"Portugal é apenas esperança"-Hernâni Carvalho

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« Responder #120 em: Julho 03, 2009, 04:21:12 pm »
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Economia
Portugueses desconfiam do poder político
Democracia em Portugal deixa muito a desejar
2009/07/03   13:01Carla Pinto Silva

Estudo da SEDES revela que descrédito da justiça é o maior problema. Mas Campos e Cunha não acredita que a democracia «esteja desacreditada»51% dos portugueses dão nota negativa à democracia, em Portugal, muito devido ao descrédito em relação à Justiça. A maioria acredita que esta área trata ricos e pobres de forma desigual e mais de metade dos cidadãos mostra-se pouco ou nada satisfeitos com o regime político português. Mas também há críticas quanto ao trabalho dos deputados.

São as principais conclusões do estudo «A Qualidade da Democracia em Portugal: A Perspectiva dos Cidadãos», que está a ser apresentado esta sexta-feira e que foi promovido pela Associação para o Desenvolvimento Económico e Social (SEDES).

51% dão má nota

16% dos inquiridos dizem-se «nada satisfeitos(as)» com a democracia e 35% estão «pouco satisfeitos(as)». Ou seja, 51% dos cidadãos ouvidos não estão satisfeitos com a qualidade da democracia portuguesa. Já 37% dizem-se «algo satisfeitos (as)», 9% revelam estar «bastante satisfeitos(as)» e apenas 2% garantem, a pés juntos, que estão «totalmente satisfeitos(as)», pode ler-se nas conclusões do estudo.

O ex-ministro das Finanças e actual membro do Conselho Coordenador do SEDES, Luís Campos e Cunha, revelou, em jeito de balanço, que não acredita «que a democracia esteja desacreditada».

«Estamos numa democracia madura, mas não desacreditada. Penso que hoje as pessoas estão mais exigentes e querem ser mais ouvidas. Mas há um forte descrédito da Justiça sobretudo. Ainda assim percebemos que acreditam nas eleições. Penso que este estudo não revela um cenário assim tão negro», defendeu, antes de frisar que «os cidadãos mais velhos estão sempre mais satisfeitos do que os jovens», isto porque «conheceram em tempos uma alternativa».

Justiça trata ricos e pobres de forma desigual

Mais: de acordo com o estudo 82% dos inquiridos acredita que a Justiça trata ricos e pobres de forma desigual. A maioria dos cidadãos nem sequer se sente estimulada a recorrer aos tribunais para se defender, tal é o descrédito. 79% dos inquiridos ouvidos sublinham que a Justiça trata de diferente forma políticos e cidadãos e 37% defendem que os juízes não são independentes do poder político.

«Os portugueses mostram ainda desconfiança no que diz respeito ao poder político e olham com insatisfação para o trabalho dos deputados, dos políticos», revelou o autor do estudo e investigador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, Pedro Magalhães, no IV Congresso da SEDES, que decorreu esta sexta-feira, em Lisboa.

Mas vamos a contas. Do total dos portugueses inquiridos, 23% acredita que as decisões do Executivo são condicionadas pela vontade de outros países. Já 43% consideram que o poder político não está protegido das pressões do poder económico. 60% acredita que governantes não têm em conta as opiniões dos cidadãos e 75% diz que quem está no poder pensa primeiro no seu interesse pessoal do que nos portugueses.

Espanha menos negativa

São números pessimistas face a vizinha Espanha, revela Pedro Magalhães. «A distância dos cidadãos portugueses em relação ao poder político é maior em Portugal do que em Espanha. Os portugueses consideram que quem está no poder rápido perde o sentido de se preocupar com os outros. Em Espanha, essa ideia não é tão acentuada», advogou.

Já a confiança no Presidente da República mostra outra realidade. 49% dos inquiridos acredita em Cavaco Silva para travar abusos de poder por parte do Governo e 21% até reconhece o papel do Provedor de Justiça.

Este inquérito foi feito entre os dias 13 e 23 de Março deste ano. Foram ouvidos 1.003 inquiridos, com 18 ou mais anos, residentes em Portugal Continental, seleccionados através do método de quotas, com base numa matriz que cruzou as variáveis sexo, idade (5 grupos), instrução (2 grupos), ocupação (2 grupos), região (7 regiões GFK Metris) e habitat/dimensão dos agregados populacionais.


http://www.agenciafinanceira.iol.pt/not ... iv_id=1730
"[Os portugueses são]um povo tão dócil e tão bem amestrado que até merecia estar no Jardim Zoológico"
-Dom Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas
 

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PedroM

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« Responder #121 em: Julho 21, 2009, 08:12:23 pm »
Texto 5*****. Por vezes fico quase com inveja de não ter escrito certas coisas...

