem é que garante que não haverá consolidação dessas posições pelos Estados Membros? Aliás, se os Coronabonds forem para ser pagos pelos EM, faz todos o sentido a consolidação da divida.

A questão é que há paises que não fazem intenção nenhuma de pagar e dai a questão dos Coronabonds. Pois a partir do momento que forem emitidos pelo BCE, estão um caminho mais perto da Senhoriagem que tanto sonham e razão pela qual uns posts acima falei de desta, pq há muito se percebeu do que se anda atrás.

Isto sem falar das implicações que teria a nível de politicas fiscais, ou melhor, a perda de poder de politicas fiscais, pq não existem almoços grátis. E achar que não haverá "mas" incluidos nos Coronabonds é, na minha opinião, inocência.
Caso nao seja paga, aí os estados membros poderao "castigar" quem nao paga através de interdiçao a fundo comunitarios ou acesso a emprestimos do BEI. No entanto isto é apenas um exercício de especulaçao, pois ninguém sabe ao certo o que aconteceria se alguém se armasse em caloteiro, uma vez que isso nem chegou a ser discutido.

Quanto ao impacto nas políticas fiscais de cada estado, aí sim seria de facto o grande passo para os EUE (Estados Unidos da Europa) e nenhum governante europeu estaria de acordo com isso.
Título: Re: "CORONABONDS"
Enviado por: Viajante em Abril 12, 2020, 12:36:08 am

A grande crítica feita aos 500 mil milhões de euros enunciados pelo eurogrupo é precisamente o facto de contar para o endividamento, tal e qual como agora quando um país recorre a um leilão de dívida! Ao contrário dos coronabonds ou eurobonds, na qual a dívida passava para o BCE!!!!


Caro Viajante, há uma parte que nunca percebi ou se calhar não é para ser percebida. Os accionistas do BCE são os Estados membros. Quem é que garante que não haverá consolidação dessas posições pelos Estados Membros? Aliás, se os Coronabonds forem para ser pagos pelos EM, faz todos o sentido a consolidação da divida.

A questão é que há paises que não fazem intenção nenhuma de pagar e dai a questão dos Coronabonds. Pois a partir do momento que forem emitidos pelo BCE, estão um caminho mais perto da Senhoriagem que tanto sonham e razão pela qual uns posts acima falei de desta, pq há muito se percebeu do que se anda atrás.

Isto sem falar das implicações que teria a nível de politicas fiscais, ou melhor, a perda de poder de politicas fiscais, pq não existem almoços grátis. E achar que não haverá "mas" incluidos nos Coronabonds é, na minha opinião, inocência.

Quando criei este tópico, coloquei propositadamente o nome coronabonds! Ou seja, acredito que se estes eurobonds algum dia virem a luz do dia, a emissão será limitada no tempo e só para resolver esta crise, resumido numa grande emissão de dívida pelo BCE com o aval de todos os países. E só serão aceites, porque a crise afecta toda a UE e o mundo, independentemente das finanças individuais de cada país.

A grande diferença entre os instrumentos actuais e os coronabonds/eurobonds é o titular da dívida. Enquanto os instrumentos de linhas de crédito actuais, alocam a dívida directamente a quem solicitar tal empréstimo, os coronabonds/eurobonds não são imputados directamente a nenhum país, logo tecnicamente o seu endividamento não aumenta, aumenta sim é o risco da UE como um todo (mas não existem especuladores para medirem forças com o BCE, que já mostrou que é muito poderoso.

Vou explicar por outras palavras, para simplificar, imagine que os países são os accionistas da empresa que se chama BCE, este pode endividar-se à vontade que a responsabilidade das dívidas ficam na empresa (BCE), no máximo o accionista (países) só perde o capital que já injectou no início da criação do euro. Ao contrário, se os accionistas (países) endividarem-se individualmente, respondem pelas suas dívidas, mais ninguém!

Para além de não contar para endividamento, ainda existe uma enorme vantagem do BCE em relação aos países que fazem parte do Euro, estes últimos não podem emitir moeda, mas o BCE pode emitir teoricamente sem limite (o legionário fez uma referência que é em parte verdade, é dinheiro "falso" que faz crescer artificialmente a economia). O reverso da medalha, é que com a emissão de muita moeda, esta desvaloriza, prejudicando bastante quem mais poupa. E é por este último aspecto que os alemães são muito renitentes. Depois existe um velho fantasma da hiperinflação, que os alemães sentiram na pele nos anos 20 e que levou a um enorme desemprego e a subida de Hitler ao poder. Por esse motivo vemos que o BCE tem sempre 2 motivos de preocupação para controlar, a pedido expresso da Alemanha: o controlo da inflação (aumento dos preços) e o controlo das dívidas, para que o Euro seja uma moeda muito forte!

Voltando a traduzir por miúdos, imagine que a UE é uma família, que tem vários membros que ganham o salário mínimo, mas endividam-se como se não houvesse amanhã, para terem o novo Mercedes, TV de 100 polegadas e 100K de resolução!!! Depois há outros membros da família que ganham muito dinheiro e são uns forretas!!!! A emissão de dívida em conjunta, na prática faz com que os mais ricos fiquem menos ricos e os mais pobres fiquem mais remediados e menos endividados.

O problema aqui é como em tudo, convencer quem é rico que tem de abrir ainda mais os cordões à bolsa para dar aos mais pobres!
Acresce ainda um outro problema, ainda não resolveram o buraco dos 20 mil milhões de euros anuais para o orçamento comum da UE, pelo facto do UK ter saído!!!!!
Título: Re: "CORONABONDS"
Enviado por: ocastilho em Abril 12, 2020, 01:08:04 am
Quando criei este tópico, coloquei propositadamente o nome coronabonds! Ou seja, acredito que se estes eurobonds algum dia virem a luz do dia, a emissão será limitada no tempo e só para resolver esta crise, resumido numa grande emissão de dívida pelo BCE com o aval de todos os países. E só serão aceites, porque a crise afecta toda a UE e o mundo, independentemente das finanças individuais de cada país.

A grande diferença entre os instrumentos actuais e os coronabonds/eurobonds é o titular da dívida. Enquanto os instrumentos de linhas de crédito actuais, alocam a dívida directamente a quem solicitar tal empréstimo, os coronabonds/eurobonds não são imputados directamente a nenhum país, logo tecnicamente o seu endividamento não aumenta, aumenta sim é o risco da UE como um todo (mas não existem especuladores para medirem forças com o BCE, que já mostrou que é muito poderoso.

Vou explicar por outras palavras, para simplificar, imagine que os países são os accionistas da empresa que se chama BCE, este pode endividar-se à vontade que a responsabilidade das dívidas ficam na empresa (BCE), no máximo o accionista (países) só perde o capital que já injectou no início da criação do euro. Ao contrário, se os accionistas (países) endividarem-se individualmente, respondem pelas suas dívidas, mais ninguém!

