Guerra Colonial: Experiências/Testemunhos Pessoais

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tenente

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Re: Guerra Colonial: Experiências/Testemunhos Pessoais
« Responder #180 em: Julho 11, 2020, 09:06:56 pm »
Por serem pretos eram de alguma forma vistos como inferiores ou alvo de discriminação?

Camuflage, nunca foste Militar, correcto ?
É que para fazeres essa pergunta.... Nem os Rhodesianos do RLI o eram para os elementos do RAR, qianto mais nós.

Abraços
« Última modificação: Julho 11, 2020, 09:56:00 pm por tenente »
Quando um Povo/Governo não Respeita as Suas FFAA, Não Respeita a Sua História nem se Respeita a Si Próprio  !!
 

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Camuflage

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Re: Guerra Colonial: Experiências/Testemunhos Pessoais
« Responder #181 em: Julho 11, 2020, 10:57:34 pm »
No tempo do ultramar nem era nascido  ;D
 

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PereiraMarques

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Re: Guerra Colonial: Experiências/Testemunhos Pessoais
« Responder #182 em: Setembro 03, 2020, 10:44:26 am »
Portaria n.º 210/2020 - Diário da República n.º 172/2020, Série I de 2020-09-03141721439
DEFESA NACIONAL
Aprova o modelo de cartão de antigo combatente

https://dre.pt/web/guest/home/-/dre/141721439/details/maximized
 

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Re: Guerra Colonial: Experiências/Testemunhos Pessoais
« Responder #185 em: Março 18, 2021, 12:59:43 am »




15 de Março: 60 Anos do Massacre que Vitimou 7000 Portugueses

Há exactamente 60 anos, no dia 15 de Março de 1961, registou-se no Norte de Angola, em pouco mais de 48 horas, um dos mais terríveis crimes contra a Humanidade: o bárbaro assassinato de aproximadamente 7.000 Portugueses civis (cerca de 1.000 brancos e 6.000 negros), residentes em zonas predominantemente rurais dos distritos do Congo, Quanza Norte e Luanda.

Os ataques foram perpetrados sob a bandeira da UPA (União das Populações de Angola) – futura FNLA – Frente Nacional de Libertação de Angola, movimento terrorista, que iria compor com a UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola) e o MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola), a frente de “libertação” de Angola, adversária de armas das Forças Armadas Portuguesas nos 13 anos subsequentes.

Começava assim o terrorismo e a guerrilha em Angola. Mais tarde, o fenómeno foi alastrado para as províncias da Guiné Portuguesa (1963) e Moçambique (1964). Naquele fatídico dia, iniciava-se sem se saber, a Guerra do Ultramar.



Contudo, foram os negros “bailundos” (povo banto, do grupo ovimbundo, instalado no planalto central de Angola, que sazonalmente se deslocava para o “norte”, para trabalhar nos densos e produtivos cafezais) os mais fustigados pela fúria dos sanguinários, súbditos de Holden Roberto, nos dias 15 e 16 de Março de 1961: quem não foi seduzido pelos terroristas, não aderindo à revolta contra os “patrões colonialistas”, foi prontamente e impiedosamente torturado e liquidado.


A imagem mais icónica, mostrando no enquadramento um adulto decapitado e dois bebés que, segundo certos autores, foram mortos à catanada.

Resposta Militar

Em Angola, os efectivos militares contavam, no início de 1961, com 5.000 africanos e 1.500 metropolitanos, mal-armados e deficientemente equipados. Num território 14 vezes maior que Portugal Continental, a densidade média era de um soldado para cada 30 km².

O facto de nos encontrarmos à data destes trágicos acontecimentos, em plena época das chuvas no Norte de Angola, não ajudou também as populações massacradas, pois dificultando-lhes ou impossibilitando-lhes a fuga para “portos seguros” – como Carmona ou Luanda, não ajudou as parcas forças militares e policiais terrestres a chegarem sem demora às zonas assoladas. A escolha da estação das chuvas para a realização da acção terrorista não foi de todo aleatória, mas pelo contrário, decisiva para a UPA e co-organizadores na marcação da data do ataque.

A resposta militar ao 15 de Março tardou. Só havia quatro unidades de Caçadores Especiais em Angola.....

