PJ+Marinha: Centro de Análises e Operações...

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Lancero

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PJ+Marinha: Centro de Análises e Operações...
« em: Outubro 05, 2006, 02:27:23 pm »
... Contra o Tráfico de Droga por Via Marítima

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2006-10-02 - 00:00:00

Tráfico marítimo: em menos de um ano
Bases de dados partilhadas

A criação do Centro de Análises e Operações contra o tráfico de droga por via marítima – que tal como o CM noticiou quarta-feira vai ser instalado em Lisboa – irá permitir às polícias de seis países (Portugal, Espanha, França, Itália, Reino Unido e Irlanda) partilhar de forma mais rápida e eficaz as bases de dados policiais de cada um dos países e da Europol. Será ainda possível à PJ solicitar a intervenção da Marinha de Guerra de outro qualquer país participante que tenha um navio perto de uma embarcação suspeita.

Segundo explicou ao CM José Brás, da Direcção Central de Investigação do Tráfico de Estupefacientes da PJ (que com a Marinha de Guerra irá representar Portugal), a nova super-estrutura europeia de combate ao tráfico de droga deverá estar em actividade em meados de 2007.

O Centro – uma aspiração antiga das polícias europeias – terá como missão a recolha, análise e partilha de informação policial. Os representantes dos seis países irão partilhar o mesmo edifício (o Ministério da Justiça está a estudar a localização exacta em Lisboa) o que facilitará o diálogo – até agora feito através de oficiais de ligação dispersos pelas embaixadas – e permitirá a Portugal o acesso à base de dados dos restantes países. “Os puzzles vão ser montados mais depressa”, afirmou.

A nova super-estrutura contará ainda com uma importante “vertente operacional coadjuvante, já que, para além dos elementos policiais, cada país irá contribuir com um oficial da sua Marinha”, adiantou José Brás. A tropa entrará em acção a pedido das autoridades policiais sempre que seja necessário descobrir, seguir ou abordar uma embarcação suspeita de estar a traficar droga.

A vantagem em contar com oficiais da Marinha de seis países é que passará a ser possível com maior rapidez, por exemplo, uma fragata espanhola agir a pedido da PJ.

“Entrará em campo a Marinha de Guerra que estiver (com meios adequados) mais perto da embarcação alvo. Se essa não puder – por estar envolvida em, por exemplo, manobras da NATO – será a outra que estiver imediatamente mais próxima”, referiu José Brás.

Este novo modo de actuação não irá pôr em causa a soberania de cada país. “Continuará a haver respeito pelas fronteiras. Os meios estrangeiros não irão actuar nas águas portuguesas, onde a responsabilidade é da nossa Marinha”, disse.

“As marinhas darão os meios mas tratar-se-ão sempre de operações policiais”, afiançou José Brás. Os exemplos de cooperação entre polícias e forças armadas têm sido muitos. Ainda na sexta-feira, e tal como o CM ontem noticiou, uma equipa de Fuzileiros abordou a pedido da PJ um iate com 800 quilos de cocaína. O mesmo já se tinha passado em Fevereiro na captura do cargueiro ‘Luna del Mar’, um navio de ‘última viagem’ que levava 2,8 toneladas de cocaína.

“Essa operação é um bom exemplo das vantagens da estrutura que agora se vai criar. O barco e a sua rota foram vigiados por 15 dias por Marinha e Força Aérea. Os fuzileiros fizeram a sua parte, abordaram o navio em alto mar e rapidamente dominaram a tripulação. Depois desembarcaram três inspectores da PJ que, com todo o seu treino, demoraram três horas a descobrir a cocaína, que estava bem escondida no porão. É esta cooperação que agora se vai estender entre polícias e militares de seis países”, justificou José Brás.

O Centro de Análises e Operações contra o tráfico de droga por via marítima – uma ideia original francesa – vai ser coordenado por todos os países, numa base de rotação anual.

REDES DE ILEGAIS USADAS

As policias internacionais estão receosas de que os traficantes que utilizam a costa ocidental africana possam estar a usar meios das redes de imigração ilegal que ali operam. Suspeita-se que em algumas viagens com ilegais para território europeu siga droga e que a maior fiscalização à imigração esteja a abrir brechas onde passam barcos com droga.

José Brás diz que essa não é, para já, uma preocupação portuguesa e relata que o fenómeno já foi identificado no País em finais de 2003. Nessa altura, um cargueiro com cerca de três toneladas de cocaína foi perseguido pela Marinha. A tripulação deitou a droga borda fora (480 quilos deram à costa entre Sines e Setúbal). O navio teve depois problemas e aportou em Lisboa. A tripulação fugiu e quando a PJ abriu o porão saíram duas dezenas de ilegais, “entre eles uma mulher e, até, um gato”. “A corveta portuguesa que está em Cabo Verde no ‘Frontex’ (operação contra a imigração ilegal) pode ser desviada para apreender um barco com droga”, esclareceu José Brás.

DROGA PESCADA EM PENICHE

Quando abriu o estranho pacote recolhido em alto mar, José Santana, proprietário da traineira ‘Afrodite’, pensava “que eram cassetes de vídeo”. Mas após uma vistoria mais pormenorizada, o pescador, de 60 anos, verificou que estava perante um fardo com 20 pacotes de cocaína. A descoberta, feita na quinta-feira, foi comunicada à Capitania do Porto de Peniche, que recolheu a droga e accionou os meios da Marinha Portuguesa para patrulhar a costa em busca de mais embalagens.

De acordo com um porta-voz do Estado-Maior da Armada, até ontem, tinham sido recolhidos quatro fardos de cocaína, num total de cerca de 80 quilos. A maioria estava a várias milhas da costa, ao largo de Peniche. Para José Santana, a droga encontrada pode fazer parte de um carregamento, atirado para o fundo do mar em coordenadas previamente estipuladas. A Armada mantém uma lancha em vigilância e o caso foi entregue à Polícia Judiciária de Leiria.

PORMENORES

VERBAS

Ainda não se sabe quem irá pagar os custos da criação e manutenção da nova estrutura policial europeia. Há duas hipóteses: ou a União Europeia paga todas as despesas; ou as mesmas serão divididas pelos seis países participantes.

UNANIMIDADE

A escolha de Lisboa para sede do Centro de Análises e Operações contra o tráfico de droga por via marítima foi feita por unanimidade numa reunião entre os seis países. “É um reconhecimento pela actividade da PJ”, justificou José Brás.

BONS RESULTADOS

A PJ apanhou no 1.º semestre deste ano mais de metade de toda a cocaína apreendida na Península Ibérica. Em 2005, ‘caçou’ 18% de toda a ‘coca’ apanhada na Europa. Há duas semanas, no Brasil, a Interpol anunciou que é apreendida 50% de toda a cocaína produzida.

http://www.correiodamanha.pt/noticia.as ... idCanal=10
"Portugal civilizou a Ásia, a África e a América. Falta civilizar a Europa"

Respeito