Quedei abraiado con esta afirmación. A ver se me pode aclarar, amigo papatango, esta afirmación cunha explicación máis profunda, porque eu pensei que o interese americano por vixiar o estreito de Xibraltar fora o que sacara do isolamento a España.
Pero vexo que Portugal tamén tivo algo que ver con iso.
Caro Ferrol, os meus pontos de vista não têm infelizmente nada de brilhante da minha parte. Tudo o que digo, decorre do estudo e leitura de obras publicadas.
O isolamento de Espanha era enorme a seguir á segunda guerra mundial. Espanha, ao contrario de outros países tinha enviado tropas para combater contra a União Soviética e Estaline nunca perdoou isso a Espanha. Logo a seguir a 1945 os Norte Americanos não queriam mais problemas com os Russos e consideraram a questão Espanhola, como “adiável”.
A aproximação dos Estados Unidos a Espanha, não faría grande sentido, por uma razão simples. Gibraltar é território Britânico, e por isso os americanos nem colocavam em causa a sua facilidade de acesso ao mediterrâneo via Gibraltar. Ora, se continuou a desempenhar a sua função de controlo eficaz do estreito em tempo de guerra “quente” também continuaría a desempenhar essa função em tempo de guerra “fria”.
A questão do isolamento de Espanha, e por exemplo, as tentativas espanholas de impedir Portugal por todos os meios de entrar na NATO, as questões da aproximação entre Franco e os americanos, pela mão dos diplomatas portugueses, inicialmente interessados na consolidação do regime de Franco, a seguir ao fim da guerra estão documentadas em:
“Portugal e a NATO”, do Professor Antonio José Tello, edições Cosmos.
“Roosevelt, Churchill e Salazar”, a luta pelos Açores 1939-1945,
“10 anos em Washington 1971-1981” do embaixador João Hall Themido (publicações D. Quixote) E estes são apenas alguns exemplos de livros, onde são mesmo publicadas cópias de documentos sobre estas questões. A importância dos Açores, a sua inclusão no “anel de defesa norte-americano”, a visão norte-americana da Peninsula Ibérica entre outras questões.
É igualmente interessante ler os vários livros de memórias de personalidades portuguesas, dos mais variados campos (da direita á esquerda), para chegar a estas conclusões. Conclusões que, a meu ver, são judiciosas, e extraordinariamente documentadas em factos conhecidos e outros menos conhecidos.
Não podemos esquecer por exemplo que em Portugal acreditava-se que sería possível um re-acender da guerra civil, uma vez que os principais aliados de Franco (Hitler e Mussolini) tinham sido derrotados, e o principal (do ponto de vista de Salazar) aliado da Républica Espanhola – a União Soviética – se apresentava como um incontestável vencedor.
Por isso, Portugal fez pressão junto dos americanos para que a Espanha não fosse isolada, exactamente pelo medo que o governo de Salazar tinha do perigo comunista em Espanha.
¿E por qué é un problema que España non teña nada no Atlántico Norte?¿Que intereses se supón que ten que defender España no Atlántico Norte, aparte das Canarias?
Este é um problema para a Espanha, naturalmente, não para Portugal.
Entende-se á luz do estudo dos documentos apresentados nos livros referidos.
O problema dos Americanos, quanto á guerra fria, não era o Norte de Africa, mas sim a liberdade de cruzar o Oceano Atlântico e abastecer a Europa.
Os americanos querem quem, lhes “alivie” o fardo de patrulhar o mar.
O facto de Espanha patrulhar as aguas espanholas, mas também as aguas portuguesas, é jogado pelos dirigentes militares espanhois quando se trata de receber “benesses” dos americanos. Quem apresenta mais trabalho e mais área “dominada” ou sob sua responsabilidade, aumenta no conceito dos norte-americanos, aumentando assim a sua importância geo-estratégica.
Esta foi a estratégia de Franco, foi interrompida com a politica mais pró europeia do PSOE e voltou a ser a politica do Sr. Jose Maria Aznar.
Temos a cimeira dos Açores para o provar, e curiosamente (por exemplo) as fragatas F-100, primeiros navios AEGIS não americanos para o re-confirmar.
E que a idea do Dédalo e a do PdA é a defensa das rutas marítimas, sí, pero hacia Canarias, pola cercanía cun continente tradicionalmente inestable como África.
Pela análise do mapa, podemos concluir que se o problema fosse a defesa aérea das Canárias, tal defesa sería muito mais fácil através da colocação de meios aéreos no arquipelago. O problema sería maior antes da chegada dos F-18, mas mesmo com os F-5 e com os Mirage, esse controlo seria sempre possivel.
Além do mais as Canarias, dado serem constituidas por várias ilhas, tornam-se um alvo complicado de neutralizar com um ataque. Ataque esse que por muito inestável que seja o norte de África, nenhuma dessas nações tería possibilidade de efectuar.
A prova é que o Dédalo não teve qualquer função relevante na questão da “marcha verde” de Marrocos contra o Sahara Ocidental.
Um porta-aviões, mesmo um mini porta-aviões não é preferêncialmente um meio para utilizar junto da costa, quando existem outras opções, exactamente porque é um alvo relativamente fácil. O "Principe das Asturias" é muito mais útil no Atlântico.
Como se não fosse suficiente, os documentos do ministério da defesa em Madrid, quando fazem análises sobre uma “Task Force” Espanhola, fazem-no sempre encarando o porta-aviões como aquilo que é, ou seja, um meio para defender e suplementar uma esquadra, que tem como objectivo o controlo marítimo.
Estamos no problema de sempre. A Espanha, não é suficientemente importante aos olhos dos americanos se a sua importância não for acrescida da sua capacidade de controlar as aguas portuguesas (a Z.E.E. e o chamado triangulo estratégico Continente-Açores-Madeira).
(
Isto não é uma afirmação da minha pessoa. É uma constatação decorrente da análise das posições dos americanos.)
España no se ten que opoñer a nada do que faga Portugal no uso da súa soberanía.
Estamos de acordo. O problema é que a realidade da estratégia, por detrás das portas dos ministérios da defesa dos países, é muito, mas muito diferente daquilo que se diz á imprensa, á radio e á televisão.
Não tem que se opõr, mas a realidade é que se opõe. Temos por exemplo as pressões de Madrid, para que o comando NATO que está em Oeiras, fosse retirado.
Sabe qual foi o argumento de Madrid, amigo Ferrol?“
... Os portugueses não têm meios e capacidade militar naval que justifique a manutenção do comando em Portugal ...”Uma coisa são as palavras bonitas dos dirigentes.
A outra é a realidade nua e crua, quando se começa a analisar com cuidado.
A questão economica e as relações entre Portugal e Espanha, nas suas várias vertentes, não é exactamente um grande problema. Tem que ser aceite, e temos que ser capazes de o aceitar como uma coisa positiva.
Agora, Benelux, não acredito que alguma vez venha a existir. As diferênças entre Portugal e Espanha existem, e estão vincadas na nossa memória. Não são uns quantos anos de União Europeia que vão acabar com mais de oitocentos anos de desconfiança.
Acho mesmo que o governo português não está a ter o necessário cuidado e está mesmo a brincar com o fogo