Sistema de segurança português

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lecavo

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« Responder #15 em: Julho 29, 2006, 02:15:29 am »
Viva! Acho que já deixei bem explicita a minha opinião - sou agente da PSP à 16 anos. Já prestei serviços em alguns Comandos de Polícia e em muitas esquadras. Já tive oportunidade de participar em operações conjuntas com GNR e com PJ (felizmente todas correram pelo melhor, com muito bons resultados e com bom entendimento entre todos os intervenientes) . Tenho amigos (verdadeiros) em ambas as forças policiais. Tenho igualmente familiares na GNR. Não posso dizer que conheço a 100% qualquer delas (GNR e PJ) mas posso afirmar com alguma certeza, que as conheço a 90%. Dito isto, se a junção de todas elas não avançar, no sentido de criar uma força única, isso apenas se deve aos interesses corporativos de algumas "classes" dentro de cada uma das actuais organizações, que fazendo lobby lá vão conseguindo travar o processo. É difícil perder privilégios. Ninguém gosta de perder nada. E o facto é que os dirigentes da GNR e da PSP, mais do que os da PJ, iam perder muitas das regalias que detêm actualmente. Acredito que os dirigentes da GNR seriam os que mais perderiam (bem como os Sargentos). Quando se fala na condição militar, fala-se nas regalias que isso tem, não se fala no paço de ganso, peito empertigado e nas paladas. Fala-se na ida para a reserva uns anitos mais cedo, ter uns ordenanças ás ordens, motoristas, viaturas, entre outras.
Quanto aos problemas alegadamente existentes na polícia austríaca e belga (que pelo que fui lendo por aqui, são muito poucos), todos resultam de questões de ordem pessoal (regalias, etc). Até agora, do que li [apenas em textos escritos em português – nunca li nada em francês acerca disso (não sei alemão)]. Em matéria de eficácia, esta aumentou drasticamente, houve uma enorme melhoria. Consultem os sites das respectivas forças e tirem as vossas conclusões.
Tenho familiares a viver no Luxemburgo, que fica mesmo ao lado da Bélgica. A proximidade a todos os níveis entre estes dois países é muito grande (também o Luxemburgo uniu as suas duas polícias), as pessoas circulam de um lado para o outro. Tenho igualmente um familiar a trabalhar no parlamento europeu. Tenho falado com eles acerca dessa questão e os ecos que me chegam, apontam para um bem-estar geral!!!!! Nunca ninguém me disse que havia problemas no ceio da polícia, pelo menos não são do conhecimento da população em geral. Perguntei-lhes se se fala disso nos jornais, na tv, etc. Todos foram unânimes em dizer que não se fala disso. Os que eles vêm é uma polícia muito motivada na rua, que acorre com grande rapidez ás diferentes ocorrências, ao invés do que acontecia anteriormente. As diversas Polícias Belgas tiveram que enfrentar uma grande contestação pública aquando dos casos de pedofilia ali acontecidos. Actualmente esse ressentimento não existe mais (não sou eu que digo, são eles que lá vivem).
Mas como todos nós sabemos, qualquer mudança traz incómodos, as pessoas habituam-se ao seu rambe rambe, à sua rotina e mudar é uma coisa “complicada”. Depois temos uma herança de 40 e tal anos de ditadura, onde a palavra de ordem era imobilismo. Todos sabemos que o 25 de Abril passou ao lado das forças de segurança. Os dirigentes ficaram todos nos seus lugares, com os mesmo postos hierárquicos, com as mesmas funções, com a mesma mentalidade, etc. Como a sua escola era a do antigo regime, tinham muita dificuldade em aceitar as novas ondas de progresso que foram chegando. Quem está dentro das forças de segurança e já cá chegou à uns anitos sabe bem do que estou a falar! Estes senhores (velhas carcaças) deixaram escola.    
Não tenham medo da mudança. Se isto avançar, mais tarde ainda me vão dar razão! Reparem na força do hezbollah e de todas as outras organizações terroristas, que não param de ameaçar o ocidente. Acham que com esta divisão de forças (quintinhas e mais quintinhas) temos alguma possibilidade de fazer frente de forma séria a esta nova ameaça? Eu não acredito!
Reitero a minha opinião. Sou da opinião que a única via a seguir é a extinção de todos os corpos e serviços de segurança e criar um único, de natureza civil, à imagem do que existe nos países nórdicos.
Um abraço.