Para além de não contar para endividamento, ainda existe uma enorme vantagem do BCE em relação aos países que fazem parte do Euro, estes últimos não podem emitir moeda, mas o BCE pode emitir teoricamente sem limite (o legionário fez uma referência que é em parte verdade, é dinheiro "falso" que faz crescer artificialmente a economia). O reverso da medalha, é que com a emissão de muita moeda, esta desvaloriza, prejudicando bastante quem mais poupa. E é por este último aspecto que os alemães são muito renitentes. Depois existe um velho fantasma da hiperinflação, que os alemães sentiram na pele nos anos 20 e que levou a um enorme desemprego e a subida de Hitler ao poder. Por esse motivo vemos que o BCE tem sempre 2 motivos de preocupação para controlar, a pedido expresso da Alemanha: o controlo da inflação (aumento dos preços) e o controlo das dívidas, para que o Euro seja uma moeda muito forte!

Voltando a traduzir por miúdos, imagine que a UE é uma família, que tem vários membros que ganham o salário mínimo, mas endividam-se como se não houvesse amanhã, para terem o novo Mercedes, TV de 100 polegadas e 100K de resolução!!! Depois há outros membros da família que ganham muito dinheiro e são uns forretas!!!! A emissão de dívida em conjunta, na prática faz com que os mais ricos fiquem menos ricos e os mais pobres fiquem mais remediados e menos endividados.



Caro Viajante, não podia discordar mais de si, ou pelo menos, parece-me que parte de premissas muito incertas (Não que tenha mal discordarmos, podemos é concordar em discordar).

Se não se importar, vou colocar por pontos as minha maiores discordâncias, penso que seja mais simples.

1) Assume que a emissão de obrigações pelo BCE não entra para o calculo da divida publica. Esta para mim é a afirmação mais "arrojada" . Por exemplo, as dividas das empresas públicas entram para o cálculo da divida pública. (A origem dos famosos contratos de locação dos EH101 resulta de até há bem "pouco" tempo isto não se passar e então era uma maneira de "fintar" o endividamento público).

2) O cenário que coloca de comparação com uma empresa de Responsabilidade Limitada não me parece correcto, pois não passa pela cabeça de ninguém deixar o BCE falir, portanto ou imprime mais dinheiro ou os EM pagam. Se é para os EM pagarem, não tenho duvidas nenhumas que tem de entrar para o endividamento público, simples. Ou a primeira hipótese, imprimir dinheiro, mas nessa parte concordo com a sua analise.

3) As nossas taxas de juros estão baixas, pq o BCE executou um programa fortíssimo para as "puxar" para baixo. Nós não passamos de bestas a bestiais assim num ápice. Aliás endividamento via os fundos Europeus, poderia até evitar termos de recorrer aos mercados e evitar que o BCE tivesse de actuar. 

Abraços e uma boa noite a todos.

Título: Re: "CORONABONDS"
Enviado por: Viajante em Abril 12, 2020, 02:04:53 am
É verdade Ocastilho, discordamos :)

Sobre a possível falência do BCE, obviamente está longe disso, ainda por cima pode emitir toneladas de euros sem limite...... mas e se alguns países abandonarem o Euro? Imagine um caso barato, o português, abandonamos o Euro (não desejo e julgo que está completamente fora de hipótese), o BCE tem mais de 36 mil milhões de dívida portuguesa no balanço e assim que saímos dizemos que não vamos pagar essa dívida (reestruturação), só aí provocamos um buraco de 36 mil milhões..... agora imagine a Itália com quase 400 mil milhões, a França com quase 450 mil milhões...... https://www.ecb.europa.eu/mopo/implement/omt/html/index.en.html

Ainda acha que o BCE não pode falir? Só é preciso começarem a saír países do euro e dizerem que não pagam a conta, que pague quem permanecer.......

Quanto à dívida dos coronabonds/eurobonds, é verdade que não se conhecem os pormenores daquilo que não existe, mas o que se sabe é que quem vai emitir a dívida é o BCE directamente ou um veículo qualquer criado para o efeito, semelhante ao MEE, os países serviriam como avalistas.
Título: Re: "CORONABONDS"
Enviado por: P44 em Abril 12, 2020, 09:16:37 am
(https://i1.wp.com/www.taxjustice.net/wp-content/uploads/2020/04/Time-for-the-EU-to-close-its-own-tax-havens_briefing-1.jpg?w=595&ssl=1)
Título: Re: "CORONABONDS"
Enviado por: FoxTroop em Abril 12, 2020, 10:30:55 am
Nem sequer estou mais preocupado com isto. Os holandeses colocaram-se a eles mesmo num buraco que vai ser lindo de ver como vão sair.

Quando isto estiver sobre controlo vai ser tempo de "acertar contas" entre os "parceiros" e, principalmente franceses e italianos, estão a estuda-la bem. E os alemães sabem também o que aí vem e nisto cai o mais fraco.
Título: Re: "CORONABONDS"
Enviado por: ocastilho em Abril 12, 2020, 11:50:52 am
Sobre a possível falência do BCE, obviamente está longe disso, ainda por cima pode emitir toneladas de euros sem limite...... mas e se alguns países abandonarem o Euro? Imagine um caso barato, o português, abandonamos o Euro (não desejo e julgo que está completamente fora de hipótese), o BCE tem mais de 36 mil milhões de dívida portuguesa no balanço e assim que saímos dizemos que não vamos pagar essa dívida (reestruturação), só aí provocamos um buraco de 36 mil milhões..... agora imagine a Itália com quase 400 mil milhões, a França com quase 450 mil milhões...... https://www.ecb.europa.eu/mopo/implement/omt/html/index.en.html


Caro Viajante, como sabe toda a actividade económica baseia-se no principio da confiança, isto é, o comprador confia que o vendedor lhe vai entregar/prestar o bem/serviço e o vendedor confia que o comprador lhe vai pagar, obviamente, isto é hiper simplificado, mas serve o propósito... Posto isto, devemos pensar quem nos emprestaria dinheiro se deixássemos de pagar? E mesmo que emprestassem, a que taxa de juro seria? Ou seja, os Franceses ou Italianos trocavam um cenário mau por um apocalíptico.  (Pelo que vou lendo por aqui, não me parece que o caro Viajante seja apologista desta solução. Mesmo assim, fica a minha observação sobre o que considero ser um não-cenário)

Quanto à dívida dos coronabonds/eurobonds, é verdade que não se conhecem os pormenores daquilo que não existe, mas o que se sabe é que quem vai emitir a dívida é o BCE directamente ou um veículo qualquer criado para o efeito, semelhante ao MEE, os países serviriam como avalistas.

Precisamente, como podemos afirmar se vai ou não acontecer o que não se sabe, aliás, sendo os Países os avalistas e sendo os EM a pagarem a sua parte, que sentido faz não ser contabilizada na divida pública? Se for para fazer uma habilidade contabilística, então não englobem o MEE na divida pública. É mais simples e aldrabice por aldrabice...

