The Great Barrington Declaration
The Great Barrington Declaration – As infectious disease epidemiologists and public health scientists we have grave concerns about the damaging physical and mental health impacts of the prevailing COVID-19 policies, and recommend an approach we call Focused Protection.
Coming from both the left and right, and around the world, we have devoted our careers to protecting people. Current lockdown policies are producing devastating effects on short and long-term public health. The results (to name a few) include lower childhood vaccination rates, worsening cardiovascular disease outcomes, fewer cancer screenings and deteriorating mental health – leading to greater excess mortality in years to come, with the working class and younger members of society carrying the heaviest burden. Keeping students out of school is a grave injustice.
Keeping these measures in place until a vaccine is available will cause irreparable damage, with the underprivileged disproportionately harmed.
https://gbdeclaration.org/#read
Eu entendo algumas das preocupações dos signatários desta declaração. Mas esta declaração está cheia de incongruências.
Primeiro e mais importante, NÃO HÁ PROVAS DE QUE EXISTA IMUNIDADE A LONGO PRAZO para este vírus. Estudos relativamente a outros coronavírus apontam que não.
Segundo, achar que é possível atingir imunidade de grupo sem um grande número de mortes é ingénuo. Mesmo com cuidados redobrados e quarentenas nunca deixaram de haver mortes. Estamos agora sem qualquer quarentena e os números estão novamente a subir. Imaginando que as taxas de mortalidade se mantêm em cerca de 2% e tendo em conta que para atingir uma hipotética imunidade de grupo teríamos de contaminar, no mínimo, mais de 60% da população, isto implicaria termos mais de 100mil mortos, só em Portugal. Em Portugal temos 89mil casos confirmados de Covid-19. É menos de 1% da população. É óbvio que devem haver mais pessoas com Covid-19, mas até atingir 60% da população ainda têm de morrer muita gente.
Terceiro, os vírus respiratórios sofrem mutações muito frequentemente. Quanto maior o número de infecções, maior é a probabilidade de mutações ocorrerem. É o que acontece com a gripe, por exemplo, e daí ser importante a vacinação anual para populações de risco. Por isso a imunidade de grupo terá de ser atingida a cada nova mutação... Quando é que isso ocorrerá? Se encontramos uma vacina ou nunca.
Quarto, ainda não se conhecem todos os efeitos a longo prazo do vírus, mas já há dados que demonstram que algumas pessoas saudáveis sofrem efeitos tanto a nível respiratório como neurológico. Achar que podemos só proteger as pessoas de risco (se é que isso é possível, quando os diabéticos e obesos e pessoas com problemas respiratórios e cardiovasculares também são de risco) que tudo vai ficar bem é profundamente ingénuo e ignora os dados conhecidos.
Quinto, o impacto no sistema de saúde de simplesmente deixar o vírus em roda livre é enorme. Não só em termos de custos com tratamentos, como também em termos de não haver camas para responder a picos de infecções.
As pessoas baseiam a sua ideia de imunidade de grupo na Suécia. Mas a Suécia em comparação com Portugal tem mais 3mil mortes. O número de infectados é superior ao nosso e têm menos 1 milhão de testes realizados do que nós. Isso tem impacto no verdadeiro número de infectados na Suécia que mesmo assim ainda está muito longe da imunidade de grupo.
Já agora a Dr.ª Gupta (uma das redactoras da declaração) dizia em Abril que o Reino Unido já teria atingido a imunidade de grupo...
O facto de a declaração ser feita no local onde existe a American Institute for Economic Research (um think tank libertário) também não ajuda a dar muita credibilidade à declaração.
https://www.theguardian.com/commentisfree/2020/oct/11/the-rebel-scientists-cause-would-be-more-persuasive-if-it-werent-so-half-baked