AS BOAS MÁS NOTÍCIAS

Só mesmo em Portugal é que há deputados tão idiotas que chamam um ministro ao parlamento para o criticarem por se manifestar optimista quanto ao futuro. A crise tem servido para que políticos sem qualquer projecto se apresentem como abutres eleitorais, tudo fazendo para que o país se sinta mais deprimido do que já está, se é que isso é possível.

Sempre que há uma má notícia para os portugueses, ouvem-se os suspiros de um orgasmo vindos de uma orgia colectiva onde se deitam na mesma cama personalidades que em condições normais não se podem ver umas às outras. Desde a família da TVI a Manuela Ferreira Leite, passando por Louçã e Jerónimo de Sousa, ninguém esconde o desejo de ver o país afundar-se, o aumento dos problemas dos portugueses são um argumento eleitoral mais forte do que qualquer projecto alternativo que, aliás, ninguém apresenta.

Mesmo assim vão-se ouvindo boas notícias, começaram por ser os indicadores económicos e agora a notícia da escolha de Portugal pela Nissan-Renault para a instalação de uma importante fábrica de baterias. O país que há poucos anos era um exemplo de dependência energética começa a surgir como referência internacional pela aposta nas energias renováveis.

Algum político da oposição se manifestou? Nenhum, fazê-lo implicaria elogiar o governo, ainda que de forma implícita e isso nenhum político da oposição o fará.

Gostaria de ouvir a opinião de Bernardino Soares, o deputado do PCP que graças a uns truques velhacos conseguiu levar Manuel Pinho ao desespero, podendo agora fazer constar no seu currículo o facto de ter abatido um bom ministro. Mas era necessário abater Manuel Pinho, bastaria o que fez pela manutenção em Portugal da Autoeuropa para estar na lista negra do PCP, porque o sucesso da Autoeuropa só é aceitável se negociado com Jerónimo de Sousa.

Mas parece que Manuel Pinho vingou-se dos seus detractores, de alguns políticos bandalhos que saíram em sortes a este país, já depois de ter abandonado o governo viu Portugal captar mais um importante investimento, quer pela sua importância económica, quer pelo que simboliza no plano do desenvolvimento tecnológico.

A Nissan apostou em Portugal porque confiou neste país. Eu também confio, os que não confiam são aqueles para quem as más notícias são o Viagra das suas erecções políticas.
http://jumento.blogspot.com/
 

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Vicente de Lisboa

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« Responder #122 em: Julho 22, 2009, 09:26:09 am »
Me gusta bastante o Jumento, até porque sou "Socretino" myself, mas infelizmente o autor não parece querer elevar-se além do basico combate partizan na internet. Quando o PSD voltar ao poleiro, este ano ou mais tarde, duvido que seja tão imparcial como reclama que os outros devam ser.
 

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PedroM

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« Responder #123 em: Julho 24, 2009, 04:38:00 pm »
O Jumento está cada vez melhor. Mais um texto 5*****!