Artigo completo em:
https://noticiasviriato.pt/15-de-marco-60-anos-do-massacre-que-vitimou-7000-portugueses
« Última modificação: Março 18, 2021, 01:07:43 am por HSMW »
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Re: Guerra Colonial: Experiências/Testemunhos Pessoais
« Responder #186 em: Março 18, 2021, 10:17:32 am »
Foi há 60 anos: o início da guerra colonial

Citar
E o resto é historia - Observador
Os massacres no Norte de Angola a 15 de Março de 1961, as razões que conduziram à revolta e até que ponto iniciar uma guerra em África na década de 60 foi (ou não) uma decisão absurda de Salazar.
Quidquid latine dictum sit, altum videtur
 

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Re: Guerra Colonial: Experiências/Testemunhos Pessoais
« Responder #187 em: Março 19, 2021, 11:23:24 pm »
Foi há 60 anos: o início da guerra colonial

Citar
E o resto é historia - Observador
Os massacres no Norte de Angola a 15 de Março de 1961, as razões que conduziram à revolta e até que ponto iniciar uma guerra em África na década de 60 foi (ou não) uma decisão absurda de Salazar.

E os massacres em Timor depois da fuga das autoridades portuguesas ; é responsabilidade de quem ?
As centenas de milhar de vitimas em Angola e Moçambique depois  da retirada desordenada dos militares portugueses em 1974/1975, são da responsabilidade de quem ?
O massacre dos comandos africanos da Guiné, é responsabilidade de quem ?
A responsabilidade é dos "Ventos da Historia"  ou de algumas dúzias de covardes e de vendidos, civis e militares que não tiveram tomates para cumprir o seu dever e de honrar os seus camaradas caídos ?
Quando alguém decide entrar para uma Academia militar não é para pavonear os galões dourados,  é para fazer a guerra pela sua Pátria e para defender o seu povo quando, e se, for necessário.  No caso de Portugal foi necessário faze-lo em Africa para defender populações indefesas face à barbarie fomentada e financiada pela URSS, China, EUA, Suécia e outras democracias que se estavam estritamente a borrifar para a "liberdade dos povos" o que esses FDP queriam e obtiveram, foi o controle de recursos.

Continue a chorar os seus camaradas perdidos  eu também choro os meus, mas sei o que vc parece que não sabe : a liberdade, a Verdadeira liberdade, a nossa e a dos nossos, custa caro. No caso da "liberdade" dos angolanos, guineenses, etc ...  ainda continuam à espera !

« Última modificação: Março 19, 2021, 11:25:56 pm por legionario »
 
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Re: Guerra Colonial: Experiências/Testemunhos Pessoais
« Responder #188 em: Abril 21, 2021, 09:49:53 am »
Citação de: Pedro Castanheira
A CAPTURA DE MALAN CAMARÁ, COMANDANTE DO BIGRUPO  SIMBELI
Guiné, 12 de Fevereiro de 1973
Zona do Cantanhez

