novo sopro de vida para o Abrams

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papatango

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novo sopro de vida para o Abrams
« em: Agosto 16, 2007, 08:23:54 pm »
A arma blindada que começou a se tornar importante no fim da primeira guerra mundial e que se afirmou claramente durante a segunda, tem vindo a evoluir acompanhando uma guerra entre o poder do canhão e a blindagem, mais ou menos como aconteceu com os grancdes couraçados da I guerra mundial. Eles tinham crescido tanto e tinham-se tornado tão caros que uma nova arma acabou por os superar.

Nos últimos anos, na Europa e nos Estados Unidos tem havido uma certa tendência para olhar o carro de combate principal, vulgo «tanque» como um veículo sem grande futuro e condenado a desaparecer.

No final dos anos 90, o apreço pelos mastodontes blindados estava claramente em declinio e nos Estados Unidos afirmou-se que a guerra do golfo contra o Iraque para libertar o Koweit em 1991 tinha sido a última grande batalha de blindados da História.
Porém, quando a segunda guerra do golfo começou, já em 2003, os defensores da arma blindada, entre os quais alguns dos mais conhecidos generais do exército americano, rapidamente frisaram e realçaram o papel do tanque pesado e da sua capacidade para fazer jogar o peso determinante dos seus canhões e da sua blindagem em qualquer batalha, efectuando o rompimento de linhas inimigas e ultrapassando qualquer obstáculo.
E isto, com um numero relativamente reduzido de carros Abrams utilizados na operação «Iraqi freedom».

Mas se no avanço americano no Iraque os tanques pesados tiveram importância, na verdade muito mais importante foi a enorme superioridade aérea das forças norte-americanas, a qual pode efectivamente (como se demonstrou no primeiro conflito de 1991) reduzir de forma tremenda a capacidade das grandes unidades blindadas inimigas.

RPG-7, apenas um dos meios anti-tanques mais utilizados no mundo: Barato e letal a curtas distâncias
À medida que as armas anti-tanque avançam em tecnologia e sofisticação, a vulnerabilidade dos tanques pesados torna-se evidente. É especialmente evidente a sua pouca utilidade quando os tanques são utilizados de forma inadequada, por exemplo em ambientes urbanos, onde as suas capacidades não são adequadamente aproveitadas. O tanque é por definição uma arma para avançar em campo aberto, inventada desde o inicio para quebrar linhas inimigas e destruir na retaguarda as rotas e canais de abastecimento das posições estáticas, normalmente de infantaria ou artilharia fixas.

O programa FCS e as resistências

Para os militares mais habituados à guerra convencional e que acham que não devem deixar de existir unidades pesadas de carros de combate, que possam de forma efectiva «resolver» um problema quando ele se coloca às forças no terreno, a possibilidade de reduzir este tipo de armamentos é no entanto extremamente dificil de aceitar.

As pressões dos sectores afectos aos tanques pesados levaram a que recentemente tenha sido anunciado na imprensa dos Estados Unidos, que se prepara uma nova modernização do carro de combate Abrahams M1A2, que é já a terceira versão do carro de combate americano que entrou ao serviço no inicio dos anos 80, em vez de considerar a sua substituição pura e simples pelos sistemas do programa FCS que estão presentemente em estudo como armas para o século XXI.

O FCS na sua versão de carro equipado com canhão de 120mm: Mobilidade, mas blindagem inadequada
O programa FCS ou «Future Combat Systems» prevê substituir o Abrams por um veículo equipado com um canhão automático de 120mm capaz de substituir o canhão que actualmente equipa o Abrahams com vantagens, utilizando blindagens muito mais leves o que lhe permite ser deslocado por via aérea para qualquer parte do mundo.

Mas informações recentes parecem apontar no sentido de que os militares americanos concluiram que a versão do FCS destinada a substituir o Abrams, por muito mais sofisticada que seja, não permite por causa da sua fraca blindagem proteger devidamente os tripulantes. Desta forma, o veículo deixa de poder ser utilizado em situações de maior intensidade, e perde-se a utilidade do tanque como arma decisiva que aplica a força bruta para romper resistências do adversário.

A solução, parece estar a caminho.
As autoridades militares dos Estados Unidos, leia-se o Pentágono, parecem ter optado por entrar num programa de modernização dos tanques Abrahams, para garantir a sua utilização pelo menos até 2050.

