Eu gosto pessoalmente da ideia de um governo tecnocrata em que são colocados especialistas das áreas à frente dos respetivos ministérios.
O problema é que não teriam tarimba, o paleio e o jogo de cintura para aguentar o fator psicológico da política.
Eu gostava de ver o pessoal aqui do FD, chegar a um cargo na defesa e começar a falar de investimentos e cortar contratos com certas empresas aeronáuticas...
É isto mesmo. Se quem tenta ser minimamente racional, entende só ao de leve as pressões a que estão sujeitos os políticos, é dificil de imaginar como será na realidade.
Este é um problema que o Salazar já conhecia e que tentou parcialmente resolver com a Câmara Corporativa.
Uma espécie de Câmara Alta, em que estavam representados, não os cidadãos, mas sim deputados a representar os grupos de interesse ou as corporações.
O problema, é que apenas as corporações de topo acabavam por ser representadas e como os sindicatos eram impossíveis de controlar, a Câmara Corporativa não tinha como servir para nada.
E a Câmara Corporativa não era uma invenção do Salazar.
Ele inspirou-se por um lado no modelo italiano e por outro na Câmara dos Lordes, elites não eleitas, que tinham direito de veto em muito casos.
Eu já vi alguns historiadores estrangeiros, nomeadamente espanhóis, a defender que relativamente a Portugal, o que Salazar queria implantar era uma democracia, mas uma democracia só para as elites.
E isto tudo, por causa da dificuldade em controlar as corporações.