Força executante: Companhia de Caçadores Paraquedistas 123 ( BCP 12 )
3.º Período da Operação “ Tigre Poderoso “
Acção: “ Trabalho”
O PAIGC continuava publicitando na rádio e através de panfletos, que a estrada de Cadique para Jemberém nunca seria concluída e enviou para o local o seu melhor bigrupo, o qual estava estacionado na base de Simbeli, na República da Guiné Conakry, comandado pelo mítico Malan Camará.
A 12 de Fevereiro, de 1973, Spínola foi visitar o Aquartelamento de Cadique e Araújo e Sá determinaria uma operação às Cachambas.
Foi incumbido da missão um bigrupo comandado pelo Tenente Sousa Bernardes e formado pelos 1.o e 2.o Pelotões. Era a primeira vez e foi a última que estes dois pelotões actuaram em conjunto no Cantanhez: iam-se medir forças com Malan Camará, considerado na altura o melhor Comandante da guerrilha que actuava no Sul da Guiné, pelo que se juntou o melhor Oficial e o melhor Sargento — esperava-se o resultado, que iria ser decisivo, para a construção da estrada. Devido a informações da população os Guerrilheiros conheciam todos os movimentos dos militares portugueses e esperaram- nos à entrada da mata, que consideravam de sua posse exclusiva.
Nessa entrada que é um estreito, os Pára-Quedistas foram atacados por um enxame de abelhas que puseram as tropas em alvoroço.
O Alferes Saraiva aproximou-se de mim, que ia como habitualmente em 3.o lugar, e disse-me: “Rebocho alarga o passo que há abelhas à retaguarda”. Virei-me ligeiramente sobre a esquerda, mas continuando a andar e disse-lhe: “não posso que o combate deve estar mesmo a começar”. O Alferes respondeu-me: “é pá eu tenho mais medo das abelhas que dos turras”. Não tomei em conta os receios do Alferes nem tive tempo, pois ao virar-me de novo para a frente, uma rajada de metralhadora passou rente à minha cabeça, disparada de baixo para cima. Um tiroteio invulgarmente violento surgiu então de todos os lados.
O Guerrilheiro que certamente me apontava a arma, mexeu-se ligeiramente quando eu me virei, gesto premonitório e para mim salvador.
A agressividade dos Guerrilheiros que usaram balas tracejantes, as quais possuem um efeito letal muito superior às balas normais, ao colocarem-se muito perto de nós e com um numeroso efectivo, também lhes foi fatal: as balas deixavam um rasto que me permitia ver a sua trajectória; logo, permitiram-me conhecer, numa fracção de escassos segundos, quantos eram, onde estavam, para onde estavam virados e com que armas disparavam, pelo que não conseguiram retirar-se quando disso tiveram necessidade.
Em poucos segundos dei todas as ordens de posição, de direcção e de cadência, a cada um dos dois homens (Álvaro e Ferreira) que, como eu, se viam cercados dos traços feitos pelas balas dos Guerrilheiros: O Ferreira só podia disparar para a frente, em rajadas curtas, para não encravar a arma nem esgotar as munições e não se devia preocupar com os «turras» que estavam a disparar à sua esquerda e à sua direita; o Álvaro teve que se virar e disparar sobre a direita do baga-baga para impedir que os Guerrilheiros que ali estavam me atingissem a mim e ao Ferreira; eu disparei sobre os homens que estavam disparando nas costas do Álvaro, equilibrando a situação entre nós e eles. Venceria quem tivesse mais serenidade ou, como defendeu Clausewitz, maior presença de espírito. Fomos nós.
Contra todas as técnicas e teorias, a melhor protecção para cada um de nós, foi a falta de protecção, que nos permitiu movimentarmo-nos com facilidade em todas as direcções, embora fôssemos atacados por todos os lados. A situação estava equilibrada, mas ameaçava ruir a nosso desfavor.
Nós tínhamos apenas três armas a disparar e os Guerrilheiros eram no mínimo dez a fazer fogo contra nós os três.
Era a velha técnica dos primeiros três ou cinco homens: o primeiro foi mortalmente atingido e o quinto gravemente ferido; só restavam três homens para disparar. Seguramente, o Sargento tinha que ser sempre o terceiro homem da coluna, caso contrário já não comandava nada e os Soldados ficavam a combater sem comando.
Pedi o disparo de um RPG sobre o lado esquerdo do baga-baga. Mas esta arma manuseada pelo Soldado Solinho avariou e os segundos passavam. O Bernardino, excelente Soldado e camarada solidário, que embora seguisse numa posição mais recuada da coluna, onde estava livre de ser alvejado, ao ouvir os meus repetidos pedidos de disparo do RPG sobre a esquerda do baga-baga, veio à frente efectuar o citado disparo, não de RPG, que o não tinha, mas de Sneb, uma arma menos potente, mas que, na circunstância, produziu os mesmos efeitos. O disparo, nas condições em que eu o estava a definir, era duma extrema complexidade. A granada tinha que rebentar na retaguarda do baga-baga, porque se fosse de frente não tinha qualquer efeito. Para que a granada rebentasse sobre os Guerrilheiros, o operador tinha que se expor, e muito.
O Cabo Gonçalves, que manuseava uma metralhadora e também estava numa posição onde não era passível de ser alvejado, desenrolou a fita de balas, que tinha à volta da cintura, suportou-a sobre o braço esquerdo, avançou mais de dez metros e, numa rajada contínua e prolongada, deu cobertura ao Bernardino que, surgindo sobre o lado esquerdo do baga-baga, disparou a granada do Sneb directamente sobre o comando da guerrilha.
Os Guerrilheiros cessaram o fogo instantaneamente.
Foram estes os Soldados anónimos que fizeram a Guerra de África, que fazem as grandezas dos exércitos, particularmente numa guerra de guerrilha, onde a técnica não é mais de que rudimentar e onde a coragem e a criatividade constituem os suportes de toda a actividade operacional. Os seus actos de coragem e solidariedade nada devem à formação técnico-táctica, são características inatas do foro psicofisiológico que se elevam com a experiência e com o ambiente de camaradagem que se instala numa unidade militar de combate.
Mesmo o rigor da minha posição, das minhas ordens e dos meus 4 camaradas, que comigo fizeram fogo, bem como o facto de dois homens nossos se estarem a movimentar para a frente das nossas balas, nada tem de técnico, não se aprende isso em lado nenhum; é apenas uma questão de serenidade, lealdade de todos para com todos, criatividade e disponibilidade para o risco. Quem diz que isto se aprende, está apenas a querer ensinar o que não sabe e a garantir o seu emprego. Houve aqui, também, a confiança no homem que estava a dar as ordens, mas esta confiança vinha de outros combates anteriores, da experiência, nada fora aprendido nos bancos da formação.