CIDADÃOS DE PRIMEIRA CLASSE

Com o aproximar das eleições legislativas assistimos ao reaparecimento dos cidadãos de primeira classe, gente que se julga superior ao comum dos portugueses e que tem direito a assistir ao processo político sentados na primeira fila. Lembram-me a igreja da minha terra nos tempos da minha infância, as senhoras de bem tinham direito a lugar reservado e cadeira com almofada e encostos de veludo nas duas alas laterais, os seus esposos ficavam de pé junto às portas e o Zé Povinho sentava-se nas cadeiras de pau.
Durante quatro anos estes cidadãos de primeira andaram a fazer pela vida, a coleccionar assessorias, a tratar de aumentar os lucros das suas empresas. Deles não ouvi uma palavra de esperança, uma proposta que não fosse feita a pensar nos seus próprios interesse, uma manifestação de solidariedade com uma proposta do governo ou da oposição, literalmente estiveram-se borrifando para o país e para os portugueses.
Agora que se aproximam as eleições tentam usar os seus nomes sonantes, alguns deles apoiados nos poderosos orçamentos publicitários das empresas que administram, para avaliarem governantes, decidirem decisões públicas e condicionar o futuro governo.
Onde esteve António Carrapatoso e os outros betinhos do Compromisso Portugal quando o crude chegou aos 150 dólares, quando os camionistas barraram as estradas, quando os armadores fecharam as lotas ou quando o sistema financeiro desabou? Enquanto a maioria dos portugueses tiveram que suportar as consequências destas situações de crise, o governo tentou superá-las e alguns políticos da oposição se envolveram criticando ou propondo soluções alternativas onde estiveram os Carrapatosos, os Cunhas, os Hernânis e muitos outros ilustres?
Quando o sistema financeiro desabou sobre a economia mundial deixando um rasto de miséria em todo o mundo o que preocupou personalidades como Carrapatoso? Perderam o seu tempo e puseram os seus vastos conhecimentos ao serviço do país ou andaram meses numa azáfama de reuniões para delinear estratégias com o objectivo de as suas empresas resistirem à crise senão mesmo obter proveitos?
Agora que o pior passou aparecem por todos os cantos, um para avaliar o governo, outros para o país opte por aeródromos para que o dinheiro dos contribuintes seja reservado para investimentos que favoreçam as suas empresas, outros para que os portugueses morram de forma cristã porque sem sofrimento ninguém vai para o Céu.
Se são tão brilhantes, competentes e interessados no país porque o abandonaram nas horas difíceis?
Esta gente anda quatro anos a tratarem dos seus interesses, a assegurar que as suas empresas tenham lucros que lhes proporcionem prémios absurdos e em vésperas de eleições aparecem a dizer que por serem muito bonitos e cremoso têm direito a passar à frente de todos os outros.
Peço desculpa aos que ainda têm a paciência de vir a este blogue mas não resisto à tentação de ser mal-educado, estas vedetas não merecem outro tipo de resposta. Como diria o saudoso Almirante Pinheiro de Azevedo: “vão à bardamerda!”.
http://jumento.blogspot.com/2009/07/cid ... lasse.html
 

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Re: "Portugal é apenas esperança"-Hernâni Carvalho
« Responder #124 em: Dezembro 08, 2009, 01:03:50 pm »
07 Dezembro 2009 - 09h00
Estado do Sítio
A IV República
Os queridos políticos da nossa praça andam verdadeiramente divertidos. Os outros, os indígenas que votam de quatro e quatro anos, quando votam, vão fazendo pela sua vidinha, com o coração nas mãos, cheios de medo de tudo e de mais alguma coisa.

Quem assiste ao discurso político nos tempos que correm, liga a televisão e vê debates mais ou menos violentos entre deputados e membros do Governo do senhor presidente relativo do Conselho, só pode esfregar os olhos de quando em vez para tentar perceber em que sítio vivem e de onde vieram as almas que lhes entram em casa todos os dias. E têm razão para o fazer.

O desemprego dispara para os dois dígitos e as notícias sobre o encerramento de empresas sucedem-se a um ritmo impressionante. O défice das contas do Estado vai por aí acima, a dívida pública começa a atingir valores alarmantes e o endividamento externo não pára de subir. Para agravar a situação, o tempo do dinheiro barato e dos juros baixos tem os dias contados. Em 2010 a situação vai inverter-se e quem tem empréstimos à habitação vai ver a prestação da casa voltar aos tempos antigos.

Perante este cenário cada vez mais negro aparecem os especialistas do costume a aconselhar aumentos de impostos e congelamento de salários e pensões. No fundo, as receitas do costume com os péssimos e conhecidos resultados do costume. A verdade, por muito que custe, é só uma. A hipótese de o sítio entrar em falência, como já aconteceu por outras paragens, não é irrealista e mesmo os optimistas de ontem já começam a pensar como os terríveis pessimistas que andaram anos a fio a alertar para as fantasias e ilusões vendidas pelo senhor presidente relativo do Conselho.

A situação deste sítio pobre, deprimido, manhoso e cada vez mais mal frequentado é negra e vai obviamente piorar. A classe política, da esquerda à direita, sabe disso. A classe política, da esquerda à direita, sabe que o paradigma económico está há muito esgotado e não tem soluções para o presente e o futuro.

A classe política sabe que está esgotada e sem ideias e que o regime precisa urgentemente de uma implosão. Por isso mesmo, é incapaz de fazer seja o que for. Agarrada ao poder e às mordomias será a última a querer mudanças. A implosão do regime não será provocada pela Justiça, como aconteceu em Itália nos anos oitenta. Os milhões com fome, sem emprego e sem futuro vão matar esta III República falida, podre e moribunda.



António Ribeiro Ferreira, Jornalista
"[Os portugueses são]um povo tão dócil e tão bem amestrado que até merecia estar no Jardim Zoológico"
-Dom Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas