Visto que este assunto esta novamente a ser discutido, embora noutro tópico, queria só reforçar uma ideia que já escrevi
num post mais atrás: acho que a maior estupidez que se fez foi que, ao contrário da sinergia e apoio que existiu entre a FAP e Marinha aquando a criação da Esquadrilha de Helicópteros da Marinha, não existiu uma maior colaboração entre o Exército e a FAP. Só isto teria feito uma enorme diferença na história do GALE/UALE e teria permitido reduzir custos, acelerar a aquisição dos helicópteros, e assim tornar os meios aéreos para o Exército num alvo menos apetecível para os cortes que foram feitos nas forças armadas.
Quanto às criticas que fizemos relativamente à aquisição/selecção do NH-90 para o GALE/UALE olhemos à aquisição de tanto do EH-101 e do NH-90:
A avaliação do substituto do Puma (S-92, EH-101 e Cougar) foi feita entre Setembro de 1999 e Dezembro de 2001, tendo sido feito outros estudos anteriormente a essas datas. Portugal entrou na agência NAHEMA e no programa do NH-90 em Junho de 2001, tendo ocorrido estudos e negociações antes dessa data.
Tendo em conta que o NH-90,
mesmo na versão TTH, já possui um sistema para dobrar a cauda e as hélices do rotor principal, é fabricado com compósitos para proteger dos "elementos" agressivos como o sal e areia, pode receber uma pintura especial para proteger da corrosão da água do mar, e traz equipamentos e sensores que os permitem fazer missões anfíbias e de CSAR, fica a pergunta: porquê é que raio adquirimos a versão CSAR do EH-101?
OK, percebo que o EH-101 tenha maior capacidade de carga e alcance que o NH-90, e que os três motores do EH-101 permitam maior segurança ao operar a partir de um NAVPOL/LPD comparado com um NH-90. Também aceito que o facto da FAP (Esquadra 751) fazer diariamente missões SAR num dos ambientes marítimos mais exigentes lhes dê experiência e conhecimentos para fazerem a missão CSAR. Mas então fica a pergunta: porque raio é que adquirimos um helicóptero para o Exército que vem de fábrica com um sistema para dobrar a cauda e as hélices do rotor principal e com características para operar a partir de navios?
Isto tudo criou uma duplicação de meios que não acho justificável e só aumentou os custos de aquisição e operacionais. A FAP gastou mais dinheiro em helicópteros com capacidades CSAR/anfíbias quando não era necessário e o Exército colocou todo o UALE em risco e em causa quando decidiu adquirir uma aeronave mais cara do que era necessário. (Ver o
post anterior para mais pontos.)
Sendo isto tudo agora História acho que está é na hora de acabar de vez com o UALE e colocar uma placa ou um daqueles azulejos no MDN com a seguinte frase inscrita: «Nunca confiar helicópteros ao Exército.» E já agora não pensem que acho que apenas o Exército é que teve culpa disto tudo. O MDN é quem supostamente deveria coordenar os programas de aquisição das forças armadas e no então foi incompetente ao permitir a aquisição de helicópteros EH-101 no modelo CSAR e do NH-90 em simultâneo.
Cumprimentos,