Como afirma Mira Vaz, que sabe o que diz, os Soldados cumprem as ordens na frente de combate, quando confiam no graduado que as dá e, sem as reflectirem, consideram que são as melhores.
Sobre a influência da formação dos Pára-Quedistas para o desempenho naquele combate, há a considerar que nesta primeira fase do combate actuaram cinco homens, o número fatal.
Dois destes homens actuaram com metralhadoras que não eram utilizadas na instrução e um com LGF que nem era conhecido na Metrópole. As decisões, todas improvisadas e criativas, violaram as regras doutrinárias que, na circunstância, aconselhavam a retirada, tendo-se feito precisamente o contrário. Se retirasse, teria lá ficado o corpo do «meu» primeiro homem, que faleceu pouco depois, e o Alferes que estava gravemente ferido. Decidindo-me por resistir, salvou-se tudo o que não foi atingido nos primeiros tiros e capturou-se Malan Camará.
O combate foi tão violento que se acabaram os combates nas Cachambas, com a retirada definitiva dos Guerrilheiros daquela zona.
Nada do que se fez naquele dia se ensinava nas aulas técnico-tácticas. Ali estiveram as capacidades humanas e a experiência. Morreu-me o «meu» segundo homem, Elias Isidro Picanço Azinheirinha.
Numa segunda fase dos combates, que se reacenderam uns cinco minutos depois, uma vez que os Guerrilheiros não queriam perder o seu Comandante, teve particular relevo o Furriel Cerqueira, que comandou toda a acção a partir da frente. O Cerqueira era miliciano, mas isso não se notou no seu desempenho, evidenciando, mais uma vez, que a formação técnico-táctica não tinha ali qualquer relevo.
Os combates que se seguiram, para podermos ocupar o baga-baga atrás do qual estava o posto de comando dos Guerrilheiros e o próprio Malan Camará, foram duros e comandados pelo Cerqueira, que seguiu pela esquerda.
Eu estava a menos de 10 metros, e descaído para a direita; cercámos o baga-baga, mas não fiz fogo porque tinha homens meus na linha de tiro. Nestes momentos, em que as tropas se galvanizam por acção dos seus comandantes, é necessário exercer-se um controlo ainda mais rigoroso, para evitar que nos alvejemos uns aos outros. O baga- baga foi tomado e Malan Camará capturado.
O Alferes Fernando Pires Saraiva teve uma atitude de muita dignidade. Durante o espaço de tempo entre a primeira e a segunda fase dos combates, alterei a posição de quase todos os homens do Pelotão, com instruções muito rápidas que não podiam ser discutidas nem explicadas.
Não havia tempo. Uma das ordens inevitáveis foi a chamada de “todos os enfermeiros à frente”, o que aconteceu enquanto dei outras instruções e falei com o Cerqueira e com Sousa Bernardes; ao voltar para a frente verifiquei que o nosso melhor enfermeiro, 1.o Cabo Filipe, estava a tratar o Alferes e disse-lhe: “deixa lá o nosso Alferes e vai tratar o Azinheirinha, cujo ferimento é mais grave”; o Filipe ficou surpreendido e olhou para o Alferes que lhe disse: “faz lá o que o nosso Furriel te está a dizer, vai tratar o Azinheirinha”.
É nestes momentos que os homens se diferenciam, porque nas outras componentes da Guerra, como a descascar camarão, todos somos habilidosos e constituiu, em muitos casos a única experiência que alguns militares adquiriram na Guerra.
Nada do que se fez neste combate tinha sido aprendido antecipadamente, tudo se improvisou. Ali esteve a criatividade, a liderança e a assunção do risco pelos graduados que motivaram os Soldados. Mas também ficou claro que todas estas qualidades, a que devemos acrescentar a honra e a dignidade, não são exclusividade de uma ou de outra classe militar: todas as classes têm homens com estas qualidades e todas têm homens a quem elas faltam. Para utilizar uma frase habitual nos grupos militares, não é o posto que faz as qualidades, mas as qualidades que devem fazer o posto. O que determina que um Oficial sem as qualidades, ou pelo menos sem as principais, leve à criação da citada dupla hierarquia porque os problemas que surgem na guerra têm que ser resolvidos a bem de
Se o Oficial os não resolve, resolve-os o Sargento, que passa a líder informal, aquele que influenciará as decisões futuras.
Spínola, que acompanhou toda a comunicação rádio deslocou-se ao local onde nos cumprimentou. Malan Camará foi evacuado para o hospital, revelando-se o humanismo destes Pára-Quedistas.
O Comandante do BCP 12 e do COP 4, Tenente-Coronel Araújo e Sá, escreveu o seguinte no seu relatório: “o bigrupo da CCP 123 empenhado reagiu da melhor forma à forte emboscada que lhe foi movida por numeroso e bem armado grupo inimigo. Devido à pronta reacção das nossas tropas e à inteligente manobra desenvolvida, o inimigo retirou com elevadas baixas e sendo capturado um Guerrilheiro ferido e diverso material de importância; veio a verificar-se que o Guerrilheiro capturado se tratava de Malan Camará, comandante de bigrupo anteriormente referenciado em Simbeli; o que torna esta captura extremamente valiosa, e justifica o facto do grupo inimigo ter oferecido prolongada resistência e apenas ter retirado face ao envolvimento que lhe foi movido”.
Após este comportamento operacional, a minha liderança informal tornou-se uma situação normal. Sousa Bernardes recolheu, de toda a Companhia, elevados reconhecimentos da sua capacidade e do seu valor, mas não podia assumir posições de liderança, para além do seu próprio Pelotão porque, se assim fosse, colidia com a posição do Capitão e um deles tinha que sair. Sousa Bernardes adquiriu então um grande prestígio junto dos homens da Companhia, que viram nele um comandante em quem podiam confiar.
( Texto de Manuel Rebocho , Furriel Paraquedista comandante de secção da CCP 123, na altura dos acontecimentos )
Faleceu nesta operação o Soldado Paraquedista Picanço Azinheirinha
Foto 1 : Pcabo Paraquedista Álvaro da Silva ( Biafra) e Soldado Paraquedista Solinho , junto ao comandante do Bigrupo capturado, foto de Costa Ferreira.
Foto 2: Alferes Miliciano Paraquedista Fernando Saraiva ferido com gravidade naquela Acção, seguiu carreira nas tropas Paraquedistas , passado á reforma como Coronel Paraquedista, tendo sido nos anos noventa, dos primeiros observadores militares nos Bálcãs, e comandando um batalhão de Paraquedistas na Bósnia .
Foto do livro “ Oficiais Milicianos Paraquedistas na Força Aérea Portuguesa “ de José Barbosa
Consultados : Livro do BCP 12 ( CTP) , Livro “ Elites Militares e a Guerra de África “ de Manuel Rebocho
: Manuel Rebocho Sargento Mor Paraquedista na reforma , formou se em Economia Agrícola e Doutorado em Sociologia.