Mas como já dei a entender aqui, e agora afirmo-o, os Coronabonds(CB) são mais uma jogada de Europeístas que, nunca tendo ganho nas urnas de voto o que pretendem, tentam sempre ganhar na secretária e vale tudo... Agora a cobro de uma crise, vendem a banha da cobra de que os CB são a única e milagrosa solução. Infelizmente, não tenho duvidas de que eventualmente conseguiram o seu intento. Acabaremos em mais uma União que não votamos, onde receberemos ordens de como cobrar os nossos impostos e de como, quando e onde gasta-los, mais um pequeno, ou não, passo na perda de independência. E os que agora vociferam contra os malvados Holandeses, estarão a vociferar contra a UE, pq nunca votaram para uma união fiscal.
Bem sei que o Viajante dirá: " acredito que se estes eurobonds algum dia virem a luz do dia, a emissão será limitada no tempo e só para resolver esta crise, resumido numa grande emissão de dívida pelo BCE com o aval de todos os países.". Poderá muito bem ser assim, mas estará muito mais para cabeça-de-praia do que para esta opção.

Um abraço e bom fim-de-semana a todos.

Título: Re: "CORONABONDS"
Enviado por: Viajante em Abril 12, 2020, 02:36:07 pm
Sobre a possível falência do BCE, obviamente está longe disso, ainda por cima pode emitir toneladas de euros sem limite...... mas e se alguns países abandonarem o Euro? Imagine um caso barato, o português, abandonamos o Euro (não desejo e julgo que está completamente fora de hipótese), o BCE tem mais de 36 mil milhões de dívida portuguesa no balanço e assim que saímos dizemos que não vamos pagar essa dívida (reestruturação), só aí provocamos um buraco de 36 mil milhões..... agora imagine a Itália com quase 400 mil milhões, a França com quase 450 mil milhões...... https://www.ecb.europa.eu/mopo/implement/omt/html/index.en.html


Caro Viajante, como sabe toda a actividade económica baseia-se no principio da confiança, isto é, o comprador confia que o vendedor lhe vai entregar/prestar o bem/serviço e o vendedor confia que o comprador lhe vai pagar, obviamente, isto é hiper simplificado, mas serve o propósito... Posto isto, devemos pensar quem nos emprestaria dinheiro se deixássemos de pagar? E mesmo que emprestassem, a que taxa de juro seria? Ou seja, os Franceses ou Italianos trocavam um cenário mau por um apocalíptico.  (Pelo que vou lendo por aqui, não me parece que o caro Viajante seja apologista desta solução. Mesmo assim, fica a minha observação sobre o que considero ser um não-cenário)
Caro ocastilho, é um cenário real se efectivamente a UE colapsar! O euro está intimamente ligado à UE, e se esta colapsar…… o divórcio vai ser muito complicado! Eu não desejo, sou europeísta convicto que viu a transformação deste país desde 1986. Não quero dizer com isto que tudo é perfeito, longe disso, mas é uma hipótese que já esteve mais longe, acredite!

Quanto à dívida dos coronabonds/eurobonds, é verdade que não se conhecem os pormenores daquilo que não existe, mas o que se sabe é que quem vai emitir a dívida é o BCE directamente ou um veículo qualquer criado para o efeito, semelhante ao MEE, os países serviriam como avalistas.

Precisamente, como podemos afirmar se vai ou não acontecer o que não se sabe, aliás, sendo os Países os avalistas e sendo os EM a pagarem a sua parte, que sentido faz não ser contabilizada na divida pública? Se for para fazer uma habilidade contabilística, então não englobem o MEE na divida pública. É mais simples e aldrabice por aldrabice...

Mas como já dei a entender aqui, e agora afirmo-o, os Coronabonds(CB) são mais uma jogada de Europeístas que, nunca tendo ganho nas urnas de voto o que pretendem, tentam sempre ganhar na secretária e vale tudo... Agora a cobro de uma crise, vendem a banha da cobra de que os CB são a única e milagrosa solução. Infelizmente, não tenho duvidas de que eventualmente conseguiram o seu intento. Acabaremos em mais uma União que não votamos, onde receberemos ordens de como cobrar os nossos impostos e de como, quando e onde gasta-los, mais um pequeno, ou não, passo na perda de independência. E os que agora vociferam contra os malvados Holandeses, estarão a vociferar contra a UE, pq nunca votaram para uma união fiscal.
Bem sei que o Viajante dirá: " acredito que se estes eurobonds algum dia virem a luz do dia, a emissão será limitada no tempo e só para resolver esta crise, resumido numa grande emissão de dívida pelo BCE com o aval de todos os países.". Poderá muito bem ser assim, mas estará muito mais para cabeça-de-praia do que para esta opção.
Um abraço e bom fim-de-semana a todos.

Eu sou mais pragmático e tolerante que ocastilho. Sigo princípios e não leis feitas à medida e que mudam a cada mês (apesar de as cumprir, que remédio). E já percebi o cerne da discórdia. Eu refiro-me ao início do processo por exemplo do MEE (quem avalisa os empréstimos do MEE, é toda a UE e o BCE) e ocastilho ao fim do MEE (quem fica com o dinheiro). Quando a UE emprestou dinheiro à Grécia, Irlanda ou Portugal, primeiro foi ao mercado pedir emprestado, tendo como avalistas todos os países da UE e ainda alguns que nem faziam parte, como no caso português do Reino Unido ou da Noruega. Mas a dívida não ficou sob a responsabilidade dos países avalistas, nem do mecanismo que pediu emprestado o MEE, ficou sim sob a responsabilidade de quem recebi esse empréstimo.

E como além da área financeira, também sou da área da contabilidade, uma realidade nunca tem só 1 expressão. E vou dar-lhe exemplos. Acha que só Portugal, Irlanda e Grécia é que foram resgatados pela UE? Os orgulhosos espanhóis também foram resgatados, e pediram até mais dinheiro do que nós, só que pediram a utilização do MEE……. Em 100 mil milhões para ajudarem os bancos!!!!! Essa dívida não conta para o endividamento da Espanha, mas recebeu na mesma a ajuda do mesmo instituto que Portugal! Por isso para mim essa regra sagrada não é a preto e branco!!!!! No caso português essa ajuda conta para o deficit, no caso espanhol não!!! Onde é que está a coerência!?

Mas vou dar-lhe outro exemplo, o BCE com a ajuda do Draghi, passou a fazer uma coisa que era impossível nos tratados sagrados da CEE, que era o BCE comprar dívida dos países para baixar as taxas de juro a valores que nunca tivemos, taxas de juro negativas!!!!!!!

Sobre a falta de democracia da UE que ocastilho refere e a falta de representatividade, que nunca ganharam eleições nas urnas….. eu rio-me! A sério ocastilho? Esse argumento vindo do Farage ainda vá que não vá, porque vem da primeira democracia parlamentar do mundo, onde existem círculos uninominais de 70 000 eleitores, mas caro ocastilho:
- Eu fui votar a 6 de Outubro de 2019, para as eleições legislativas, presumo que ocastilho também. Eu não me lembro de escolher nenhum deputado com o meu voto! Eu lembro-me que dei um cheque em branco a um partido para escolher alguém que até pode nem sequer ser do distrito!!!!! Por isso a representatividade ou falta dela na UE causa-me risos!!!! Se nem um país consegue ter deputados eleitos pelo povo, como podem criticar a UE que claramente, por ser transnacional é muito mais complexa de gerir?
- E já agora, nas eleições legislativas de 4 de Outubro de 2015 também passou a governar-nos o partido mais votado? Não me diga que o governo foi formado pelo 2º partido mais votado!
- Eu nem sequer posso escolher o meu vereador do meu Município quanto mais o meu deputado! E ainda vêem falar de quem está na UE sem ganhar eleições!!!

Por isso, a legitimidade de que fala….. devemos primeiro olhar para nós e depois sim criticarmos a UE que é construída com a unanimidade de 27 países.

Desculpe o desabafo, mas colocou-se a jeito ;)

Abraço e proteja-se!
Título: Re: "CORONABONDS"
Enviado por: ocastilho em Abril 12, 2020, 05:23:59 pm

Caro ocastilho, é um cenário real se efectivamente a UE colapsar! O euro está intimamente ligado à UE, e se esta colapsar…… o divórcio vai ser muito complicado! Eu não desejo, sou europeísta convicto que viu a transformação deste país desde 1986. Não quero dizer com isto que tudo é perfeito, longe disso, mas é uma hipótese que já esteve mais longe, acredite!
No discurso e na conversa de negociação, acredito. Na realidade? Nunca. É trocar o mau pelo péssimo. Então saiamos do Euro, motivados pela falta de solidariedade e pela especulação das taxas de juro. E íamos depois atiramo-nos aos mercados a pedir financiamento, as taxas deviam ser engraçadas...


Eu sou mais pragmático e tolerante que ocastilho. Sigo princípios e não leis feitas à medida e que mudam a cada mês (apesar de as cumprir, que remédio). E já percebi o cerne da discórdia. Eu refiro-me ao início do processo por exemplo do MEE (quem avalisa os empréstimos do MEE, é toda a UE e o BCE) e ocastilho ao fim do MEE (quem fica com o dinheiro). Quando a UE emprestou dinheiro à Grécia, Irlanda ou Portugal, primeiro foi ao mercado pedir emprestado, tendo como avalistas todos os países da UE e ainda alguns que nem faziam parte, como no caso português do Reino Unido ou da Noruega. Mas a dívida não ficou sob a responsabilidade dos países avalistas, nem do mecanismo que pediu emprestado o MEE, ficou sim sob a responsabilidade de quem recebi esse empréstimo.

E como além da área financeira, também sou da área da contabilidade, uma realidade nunca tem só 1 expressão. E vou dar-lhe exemplos. Acha que só Portugal, Irlanda e Grécia é que foram resgatados pela UE? Os orgulhosos espanhóis também foram resgatados, e pediram até mais dinheiro do que nós, só que pediram a utilização do MEE……. Em 100 mil milhões para ajudarem os bancos!!!!! Essa dívida não conta para o endividamento da Espanha, mas recebeu na mesma a ajuda do mesmo instituto que Portugal! Por isso para mim essa regra sagrada não é a preto e branco!!!!! No caso português essa ajuda conta para o deficit, no caso espanhol não!!! Onde é que está a coerência!?

Caro Viajante, mas é esse um dos principais pontos a que quero chegar! É que não há grande diferença entre os CB e o MEE.

Mas para me tornar claro vou dar um exemplo:
- Suponhamos que há CB e que o nosso Pais usufrui deles no valor de 1000M€, o nosso pais fica com (+) uma posição devedora de 1000€ ao BCE. Variação da Divida Pública = 1000M€

- Suponhamos agora que não há CB e PT financia-se via MEE em 1000M€, o nosso fica com (+) uma posição devedora de 1000M€.  Variação da Divida Pública = 1000M€

Se entra ou não para o calculo efectivo, isso tem muito mais a ver com questões políticos do que propriamente com o método com o qual "arranjamos o dinheiro", aliás ambos os sistemas são "pooled funds".   

Repito outra vez, o que me parece é que os proponentes dos CB não fazem a mínima intenção de pagar de os pagar. E claro é muito mais fácil deixar a divida no BCE, pq o BCE tem uma Facilidade que o MEE não tem, "cria" dinheiro...

Não esquecendo o eventual interesse dos CBs para ajudar a consubstanciar uns verdadeiros EUE.

Mas vou dar-lhe outro exemplo, o BCE com a ajuda do Draghi, passou a fazer uma coisa que era impossível nos tratados sagrados da CEE, que era o BCE comprar dívida dos países para baixar as taxas de juro a valores que nunca tivemos, taxas de juro negativas!!!!!!!

Sobre a falta de democracia da UE que ocastilho refere e a falta de representatividade, que nunca ganharam eleições nas urnas….. eu rio-me! A sério ocastilho? Esse argumento vindo do Farage ainda vá que não vá, porque vem da primeira democracia parlamentar do mundo, onde existem círculos uninominais de 70 000 eleitores, mas caro ocastilho:
- Eu fui votar a 6 de Outubro de 2019, para as eleições legislativas, presumo que ocastilho também. Eu não me lembro de escolher nenhum deputado com o meu voto! Eu lembro-me que dei um cheque em branco a um partido para escolher alguém que até pode nem sequer ser do distrito!!!!! Por isso a representatividade ou falta dela na UE causa-me risos!!!! Se nem um país consegue ter deputados eleitos pelo povo, como podem criticar a UE que claramente, por ser transnacional é muito mais complexa de gerir?
- E já agora, nas eleições legislativas de 4 de Outubro de 2015 também passou a governar-nos o partido mais votado? Não me diga que o governo foi formado pelo 2º partido mais votado!
- Eu nem sequer posso escolher o meu vereador do meu Município quanto mais o meu deputado! E ainda vêem falar de quem está na UE sem ganhar eleições!!!

Por isso, a legitimidade de que fala….. devemos primeiro olhar para nós e depois sim criticarmos a UE que é construída com a unanimidade de 27 países.

Primeiro, o meu caro não deu cheque em branco nenhum. Os palhaços já estavam escolhidos e as propostas de circo montadas, o meu caro não saber em que palhaços votou isso é lá consigo. Eu sei nos que votei e bem sei o que me custou...
Como é óbvio, não votei por eles, mas pelo projecto nacional que constituíam (na realidade votei no mal menor, mas para o caso...), mas dai ao meu caro dizer que não têm legitimidade é um esticanço largo... E mais, garanto-lhe que partido algum que defenda a diluição da soberania Nacional para lá do razoável terá o meu voto. Claramente a politica fiscal, pelas implicações que tem em todo o resto da governança, é uma linha vermelha.

O meu caro tem todo o direito ( e o meu respeito) em ser Europeísta. Agora vai me desculpar, mas desde a tentativa falhadissima do tratado de Lisboa que os Nacionalismos não param de crescer. Porventura não seria melhor repensar se a "malta" quer ser só um Pais? Atirar gasolina para a fogueira e depois queixarem-se que ela não apaga é um pouco contraproducente. Levem o projecto de união a votos e logo se verá o que diz o Zé povinho Europeu. Mas às claras e não em cambalachos técnico-financeiros onde, depois de lá estar enfiado, só nos resta andar para a frente.
Título: Re: "CORONABONDS"
Enviado por: Viajante em Abril 12, 2020, 08:36:12 pm
Primeiro, o meu caro não deu cheque em branco nenhum. Os palhaços já estavam escolhidos e as propostas de circo montadas, o meu caro não saber em que palhaços votou isso é lá consigo. Eu sei nos que votei e bem sei o que me custou...
Como é óbvio, não votei por eles, mas pelo projecto nacional que constituíam (na realidade votei no mal menor, mas para o caso...), mas dai ao meu caro dizer que não têm legitimidade é um esticanço largo... E mais, garanto-lhe que partido algum que defenda a diluição da soberania Nacional para lá do razoável terá o meu voto. Claramente a politica fiscal, pelas implicações que tem em todo o resto da governança, é uma linha vermelha.

O meu caro tem todo o direito ( e o meu respeito) em ser Europeísta. Agora vai me desculpar, mas desde a tentativa falhadissima do tratado de Lisboa que os Nacionalismos não param de crescer. Porventura não seria melhor repensar se a "malta" quer ser só um Pais? Atirar gasolina para a fogueira e depois queixarem-se que ela não apaga é um pouco contraproducente. Levem o projecto de união a votos e logo se verá o que diz o Zé povinho Europeu. Mas às claras e não em cambalachos técnico-financeiros onde, depois de lá estar enfiado, só nos resta andar para a frente.

Ocastilha vota em Portugal? Sabe quem é o deputado que o representa na AR? É que eu sei no partido que votei, mas não escolhi nenhum dos deputados eleitos! Ocastilho faz parte de uma comissão política de um partido?

Sobre os nacionalismos....... verifica-se por todo o mundo! Os EUA com o america first, não fazem parte da UE, o Czar vitalício Putin também não é líder de um país da UE, Erdogan na Turquia também não consta que faça parte da UE...... dizer que existe nacionalismo em países da UE por causa da UE como um aspecto muito negativo (a UE não tem culpa nenhuma dos nacionalismos) e depois no mesmo parágrafo exaltar que estamos melhor sós eu considero nacionalismo! E saudável. Eu também quero que Portugal seja um país independente por mais 900 anos, sem que com isso a nossa presença na UE não signifique beliscar a nossa independência.

E já agora que falamos de independência, a nossa presença na NATO (que eu defendo) é ou não uma perda de soberania para outros países mais poderosos?.......... E a Base das Lages?

Sobre a dita escolha do povo....... (que eu não defendo que seja feita por referendo), secalhar se algum dia algum esperto decidir levar a prisão perpétua a votos (referendo), secalhar ganha e..... até é democrático se ganhar!!!!! Por isso...... coerência!
Título: Re: "CORONABONDS"
Enviado por: ocastilho em Abril 12, 2020, 09:50:51 pm
Ocastilha vota em Portugal? Sabe quem é o deputado que o representa na AR? É que eu sei no partido que votei, mas não escolhi nenhum dos deputados eleitos! Ocastilho faz parte de uma comissão política de um partido?
Se for por essa ordem ideias, ninguém, em jurisdição alguma do mundo, verdadeiramente escolhe um deputado.Percebo a sua comparação ao Sistema Inglês ou Americano. Mas o primeiro é um parlamentarismo clássico e o segundo um presidencialismo clássico também, sendo o nosso um semi-presidencialismo, a maneira como encara não me parece ser a mais correcta.


Sobre os nacionalismos....... verifica-se por todo o mundo! Os EUA com o america first, não fazem parte da UE, o Czar vitalício Putin também não é líder de um país da UE, Erdogan na Turquia também não consta que faça parte da UE...... dizer que existe nacionalismo em países da UE por causa da UE como um aspecto muito negativo (a UE não tem culpa nenhuma dos nacionalismos) e depois no mesmo parágrafo exaltar que estamos melhor sós eu considero nacionalismo! E saudável. Eu também quero que Portugal seja um país independente por mais 900 anos, sem que com isso a nossa presença na UE não signifique beliscar a nossa independência.
O meu amigo interpretou mal o que escrevi, em momento algum defendi que estávamos melhor sozinhos, defendi sim é que se for para criar uma UE-nação esta dever ir a votos e logo se vê. E que acho que não vai er grande apoio popular. É um pouco diferente.

Quanto aos Nacionalismo, parece-me óbvio que os nacionalismo na Europa têm na génese num grande sentimento anti-UE. E que certamente não será com cambalachos que os irão debelar. Mas como o meu amigo interpretou mal o que eu disse e daqui a pouco diz que defendi o "orgulhosamente sós", quando nunca disse tal coisa, fico-me por aqui.
E já agora que falamos de independência, a nossa presença na NATO (que eu defendo) é ou não uma perda de soberania para outros países mais poderosos?.......... E a Base das Lages?


E está a comparar a NATO com a UE? É que o que se discute aqui é a criação de Estado Supranacional e a consequente diluição da Nação. Somos um pais pequeno estamos sempre sujeitos ao vento das grandes potências, mas há uma diferença é que as potencias vão mudado e nós vamos ficando.

Sobre a dita escolha do povo....... (que eu não defendo que seja feita por referendo), secalhar se algum dia algum esperto decidir levar a prisão perpétua a votos (referendo), secalhar ganha e..... até é democrático se ganhar!!!!! Por isso...... coerência!

Pois, é como dizia o outro "a democracia é o pior dos regimes, à excepção de todos os outros", por isso arranje um melhor e cá estaremos para conversar, até lá, vamos aceitando o voto por maioria da malta... E já agora vá ver quantos países democráticos têm a prisão perpetua e vai ficar surpreendido...
Título: Re: "CORONABONDS"
Enviado por: ocastilho em Abril 12, 2020, 10:30:55 pm
E parece que os Italianos vão à carga!

