O problema dos conflitos é que nunca se sabe quando podem aparecer.
São como os cogumelos.
É verdade que a NATO foi criada para conter os designios imperiais da Russia Comunista e dos seus satélites. Com o afundamento dessa ameaça, ocorreu algo estranho pois os antigos satélites juntaram-se à NATO, como garantia contra os seus antigos opressores.
A NATO acabou por se deslocar para leste, onde continua a fazer sentido nos países da Europa de leste que não têm dúvidas sobre a Rússia. Os Russos continuam com a mania das grandezas e das «áreas de influência» que estava em voga no século XIX.
Já a ocidente a ameaça praticamente desapareceu. Hoje não tememos um ataque de hordas de tanques russos, porque na Rússia já não há comunismo e as garras imperiais dos russos só atingem os países do leste da Europa.
O problema são os países islâmicos e o terrorismo, que os europeus consideram (e a meu ver bem) como um caso para as polícias tratarem e não para os exércitos.
As opiniões públicas são determinantes nisto. A maioria das pessoas acomoda-se e prefere negociar com o bandido a enfrenta-lo.
Por isso não aceitam um aumento de despesas militares.
Já os americanos não precisam da Europa para nada. No máximo os europeus oferecem dois vetos no conselho de segurança das Nações Unidas (que são apenas um conforto moral, já que o veto americano chega).
A prova está na operação contra a Líbia.
Kadafi está nas barbas da Europa e mesmo assim em alguns dias franceses e britânicos ficaram sem munições.
Os alemães nem sequer foram para a guerra, exactamente por causa das eleições.
A falta aparente de inimigos acabará se não com a NATO, pelo menos com a importância da NATO na Europa Ocidental.
A União Europeia, que habituou os europeus a negociar e a resolver os problemas à mesa, serviu também para evitar problemas adicionais. Mas mesmo aí nem tudo parece estar a funcionar.