O Abrams, poderá assim vir a ser equipado com novos sistemas de comunicações em rede, que se virão a juntar aos que já existem. Ele será em principio equipado com o mesmo canhão previsto para o FCS, com calibre 120mm, mas com um carregador automático, o que baixará a tripulação do Abrahams de quatro para três. Acredita-se que os norte-americanos pensam ter conseguido chegar a um desenho de carregador automático do canhão que será praticamente livre de problemas (os mesmos que levaram os americanos a rejeitar o automatismo, ao contrários dos soviéticos que há muito tempo incluiram carregadores automáticos nos seus tanques da família T-72/T-80/T-90).
O novo canhão disparará munição inteligente, capaz de atingir um tanque a 12Km de distância com uma elevada percentagem de probabilidade de acerto.
O novo carregador deixará mais espaço dentro da torre, mas provavelmente a maior alteração será a da inclusão de novos módulos de blindagem mais eficiente e mais leves, que tentarão baixar o peso do Abrahams que já ultrapassa as 70 toneladas, o que complica a sua utilização operacional. Com um tanque tão pesado, torna-se impossível passar em muitas pontes, mesmo nos próprios Estados Unidos, onde os tanques têm que ser transportados em carretas com cada vez mais rodas, para distribuir o peso.

Também os sistemas de propulsão dos veículos do programa FCS estão em estudo para a modernização, e o Abrams poderá receber não só um novo motor, como um novo sistema de transmissão e suspensão que poderá ser constituido por componentes em matérias plásticas, muito mais leves.

Do ponto de vista operacional, o «novo» tanque, que alguns apelidaram já de M1A3, não vai impedir o desenvolvimento da família de veículos FCS. Ao contrário, os novos Abrams deverão ser utilizados em cooperação com os novos meios, os quais, embora com mais sofisticação e mobilidade, têm menor blindagem. Os trabalhos vão tambêm incidir na uniformização completa do software e dos sistemas de comunicação epartilha de dados tácticos com as duas plataformas.

De todas as formas, as eventuais modificações no Abrahams, não resolvem o problema principal dos veículos muito blindados utilizados em ambientes urbanos ou semi-urbanos. Presentemente não existem sistemas suficientemente capazes de com garantias, permitir proteger um tanque pesado contra um atacante furtivo, escondido numa casa, num sótão ou numa cave.
Mas ao garantir um periodo de sobrevida para o Abrams, os Estados Unidos garantem que continuam a ter uma arma poderosa, «Just in case».

areamilitar.net








Desde há muito tempo que se profetiza o fim dos tanques pesados, e sempre parece que há alguém para os salvar.

Mas será que para os exércitos mais pequenos os tanques pesados terão a mesma importância?
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
 

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zecouves

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« Responder #1 em: Agosto 17, 2007, 09:37:46 am »
Bom texto PT ys7x9

Re-afirmo a ideia que já apresentei noutros tópicos: não há armas/sistemas de armas melhores ou piores em absoluto. A cada situação/cenário de actuação especifica corresponde meios mais ou menos adequados.

Num exército pequeno os tanques pesados podem ter uma importancia fundamental, tudo depende dos cenários previsiveis de actuação.
 

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comanche

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« Responder #2 em: Agosto 18, 2007, 12:16:26 am »
Citar
RPG-7, apenas um dos meios anti-tanques mais utilizados no mundo: Barato e letal a curtas distâncias
À medida que as armas anti-tanque avançam em tecnologia e sofisticação, a vulnerabilidade dos tanques pesados torna-se evidente. É especialmente evidente a sua pouca utilidade quando os tanques são utilizados de forma inadequada, por exemplo em ambientes urbanos, onde as suas capacidades não são adequadamente aproveitadas.


Sendo o tanque pesado uma arma usada essencialmente para ofensivas terrestes, na qual Portugal é muito defecitário, Portugal tendo um exército de caracteristicas defensivas, penso que benefecia muito com o avanço das armas anti-tanque, pois em uma hipotética invasão terreste de blindados do nosso país, em que as armas anti-t teriam um uso generalizado, quanto maior for a sua eficácia, maiores seriam as probalidades de exito do exército português.

Agora para os portugueses que fazem patrulhas em missões internacionais da ONU, aí a situação pode ser um pouco mais complicada para os nossos soldados no futuro.