Itália quer levantar questão dos paraísos fiscais na UE. Objetivo será o de atingir a Holanda
https://observador.pt/2020/04/12/italia-quer-levantar-questao-dos-paraisos-fiscais-na-ue-objetivo-sera-o-de-atingir-a-holanda/ (https://observador.pt/2020/04/12/italia-quer-levantar-questao-dos-paraisos-fiscais-na-ue-objetivo-sera-o-de-atingir-a-holanda/)
Título: Re: "CORONABONDS"
Enviado por: Viajante em Abril 13, 2020, 05:54:53 pm
Ocastilho? O referi e volto a reforçar, os nossos políticos não querem que tomemos decisões importantes, ou sequer que escolhemos quem nos representa numa Câmara (escolher o vereador em quem votamos) ou o deputado que preferíamos, como sucede no Reino Unido, onde cada pessoa escolhe o seu deputado!!!!

Quando referi a prisão perpétua, não estou a criticar ou a defender, apenas a constatar que mais uma vez os nossos políticos (especialmente a esquerda) não quer que nos debruçamos sobre aspectos que não lhes interessa à própria esquerda e extrema esquerda. Por vontade da esquerda e da extrema esquerda, não existiam FA, no máximo só existiam Polícias e GNR, mas sem armas!!!!

Quanto à UE, ou vai haver uma maior integração ou desintegração, é inevitável.
Quando nasceu o euro, muitos economistas alertaram que o sistema estava incompleto e precisava de muito mais, como por exemplo a harmonização fiscal. Acredito que quem criou o euro (com muito mais visão que os líderes europeus actuais), confiou que quem lhes sucedesse, iriam criar os instrumentos em falta para apoiar o euro....... talvez por genuinidade ou porque foram enganados, tal nunca sucedeu.

Mas não tenho dúvidas de que o próximo passo da UE, se decidirem avançar, vai ser a harmonização fiscal (requisito fundamental para que vários países consigam ter a mesma moeda). E se existir harmonização fiscal, talvez até um orçamento comunitário...... quem vai perder são as "offshore" da Europa.

Existe o espaço schengen e o Euro..... falta claramente a harmonização fiscal, como já referiu que a Itália vai puxar para cima da mesa. Não sei é se os países que abusam nos impostos, estão disponíveis para abrirem mão de receitas (no nosso caso basta reduzir uns milhares de rotundas pelo país , pavilhões do jogo da carica, etc).
Título: Re: "CORONABONDS"
Enviado por: ocastilho em Abril 14, 2020, 01:50:00 pm
Ocastilho? O referi e volto a reforçar, os nossos políticos não querem que tomemos decisões importantes, ou sequer que escolhemos quem nos representa numa Câmara (escolher o vereador em quem votamos) ou o deputado que preferíamos, como sucede no Reino Unido, onde cada pessoa escolhe o seu deputado!!!!

Quando referi a prisão perpétua, não estou a criticar ou a defender, apenas a constatar que mais uma vez os nossos políticos (especialmente a esquerda) não quer que nos debruçamos sobre aspectos que não lhes interessa à própria esquerda e extrema esquerda. Por vontade da esquerda e da extrema esquerda, não existiam FA, no máximo só existiam Polícias e GNR, mas sem armas!!!!

Quanto a parte das prisões não vou comentar, pq tenho uma posição semelhante à sua. :G-beer2:

Quanto ao resto, percebo o que quer dizer, mas não me parece que seja tão linear como diz. Nós, na realidade, votamos um projecto, eles votam uma cara. No entanto a ilegitimidade na criação da EUE continua a existir, nenhum dos partidos se apresentou a eleições com esse projecto de Nação Supranacional. E é uma alteração muito substantiva para se achar que pode passar sem lá estar. (Fora a possível inconstitucionalidade de tal proposta, mas isso são outros quinhentos). E sabemos bem porque não a apresentam, há muitos anticorpos à ideia, dentro dos partidos e fora, e quem for a votos com esse projecto não ganha nada. E dai eu dizer que é uma criação totalmente ilegítima. E por isso tantos cambalachos e vitórias de secretária, há que criar um colete de forças para depois dar a coisa como inevitável e consumada. Como o Viajante bem o prova quando começa a falar da inevitabilidade da "harmonização fiscal", mas sobre isso falarei mais abaixo.

Os argumentos contra os referendos são antigos, mas são extremamente falaciosos, porque tudo o que se diz contra um referendo, pode ser dito sobre uma eleição para um circulo uninominal. Porque se o povo é burro e pode ser influenciado, enganado, acicatado num referendo, também o pode ser numa eleição uninominal, como normalmente é. Agora se a soberania Nacional não é muito para ir a referendo o que será!?
 
Quanto à UE, ou vai haver uma maior integração ou desintegração, é inevitável.
Quando nasceu o euro, muitos economistas alertaram que o sistema estava incompleto e precisava de muito mais, como por exemplo a harmonização fiscal. Acredito que quem criou o euro (com muito mais visão que os líderes europeus actuais), confiou que quem lhes sucedesse, iriam criar os instrumentos em falta para apoiar o euro....... talvez por genuinidade ou porque foram enganados, tal nunca sucedeu.

Mas não tenho dúvidas de que o próximo passo da UE, se decidirem avançar, vai ser a harmonização fiscal (requisito fundamental para que vários países consigam ter a mesma moeda). E se existir harmonização fiscal, talvez até um orçamento comunitário...... quem vai perder são as "offshore" da Europa.

Existe o espaço schengen e o Euro..... falta claramente a harmonização fiscal, como já referiu que a Itália vai puxar para cima da mesa. Não sei é se os países que abusam nos impostos, estão disponíveis para abrirem mão de receitas (no nosso caso basta reduzir uns milhares de rotundas pelo país , pavilhões do jogo da carica, etc).

Curiosamente, lembro-me bem desse tempo. E das discussões na faculdade exactamente sobre a necessidade de uma politica fiscal comum. Há duas correntes e já na altura havia: uma corrente de que teria de haver uma politica comum para não haver estas movimentações de capital. E a outra corrente que defendia que estas movimentações existiriam, mas que haveria uma adaptação dos estados a esses movimentos de capital e que portanto haveria uma "concorrência fiscal" entre eles e a coisa estabilizaria.  Ainda hoje não estou certo de qual será a melhor e por isso tenho muitas duvidas sobre a "inevitabilidade" como diz. Aliás como em muitas outros assuntos que já discutimos, a "inevitabilidade" dá muito jeito a uns certos europeístas* que a conta desse argumento vão fazendo chegar a agua ao seu moinho.

Quanto ao seu comentário sobre a harmonização fiscal e a disposição para cortar receitas, concordo consigo estão todos muito ansioso por ela, mas pq julgam que vão pôr os "offshores" a cobrar mais, mas se lhes calha o contrario veremos se não mudam de opinião.  :mrgreen:

* reparei agora que tenho usado esta palavra muito e ela é dada a interpretações várias. O que pretendo dizer com ela é o sujeito que é a favor da criação dos Estados Unidos da Europa.