7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.

 

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Daniel

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Re: Guerra Colonial: Experiências/Testemunhos Pessoais
« Responder #189 em: Abril 21, 2021, 03:16:41 pm »
Guerra Colonial: O dia em que Portugal invadiu um país e tudo correu mal. “Admira-me que Marcello Caetano tenha autorizado a operação
https://www.sapo.pt/noticias/atualidade/artigos/guerra-colonial-o-dia-em-que-portugal-invadiu-um-pais-e-tudo-correu-mal-admira-me-que-marcello-caetano-tenha-autorizado-a-operacao
Citar
Na noite de 21 para 22 de novembro de 1970, desembarcaram de seis navios, que chegaram furtivamente até à costa da cidade de Conacri, capital da soberana República da Guiné, um total de 150 comandos e 180 fuzileiros, todos eles africanos portugueses, assim como 200 dissidentes armados, naturais daquele país estrangeiro, prontos a auxiliar os portugueses. A comandar tudo, a partir de um dos barcos, estava Guilherme Alpoim Calvão.

Um dos principais objetivos, e eles eram muitos, passava pela captura ou morte do presidente do país e a formação de um novo governo, capaz de apertar a mão amiga a Portugal e impedir os guerrilheiros do PAIGC de aí manter algumas das suas bases, a partir das quais atacavam a Guiné portuguesa. Nada disto aconteceria. Era uma "fantasia" das chefias militares portuguesas.