--Lecavo
 

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lecavo

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« Responder #16 em: Julho 29, 2006, 02:32:52 am »
Já agora! Claro que o pessoal da PJ não quer perder o seu estatuto. Com base nisso, apresenta argumentos baseados em opiniões desfavoráveis à união das forças de segurança. Certamente haverá outros tantos argumentos, igualmente apresentados por veneráveis senhores, no sentido da junção - politica!
Falaram do caso português no que se refere ao desmantelamento das FP25 de Abril. Mas será que alguém acredita que as FP25 de Abril eram uma força terrorista bem organizada? como a ETA e o IRA por exemplo? já para não falar nas actuais organizações árabes. Não me façam rir. Os unicos condenados foram os arrependidos!!!! porque se eram arrependidos era porque tinham feito alguma coisa, não? então há que os condenar. Os outros.... andam todos por aí contentes da vida.
Quanto à segurança do Euro 2004, mas então o mundial de 2006 na Alemanha correu mal? A Alemanha também tem uma polícia unica!
Ais as quintinhas!!!! ninguém quer perder a sua!!!!!
Um abraço.

--Lecavo
 

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Cabeça de Martelo

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« Responder #17 em: Julho 29, 2006, 10:52:20 am »
Tens a certeza que a Alemanha só tem uma policia? Olha que o nosso Europeu foi melhor organizado e não teve nem metade dos problemas que eles tiveram com os Ingleses.
No geral concordo plenamente contigo, excepto no que se refere à PJ. Continuo a pensar que a PJ é uma instituição com missões e caracteristicas completamente diferentes da GNR e PSP (que são duas instituições com missões praticamente idênticas).
7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.

 

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PereiraMarques

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Cabeça de Martelo

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« Responder #19 em: Julho 29, 2006, 02:55:30 pm »
Bem me parecia... :wink:
7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.

 

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lecavo

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« Responder #20 em: Julho 30, 2006, 09:27:46 pm »
Viva! Na verdade a Alemanha não foi um bom exemplo, sendo uma federação de estados e como tal, cada estado tem a sua própria polícia uniformizada (à imagem da PSP, já que é civil). Mas o estatuto é igual para todos. Se circularem de Norte para sul,  de Weste para Este pela Alemanha, apenas vão ver polícia que se identifica com a palavra "POLIZEI". É um país com uma realidade muito diferente da nossa.

Mas nem sempre a informação que nos chega está correcta. Cliquem no link abaixo e vejam o que diz em relação a Portugal (Polícia National) – Aparece a PJ!!!!!!!!!!!

http://www.europol.eu.int/index.asp?page=links

Como vão poder ver, a maioria dos países aqui indicados apenas têm uma força policial.

Mas na verdade a Alemanha tem mais de uma polícia, mas a organização é de tal ordem que não há quintinhas (pelo menos a nível de informações), já que a base de dados sobre informações é comum a todas.

Em Portugal isso não acontece. A PJ tem a sua base de dados (que não partilha com mais ninguém); a PSP idem. Não sei se a GNR tem alguma coisa a que se possa chamar base de dados devidamente organizado (acho que ainda têm algum caminho a percorrer, parece-me que é de todos os órgãos de polícia criminal a que está mais atrasada neste item), mas quando tiver a sua base de dados, certamente também a vai fechar a sete chaves. Os tribunais também têm a sua. Nada disto faz sentido. Para já e antes de fazer o que quer se seja acerca da organização das policias, dever-se-ia compilar isto tudo numa base única, comum a todos e que todos carregassem (a PSP deu um salto enorme neste item com o SEI – Sistema Integrado de Informações – Acho mesmo que deveria ser copiado por todas as polícias, já que é na verdade verdadeiramente eficaz).

Esta é apenas a minha opinião. Defendo aquilo que acho ser o melhor para Portugal e para os portugueses. Estou na polícia de alma e coração. Para mim, ser polícia não é apenas um emprego, é uma missão. Quando digo que deve haver apenas uma polícia, digo-o na convicção que o país pouparia rios de dinheiro e que seria possível aumentar muito a eficácia. Deixava de haver disputas entre diversas organizações. Somos um país com 10 ou 11 milhões de habitantes. Temos cerca de 50 mil polícias. A Áustria, que tem sensivelmente o mesmo número de habitantes tem apenas 21 mil agentes, mais 3 mil funcionários a dar apoio!!!!!!!!!!! Alguém vê os 50 mil polícias na rua?
Já que se falou na Alemanha, não sei se sabem, mas na Alemanha não há nada que se pareça com o CI (corpo de intervenção), lá todos os agentes estão preparados para actuar como tal (a tal organização de que vos falei à pouco). Portugal é o país das quintas. A PSP tem um CI, a GNR também tem de ter. A PSP tem o GOE, a GNR também tem de ter (até a PJ também quer ter um). Criaram o SPNA na GNR, a PSP também já tem um semelhante. Qualquer dia a PSP também vai aparecer com bombeiros. Isto nunca mais acaba!!!!
Uma polícia única é na minha opinião o caminho a seguir. Claro que depois é necessário organizá-la, criando o departamento de trânsito; o de investigação criminal; o de patrulhamento e prevenção, um grupo de operações especiais, um serviço de protecção da natureza, etc. As pessoas fariam uma formação geral comum, mas depois enveredariam pela área que mais lhes agradasse ou que tivessem mais aptidões. Seria um “animal” com apenas uma cabeça. Hoje o que temos é um monstro tricéfalo (não sei se a palavra existe, mas se existe também não chega a espelhar a realidade do nosso país, porque o monstro tem muito mais de 3 cabeças, tem 6, já que não nos podemos esquecer do SEF;  Polícia Marítima e da Guarda Prisional).
Também não nos podemos esquecer das Polícia Municipais. Então se o Sr. Ministro do MAI tem a PSP; GNR; SEF e SIS. O Sr. Ministro da Justiça a PJ e a Guarda Prisional. O Sr. Ministro da Defesa a Polícia Marítima, então os Srs. Presidentes de Câmara não haveriam de ter direito a ter também uma polícia???? É Chique e fica bem nos prospectos das câmaras!!!!!! Não são eficazes, ninguém sabe para que servem, são caras, não faz mal, isso não interessa nada. Imaginem o Sr. Ferreira Torres, antigo presidente da Câmara do marco de Canavezes sem uma polícia?!?!  
Digam o que disserem, para mim não faz qualquer sentido (em todos os aspectos) ter mais de uma polícia.
Um abraço a todos.
Um abraço.

--Lecavo
 

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ricardonunes

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« Responder #21 em: Julho 30, 2006, 09:46:24 pm »
Citar
Mas nem sempre a informação que nos chega está correcta. Cliquem no link abaixo e vejam o que diz em relação a Portugal (Polícia National) – Aparece a PJ!!!!!!!!!!!


Referem a PJ pois é a força policial portuguesa que coopera com a Interpol.
http://www.policiajudiciaria.pt/htm/not ... terpol.htm
Potius mori quam foedari
 

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lecavo

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« Responder #22 em: Julho 31, 2006, 12:34:17 am »
Sim eu sei. Só fiz este comentário, por estar lá indicada como "Polícia Nacional".
Um abraço.

--Lecavo
 

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lecavo

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« Responder #23 em: Julho 31, 2006, 01:36:07 am »
Quando alguém aqui fala em ter uma força de segurança musculada, como razão bastante para manter uma força de segurança como a GNR com um carácter militar. Nada impede uma polícia nacional única de carácter civil, de ter um departamento especial. No seio da PSP existe o CI (Corpo de Intervenção), cujo curso de formação é em tudo semelhante a uma recruta nas tropas especiais, acrescida da formação em ordem pública. A postura/disciplina no seu interior também é semelhante a uma tropa especial. Se isso é assim tão importante, nada impedia de formar um departamento com essa natureza.

