A Classe do Embaixador Seixas da Costa

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PereiraMarques

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A Classe do Embaixador Seixas da Costa
« em: Janeiro 09, 2007, 10:37:10 pm »
Há dias, um aprendiz de  jornalista brasileiro de Porto Alegre,

de seu nome Polibio Braga, publicou a seguinte notícia:

http://www.polibiobraga.com.br/      

Portugal não merece ser visitada e os portugueses não merecem nosso reconhecimento

Há apenas uma semana, em apenas quatro anos, o editor desta página visitou pela quinta vez Lisboa, arrependendo-se pela quarta vez de ter feito isto. Portugal não merece ser visitada e os portugueses não merecem nosso reconhecimento. É como visitar a casa de um parente malquisto, invejoso e mal educado. Na sexta e no sábado, dias 24 e 25, Portugal submergiu diante de um dilúvio e mais uma vez mostrou suas mazelas. O País real ficou diante de todos. Portugal é bonito por fora e podre por dentro. O dinheiro que a União Européia alcançou generosamente para que os portugueses saíssem do buraco e alcançassem seus sócios, foi desperdiçado em obras desnecessárias ou suntuosas. Hoje, existe obra demais e dinheiro de menos. O pior de tudo é que foi essa gente que descobriu e colonizou o Brasil. É impossível saber se o pior para os brasileiros foi a herança maldita portuguesa ou a herança maldita católica. Talvez as duas .

Esta Nota mereceu a seguinte resposta do nosso Embaixador:

Brasília, 8 de Dezembro de 2006

Senhor Políbio Braga

Um cidadão brasileiro, que faz o favor de ser meu amigo, teve a gentileza de me dar a conhecer uma nota que publicou no seu site, na qual comentava aspectos relativos à sua mais recente visita a Portugal. Trata-se de um texto muito interessante, pelo facto de nele ter a apreciável franqueza de afirmar, com todas as letras, o que pensa de Portugal e dos portugueses. O modo elegante como o faz confere-lhe, aliás, uma singular dignidade literária e até estilística. Mas porque se limita apenas a uma abordagem em linhas muito breves, embora densas e ricas de pensamento, tenho que confessar-lhe que o seu texto fica-nos a saber a pouco. Seria muito curioso se pudesse vir a aprofundar, com maior detalhe, essa sua aberta acrimónia selectiva contra nós.

Por isso lhe pergunto: não tem intenção de nos brindar com um artigo mais longo, do género de ensaio didáctico, onde possa dar-se ao cuidado de explanar, com minúcia e profundidade, sobre o que entende ser a listagem de todas as nossas perfídias históricas, das nossas invejazinhas enraizadas, dos inumeráveis defeitos que a sua considerável experiência com a triste realidade lusa lhe deu oportunidade de decantar? Seria um texto onde, por exemplo, poderia deter-se numa temática que, como sabe, é comum a uma conhecida escola de pensamento, que julgo também partilhar: a de que nos caberá, pela imensidão dos tempos, a inapelável culpa histórica no que toca aos resquícios de corrupção, aos vícios de compadrio e nepotismo (veja-se, desde logo, a última parte da Carta de Pêro Vaz de Caminha), que aqui foram instilados, qual vírus crónico, para o qual, nem os cerca de dois séculos, que se sucederam ao regresso da maléfica Corte à fonte geográfica de todos os males, conseguiram ainda erradicar por completo.

Permita-me, contudo, uma perplexidade: porquê essa sua insistência e obcecação em visitar um país que tanto lhe desagrada? Pela quinta vez, num espaço de quatro anos ? Terá que reconhecer que parece haver algo de inexoravelmente masoquista nessa sua insistente peregrinação pela terra de um "parente malquisto, invejoso e mal educado". Ainda pensei que pudesse ser a Fé em Nossa Senhora de Fátima o motivo sentimental dessa rotina, como sabe comum a muitos cidadãos brasileiros, mas o final do seu texto, ao referir-se à "herança maldita católica", afasta tal hipótese e remete-o para outras eventuais devoções alternativas.

Gostava que soubesse que reconheço e aceito, em absoluto, o seu pleníssimo direito de pensar tão mal de nós, de rejeitar a "herança maldita portuguesa" (na qual, por acaso, se inscreve a Língua que utiliza). Com isso, pode crer, ajuda muito um país, que aliás concede ser "bonito por fora" (valha-nos isso !), a ter a oportunidade de olhar severamente para dentro de si próprio, através da arguta perspectiva crítica de um visitante crónico, quiçá relutante.

E porque razão lhe reconheço esse direito ? Porque, de forma egoísta, eu também quero usufruir da possibilidade de viajar, cada vez mais, pelo maravilhoso país que é o Brasil, de admirar esta terra, as suas gentes, na sua diversidade e na riqueza da sua cultura (de múltiplas origens, eu sei). Só que, ao contrário de si, eu tenho a sorte de gostar de andar por onde ando e você tem o lamentável azar de se passear com insistência (vá-se lá saber porquê!), pela triste terra dessa "gente que descobriu e colonizou o Brasil". Em má hora, claro!

Da próxima vez que se deslocar a Portugal (porque já vi que é um vício de que não se liberta) espero que possa usufruir de um tempo melhor, sem chuvas e sem um "dilúvio" como o que agora tanto o afectou. E, se acaso se constipou ou engripou com o clima, uma coisa quero desejar-lhe, com a maior sinceridade: cure-se !

