Alunos da PSP queixam-se de passar fome na escola

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ricardonunes

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Alunos da PSP queixam-se de passar fome na escola
« em: Julho 19, 2006, 06:39:11 pm »
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Carlos Ferreira

A Escola acolhe actualmente 905 futuros agentes. Vão integrar a PSP e a Polícia Municipal de Lisboa
A alimentação na Escola Prática de Polícia (EPP) sempre foi “o orgulho e um dos grandes marcos para todos os agentes da PSP” que passaram por Torres Novas, recorda com saudade fonte policial ao Correio da Manhã. E tal como parte dos 905 actuais candidatos à Polícia, que hoje ali vivem em internato, lamenta que actualmente “a comida não preste”, seja “tão controlada” e “as pessoas até passem fome dentro da escola”.

 
Um incêndio na messe destruiu toda a cozinha da escola, em finais de Julho do ano passado. “Até então, toda a comida aqui dentro era confeccionada e gerida por polícias”, diz uma das nossas fontes. Mas com “o acidente”, a alimentação passou a ser “inevitavelmente pré-confeccionada”, o que os polícias aceitaram – até porque lhes foi “garantido” que era transitório e que a qualidade da comida “ia melhorar”.

Só que os meses foram passando – e, “já a partir de Março deste ano, com todas as obras concluídas e a cozinha nova na EPP, a confecção da comida voltou a ser entregue à Polícia, mas uma empresa de ‘catering’, Eurest, passou a controlar toda a qualidade e quantidade da comida servida” a mais de 950 pessoas, “entre os candidatos, instrutores e outros funcionários”.

ATAQUE ÀS MÁQUINAS

O resultado dos últimos meses, garantem ao nosso jornal alguns dos futuros agentes da Polícia Municipal de Lisboa e da PSP (ver apoios), “é uma péssima qualidade da comida e em quantidades bastante diminutas”.

E a prova é que “alguns acabam de almoçar e já estão com fome”, sempre rodeados “pelos funcionários da Eurest, que andam a fiscalizar e chegam a retirar uma segunda peça de fruta às pessoas”.

A solução passa “pelo ataque às máquinas de bolos, chocolates, entre outros alimentos – pagos –, que esgotam diariamente num ápice”, para terem força para as aulas e tarefas da parte da tarde.

E segundo as nossas fontes, “há também quem saia da escola ao final da tarde com o propósito de arranjar restaurantes para jantar no exterior da escola. Só assim conseguem dormir sem fome”.

"MODELO ACTUAL É INEVITÁVEL"

O director da Escola Prática de Polícia (EPP), superintendente Vaz Antunes, confrontado pelo CM com o descontentamento dos seus formandos, reconhece que “quem acompanhou o evoluir dos tempos até pode ter algum ressentimento”, mas adianta que “o modelo actual é inevitável”.

O director recorda que, num espírito de companheirismo saudável, “antigamente recorria-se às qualidades e ao talento de cada um – quer na cozinha, quer noutras áreas –, mas lembra também que os tempos são outros. A Direcção Nacional da PSP decidiu entregar toda a gestão da alimentação da EPP a uma empresa de ‘catering’ privada, a decisão “deve ser respeitada” – e o superintendente Vaz Antunes não aceita que existam “problemas de quantidade ou qualidade da comida”, que ele próprio também come “diariamente”. “Quanto muito pode haver algum problema, mesmo assim pontual, mas de tempero...”

À MARGEM

DIRECTOR ESTRANHA

Contactado pelo CM, o director operacional da Eurest, Henrique Leite, garante que “até agora não houve qualquer reclamação por parte dos responsáveis da escola” e estranha as queixas dos alunos da PSP. “Nunca vi ninguém reclamar a repetição de um prato, por exemplo...”

905 NOVOS AGENTES

Dois cursos decorrem actualmente na escola. Enquanto 750 futuros agentes da PSP ambicionam integrar as esquadras do País, os restantes 155 formandos terão destino à Polícia Municipal de Lisboa.

PAGO PELA CÂMARA

A formação dos 155 novos agentes da PSP que vão integrar a Polícia Municipal de Lisboa é exclusivamente paga pela autarquia da capital.

INTERNATO

Os 905 futuros polícias vivem em regime de internato e só vão a casa aos fins-de-semana. Os 750 novos elementos da PSP estão na escola desde Novembro de 2005 e saem no próximo dia 28. Os restantes 155 entraram em Março e terminam o curso em Dezembro.
Potius mori quam foedari