PS: Viajante, alegre-se pq parece que vamos nacionalizar Prejuízos, - mesmo para espezinhar aqueles porcos capitalistas(!) -, vai ser um grande negócio... falta saber é para quem...  ::) ::) :mrgreen: :mrgreen: :mrgreen:

Um Abraço.
Título: Re: "CORONABONDS"
Enviado por: ocastilho em Abril 14, 2020, 01:57:04 pm
Esqueci-me de um ponto importante, se houver de facto um politica de harmonização e esta for a nivelar pelos do sul, será interessante de ver o que acontecerá à estrutura de capital das empresas. Será que a nossa divida total aumentar mais um pouco? Veremos...
Título: Re: "CORONABONDS"
Enviado por: Viajante em Abril 14, 2020, 03:10:51 pm
Ocastilho? Quando refiro a inevitabilidade, descrevo a necessidade de uma maior integração na UE ou na sua dissolução, dificilmente acredito que vá tudo ficar na mesma!

E se vai haver uma maior integração, não tenho grandes dúvidas da necessária harmonização fiscal. Não faz sentido as fronteiras estarem abertas e alguém em Vilar Formoso tem a Galp do lado espanhol a vender o mesmo combustível 20 ou 30 cêntimos mais barato, assim como o IVA mais baixo, etc......
Agora, a harmonização fiscal é um pau de 2 bicos, porque não sei se os políticos tugas perceberam que se vamos ser mais competitivos, os impostos vão baixar, logo as receitas do estado baixam também. Na prática uma harmonização fiscal significa uma mediana ou taxas intermédias.

Sobre a nacionalização dos prejuízos..... eu nesse aspecto sou muito mais liberal. Mas qual é o problema do BES falir? Mandava os administradores para a prisão, arrestava todos os bens do todo o grupo e dos administradores. Executava todas as garantias pessoais destes últimos. Executava a garantia do Governo de Angola no valor de 5,7 mil milhões de euros. No fim pode ter a certeza que não tinha tantos prejuízos para o Estado e para os outros bancos!!!!

O nosso problema é que somos uma economia mista, a meio caminho entre o socialismo e o capitalismo. Podíamos ter aprendido como os americanos ou ingleses fizeram por lá com os bancos. Não quer dizer que façam tudo bem, mas conseguem levantar-se muito mais depressa e com menos dívida do que nós!

O caso para mim exemplar é do Madoff. Era um vigarista que provocou um buraco de 65 mil milhões de dólares. O que fez o governo americano? Sacaram todos os bens dele, dos filhos e da mulher. O julgamento durou 6 meses, note bem, durou 6 meses e foi brindado com uma pena de 150 anos na prisão!

Quer saber o que eu fazia se estivesse no lugar do Governo?
Nacionalizava a TAP, despachava os Ronaldos da TAP e metia-os a todos num avião só com ida para Vera Cruz. Vendia imediatamente o cancro da manutenção da TAP no Brasil (antiga VARIG). Assumia os leasings da frota da TAP e vendia a parte da frota que não tivesse utilização, a restante ficava na empresa ou por exemplo na FAP.

EFACEC - Temos uma oportunidade única de reavermos a empresa, porque a posição da isabelinha foi confiscada e a empresa está em dificuldades, no entanto é uma excelente empresa.

Outras empresas, estudava caso a caso e só ficava com o que fosse realmente estratégico, como a REN, as Águas, Aterros sanitários (acabava com a importação de lixo perigoso dos outros países), .....
Título: Re: "CORONABONDS"
Enviado por: HSMW em Abril 14, 2020, 04:37:16 pm
Já agora sobre a Holanda...


https://www.rtp.pt/noticias/economia/empresas-portuguesas-do-psi-20-estao-todas-na-holanda_v516168

Citar
A Jerónimo Martins é apenas uma das muitas empresas portuguesas que se transferiu para a Holanda. Das 20 maiores empresas portuguesas cotadas no PSI-20, todas estão direta ou indiretamente instaladas na Holanda.
Título: Re: "CORONABONDS"
Enviado por: nelson38899 em Abril 17, 2020, 10:40:16 am
Já agora sobre a Holanda...


https://www.rtp.pt/noticias/economia/empresas-portuguesas-do-psi-20-estao-todas-na-holanda_v516168

Citar
A Jerónimo Martins é apenas uma das muitas empresas portuguesas que se transferiu para a Holanda. Das 20 maiores empresas portuguesas cotadas no PSI-20, todas estão direta ou indiretamente instaladas na Holanda.

Olha quem é que anda a pagar a decisão Holandesa

Citar
Dutch far-right politician behind a 2016 referendum on Ukraine and the EU had fishy ties to Russia, according to a new investigation.

Thierry Baudet, an MP from the anti-EU and anti-immigrant FvD party, spoke of his Russia contacts in internal WhatsApp messages with FvD colleagues, which were leaked to Dutch investigative website Zembla and radio station De Nieuws BV.
https://euobserver.com/foreign/148099?

Ainda se vai a ver que em Portugal o Chega é pago pelos russos e o BE pela Venezuela, como é o caso do podemos em Espanha.
Título: Re: "CORONABONDS"
Enviado por: Viajante em Maio 19, 2020, 12:34:21 am
Para já não há Coronabonds!

A Tia Merkl chamou a sua velinha (Macron) e decidiram criar um fundo de apoio à economia de 500 mil milhões de euros dados aos países, a fundo perdido (o que agrada aos países do sul), mas também poderá contentar os frugases, porque são eles que vão receber a maior fatia e mais perverso ainda, este valor vem do orçamento da UE de 2021-2027 a aprovar pelos 27, que..... se estão recordados, ainda nem foi aprovado, porque os países não se entendem sobre a cobertura do buraco que o Brexit deixou para trás (mais de 20 mil milhões por ano. No limite, os países podem até nem receber nem mais um cêntimo do que recebem actualmente, mas tenhamos fé!

A velinha Macron já fez a acta, a mando da tia Merkl, com os 27 países a acordarem este pacote de ajudas (ou é isto ou nada). Os outros 25 nem sabem que estiveram na reunião, mas vão assinar de cruz.

A boa notícia para Portugal, contando que a distribuição se faça por exemplo em percentagem do PIB de cada país, como o nosso PIB pesa 1,52% na UE, teríamos direito a um pouco mais de 8 mil milhões de euros, compensando o provável corte de fundos comunitários que previsivelmente o país vai sofrer no próximo orçamento, que poderá oscilar entre 1,5 e 2,5 mil milhões de euros. E como é a fundo perdido, acabam por ser boas notícias!

A Tia Merkl vai agora instruir a sua chefe de gabinete, Von Der Leyen, a fazer o diploma a ser aprovado e executado pela Comissão Europeia!
Bem, resta-nos levantar o cheque (só em 2021?) e bater o pé ao mais que certo corte das verbas atribuídas a Portugal e em simultãneo ao nosso aumento de comparticipações anuais para o orçamento da UE. A Von Der Leyen manda o diploma ao Costa, para assinar na cruzinha previamente colocada na folha de assinaturas com o cheque pré-datado!
Título: Re: "CORONABONDS"
Enviado por: Daniel em Maio 19, 2020, 12:40:31 pm
Holanda, Áustria, Dinamarca e Suécia continuam a defender Fundo de Recuperação com empréstimos
https://jornaleconomico.sapo.pt/noticias/holanda-austria-dinamarca-e-suecia-continuam-a-defender-fundo-de-recuperacao-com-emprestimos-590131
(https://jornaleconomico.sapo.pt/wp-content/uploads/2017/05/Sebastian-Kurz.jpg?w=850&h=531&q=60&compress=auto,format&fit=crop)
Citar
A Holanda, Áustria, Dinamarca e Suécia continuam contra a ideia de que a ajuda do Fundo de Recuperação chegue aos países através de subvenções, continuando a defender que o financiamento seja feito sob a forma de empréstimos. A afirmação foi feita pelo chanceler austríaco Sebastian Kurz depois da apresentação da proposta franco-alemã esta segunda-feira.

“A nossa posição continua inalterada. Estamos prontos para ajudar os países mais afetados com empréstimos. Esperamos a atualização do Quadro Financeiro Plurianual para refletir as novas prioridades em vez de aumentar o limite máximo”, escreveu Sebastian Kurz, numa publicação no Twitter, depois de ter trocado impressões com os governantes da Dinamarca, Holanda e Suécia.

Caro Viajante, mas os nossos amigos do norte não estão lá muito virados, para fundos perdidos.  ;D
Título: Re: "CORONABONDS"
Enviado por: Viajante em Maio 19, 2020, 01:10:32 pm
Holanda, Áustria, Dinamarca e Suécia continuam a defender Fundo de Recuperação com empréstimos
https://jornaleconomico.sapo.pt/noticias/holanda-austria-dinamarca-e-suecia-continuam-a-defender-fundo-de-recuperacao-com-emprestimos-590131
(https://jornaleconomico.sapo.pt/wp-content/uploads/2017/05/Sebastian-Kurz.jpg?w=850&h=531&q=60&compress=auto,format&fit=crop)
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A Holanda, Áustria, Dinamarca e Suécia continuam contra a ideia de que a ajuda do Fundo de Recuperação chegue aos países através de subvenções, continuando a defender que o financiamento seja feito sob a forma de empréstimos. A afirmação foi feita pelo chanceler austríaco Sebastian Kurz depois da apresentação da proposta franco-alemã esta segunda-feira.

“A nossa posição continua inalterada. Estamos prontos para ajudar os países mais afetados com empréstimos. Esperamos a atualização do Quadro Financeiro Plurianual para refletir as novas prioridades em vez de aumentar o limite máximo”, escreveu Sebastian Kurz, numa publicação no Twitter, depois de ter trocado impressões com os governantes da Dinamarca, Holanda e Suécia.

Caro Viajante, mas os nossos amigos do norte não estão lá muito virados, para fundos perdidos.  ;D

Depois da Tia Merkl afirmar publicamente e ao lado do Macron, de que vai haver um fundo de 500 mil milhões a fundo perdido na UE, acha que o que afirmam as "mulheres a dias" têem alguma relevância para o caso? Resta-lhes levantar o cheque pré-datado!

Quando muito podem vingar-se na conclusão do orçamento comunitário 21/27 ainda por acordar!!!!
Título: Re: "CORONABONDS"
Enviado por: Daniel em Maio 24, 2020, 11:02:47 am
Países “frugais” apresentam plano alternativo de relançamento económico da UE
https://eco.sapo.pt/2020/05/23/paises-frugais-apresentam-plano-alternativo-de-relancamento-economico-da-ue/
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Áustria, Holanda, Dinamarca e Suécia, os chamados países “frugais”, apresentaram este sábado um plano de estímulo ao relançamento económico da União Europeia (UE) que rejeita qualquer mecanismo de financiamento por dívida comum e defende uma distribuição através de empréstimo.

De acordo com a proposta apresentada pelo gabinete do chanceler austríaco, Sebastian Kurz, a ajuda de “emergência” destinada aos países mais afetados pela pandemia passa pela atribuição de “empréstimos únicos, em condições favoráveis, direcionado para atividades que mais contribuem para a recuperação, como pesquisa e inovação, fortalecendo o setor de saúde e uma transição verde”, segundo a agência France-Presse.

Esta proposta surge depois de a França e a Alemanha terem proposto um fundo de recuperação para a UE de 500 mil milhões de euros, financiado por emissão de dívida pela Comissão Europeia e distribuído a fundo perdido, através de subvenções, aos países e setores mais afetados pela crise.

A Comissão Europeia deverá apresentar a sua proposta para o fundo de recuperação, assim como para o orçamento da UE para 2021-2027, na próxima semana, propostas que têm depois de ser aprovadas pelo Conselho Europeu, constituído pelos chefes de Estado e de Governo dos 27 Estados-membros.
Para os quatro países europeus, o financiamento desse fundo por dívida comum “permitiria que as economias europeias menos disciplinadas e mais fracas beneficiassem indevidamente de um financiamento mais barato, graças às economias mais fortes dos países do Norte”. Em contrapartida, defendem que “os países envolvidos devem assumir um firme compromisso de implementar reformas de longo alcance e de respeitar o quadro orçamentário imposto”.

Alertam também para a necessidade de proteger as verbas a distribuir de eventuais “fraudes”, num processo de fiscalização que deverá envolver “os promotores europeus e os responsáveis pelo combate à corrupção”.

A proposta, rejeita a possibilidade de qualquer “aumento significativo” do orçamento da UE, conforme previsto no plano Macron-Merkel, argumentando que o documento “deveria ser modernizado e que poderiam ser redefinidas as prioridades nas áreas com menor probabilidade de contribuir para a recuperação”. Já sobre verbas associadas à prevenção e combate ao coronavírus, a proposta dos quatro países europeus sustenta que “poderiam ser privilegiadas ou aumentadas, temporariamente, dadas as previsões económicas sombrias para este ano”.

“Fundos adicionais para a UE, por mais que sejam financiados, pesarão ainda mais nos orçamentos nacionais”, reforçam os quatro países.

Esta semana, o primeiro-ministro português, António Costa, considerou “uma excelente proposta” o plano franco-alemão para a criação de um fundo de recuperação europeu de 500 mil milhões de euros baseado em subvenções. Por outro lado, considerou essencial “vencer a resistência” daqueles quatro Estados-membros que procuram travar avanços na União Europeia, advertindo que ou saem todos os países da atual crise ou não sai ninguém.

Caro Viajante a luta continua, nos próximos episódios.