Já repararam que eu não defendo a "minha" quinta? Detesto esse espírito, acho-o mesquinho, redutor das instituições e das pessoas que lá trabalham. O primeiro pensamento de qualquer agente da autoridade ou outro qualquer funcionário público, pertença ele a que instituição for, deve ser o de servir o cidadão. Essa é a razão da sua existência. Todos sabemos que a polícia é um mal necessário. Se todos nos portasse-mos com civilidade e respeito mútuo, não havia necessidade da existência da polícia. Então se ela tem mesmo de existir, vamos fazer com que seja o mais eficiente possível ao menor custo.

O meu interesse pessoal também é importante. A verdade é que tenho muita coisa que me desagrada, também acho que sou mal pago, que não tenho equipamento moderno, que as minhas condições de trabalho são fracas, também me custa sair à noite de casa para ir trabalhar, também me custa ir trabalhar na noite de Natal, na Páscoa, no Carnaval, aos fins-de-semana, quando faço anos de casado, quando os filhos fazem anos,  que a legislação não ajuda (todos sabemos), também não gostei de que me aumentassem os tempo de serviço para chegar à reforma, etc., etc., etc. Mas que interessa isso ao cidadão que necessita da minha ajuda/serviço? Nada! Naquele momento quer apenas que eu lhe preste um bom serviço! E essa é a minha obrigação. Eu, quando chego ao hospital, fraco, doente, sem paciência, o que quero é que o médico me atenda o melhor possível. Naquela hora estou pura e simplesmente a “borrifar-me” para os problemas laborais do médico!, os problemas de organização do hospital ou do sistema de saúde! E fico chateado, claro que fico chateado se ele me atender mal. O mesmo se passa com um qualquer cidadão que procura a polícia, ele também vem “doente” e quer ser devidamente “tratado”, o que quer é sair dali “curado”.

 Infelizmente chego muitas vezes frustrado a casa, por ter consciência de que “aquele” cidadão não foi convenientemente servido. Não porque não me tenha esforçado, mas porque o "sistema" não funciona, sobretudo quando há necessidade de unir esforços entre forças de segurança. Cada uma tem o seu modo de trabalhar, os seus ritmos, os seus "vícios", etc. e quem fica a perder é o “cliente final”, que na maioria das vezes nem sabe com quem está a falar, se com um agente da PSP; um militar da GNR ou um Inspector da PJ. Se está fardado é tudo guarda. Se está à civil é tudo inspector.
Alguém aqui, apontou a natureza militar da GNR, que não podendo fazer greve, seria uma garantia por si só. A PSP também não pode fazer greve. Quando os agentes se manifestam, fazem-no na hora da sua folga, ninguém é dispensado do serviço para ir a manifestações, nem tenho conhecimento que algum colega tenha deixado de acudir a um cidadão necessitado, mesmo em momentos de grande contestação (como entrega de armas, etc.) no passado. Mesmo nesses momentos ficavam sempre agentes em número suficiente e devidamente armado e equipados para acorrer a qualquer situação que o justifica-se. A condição militar por si só não é garantia de nada. Ainda há poucos dias se falou nos órgãos de comunicação social das deserções no seio das forças armadas e da GNR. Não se sabe de qualquer caso de abandono ilegítimo de funções no seio da PSP; PJ; SEF ou Guarda Prisional!!!!!

Estou plenamente convencido que a via correcta vai no sentido da criação de um corpo nacional de polícia único em todo o território nacional. Os argumentos contrários não me convencem.
Um abraço.

--Lecavo
 

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Cabeça de Martelo

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« Responder #24 em: Julho 31, 2006, 09:00:19 pm »
Citação de: "lecavo"
Já repararam que eu não defendo a "minha" quinta? Detesto esse espírito, acho-o mesquinho, redutor das instituições e das pessoas que lá trabalham. O primeiro pensamento de qualquer agente da autoridade ou outro qualquer funcionário público, pertença ele a que instituição for, deve ser o de servir o cidadão. Essa é a razão da sua existência. Todos sabemos que a polícia é um mal necessário. Se todos nos portasse-mos com civilidade e respeito mútuo, não havia necessidade da existência da polícia. Então se ela tem mesmo de existir, vamos fazer com que seja o mais eficiente possível ao menor custo.