Às cinco da manhã do dia 22, um sábado, e após terem chacinado, em vão, dezenas ou centenas de tropas do exército do presidente Sékou Touré e de elementos do PAIGC, é dada a ordem de retirada, face ao evidente fracasso da missão – em grande medida porque, logo de início, nem sequer conseguiram encontrar muitos dos alvos a atacar. No fim, um soldado português europeu acaba por morrer e cerca de 20 tropas africanas portuguesas rendem-se, por não estarem de acordo com uma missão que desconheciam. Pior sorte para os dissidentes que acompanharam as forças portuguesas e que decidiram ficar, em vez de regressar aos barcos: ainda durante a tarde desse dia, todos acabam por ser dizimados ou capturados. Para quê e qual o sentido de tudo isto? O SAPO leu o livro de António Luís Marinho e partiu para uma conversa com o autor, para dar respostas a estas perguntas.

https:



Artigo para ler na íntegra.
 

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LM

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Re: Guerra Colonial: Experiências/Testemunhos Pessoais
« Responder #190 em: Abril 21, 2021, 06:08:14 pm »
Já chegou, mas ainda nem consegui abrir...

Quidquid latine dictum sit, altum videtur
 
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Re: Guerra Colonial: Experiências/Testemunhos Pessoais
« Responder #191 em: Abril 24, 2021, 04:56:42 pm »
Angoche, o maior mistério da guerra colonial

Um navio encontrado à deriva nas águas do Índico, a 30 milhas da costa moçambicana, sem tripulação mas com um cão e com um gato a bordo, transformou-se num mistério nunca resolvido, apesar de investigado por agências de informação de diversos países. Aconteceu na noite de 23 para 24 de Abril de 1971. Há 50 anos que 24 pessoas estão desaparecidas, se estão vivas ou se morreram, e como é que morreram, não se sabe, também porque os corpos nunca foram encontrados.

https://sol.sapo.pt/artigo/732445/angoche-o-maior-misterio-da-guerra-colonial
"[Os portugueses são]um povo tão dócil e tão bem amestrado que até merecia estar no Jardim Zoológico"
-Dom Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas
 
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Re: Guerra Colonial: Experiências/Testemunhos Pessoais
« Responder #192 em: Abril 25, 2021, 03:46:15 am »
Angoche, o maior mistério da guerra colonial

Um navio encontrado à deriva nas águas do Índico, a 30 milhas da costa moçambicana, sem tripulação mas com um cão e com um gato a bordo, transformou-se num mistério nunca resolvido, apesar de investigado por agências de informação de diversos países. Aconteceu na noite de 23 para 24 de Abril de 1971. Há 50 anos que 24 pessoas estão desaparecidas, se estão vivas ou se morreram, e como é que morreram, não se sabe, também porque os corpos nunca foram encontrados.

https://sol.sapo.pt/artigo/732445/angoche-o-maior-misterio-da-guerra-colonial

Este caso é extremamente intrigante. Gostaria de saber se existe algum tipo de especulação sobre o assunto, ou até mesmo alguma investigação.
 

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Re: Guerra Colonial: Experiências/Testemunhos Pessoais
« Responder #193 em: Abril 25, 2021, 01:28:07 pm »
Angoche, o maior mistério da guerra colonial

Um navio encontrado à deriva nas águas do Índico, a 30 milhas da costa moçambicana, sem tripulação mas com um cão e com um gato a bordo, transformou-se num mistério nunca resolvido, apesar de investigado por agências de informação de diversos países. Aconteceu na noite de 23 para 24 de Abril de 1971. Há 50 anos que 24 pessoas estão desaparecidas, se estão vivas ou se morreram, e como é que morreram, não se sabe, também porque os corpos nunca foram encontrados.

https://sol.sapo.pt/artigo/732445/angoche-o-maior-misterio-da-guerra-colonial

Este caso é extremamente intrigante. Gostaria de saber se existe algum tipo de especulação sobre o assunto, ou até mesmo alguma investigação.

Segundo o artigo está para sair um livro brevemente
"[Os portugueses são]um povo tão dócil e tão bem amestrado que até merecia estar no Jardim Zoológico"
-Dom Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas
 

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mafets

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Re: Guerra Colonial: Experiências/Testemunhos Pessoais
« Responder #194 em: Outubro 04, 2021, 11:35:47 am »


Fonte: The Way of the Warriors

Saudações
"Nunca, no campo dos conflitos humanos, tantos deveram tanto a tão poucos." W.Churchil

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