Lá está, é este tipo de situação (a confirmar-se) que não entendo.
E menos ainda não ser abordada aqui no fórum.
Tão preocupados e críticos com determinadas opções, e enterrar dinheiro a atualizar equipamentos que dão provas de estarem "cansados" passa ao lado.
Não está em causa o modelo nem o muito que já deu ao país, mas nitidamente está a revelar-se uma má opção, principalmente pelo timing.
Quando estiverem disponíveis, se chegarem a estar, serão dispensáveis.
A não ser que o objectivo seja vender.
Não é abordada no fórum? Não temos falado do contínuo atraso na entrega dos C-130H-30 modernizados na OGMA? Não temos falado que por vezes, como é agora o caso, só existe um único Hércules capaz de voar? Má opção?!? Estás a falar de uma frota de 4 aeronaves vs. uma frota… de 1 aeronave! Sim, o KC-390 tem estado a atuar muito bem, sim o KC não tem parado de um lado para o outro, mas não foi por isso e para isso mesmo que foi escolhido e adquirido? E as questões relativas ao cargueiro militar da Embraer já foram aqui discutidas
ad nauseam, com as principais queixas a serem o elevado preço unitário das células, e não ser a aeronave de projeção estratégica de que realmente precisaríamos.
Mas o Millennium constitui um grande salto tecnológico, traz uma valência inexistente na FAP pelo contínuo complexo de subaproveitamento dos sistemas de armas ao nosso dispôr (a missão de reabastecimento aéreo, que já podia ter escola em Portugal através da transformação de um C-130 em KC-130), e está a cumprir o que dele se pede e espera. E também por isso não deve ser de estranhar se nos próximos tempos for anunciada a vinda do sexto aparelho.
A frota C-130, e por conseguinte a FAP e o país, estão a sofrer as consequências do empurrar com a barriga típico cá da malta, sobretudo no que diz respeito aos equipamentos militares. Má opção modernizá-los, mesmo que tardiamente? Não acho, até porque a primeira aeronave (o mais novinho 16806) foi para Alverca em Março de 2019, e contratualmente era suposto o trabalho na frota de 4 aparelhos estar concluído, no máximo dos máximos, no primeiro semestre de 2021. Ou seja, dois anos antes da chegada do primeiro KC-390, e é por isso que a FAP admite agora (finalmente!) acionar as penalizações contratuais.
Falas de enterrar dinheiro; 16 milhões de euros para uma modernização de cockpit em 4 aeronaves é caro? Acho até ridícula a verba e o espectro desta modernização, algo que poderia ser bem mais vasto, mas não sou eu que decido naturalmente. E considero bem mais preocupante enterrar mais de 200M€ em 10 turbohélices para apoio aéreo próximo, quando por essa verba poderias ter praticamente o mesmo número de helicópteros armados, mais polivalentes, capazes de ser embarcados, etc, etc.
A frota C-130H Hércules teve pouca sorte. Uma modernização abrangente planeada para os inícios da década de 2000, uma possível venda e substituição por A400M e depois C-130J durante essa mesma década, voltar à estaca zero e pensar de novo na modernização, mas sempre a adiar para amanhã, e na altura em que realmente vai fazer, por mais singela que seja, vem a pandemia do COVID-19, as alterações aos 2 H-30 modernizados mostram problemas estruturais inesperados decorrentes do processo, e entretanto chega e entra ao serviço o seu substituto. Se eu acreditasse em teorias da conspiração, até diria que tudo isto teria sido premeditado e propositado, num claro prejuízo para o nosso país e Forças Armadas. Porém, vou acreditar que é mais do mesmo, ou seja, incompetência, incúria, descaso e mau planeamento, o que afinal talvez também não seja assim tão melhor.