 :wink:
7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.

 

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lecavo

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« Responder #25 em: Julho 31, 2006, 09:36:48 pm »
Viva! Tenho de respeitar a tua opinião, vale tanto como a minha.
Mas gostaria de ler as tuas justificações. Gostava de saber em que te baseias, para achares que a PJ deve ficar de fora.
Um abraço.

--Lecavo
 

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Cabeça de Martelo

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« Responder #26 em: Agosto 01, 2006, 12:56:27 pm »
Ok, vamos ver se eu consigo fazer-me explicar.
Na PSP, GNR, Guardas Prisionais, Policia Marítima, etc.; a base destas entidades são os pobres dos guardas e dos agentes que apanham com o frio e com o calor em rondas paras manter a lei e a ordem. Na PJ a base são os inspectores, pessoal com pelo menos uma licenciatura, onde as rondas e patrulhamentos são coisa do passado. Hoje em dia a PJ é a polícia do combate ao crime de colarinho branco, onde pouco espaço à para pessoal sem uma formação mais apurada. Eu conheço vários GNR (ainda na semana passada andei à porrada com um  :wink:
7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.

 

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lecavo

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« Responder #27 em: Agosto 01, 2006, 10:30:30 pm »
Viva! Nota que o requisito de ser licenciado para "entrar" na PJ é recente. Tem apenas 2 ou 3 anos (se não me engano). Até lá, era necessário ter o 12º. ano de escolaridade. Portanto nem todos actualmente têm uma licenciatura. Mas concordo contigo quanto a essa necessidade.

Não sei ao certo quantos inspectores tem a PJ, julgo que mil e quinhentos. Como nem todos são licenciados (eu conheço mais não licenciados do que licenciados) e não faço a menor ideia dos números, vou ficar por aqui.

Repara que na PSP e na GNR, todos os oficiais são licenciados. Além desses, há muitos mais licenciados. Atrevo-me a dizer que, em relação à PJ, haverá mais do dobro de licenciados nestas duas corporações (em números absolutos) do que o total do efectivo da PJ. Não te posso dizer que isto seja verdade absoluta. Faço esta afirmação de forma empírica, baseada na observação simples. Mas não penses que atirei com este número de forma leviana. Obriguei-me a pensar.

Podes conhecer apenas Agentes da PSP e Soldados da GNR já com uns anitos, porque de há mais ou menos dez anos a esta parte, não entra ninguém sem o 12º. ano, embora a exigência seja apenas o 11º. Mas da forma como estão organizados os concursos, quem não tiver o 12º. ano, dificilmente consegue entrar, a menos que faça provas muito, mas mesmo muito boas. Se tivesses acesso aos processos de candidatura, ias ver que há uma percentagem muito grande de licenciados a concorrer à PSP (penso que se passa o mesmo com a GNR).

Nesse campo a PSP e a GNR não estão atrás da PJ. Os actuais serviços de investigação criminal da PSP e da GNR substituíram a PJ na investigação de crimes cuja moldura penal vai até penas de prisão até 5 anos. Vais-me desculpar a imodéstia, mas com muito bons resultados. Sou da opinião (facciosa, claro) de que os cidadãos não ficaram a perder com essa mudança. Só a PSP tem mais ou menos o dobro dos investigadores da PJ. Agora acrescenta-lhe os investigadores da GNR e vê o número que isso dá!!!!!! Com uma grande vantagem, é que todo o efectivo trabalha em conjunto. O homem que anda fardado a patrulhar o bairro, quando termina o turno de serviço apresenta um relatório, que todos os investigadores vão consultar. Se um investigador necessita de saber onde pára um fulano com um olho azul e outro verde, basta pedir às centenas de patrulheiros que saiêm para a rua, para se o virem lhes dar um “toque”. Tás a ver o filme? Os inspectores da PJ não têm acesso a esse relatório nem a esta facilidade de ter centenas de olhos espalhados pela cidade. Não sei se sabes, mas vais ficar a saber. Todo o criminoso, mesmo o mais "evoluído" está ligado ao pequeno criminoso, necessita dele como operacional. Portanto a observação atenta do pequeno criminoso diz-nos muito do grande crime, do crime organizado, dá-nos muitas pistas do que se está a passar. A PJ não saindo para a rua ou não tendo ninguém na rua para lhe fazer chegar esta informação, fica cega. Já percebeste onde eu queria chegar com o guardar da informação por parte de cada uma das forças de segurança, e da criação de uma polícia única para resolver este problema? É que quer queiramos quer não, a PSP vai continuar a sonegar a suas informações, a GNR idem e a PJ também vai continuar a fazer o mesmo.

Mas tudo isso podia ser acautelado. Nada impede que viesse a ser criado um corpo de elite de investigação criminal. Isso hoje já se passa com certos serviços dentro da PSP, só licenciados os podem exercer! Como vês esse argumento também pode ser desmontado.

Moral da história: Quem perde é o cidadão. O “meu” vai continuar a ser depositado no banco todos os meses, mesmo que o criminoso não seja detido.

Um abraço.
« Última modificação: Agosto 02, 2006, 05:58:51 pm por lecavo »
Um abraço.

--Lecavo
 

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Cabeça de Martelo

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« Responder #28 em: Agosto 02, 2006, 12:06:58 am »
Seu...faccioso! :lol:
Gostei muito do teu texto e quase...quase que estás a fazer-me mudar de idéias. Fora de brincadeiras, até porque o assunto é para ser encarado com seriadade, acho que sem dúvida alguma algo deve ser mudado, já que o desperdicio em termos humanos e materiais são por demais evidentes. Não sei qual é o futuro, mas de certeza que há de haver mudanças nas politicas de segurança interna.
Caro lecavo, continue a postar, porque está a dar uma imagem muito mais detalhada e próxima da realidade das nossas forças de segurança.
7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.

 

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othelo

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« Responder #29 em: Agosto 02, 2006, 11:01:10 pm »
Respeitando a opinião do Cabeça de Martelo, tenho a certeza que a PJ não devia  actualmente ser aberta unicamente a licenciados, devia isso sim, ser aberta a quem tivesse "espirito" para o trabalho de investigação, lembrem-se que os elementos mais condecorados da PJ, a esmagadora maioria não são licenciados e estes ultimos sempre estiveram presentes em toda a estrutura dessa Policia.
A licenciatura embora sendo uma mais valia, não valida um bom investigador de campo, e isso ficou para mim visivel nos dois concursos a que concorri, onde verifiquei que nas fases finais destes mais de 80% dos concorrentes aprovados não eram titulares de grau academico superior.

Lecavo,
Na PSP nem todos os oficiais são licenciados, repara no pessoal da carreira de base, que podem chegar ao posto de Intendente, e onde a experiência de uma carreira tem todo o peso.
Olha que a PJ tem muito poucos informadores, mas os que tem são muito bons, tendo a vantajem, e dessa fama ninguem os livra de poder trabalhar com as "armas" que levaram à desgraça do Pelotão de Segurança do Porto, que tantos e bons exitos teve.

As técnicas de  interrogatório aprendem-se (tenho 02 livros "arranjados" na EPP acerca do assunto) sendo que o mais importante é a preparação e a perspicácia do interrogador, e para isso não é necessário um curso superior.
Alguns dos maiores exitos policiais dos ultimos anos são da PSP, e isso deve-se à "garra" dos investigadores e muitos dos exitos da PJ, baseiam-se em iniciativas da PSP e GNR, que por força da lei, tiveram que lhes passar o "serviço".
O próprio mérito das antigas Brigadas da PSP, foi à alguns anos anos atrás reconhecido pela própria PJ, elementos a quem eles recorriam com muita assiduidade.
Olho por Olho, Dente por Dente