Com a retribuída cordialidade
do
Francisco Seixas da Costa
Embaixador de Portugal no Brasil
 

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ricardonunes

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Re: A Classe do Embaixador Seixas da Costa
« Responder #1 em: Janeiro 09, 2007, 10:46:42 pm »
Citação de: "PereiraMarques"
Da próxima vez que se deslocar a Portugal (porque já vi que é um vício de que não se liberta) espero que possa usufruir de um tempo melhor, sem chuvas e sem um "dilúvio" como o que agora tanto o afectou. E, se acaso se constipou ou engripou com o clima, uma coisa quero desejar-lhe, com a maior sinceridade: cure-se !

Com a retribuída cordialidade
do
Francisco Seixas da Costa
Embaixador de Portugal no Brasil


Grande Embaixador :G-Ok:
Potius mori quam foedari
 

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Luso

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« Responder #2 em: Janeiro 09, 2007, 10:58:26 pm »
- Faca nele! :wink:

O Políbio deve ser um Lulista, do grupo daqueles que não gostam de si próprios...
- Vocês sabem de quem estou a falar!
 c34x
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

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Lancero

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« Responder #3 em: Janeiro 09, 2007, 11:12:06 pm »
Um comentário bem luso

Citar
09/01/2007

É sabido que os Portugueses visitam o Brasil pricipalmente para se divertirem com prostitutas. Você é a quinta vez que visita Portugal. A pergunta é; anda à procura do seu pai e não o encontra?

Adolfo Dias
Lisboa - Portugal
"Portugal civilizou a Ásia, a África e a América. Falta civilizar a Europa"

Respeito
 

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komet

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« Responder #4 em: Janeiro 09, 2007, 11:49:44 pm »
Muito bom! Os brasileiros é q estão sempre na ofensiva no que toca a estas "guerrinhas" parvas, vitimizadinhos... complexo de colonizado!
"History is always written by who wins the war..."
 

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Luso

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« Responder #5 em: Janeiro 10, 2007, 12:05:56 am »
Eu não percebo o conceito de "colonizado" em relação ao Brasil. Entendo-o como uma província, um território Português de nascença. Não vejo em que medida se justifica essa interpretação de qualquer tipo de infrioridade (se é que objectivamente "colonização" traduz alguma inferioridade, pelo menos no caso português). Sinceramente não sei. Por mim, os fantasmas são deles.
Heranças de revisionsimos "progressistas", e expiadores de problemas que não nos dizem respeito.
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

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papatango

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« Responder #6 em: Janeiro 10, 2007, 12:32:05 am »
Realmente é uma situação esquisita.

Os Africanos têem muito mais razões para falar. Eles sim foram colonizados, agora o Brasil, seguramente que não foi colonizado. Ou se foi, então os que criticam são os próprios colonizados, porque só os Indios teriam justificação para criticar os colonizadores.

Logo, este tipo de ódio de alguns, que são felizmente pouco significativos, tem ligações à esquerda festiva, mas também tem (do meu ponto de vista) ligações a uma coisa que no Brasil se chama Movimento Nativista.

Este movimento, tem a terefa ingrata de tentar explicar aos brasileiros que, não sendo na sua esmagadora maioria de origem Índia, devem agir como se o fossem.

É do Nativismo e também do movimento Integralista que vem muito do que hoje vemos no Brasil no que respeita aos nomes das localidades. Botucatú, Jacarepaguá, Congonhas, Pidamonhangaba, Jabaquara, Anhanguera, são nomes que embora fossem utilizados pelos índios foram oficialmente adoptados. Notar que os movimentos nativistas e integralistas nos anos 30 tinham conotações claramente fascistas (a famosa saudação fascista de braço estendido era «Anauê», uma saudação dos índios Tupis, que não se sabe muito bem o que significa - pelo menos há discordâncias)

Este tipo de movimento, por outro lado tem o seu oposto em movimentos que rejeitam completamente este tipo de herança e assumem não só a herança portuguesa, como chegam ao extremo de se considerarem eles os herdeiros das perdidas  tradições portuguesas. Há muitos escritos sobre os temas dos Templarios, da Ordem de Cristo e de conotações com o Brasil.

Como já aqui foi referido, o Brasil considera como sua primeira bandeira a bandeira da Ordem de Cristo que foi pela primeira vez hasteada em 1500 e não a bandeira da independência.

São movimentos opostos, cada qual com os seus argumentos e que é interessante conhecer, mantendo as distâncias sabendo que os extremos muitas vezes se tocam.

Cumprimentos
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
 

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Cabeça de Martelo

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« Responder #7 em: Janeiro 10, 2007, 01:00:40 am »
O tipo chama-se Braga...olha cá para mim o papá não deu-lhe carinho suficiente e ele ficou recentido!  :lol:
7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.

 

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komet

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« Responder #8 em: Janeiro 10, 2007, 01:26:45 am »
A sua cultura geral espanta-me papatango, não fazia ideia que havia movimentos pró-tradição portuguesa no Brasil!  :shock:
"History is always written by who wins the war..."
 

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pedro

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« Responder #9 em: Janeiro 10, 2007, 05:41:18 pm »
Isto e que eu chamo um embaixador de 1 classe.
Cumprimentos
 

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Miguel

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« Responder #10 em: Janeiro 10, 2007, 07:26:55 pm »
A imbecilidade é uma doença que atinge todas as classes sociais e etnicas.

Por min somos todos iguais.

Por min somos todos do mundo Lusófono.

Portugueses,Brasileiros,Angolanos,Timorenses etc...

Deviamos ter todos o mesmo passaporte "Mundo CPLP"

Fomos nos que fomos ao encontro desses povos no passado, nao devemos lhes virar as costas.


Eu sou Portugues,Brasileiro,Angolano,Cabo Verdeano,Mozambicano,Macaaense,Indiano de Goa ....
 

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typhonman

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« Responder #11 em: Janeiro 10, 2007, 09:55:16 pm »
O Miguel sempre a apaziguar os animos :lol: